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Outra solução que pode permitir a reposição da deriva sedimentar litoral é a implementação de sistemas que permitam a transposição sedimentar da Barra do Mondego. Em Portugal não existe, ainda, nenhum sistema deste tipo, sendo que o POC-OMG prevê 100 000 € para o estudo de uma solução deste tipo.

Segundo Loza (2008), há referências acerca da implementação de sistemas de transposição de sedimentos por by-pass na costa dos Estados Unidos da América, desde o final dos anos 20 do séc. XX. Estes sistemas têm vindo a ser aperfeiçoados desde então e a ser implementados em outros países, como a Austrália, África do Sul ou Japão.

Na foz do rio Nerang, na parte norte da Gold Coast, na costa este da Austrália, existe uma solução de transposição artificial de sedimentos que consiste num sistema by-pass. Segundo a Gold Coast Waterways Authority (, este sistema entrou em funcionamento em 1986, sendo o primeiro sistema de transposição artificial de sedimentos por by-pass permanente, a nível mundial. Esta solução tem como objetivo a reposição da deriva litoral natural, estimada em 500 000 m3/ano de sul para norte, condicionada pelos molhes da barra do rio Nerang, de modo a evitar o assoreamento da foz do rio, garantindo as condições segurança na navegação. O sistema consiste num pontão com 500 m de comprimento, perpendicular à costa e instalado na praia a sul da barra, onde estão instaladas 10 bombas que captam uma mistura de areia e água, a uma cota de -11 m ao Z.H., e que a conduzem até à praia a norte da barra. Para além da garantia das condições de segurança na navegação do rio, esta solução permitiu uma melhoria na qualidade da água e a estabilização do areal nas praias adjacentes. Ainda na Austrália, na foz do rio Tweed, a sul da Gold Coast, na costa este da Austrália, existe um sistema semelhante, que está em funcionamento desde maio de 2001. Segundo Dyson et al. (2001), esta é uma solução ambientalmente sustentável, que tem como objetivo repor a deriva litoral natural, estimada em 500 000 m3/ano de sul para norte, condicionada pelos molhes da barra do rio Tweed, de modo a manter o areal das praias da Gold Coast, evitando os problemas erosivos anteriormente verificados e, ainda, manter boas condições de navegação, minimizando a formação de bancos de areia submersos na embocadura do rio. A Figura 173 mostra a representação em planta da solução implementada.

que se traduz num custo superior a 120 000 000 $ (aproximadamente 110 000 000 €). Com um custo estimado de 14 $/m3 (aproximadamente 12.5 €/m3) de areia transportada pelo sistema by-pass, durante 15 anos de operação, equiparável ao associado a dragagens de areia, esta solução tem-se revelado um sucesso, não só por reduzir a vulnerabilidade à erosão das praias da Gold Coast, mas também por melhorar as condições de segurança na navegabilidade do rio Tweed.

Na África do Sul existem dois exemplos de soluções deste tipo: no Porto de Durban, na costa este, e no Porto de Ngqura, na costa sul. Segundo a PRDW (2013a), o Porto de Ngqura é o primeiro porto de águas profundas equipado com um sistema de transposição de sedimentos por by-pass, com o objetivo de repor a deriva litoral natural, estimada em 200 000 m3/ano, de modo a minimizar problemas erosivos nas praias adjacentes, e de evitar o assoreamento na entrada do porto, de modo a garantir as condições de segurança na navegação. Esta solução, que entrou em funcionamento em 2007, consiste num pontão com 225 m de comprimento, onde estão instaladas 6 bombas que captam uma mistura de areia e água do fundo do mar, e num sistema de condutas que transporta a mistura de areia e água ao longo de 3.4 km, até ao destino final.

No Porto de Durban, para onde se estima uma deriva litoral natural de 600 000 m3/ano, foi considerado um sistema de transposição de sedimentos por by-pass em alternativa às dragagens, após estudo realizado em 1993, pela PRDW, que concluiu que esta nova alternativa seria mais eficaz e mais vantajosa economicamente a contrariar o assoreamento na entrada do porto (PRDW 2013b e 2015). Segundo Clive Greyling (Porto de Durban), entre 2008 e 2011 esteve em funcionamento uma solução de by-pass provisória que será substituída por uma nova solução de by-pass, com maior capacidade de transporte de sedimentos, que já se encontra concluída, estando à espera de ser concessionada para entrar em funcionamento.

Apesar dos custos de investimento elevados associados a este tipo de solução, a longo prazo pode revelar-se vantajoso economicamente, em comparação com as alimentações artificiais de areia. No entanto, antes da implementação de um sistema de transposição artificial de sedimentos por by-pass em Portugal, é necessário considerar as diferenças nas condições locais existentes. Para além da forte agitação marítima que afeta, principalmente, a costa ocidental portuguesa, o que implicaria uma estrutura de captação de sedimentos extremamente resistente, há, também, diferenças nas quantidades de sedimentos transportados pela deriva litoral. Segundo o Relatório do GTL (2014), o transporte sedimentar entre o cabo do Mondego, na Figueira da Foz, e a Praia do Norte, na Nazaré, é de 1 100 000 m3/ano, mais do dobro do estimado para a costa este da Austrália, o que implicaria um sistema com maior capacidade. Assim, é expectável que a instalação de um sistema de transposição de sedimentos por by-pass na costa oeste portuguesa, devido à necessidade de ser mais resistente à forte agitação marítima verificada e à necessidade de ter maior capacidade de bombagem de sedimentos, implicaria um investimento superior ao verificado nos exemplos apresentados. Ainda assim, tendo em conta que o POC-OMG (2015) propõe um investimento de 68 000 000 € para alimentações artificiais de areia, a realizar até 2027 em praias a sul da Figueira da Foz, até S. Pedro de Moel, um sistema de

by-pass instalado no Porto da Figueira da Foz poderá ser uma solução, em alternativa, viável e mais

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