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Satisfação Residencial: classificação dos estudos

2.2 Satisfação Residencial uma revisão bibliográfica

2.2.2 Satisfação Residencial: classificação dos estudos

Wiesenfeld (1995) após exaustiva revisão sobre o tema da Satisfação Residencial ao considerar a dificuldade de se classificar os estudos sobre a mesma propõem uma classificação destes estudos, segundo o tipo de casa e

para justificar cada tipo, utiliza como exemplo trabalhos já desenvolvidos sobre o tema, a saber:

1) Casas unifamiliares de baixa renda

Montero (1979), na Venezuela, realizou observação e entrevista em duas amostras. A primeira composta de 50 casas em Caricuas e a segunda de 49 casas

em El Valle. As pessoas de Caricuas mencionaram como principal fonte de agrado a propriedade da casa e as de El Valle se sentiam mais satisfeitas com a localização das casas. Nos dois grupos a insatisfação era proveniente principalmente do ruído, da

presença de pessoas estranhas ao lugar e da carência de serviços públicos na área. A maioria dos entrevistados atribuía a outrem a deterioração da área e apesar da

satisfação com a casa, não mantinham um bom nível de relacionamento com os vizinhos. Sutrun (1984) estudou as fontes e o nível de satisfação com a casa e com a urbanização em uma amostra de 100 donas de casa residentes em casas unifamiliares na cidade de Valência. As fontes de satisfação proviam da localização das casas, da propriedade das casas e da possibilidade de ampliação das mesmas, para a obtenção de maior conforto e espaço. Observou-se ainda pouca satisfação com os vizinhos apesar de uma boa comunicação entre os mesmos. Levantou-se como hipótese para explicar esse fato a necessidade de privacidade dos moradores dessa categoria de casas.

Wiesenfeld (2005) também encontrou a possibilidade de ampliação das residências como fonte de grande satisfação dos usuários, porém observou que na prática essas reformas eram pouco realizadas, dado as condições financeiras dos seus proprietários e por conta da falta de assessoria técnica para tal. Para essa tipologia de imóveis, as variáveis que mais se relacionaram com a satisfação foram a propriedade das casas, a localização e a possibilidade de reforma física do imóvel.

2) Casas unifamiliares para a classe média

Essa tipologia representa o tipo preferido em numerosos estudos realizados nos Estados Unidos (MICHELSON, 1977). Foi avaliado como positivo, sobretudo a privacidade oferecida pelas casas, a possibilidade de adquirir sua propriedade e de ter pátio próprio.

Segundo Weidmann e Anderson (1986) em termos gerais a satisfação nessa categoria de imóveis vem principalmente da localização, da aparência, da manutenção, espaço para estacionamento, existência de pátio externo, uso de grama, participação na geração de propostas de mudanças no local com possibilidade de serem atendidas pelas autoridades competentes e ainda do bom relacionamento com os vizinhos – o que nos leva a observar uma mudança da configuração da satisfação em função do status social.

3) Edifícios baixos de interesse social

Oxman e Carmon (1986) avaliaram edifícios de um e dois andares em Israel. Os prédios tinham em média 12 apartamentos por piso. Também avaliaram prédios de 3 ou 4 pisos com uma média de 36 apartamentos por piso. Observaram que os moradores de edifícios com menor densidade demográfica sentiam-se mais satisfeitos com os imóveis

4) Edifícios altos de interesse social

Wiesenfeld (2000) afirma que essa tipologia pode ser considerada a mais controversa de todas, dados os resultados de diferentes pesquisas.

Adams e Conway (1977) detectaram que os residentes desses edifícios com muitos pisos associam esse desenho com falta de privacidade, solidão, anonimato, falta de controle sobre a interação social, congestão de serviços e individualismo.

Montero (1979) encontrou que a deterioração desse tipo de edifício está associada em grande parte a ausência de sentido de propriedade e de

responsabilidade com a edificação.

Adams e Conway (1977) associam estas edificações com um conjunto de vantagens, tais como: ventilação, tranqüilidade, iluminação, vista entre outros.

Neste sentido podemos notar que os mesmos atributos podem ser avaliados de maneira diferente por usuários da mesma tipologia de edifício.

5) Edifícios altos para a classe média

Almeida (1985) encontrou que alguns componentes da representação social dessa tipologia, sobretudo a segurança e a relação com os vizinhos eram valorizadas positivamente por seus moradores. Porém que os mesmos se sentiam insatisfeitos com o tamanho dos apartamentos e com o espaço dos closets.

6) Edifícios altos versus baixos de interesse social

Francescato (1979) encontrou que existe uma maior satisfação em usuários de edifícios mais baixos, sobretudo pela facilidade de acesso ao exterior do prédio, pelo não congestionamento dos elevadores e pela possibilidade de reforma do imóvel, o que não é possível em edifícios de grande altura.

7) Edifícios altos versus baixos para a classe média

Churchman e Ginsberg (1984) compararam edifícios de classe média em Israel, sendo estes edifícios com 4, 8, 12, 16 e 20 andares. Encontraram que as donas de casa apontaram vantagens e desvantagens quanto a altura dos prédios. Entre as vantagens apontaram a privacidade e o encontro com muitas pessoas nos mais altos. Entre as desvantagens apontaram a falta de segurança para as crianças e a dependência dos elevadores. Segundo estes autores as vantagens pareciam estar mais ligadas a questões sociais e as desvantagens a questões ambientais.

8) Comparação de diferentes tipos de casas de interesse social

Amérigo e Aragones (1990), em estudo realizado em Madri, identificaram que para essa tipologia, os preditores mais fortes de satisfação tinham haver com a relação com os vizinhos e com o bairro, fato confirmado por vários estudos para essa tipologia.

9) Comparação de diferentes tipos de casa de interesse social para famílias de baixa renda

Segundo Churchaman e Ginsberg (1984) a falta de sentimento de comunidade está relacionada com a percepção de heterogeneidade da população, o que interfere na identificação entre os membros da mesma.

Montero (1979) encontrou que à medida que as pessoas não se percebiam semelhantes aos seus vizinhos aumentavam o sentimento de desapego, a deterioração do ambiente e o desejo de mudar de local de moradia.

10) Comparação de diferentes tipos de casa para a classe média

11) Comparação de casas de diferentes tipos para populações heterogêneas Marans e Roders (1975) apontaram que os atributos sociais são mais valorizados em moradores de casas de interesse social, ao passo que moradores da classe média valorizam mais os aspectos físicos da moradia, embora haja autores que discordam dessa afirmação.

No presente estudo utilizaremos o modelo proposto por Wiesenfeld (1995) e Montero (1979), os quais desenvolveram trabalhos focados no estudo de casas unifamiliares destinadas às populações de baixa renda.

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