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Segmentos do Mercado do Carbono

IV. CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO CARBONO

4.3. O M ERCADO DO C ARBONO NO M UNDO

4.3.1. Segmentos do Mercado do Carbono

Os principais regimes regulatórios que restringem as emissões de GEE e permitem que as transações de carbono ocorram são apresentados na figura 15. Eles definem os diferentes segmentos do mercado do carbono.

Mercados de permissões de emissões UK ETS EU Emissions Trading Scheme Chicago Climate Exchange New South Wales Certificates Mercados de permissões de emissões UK ETS EU Emissions Trading Scheme Chicago Climate Exchange New South Wales Certificates Transações baseadas em projetos Voluntário Varejo Outros regimes Transações baseadas em projetos Voluntário Varejo Outros regimes Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Implementação Conjunta Comércio Internacional de Emissões

Figura 15 - Estrutura do Mercado do Carbono

Fonte: World Bank Carbon Finance Business (2005).

Mais uma vez, o Protocolo de Quioto (1997) estabelece que países industrializados ou economias em transição – os chamados países do Anexo I – devem restrigir suas emissões de GEE para um patamar abaixo de 5,2% dos níveis de 1990 durante o primeiro período de cumprimento, que vai de 2008 a 2012. Em adição às medidas e políticas domésticas, os países do Anexo I podem cumprir suas metas comprando AAUs de outros países do Anexo I (Mecanismo de Comércio de Emissões), e/ou contribuindo com projetos de redução de emissões tanto em países do Anexo I (através da Implementação Conjunta – IC) quanto em países do Não-Anexo I (através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL).

O EU Emissions Trading Scheme (2004) coloca um teto nas emissões às principais fontes de larga-escala (como companhias de energia) dentro da União Européia, e permite que elas negociem EUAs (EU Allowances) por todo o mercado europeu. O tão-chamado “Linking Directive” governa o relacionamento entre EU-ETS e o Protocolo de Quioto. Ele permite, sob certas condições, que entidades sob o EU-ETS usem os créditos das reduções de emissões de projetos do MDL e IC para abatimento de metas no mercado europeu. O EU ETS tem uma fase piloto de 2005 a 2007 e uma primeita fase de 2008 a 2012 (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

Canadá e Japão também estão desenvolvendo planos de alocação nacionais (National Allocation Plans – NAPs) para cumprimento das metas de Quioto. Esses planos incluem o comércio de carbono, ou seja, a criação de um mercado de permissões de emissões e/ou compra de ERs advindos de projetos de MDL/ IC. O plano canadense, que tem sido exibido, mas não colocado em prática, estabelece um sistema doméstico de comércio de emissões para as fontes de larga-escala, e permite a compra de substanciais quantidades de créditos fora do país. O plano japonês, que é somente uma proposta no estágio atual, não inclui obrigações compulsórias para as empresas, mas também permite a compra maciça de ERs geradas pelos mecanismos baseados em projetos (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

Todas as regulamentações descritas acima foram construídas para cumprimento das metas de Quioto, mas outros regimes que restringem as emissões de carbono e permitem as transações de créditos foram desenvolvidos nos EUA e Austrália - países que não ratificaram o Protocolo de Quioto. Por exemplo, o Estado de New South Wales (NSW) na Austrália impôs limites nas emissões de companhias de energia e outras entidades, e permite a compra de certificados de emissões de GEE para cumprimento das metas individuais (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

De maneira similar, o Estado do Oregon nos EUA impôs um padrão de conduta às empresas para reduzir emissões em 17% abaixo da taxa de emissões no funcionamento mais eficiente de qualquer planta industrial. As empresas têm a opção de pagar US$0,85 por tonelada de GEE que excede a cota, e o Oregon Climate Trust investe esses fundos em projetos de mitigação de emissões de GEE dentro e fora do país. Essses regimes fora de Quioto são diferentes (alguns dizem que são menos rigorosos) do de Quioto, em termos das restrições que eles impõem. É ainda incerto como esses regimes, se isso ocorrer, serão ligados ao regime de Quioto (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

Em adição aos regimes obrigatórios, algumas empresas estão engajadas voluntariamente ao mercado do carbono com a adoção de metas voluntárias de cortes nas emissões. A participação delas frequentemente assume a forma de transações baseadas em projetos. O Chicago Climate Exchange (CCX) é um bom exemplo no qual algumas organizações públicas e privadas criaram nos EUA um mercado voluntário de permissões de emissões. Desse último mercado fazem parte as empresas brasileiras de Papel & Celulose – Klabin, Suzano, Votorantim Celulose e Papel e Aracruz – dado que suas plantações florestais não são elegíveis ao MDL do Protocolo de Quioto (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

O último segmento do mercado do carbono é o varejo, representado pelas atividades de empresas e indivíduos, sem emissões significativas (e por isso estão fora da regulação por regimes domésticos), que desejam ser neutros em termos de emissões de GEE para demonstrarem suas atividades de responsabilidade social ou promover uma marca em particular. Geralmente, essas entidades e indivíduos compram ERs em pequenas quantidades. Esses ERs não serão utilizados para o abatimento de metas, embora eles podem ser gerados de acordo com os procedimentos do MDL e IC. Vários

“varejistas” atendem este pequeno, mas crescente mercado, implementando grandes projetos de redução de emissões, e distribuindo as fatias de reduções de emissões entre os seus clientes (LECOCQ & CAPOOR, 2005).

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