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SALÁRIO EXTRA FOLHA INVALIDADE DA PROVA DOCUMENTAL PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE No processo do trabalho vigora o princípio da primazia da realidade, que invalida

No documento Apostila 01 - HISTÓRIA E PRINCÍPIOS (páginas 34-36)

os recibos de pagamento formais, quando estes são desconstituídos pelo restante da prova dos autos. Demonstrado, pela prova testemunhal, firme e idônea, o pagamento de prêmios em dinheiro, não contabilizados com o salário mensal, são devidas as diferenças correspondentes à integração dos primeiros na remuneração do autor, porque evidenciada a quitação de salário extra folha. (RO 7025/03, 2ª Turma do TRT da 3ª Região, Sabará, ReI. Alice Monteiro de Barros, j. 24.06.2003, unânime, DJMG. 02.07.2003).

PROVA TESTEMUNHAL. No Processo do Trabalho, vigora o princípio da primazia da realidade, que faz com que a prova documental ceda espaço à testemunhal, quando esta se mostra firme no sentido da desconstituição daquela. (RO 00599.401/98-2, 5ª Turma do TRT da 4ª Região, Caxias do Sul, ReI. Francisco Rossal de Araújo. j. 20.03.2003, unânime, DJ 12.05.2003).

PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE - PREVALÊNCIA DA PROVA. Um dos princípios que rege o processo do trabalho é o da primazia da realidade. Assim, se a prova documental é contraditória, prevalece, então, a prova testemunhal. (RO 770/2002 (6752/2002), TRT da 17ª Região/ES, ReI. Juiz Geraldo de Castro Pereira. j. 09.07.2002, unânime, DO 02.08.2002).

3.6.4 Princípio da Indisponibilidade

Este princípio constitui emanação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material do trabalho no campo do processo do trabalho.

Justifica-se a peculiaridade do princípio nos domínios do processo do trabalho, pela considerável gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica a existência de um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo no seu cumprimento e influencia a própria gênese da prestação jurisdicional.

Numa palavra, o processo do trabalho teria uma função finalística: a busca efetiva do cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores. Há de se destacar, contudo, que a ampliação de competência da Justiça do Trabalho para outras relações de trabalho (EC n. 45/2004), incluindo o trabalho autônomo, bem como as lides entre os sindicatos e entre os empregadores e os órgãos de fiscalização do trabalho, acabará mitigando aplicação deste princípio nos domínios do processo do trabalho.

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3.6.5 Princípio da Conciliação

O princípio da conciliação encontrava fundamento expresso nas Constituições brasileiras de 1946 (art. 123), de 1967 (art. 134), de 1969 (art. 142, redação dada pela EC n. 01/1969) e na redação original do art. 114 da Carta de 1988. Todas essas normas previam a competência da Justiça do Trabalho para "conciliar" e julgar os dissídios individuais e coletivos.

Com o advento da EC n. 45/2004, que deu nova redação ao art. 114 da F. houve supressão do termo "conciliar e julgar", cabendo agora à Justiça Trabalho "processar e julgar". A omissão, contudo, não desnatura o princípio em estudo, pois ele continua existindo no plano infraconstitucional e não se mostra incompatível com o novo texto da Carta de outubro de 1988. Embora o princípio da conciliação não seja exclusividade do processo laboral, parece-nos que é aqui que ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um iter procedimentalis peculiar.

Com efeito, dispõem o art. 764 e seus parágrafos da CL T, in verbis:

Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

§ 1 º Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.

§ 2º Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.

§ 3º É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

No mesmo sentido, o art. 831 da CLT estabelece uma condição intrínseca para a validade da sentença trabalhista, ao determinar que ela somente “será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação". Há, no procedimento comum ordinário trabalhista, dois momentos obrigatórios para a proposta judicial de conciliação.

O primeiro está previsto no art. 846 da CL T e ocorre por ocasião da abertura da audiência, nos seguintes termos: "Aberta a audiência, o Juiz ou residente proporá a conciliação."

A segunda tentativa de conciliação ocorre após o término da instrução e da apresentação das razões finais pelas partes. Está prevista no art. 850 da CLT, in verbis:

Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.

Outra peculiaridade do processo do trabalho repousa na equiparação prática do termo de conciliação à coisa julgada. É o que diz o parágrafo único do art. 831 da CLT: "No caso de conciliação, o

termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas."

3.6.6 Princípio da Normatização Coletiva

A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder Legislativo), proferindo sentença normativa (rectius, acórdão normativo) com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.

Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo art. 114, § 2º, da CF, segundo o qual:

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Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

O princípio da normatização coletiva não é absoluto, pois encontra limites na própria Constituição, nas leis de ordem pública de proteção ao trabalhador (CF, art. 7º; CL T, arts. 8º e 444) e nas cláusulas (normas) previstas em convenções e acordos coletivos que disponham sobre condições mínimas de determinada categoria profissional (CF, art. 7º, XXVI).

3.6.7 Outros Princípios do Processo Trabalhista

Além dos princípios acima arrolados, a doutrina costuma invocar outros princípios como peculiares ao processo do trabalho, como os princípios da simplicidade, da celeridade, da despersonalização do empregador e da extrapetição. Todavia, pensamos que esses princípios são comuns ao processo do trabalho e ao processo civil.

Com efeito, o princípio da simplicidade das formas decorre dos princípios da instrumentalidade e da oralidade, já estudados nas linhas pretéritas, e, é inegável, constitui objetivo de todo e qualquer sistema processual, seja ele civil, penal ou trabalhista. Os juizados especiais cíveis e criminais são exemplos da aplicação desse princípio. É importante ressaltar, porém, que as raízes deontológicas e fenomenológicas desses órgãos da justiça comum provêm do direito processual do trabalho.

O princípio da celeridade, embora comum a todos os ramos do direito processual, assume uma ênfase muito maior nos sítios do processo do trabalho, uma vez que, em regra, os créditos trabalhistas nele veiculados têm natureza alimentícia.

A despersonalização do empregador, ou desconsideração da personalidade jurídica do empregador, constitui, a rigor, princípio do direito material trabalhista (CLT, arts. 2º, 10 e 448). Além disso, o princípio é encontrado em outros ramos, como o Direito Comercial, o Direito Civil, o Direito das Relações de Consumo, o Direito Tributário. No direito das relações de consumo, ar exemplo, ele está consagrado explicitamente, nos termos do art. 28 do CDC, in verbis:

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Cumpre esclarecer, por oportuno, que o princípio da desconsideração a personalidade jurídica do empregador tem sido bastante utilizado no processo do trabalho, mormente em sede de execução trabalhistas.

O princípio da extrapetição também é admitido no processo civil, mormente nos casos em que o juiz acrescenta à condenação juros legais e correção monetária (CPC, art. 293), ainda que não pedidos pelo autor. A CLT também permite a aplicação do princípio da extrapetição, como se infere os seus arts. 137, § 2º, e 467.

REFERENCIAS:

MARTINS, Sergio Pinto, Direito Processual do Trabalho: doutrina e prática forense, modelos de petições, recursos, sentenças e outros. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Método, 2008. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: Ltr, 2010.

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