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Caracterização socioprofissional dos inquiridos

Do conjunto dos 264 militares inquiridos, a maioria é do sexo masculino 89,4% e 9,8% do sexo feminino. As idades variam entre os 19 e os 47 anos, sendo a média de 26,42 anos. Quanto à distribuição por grupo etário, verificamos que o grupo dos 24 aos 28 anos é o que reúne um maior número de inquiridos, com 44,7%. A maioria dos inquiridos (67,0%) são solteiros(as) e não têm filhos (78,4%).

Relativamente ao grau de escolaridade destaca-se o 12º.ano, com 35,6% dos militares inquiridos, seguindo-se o 9º.ano, com 28,4%.

A distribuição por posto que ocupa no Exército revela um quadro onde predomina a categoria de Praças (70,8%) relativamente a Sargentos (18,2%) e Oficiais (8,7%). Destes militares, 68,6% presta serviço em regime de contrato, 25,4% no quadro permanente e 3,0% em regime de voluntariado. Em relação à antiguidade nas Forças Armadas constatamos que 56,4% está na Instituição entre 3 e 10 anos, 23,1% até 3 anos, 5,7% mais de 21 anos, 5,3% de 16 a 20 anos e 3,4% entre 11 a 15 anos.

A Missão no Kosovo

Para a maioria dos militares inquiridos (67%) esta é primeira missão que vai integrar.

Em termos dos factores que contribuíram para a sua decisão de participar nesta missão destaca-se “a oportunidade de ganhar mais dinheiro” (95,5%), seguido dos factores “cumprir o meu dever”, “contribuir para a manutenção de paz no Kosovo”e “participar numa missão operacional/terreno”, com 94,7% dos inquiridos.

Relativamente à decisão tomada pelo Exército de manter um contingente no Kosovo, as posições são globalmente favoráveis, 52,3 % dos militares concorda e 44,3% concorda totalmente.

A maioria dos militares inquiridos, 73,1%, considera ter um conhecimento geral sobre as causas do conflito no Kosovo, 24,6% afirma ter um bom conhecimento e apenas 2,3% que não sabe nada.

60 A maioria dos militares inquiridos (70,8%) considera que durante a missão vai enfrentar algum risco. 44,7% dos militares pensou raras vezes que poderia vir a estar em situações de risco para a própria vida, 26,5% nunca pensou nisso, 26,1% pensou nisso algumas vezes e 1,9% afirmou que pensou nisso muitas vezes.

Quando solicitados a classificar os aspectos que podem vir a constituir dificuldades durante a missão, constatamos que na globalidade atribuíram pouca dificuldade, com excepção do item “a distância relativamente à família em Portugal”, em que 79,9%, seguido “das condições físicas no terreno (clima, mobilidade) com 53,0% dos inquiridos a considerarem que irão ter dificuldade ou muita dificuldade.

A Família e a participação na missão

Quando solicitados a qualificarem a reacção de cada membro da família da sua participação na missão, podemos constatar que na globalidade aceitaram bem a ideia, em especial os irmãos e o pai. São principalmente o(a) cônjuge/companheira(o) e a mãe que começam por opor-se, mas depois aceitam, 39,4% e 34,8%, respectivamente. Os filhos, a mãe e o cônjuge/companheira(o) são os que não aceitam bem a ideia, 28,6%, 24,4% e 18,1% respectivamente.

À questão “em que medida considera que a organização do dia-a-dia da sua família será alterada com a sua ausência da missão?”, os resultados obtidos permitem constatar que 40,9% dos inquiridos considera que será bastante, 40,2% pouco, 16,3% muito e apenas 2,7% nada.

Relativamente ao conhecimento de algum tipo de apoio prestado pela Instituição Militar às famílias dos militares destacados em missões internacionais, constatamos que 84,5% dos inquiridos não tem conhecimento. A maioria (72,0%) considera que é importante (45,1% importante e 26,9% muito importante) que as famílias dos militares recebam apoio da Instituição Militar durante o destacamento.

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Defesa Nacional, Forças Armadas e Missões de Manutenção da Paz

Quando inquiridos sobre os problemas que poderão afectar a segurança de Portugal nos próximos tempos, destaca-se uma “grave crise económica” e o “crime organizado”, com 88,3 e 79,5%, respectivamente, dos inquiridos a considerarem que afectará (“afectará” e “afectará muito”). Nos itens “guerras entre estados” e “acidente nuclear”, 81,4% e 72,0% dos inquiridos respectivamente consideram que afectará pouco (“não afectará nada” e “afectará pouco”). A preocupação pessoal dos inquiridos com os possíveis problemas que poderão afectar a segurança de Portugal nos próximos tempos revelam os itens “uma grave crise económica mundial”, “crime organizado” e “actos terroristas” a suscitarem preocupação (“alguma preocupação” e “muita preocupação”), com 92,0%, 82,6% e 76,5% respectivamente Os itens que suscitam pouca preocupação (“nenhuma preocupação” e “pouca preocupação”) são “guerras entre Estados” e “guerra civil”, com 59,5% e 51,1% dos militares inquiridos.

As missões que devem ser realizadas pelas Forças Armadas que reúnem maior concordância são a “defesa do território nacional em caso de agressão ou ameaça externa” (99,6%) e a “ajuda humanitária no exterior” (98,9%), “operações de paz no exterior” (98,9%), “garantir a unidade nacional” (97,7%) e “actividades de protecção civil em caso de calamidade natural” (97,3%).

