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Foto: Kaliana Rodrigues, 2010

Atualmente Itabuna possui cinco vetores de expansão, conforme apresentado na Figura 3.2, sendo que, em alguns deles a efetiva atuação dos incorporadores criam ____________________________

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Informações obtidas em entrevistas com corretores de imóveis.

mecanismos e estratégias para valorização desses espaços. É baseado nesses vetores, especificamente o Vetor 1 e o Vetor 2, que nosso trabalho abordará as principais estratégias utilizadas pelo mercado imobiliário para a expansão e adensamento do tecido urbano.

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Figura 3.2: Vetores de expansão urbana do município de Itabuna (BA)

Escala: 1/42000

Fonte: TRINDADE, G. 2005.

Adaptação: RODRIGUES, K. G, 2011

O Vetor 1 segue ao longo das Av. Princesa Isabel e Av. Manoel Chaves, abrangendo os bairros São Caetano, Jardim Primavera, Jaçanã e Novo São Caetano, mas é no primeiro desses que apresenta uma acentuada expansão e adensamento do tecido urbano a partir da relocação da sede da Prefeitura Municipal, seguido por secretarias e diversos órgãos públicos e privados, como Fórum Municipal, agências

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bancárias e grandes hipermercados, dando maior dinamismo ao comércio dessa cidade.

Situado na parte leste da cidade, o bairro surgiu em 1946 quando se deu a construção da ponte Lacerda e o seu nome foi uma homenagem ao senhor Jerônimo José Caetano, primeiro proprietário de terras onde está localizado.

Importante área dentro da realidade de Itabuna, o bairro São Caetano tem a trajetória de seu crescimento inserida dentro do próprio percurso histórico deste município. Porta de entrada e saída para a cidade de Itabuna pela BR – 101, esse bairro serve de passagem para quem está indo ou voltando do Extremo Sul da região cacaueira. O bairro se beneficiou dessa condição e transformou essa estrada de ligação com outras cidades em sua principal avenida, onde surgiram nas suas margens as primeiras residências e casas comerciais.

Como já vimos anteriormente, sabemos que a produção do espaço urbano se dá carregada de intencionalidade, por diversos agentes, entre eles, os promotores imobiliários, proprietários fundiários e o Estado. Tais agentes atuam segundo os contextos em que dados territórios se articulam às demandas da reprodução capitalista (CORREA, 1989). O surgimento de novas centralidades não foge a essa dinâmica, sendo carregado de intencionalidade e de forma que diversos agentes contribuem para o surgimento dessas centralidades, seja na implementação de infraestruturas ou de empreendimentos comerciais, prestadores de serviços ou residenciais. Isso deve ser destacado, pois é notório que o deslocamento e o surgimento de novos espaços e equipamentos de consumo contêm uma nova lógica de concentração e centralização de capital, fluxos de investimentos e pessoas, o que indica uma nova reconcentração e não uma distribuição aleatória pela cidade. Nesse sentido, Spósito (1991) argumenta que,

[...] é preciso avaliar esta descentralização, porque não revela dispersão ou distribuição das atividades tradicionalmente centrais pela cidade, mas, ao contrário, revelas formas de centralidade. Ao negar a concepção de centro único e monopolizador, recria a centralidade, multiplicando-a através da produção de novas estruturas que permitem novas formas de monopólios, porque (re)especializam e (re)espacializam as atividades comerciais e de serviços, reproduzindo em outras áreas da cidade as condições e qualidades centrais (SPOSITO, 1991:13).

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Ao debruçarmos sobre o processo de estruturação do espaço urbano de Itabuna podemos observar que uma característica fundamental é que este foi constituído a partir da configuração de um único núcleo central, multifuncional e monopólico. Ou seja, um centro que concentrava e dispersava monopolicamente fluxos múltiplos. Assim, na área do centro tradicional encontravam-se reunidas funções político – administrativas, comerciais, financeiras, de lazer e entretenimento, de serviços e de saúde que, de certa forma, determinavam os incrementos ao tecido urbano convergindo para esta área.

Nesta direção, a partir do acentuado crescimento demográfico em Itabuna nas décadas de 1970 a 1990 houve a formação e consolidação de assentamentos urbanos que, embora convergissem para o centro tradicional, dele se encontravam afastados, de forma que áreas subcentrais em determinados espaços na cidade se consolidaram. Estes subcentros emergiam destinados ao atendimento de demandas específicas, cuja funcionalidade se caracteriza pela polarização e atração restrita às suas adjacências, incorporando a essa área alguns elementos que outrora eram estritamente característicos do centrotradicional..

Desta forma, os subcentros exprimiam a funcionalidade da centralidade caracterizada por fluxos de pequena ou média intensidade e que percorriam pequenas e, em alguns casos, médias distâncias, restritas a determinadas parcelas da cidade. São exemplos de subcentros de Itabuna os bairros Conceição, Fátima, Califórnia, Mangabinha e São Caetano.

O subcentro consiste, portanto, numa réplica em tamanho menor do centro principal, com o qual concorre em parte, sem, entretanto, a ele se igualar. Atende aos mesmos requisitos de otimização de acesso para o centro principal. A diferença é que o subcentro apresenta requisitos apenas para uma parte da cidade (VILLAÇA, 2001:293).

Na década de 1980, a instalação do Hiper Messias, um supermercado de capital local, encontrou receptividade e terminou por reforçar a centralidade do bairro São Caetano, atraindo mais ainda fluxos comerciais para a sua avenida principal. O hipermercado pertencia à Rede Messias, com atividades em Itabuna desde 1928 com produção e comercialização do cacau e derivados, mas que entrou em concordata e foi

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à falência no final da década de 1990, decorrente da crise da monocultura do seu principal produto, fato que aprofundou ainda mais o desemprego na cidade.

Após a falência da Rede Messias, houve um processo judicial envolvendo a sede da Prefeitura Municipal de Itabuna, localizada no centro tradicional, que precisou ser desocupada pela instituição. Neste contexto, a sede da Prefeitura foi realocada para a Av. Princesa Isabel no bairro São Caetano, desencadeando um processo de reforço da centralidade desse bairro e desconcentração territorial das atividades políticas e administrativas para esta área da cidade, com a posterior instalação de agências bancárias, fóruns, secretarias municipais, escritórios particulares e atualmente a sede da Câmara de vereadores.