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6. Síntese, Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1. Síntese

No que concerne à problemática relacionada com a tutela dos assuntos do mar, no pós 25 de abril, enunciou-se, no capítulo introdutório, a seguinte questão, para análise: Estando previsto o alargamento futuro da Plataforma Continental (e consequentemente do Mar Português) e reconhecendo a crescente importância da economia marítima, como tem sem sido a evolução do setor e está o mar a ser devidamente tutelado nas suas diversas áreas, aproveitando- se assim todo o seu potencial? Como resposta à problemática, entende-se agora que importa não cair no erro de afirmar se está, ou se tem sido, bem ou mal tutelado, dada a subjetividade que a resposta encerraria. Mais do que isso, o que se deve afirmar, é o claro entendimento, retirado da investigação efetuada, de que as preocupações e o olhar atuante para este setor, quer a nível governamental, que a nível partidário, passaram por diversas fases e agora têm vindo a crescer. O tempo e as circunstâncias, afastaram Portugal do mar, numa primeira fase, mas o novo milénio veio a mudar o panorama, diminuindo este afastamento e criando condições para uma melhor relação com o mar, através da procura e aproveitamento de recursos, novos e tradicionais, melhor gestão desses recursos, mas também maior preocupação ambiental, no seu meio e para a sua envolvência.

Quanto ao objetivo geral passou, no trabalho, por:

 Averiguar como se tem processado a evolução da tutela governamental sobre o Mar Português, nos últimos 42 anos, percebendo se este, atualmente, está a ser tutelado, com eficácia, e se são aproveitadas todas as suas potencialidades.

Foi atingido o objetivo, que foi proposto depois de definida a problemática. Ficou patente o modo como a organização da tutela, para o mar, foi variando no tempo e o modo como hoje o mar é tutelado. Observou-se também a maneira como alguns Governos, nos seus programas, se aproximaram do mar, enquanto outros procuraram o continente europeu para o centro da lógica de aplicação das suas politicas, esquecendo, ou omitindo na ação, as politicas que levassem ao aproveitamento do potencial do mar, tendo tal acontecido, sobretudo, em soluções governativas que tiveram palco antes do novo milénio.

Como síntese da investigação efetuada enuncie-se que para atingir o objetivo foi, em primeiro lugar, levada a cabo uma revisão da literatura, produção científica, e outra documentação, como programas de Governo, leis orgânicas, programas eleitorais, dados estatísticos, noticias, relatórios, artigos de opinião e estudos relevantes, baseados em autores nacionais e internacionais, no que concerne ao mar e à sua tutela, portanto à temática em análise. Para estudar e analisar o problema foi definida uma abordagem metodológica, que se mostrou eficaz, e em que, após a revisão da literatura e de feita uma primeira análise, foi elaborado um resumo na sequência da triagem feita aos programas de Governo, leis orgânicas e

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programas eleitorais sobre os assuntos relativos ao mar. Ainda, depois de analisado o número de repetições de determinados termos, relativos a áreas-chave da economia do mar, mas também à geografia e território, nos programas dos Governos Constitucionais, foi elaborado um conjunto de gráficos, de onde se procurou retirar a informação sobre a evolução do acompanhamento destes assuntos ao longo destes quarenta anos, desde a tomada de posse do I Governo Constitucional em 1976.

Como afirmado no capítulo introdução, o trabalho encontra-se estruturado em três grandes áreas.

Na primeira, capítulos um e dois, foi abordada a problemática, a metodologia e apresentado um panorama geral, quer do que é o trabalho, quer do seu objetivo. Também nesta parte, capitulo dois, foi elaborado um enquadramento teórico com base na revisão seletiva da literatura, legislação e documentação. O enfoque recaiu nas áreas sob responsabilidade, jurisdição ou soberania nacional, no possível alargamento da PC, no conhecimento do que acontece no mar por parte dos portugueses, no potencial do mar nacional, na sua economia (com especial ênfase para as pescas, portos e transportes marítimos), Foi também feita uma análise da legislação, acerca da evolução das políticas e das estratégias, europeia e nacional e sobre as contribuições das organizações particulares para a informação, estudo e dinamização do mar. Analisou-se, por último, a organização atual da tutela em Portugal e em outros países da Europa, onde se observaram, três situações que mostram outras tantas configurações possíveis.

Na segunda parte, capítulos três e quatro, analisou-se a governação do mar, nos últimos 42 anos, observando-se as soluções governativas e os programas de Governo. Assim, no capítulo três, procurou-se interpretar as várias soluções governativas, para a área do mar, observando-se as organizações, nos seis Governos Provisórios no pós-25 de abril e nos vinte e um Governos Constitucionais que lideram aos destinos de Portugal, desde 1976. No capítulo quatro, a investigação recaiu sobre a análise dos programas dos sucessivos Governos (Provisórios e Constitucionais). Procurou-se saber e entender, quais as suas abordagens sobre o mar, a sua perceção sobre o que nele acontecia, as suas propostas para um melhor aproveitamento. Foi também analisada a frequência de uso de um conjunto de palavras (mar, oceano, naval, litoral, portos, pesca, entre outras) inscritas nos programas de Governo, e verificada a sua evolução (quer no numero de termos, quer o conteúdo) no espaço temporal em análise.

Na terceira parte, capítulo cinco, abordou-se o teor, sobre o mar, nos programas eleitorais dos partidos políticos, com assento parlamentar desde 2009. Também neste capitulo se procurou saber e entender, quais as abordagens dos diversos partidos sobre o mar, a sua perceção sobre o que nele vai acontecendo, as suas críticas, em especial a outros partidos ou à UE e, sobretudo, quais as suas propostas para um melhor aproveitamento desta parcela do nosso território, que se reveste de grande importância e de enorme potencial.

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Entende-se que a principal limitação, na execução deste estudo empírico, assenta no facto de existirem poucos trabalhos de investigação, no que se refere à evolução da governação do mar em Portugal. Também, dado o largo espetro de informação que foi produzida e a ser analisada, e face à limitação em páginas, que obriga a um condicionar da dimensão do estudo aqui presente, foram definidas estratégias e tomadas opções que, eventualmente, não potenciaram análises a outras vertentes da área da economia do mar, ou uma outra abrangência nos temas analisados, que poderiam ser também importantes. Ainda assim, entende-se que as limitações impostas, obrigaram a um resumo eficaz dos campos analisados, o que trouxe também as suas virtudes ao projeto. De referir também, a dificuldade e eventual limitação na análise em paralelo de documentos, para o mesmo efeito, de diferentes dimensões, já que se existiram programas de Governo com 262 páginas, também os houve com apenas 23 páginas, situação análoga a acontecer com os programas eleitorais.