Estes resultados são reforçados pela maioria dos inquiridos (74,6%) que concordam totalmente e 23,1% concorda com a participação dos militares Portugueses em missões internacionais de paz. Com destaque para os itens “contribuir para a paz e segurança mundiais” (98,1%), “defender a democracia e os direitos humanos” (97,7%) e “aumentar a eficácia das Forças Armadas Portuguesas” (96,2%) como razões que podem justificar a participação das Forças Armadas Portuguesas em missões internacionais. A maioria dos inquiridos (92,4%) concorda que os militares são os mais aptos para cumprir missões de manutenção de paz porque são treinados para o combate.

Relativamente à possibilidade de utilização da força, verificamos que 69,3% concorda que todas as missões de manutenção da paz deveriam prever a utilização da força.

Quanto às organizações mais adequadas para desenvolver missões de manutenção da paz destacam-se as Nações Unidas e a NATO.

62 No que se refere às opiniões sobre a atitude face à guerra, verificamos que os itens que suscitam um maior desacordo são “quem se opõe à guerra é intimamente um cobarde” (91,7%), “não existe progresso sem guerra” (81,8%) e “deveríamos ter instrução militar as nossas escolas” (80,3%). As afirmações que recolhem as maiores percentagens de acordo são “o mais elevado dever de um homem é combater pela sua pátria” (76,5%), “se se poder eliminar o conflito armado entre os indivíduos também é possível eliminá-lo entre as nações” (75,4%), “a melhor coisa que podemos esperar é obter é a eliminação parcial da guerra” (75,0%) e “deveria combater-se apenas para defender a liberdade” (74,2%). Relativamente à opinião sobre a legitimidade de utilização da força militar por parte de Portugal, constatamos que “para a segurança de Portugal”, “para a segurança da União Europeia”, “para garantir o respeito pelos direitos humanos” e “para repor a paz em conflitos no estrangeiro” são os itens em que se registam um maior percentagem de militares a declararem que concordam ou concordam totalmente.

Adesão às Forças Armadas e grau de satisfação com a actividade militar

Relativamente aos factores considerados como importantes ou muito importantes por estes militares na sua decisão de ingressar nas Forças Armadas, destacam-se os seguintes: “por desejo de servir o meu país” (89,4%), “possibilidade de participar em missões internacionais” (88,6%),”para fazer parte de uma comunidade onde existe espírito corpo” (87,1%) e “por desejo de aventura” (84,8%).

Os militares inquiridos salientam como aspectos gratificantes da sua actividade militar o “fazer parte de missões de manutenção de paz” (95,5%), a “camaradagem” (94,3%) e a “disciplina” (90,5%) e como menos agradáveis o “vencimento”, seguido da “hierarquia”.

Quando inquiridos sobre a existência de motivos de insatisfação com a carreira de militar, os resultados evidenciam inequivocamente a sua existência, 83,7% dos militares responderam afirmativamente. O principal motivo de insatisfação relaciona-se, sobretudo, com o vencimento ser insuficiente comparado com o sacrifício. Embora tenham assinalado motivos de insatisfação, os inquiridos afirmam estar muitíssimo ou bastante orgulhosos de serem militares das Forças Armadas, com 44,3% e 50,4%, respectivamente. E classificam como muito

63 positiva ou positiva a sua experiência como militar das Forças Armadas, 36,7% e 61,4%, respectivamente.

Militares femininos e as suas tarefas nas Forças Armadas

Quando solicitados a manifestarem a sua opinião sobre a presença de militares mulheres nas Forças Armadas, verificamos que 40,5% dos inquiridos afirma que nem traz vantagens, nem desvantagens para a Instituição, 28% considera que traz mais desvantagens, 20,5% mais vantagens e 11% não tem opinião.

Quando inquiridos sobre o tipo de tarefas que deveriam desempenhar as militares mulheres, as opiniões distribuem-se por um grupo mais alargado daqueles que indicam todas as tarefas incluindo as de combate (43,9%), um conjunto de militares que defende que devem ser apenas as tarefas de apoio logístico e técnico (34,5%) e um terceiro que considera que deviam ser tarefas de apoio logístico e técnico e tarefas operacionais, mas sem combater (11,7%) e 9,1% não tem opinião.

Quando analisamos as razões pelas quais as militares mulheres não deveriam combater, verificamos que as razões mais referidas foram “em situações de combate as mulheres podem ser feitas prisioneiras e sofrer de abusos”, “as mulheres são piores combatentes devido às suas características físicas” e a “presença de mulheres em combate prejudica a coesão das unidades”.

Opinião sobre a imagem pública das Forças Armadas e do nível de conhecimento dos políticos sobre os militares

Quando inquiridos sobre qual a imagem pública das Forças Armadas na nossa sociedade as opiniões dividem-se entre “nem boa, nem má” (42,8%), “boa” (32,2%), “má” (17,8%) e com valores mais residuais “muito boa” (3,8%), “muito má” (1,9%) e “não tenho opinião” (0,8%).

Relativamente ao nível de conhecimento que consideram que os políticos têm sobre os militares, verificamos que a maioria dos inquiridos atribuiu “pouco ou nenhum conhecimento”, com destaque para o “pouco conhecimento” (54,9%). “Algum conhecimento” dos políticos sobre os militares é considerado por 29,2% dos inquiridos, e 4,2% acha que têm “muito conhecimento”.

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