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Im nomine Domini amen. Saibam todos os que estes estormentos virem que na Era de mil e quatrocentos e cimquotenta e três annos dezasete dias do mês d´Abril em Sanctarem demtro na torre da Porta de Mancos homde fazem a rollaçam seemdo hy Lopo Diaz vassalos (sic) d´El Rey e juiz por ell na dicta villa presemte mym Pedr´Eannes tabelliam por o dicto senhor Rey em a dicta villa e testemunhas a diamte scriptas o dicto Lopo Diaz disse que a ell era dicto e ell era dello certo que o Ospitall dos Innocentes que he hedificado na dicta villa há soma de beens de raiz que sam em a dicta villa e termo e em outros lugares ao quaaes beens eram dados a allgumas pessoas d´emprazamentos e arrendamentos e que os contractos desto ficavam e eram em poder dos moordomos que pollos tempos eram do dicto ospitall e que per azo desto os dictos beens se enlheavam em outras pessoas e nam sabiam os moordomos que pollos tempos eram os benns honde eram e as comfrontaçooens delles e que por azo dello se seguia gramde perda e dapno ao dicto ospitall. Porem o dicto juiz disse que comssyderamdo elle como se esto milhor podia fazer e por proll do dicto ospitall mandou a mym taballiam e deu sua autoridade hordinaria treladasse o compremisso do dicto ospitall e escripturas que a elle pertencem em este livro e tornasse em pubrica forma so meu signall damdo-me logo o dicto juiz o compremisso do dicto ospitall e hua soma de escripturas que pertencem ao dicto ospitall que taees sam:

Em nome de Deos, amen. Porque he cousa sabuda e certa que praz a Deos quando os homees, que sam sas feituras, lhe sam conhecedores do bem e da mercee que lhis El faz porem nos Reynha Dona Isabel e Martinho pella mercee de Deos e da sancta Igeja de Roma bispo da Guarda, conhecendo a Deos assy como nos podemos o bem e a mercee que nos sempre fez sem nosso miricimento, trazemdo nos do estado pequeno em que nos eramos a gramde estado e homrra com riquezas como nos elle trouxe, e como quer que os homeens perto do seu poder e saber nam podiam conhecer a Deos quanto bem lhis faze pro trabalhar se deve cada um em seu estado de lhe conhecer e servir segundo seu saber e poder algua parte do bem que lhis fez. Poremde nos emtemdemdo que em nenhua cousa nam podíamos tamto servir a Deus como fazer bem e acrecemtamento e mantiimento a linhagem dos homeens que ell criou pra seu serviço outrossy emtendemdo que he muy bem empregada a esmolla em a quall que per nenhua guisa nam pode gaanhar nem aver homde viva. Poremde cuydamos em nosso (sic) coraçooens de fazer com a ajuda de Deus e d´El Rey hum ospitall na Villa de Sanctarem aa porta de Leirea a que demos e damos nossas herdades e vinhas e casas e olivaaes e outras possissoens que compramos que foram d´Acemço Moniz d´outros sallvo que mandamos que os que este ospitall ouverem de veer que dem em cada anno dez alqueires d´azeite ou vinte alqueires de dous em dous annos aa igreja em viir por elle aa custa de Sancta Maria de Bade do dicto bispo pêra alumiar hy quatro lâmpadas, e o vigário dessa igreja em vyi por ele aa custa da Sancta Maria d´Abade. E queira Deus que ainda hii mais acrescemtaremos pêra se criarem hii mínimos e emgeitados e pêra cantarem hii dous capelaaes pêra todo o sempre hua missa do dia quall acaecer e outra de requiem e diram todallas oras compridamente por nossas almas e do dico Rey Dom Denis e por aquelles que nos fezeram bem e ajuda e por todos outros que ajuda fezeram e fezerem a esse ospitall. E em cada hua dessas missas façam commemoraçam por nos e por todollos de suso dictos. E mandamos que a cada huum desse capelaaes dem cad´ anno pêra seu mantiimento cinquoenta livras e que lhes nam ninguém desto nada. E mandamos que do all que ficar desse ospitall da remda delle que se criem hii mininos e mininas engeitados quamtos se hy poderem criar bem e entendemos por

