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4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE ACTUAL

4.1. A NÁLISE E SPECÍFICA POR D ESCRITIVO

4.1.8. S ISTEMAS E COLÓGICOS

Factores abióticos como a rede hidrológica, o clima, o tipo de solo e o relevo do Concelho de Nelas, bem como factores artificiais resultado da intervenção antrópica, condicionam a existência de um mosaico de habitats e, consequentemente, a diversidade e distribuição da flora e da fauna do concelho.

As áreas circundantes ao projecto, inseridas no concelho de Nelas possuem sistemas ecológicos equilibrados e pouco afectados pelas actividades industriais ou agro-industrial dada a baixa densidade destas na zona em estudo.

A área fica situada entre os Rios Dão e Mondego, não possuindo a freguesia de implantação, freguesia de Nelas área classificada na Rede Natura.

Numa região mais vasta, fora da área de influência do projecto o Parque Natural da Serra da Estrela é o sistema ecológico de maior importância e significado.

Para a maioria das espécies, os estudos e informação de base é escassa, o que cria problemas de avaliação e selecção de espécies e de áreas com interesse de conservação.

No entanto a existência de Zonas de Caça revela já por si uma preocupação com os sistemas ambientais e ecológicos e elas podem fornecer elementos com muito interesse para uma caracterização como a que se pretende no âmbito deste trabalho.

4.1.8.1. Flora

A flora representa um indicador característico de determinadas condições físicas e ecológicas, tais como o declive do terreno, a profundidade e humidade do solo, o conteúdo de nutrientes, entre outras, que se traduzem no tipo de flora e sucessão vegetal.

Dois dos parâmetros que mais influenciam e contribuem para a caracterização da flora são a biogeografia e bioclimatologia que, sem haver alterações climáticas significativas, e, desde que a acção humana tivesse cessado há alguns séculos,

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determinariam as características das sucessões ecológicas potenciais de ocorrer num dado local.

Ocorrem pontualmente pela área envolvente, manchas de vegetação autóctone, que ocorrem espontaneamente pelo território dada a apetência deste para o desenvolvimento de determinadas espécies. Assim, o estudo da distribuição geográfica da vegetação no território e designado por fitogeografia, que, segundo Albuquerque (1955), o significado do termo ―traduz um ramo da geografia que descreve, classifica e interpreta a zona da vegetação‖. Esta zona é muito importante, visto grande parte da vegetação que ocorre espontaneamente nos dar indicações no que concerne a aptidão, de outras espécies florísticas e, em particular das espécies florestais.

4.1.8.1.1. Vegetação Potencial

Na região ocorrem potencialmente bosques e matagais, e arbustos de folhas pequenas, planas, coriaceas e persistentes. Ao nível das estruturas arbóreas autóctones, a presença de carvalhos perenifólios e marcescentes, designadamente o sobreiro (Quercus suber), o negral (Quercus pyrenaica) e o carvalho-cerquinho (Quercus faginea), ocorre em função do substrato geológico e do relevo nas zonas de influencia mediterrânica, e pelo carvalhal caducifólio, designadamente o carvalho alvarinho (Quercus robur), nas zonas de influencia atlântica.

Actualmente o coberto florestal da envolvente encontra-se profundamente alterado pela acção do Homem. Os pinhais (essencialmente pinheiro bravo) e os matos constituem as formações dominantes, surgindo ainda alguns soutos (Castanea sativa Miller) povoados artificialmente. Esporadicamente ocorrem ainda carvalhais (Quercineas) e pequenos montados (Quercus suber L.).

Nestes bosques, espécies da floresta ―sempreverde‖ (laurisilva) (Paiva, 2002) como o loendro ou adelfeira (Rhododendron ponticum L. ssp. baeticum), o azevinho (Ilex

aquifolium L. – especie protegida pelo Decreto-lei no 423/89 de 4 de Dezembro

(regulamentada pelo DR 278/89, Serie I)), o loureiro (Laurus nobilis L.), a gilbardeira (Ruscus aculeatus – Espécie protegida no anexo V da Directiva Habitats), entre

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4.1.8.1.2. Considerações Finais

Da avaliação realizada à flora, existem alguns factos importantes que convém salientar:

Não foram detectados, na área de influência do projecto, habitats tidos como de conservação prioritária no âmbito da Directiva Habitats.

Não foram detectadas espécies raras ou ameaçadas em Portugal.

Na envolvente (área em estudo) a vegetação ripícola foi parcialmente substituída por pinhais e/ou eucaliptais de exploração industrial.

As árvores do corredor ripícola são caracterizadas por possuírem grande biomassa radicular, desempenhando um papel fundamental no equilíbrio ecológico e hidrológico do sistema.

Este ―cordão‖ de vegetação ripícola retém sedimentos e nutrientes provenientes da bacia de drenagem, protegendo o ecossistema aquático relativamente a perturbações produzidas nas áreas adjacentes ao sistema ribeirinho, especialmente a nível da poluição e impactes erosivos.

O ensombramento fornecido pela vegetação ribeirinha desempenha um papel vital na manutenção das características biofísicas do habitat tais como luminosidade, pH, temperatura e humidade (Schiemer & Zalewski, 1992). Estas zonas são ainda responsáveis pelo fornecimento equilibrado, de matéria orgânica aos ambientes aquáticos (Schiemer & Zalewski, 1992).

Assim, pode concluir-se que a área em estudo apresenta pouco relevo no contexto nacional para a conservação da flora e vegetação.

Para um enquadramento e caracterização foram efectuados vários percursos e paragens em locais próximos de linhas de água, florestas envolventes e campos agrícolas pertencentes ao concelho de Nelas.

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4.1.8.2. Fauna

Para o enquadramento e caracterização faunística foram efectuados vários percursos e paragens em locais próximos de linhas de água, florestas envolventes e campos agrícolas pertencentes ao concelho de Nelas.

Ainda na área envolvente, foi possível observar várias aves típicas de zonas agrícolas, entre as quais, cias, verdilhões, pintassilgos, milheirinhas e açores.

Observaram-se várias espécies entre os quais, cartaxo, gaio, picapau-malhado-grande e picanço-real. Durante esta saída de campo foi possível observar cerca de 34 espécies de aves.

Entre os principais factores de perturbação, degradação e destruição dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados contam-se: o desenvolvimento urbano e industrial, o desenvolvimento agrícola, a construção de barragens, a extracção ilegal de areias, as actividades lúdico-recreativas, a actividade florestal, os fogos florestais, a invasão de espécies exóticas, a caça e a pesca.

Relativamente á vida aquática algumas espécies identificadas têm particular importância do ponto de vista conservacionista e comercial, nomeadamente o Sável (Alosa alosa), a Savelha (Alosa fallax),, e a Truta (Salmo truta fario).

A construção do sistema de açudes e barragens ao longo dos rios, veio constituir uma barreira à passagem das espécies migradoras.

Relativamente a fauna cinegética a área de implantação do projecto encontra-se abrangida pela Zona de Caça Municipal de Nelas criada pela Portaria Nº1015/2003 de 18 de Setembro e alterada pela Portaria nº 939/2004 de 27 de Julho que transferiu a respectiva gestão para o Clube de Caça e Pesca de Nelas.

Pela Portaria nº 530/2009 foi renovada a licença e a respectiva gestão por um período de seis anos para uma área total de 5093 hectares.

Consultado o mapa das condições para o exercício da Caça para a época venatória, podemos verificar a existência de um conjunto de espécies que povoam a zona num equilíbrio ecológico que estará gerido e mantido pela entidade gestora da Zona de caça.

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Aves encontram-se em exploração a perdiz o pombo torcaz e o faisão (este resultante de povoamentos) como migratórias a rola, a galinhola, o tordo e o estorninho.

Quanto a mamíferos são explorados o coelho a lebre a raposa o javali e o saca-rabos.

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