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mininos e mininas engeitados aqulles que alguas molheres conceberam e tamto que os parem com medo e com vergomça ou outros seus gramdes pecados queremdo ante perder as almas que lhi lo saberem e mandam-nos deitar pellas augoas e pellas carreiras e pellas carcovas e pollos rios e em outros lugares hu os nam possam achar senam de vemtura. E asy se perdiam as almas suas e daquelles que asy deitavam que morriam sem baptismo. Destes taaes asy emgeitados mandamos quamtos emde aduserem a este nosso ospitall que os crieem hii e os mantenham asy como de juso será dicto segumdo quamto os beens e as esmollas do ospitall os poderem manteer. E os filhos dos outros pobres que sas madres amdam per as portas e pellas albergarias e outros pobres cavooes que criam com sas molheres por sa lazeira estes taees nam mandamos nos emde hii receber nenhuum mas recebem-nos nas albergarias como teverem por bem ca dez tamtos sam os filhos dos pobres de Sanctarem e de seu termo ca os filhos dos ricos e o comcelho de Sanctarem nam podia manteer ospitall em que se todos estes pobres criassem de mais estes que nos mandamos receber para criar. E mandamo-lhos hii manter e dar a mester atee que per sy possam guarecer e esto passara ente per dez ou doze annos de cada huum. E pêra taees engeitados aaasy como de suso dicto he mandamos nos fazer o hospitall e asy e nossa vomtade de se fazer e nam pêra outros e depois que forem bem criados mandamos que os façam bem emsignar a mesteres aa csta do ospital como entenderem nos moços e nas moças que lhis seja mais comviinhaviil. E depois que forem em tall estado que per seus mesteres posssam viver vaão-se aa boa vemtura e emquanto foram pequenos lhes cumpram amas dem-lhas e a ellas dem o que fezer mester pera sa cramça. Outrossy mandamos que mantenham sempre a capeella de livros e vistimentas e calezes e das cousas que hii forem mester em nossa vida quamto deus tever por bem que seja faremos esto manteer. E des que nos bispo da Guarda morrermos mandamos quanto em nos he que o haja de veer e por hi quem o procure e emderece e mantenha a Reynha Dona Isabell nossa senhora que hii geitou a primeira pedra no fundamento e o ajudou e ajuda a fazer e fez hii e fará ajuda e bem e merebe per as allmas pera aver parte e quinham no bem que se hi fezer ca ella foy e he gramde ajudador pera se fazer hy e se fundar esse ospitall ca avia gram doo e gram pesar no coraçam das criaturas que se perdiam e polla piedade que lhes ouve com a ajuda de Deus e com a sua fez ella e nos este ospitall. E depos morte da dicta Reynha mandamos e outorgamos que os homeens boons e o comcelho de Sanctarem sallvo que nunca hii aja cavaleiro nem filho d´allguo nanhuum que vier o façam manteer. E se per ventura o concelho a esto nam quisesse bem parar mentes em fazer comprir asy como nos hordenamos teemos por bem e mandamos que o bispo de Lixboa o faça comprir. Outrossy teemos por bem que esse comcelho meta hij homem boom e de boa vida per ospitalleiro que faça criar e ensignar os moços. E este ospitalleiro façam lhe dar sa mantença per que se possa hij manteer comunallmante294. E este se for tall procure os beens do ospitall e senam mandamos que ponham hii dous homeens boons em cada huum anno que ajam de veer e procurar e recadar os fruitos e as remdas e herdades e possissoens do ospitall e que dem aos capellaees e ospitalleiro pera criança dos moços e das moças e sua deles o que houver mester como dicto he. Quamdo esse moordomos meterem façam-nos jurar sobre os Sanctos Evangelhos que e direitamente guardem e procurem e defemdam o ospitall e seus bens e sas cousas e que nam emalhem nem conssentam que se emalhee nenhuuma cousa das possiissoens do dicto ospitall. E dem cad´anno a cad huum desses moordomos o que virem que compre por seu trabalho da remda desse ospitall metam outros moordomos como dicto he. E os que emtrarem com dous homeens boons do comcelho tomem conto e recado dos outros que saírem e se porventura o ospitalleiro fortall que o aja de procurar e deveer de cad´anno conto do que receber e de remder a

294 O texto em itálico é o que consta no tombo do Hospital de Santa Maria dos Inocentes (fls. 134-134v)

dous homeens boons do comcelho asy como fariam os moordomos se os hii ouvesse e o comcelho de Sanctarem lhas faça aver dlles comto e recado e emtrega daquello por que ficarem. E mantheudo asy como de suso he hordinhado se alguuma cousa sobjar das remdas e das esmollas mandamos que os moordomos ou ospitalleiro se tall for e cm comsselho e per mandado dos homeens boons do comcelho de Sanctarem salvo que os cavalleiros nem filgho d´allguo nenhuum nam ajam hii que veer metam aquello que sobejar em compra d´alguumas herdades e possissiooens pera o ospitall ou em benffeitoria e mantiimento delle. E mandamos que aos que forem cavalleiros nam sejam hy comsselhadores nem ajem hii d´adubar nada aimda que sejam alvaziis da villa nem que ajam outros ofícios d´El Rey ca nam he nossa vontade que hii cavalleiro nem filho d´allguo nenhum ajam de veer nada sallvo oshomeens boons vizinhos desta villa. E pidimos por mercee a El Rey em remiimento de sa allma que faça guardar e coutar que nunca em este ospitall homem do mundo faça pousada e ell seja quinhoeiro em quamto bem se em este ospitall fezer asy como nos. E se pella mercee de Deus e ajuda d´homeens tamto crecer os beens desse ospitall per que mantheudas as cousas de suso dictas e se podessem menteer seis ou oyto atee doze pobres vergonhosos mantenham-nos naquele paaço que nos fazemos que comam hii emsembra e dormam hii emsembra damdo-lhes leitos em que dormam e de vistir cad´anno como molhor (sic) poderem. E se pervemtura hii nam poderem manteer pobres vergonçosos faça-se do paaço o que for prol do ospitall seguundo hordenarem aquelles que o ouverem de veer todavia nossa vomtade era de se manteerem hii homeens pobres vergonçosos quamtos se poderem manteer e fiamos de Deus que tamto acrecemtara os beens do ospitall porque hii se mantenham e por esta hordenança seer firme pera sempre nos Reynha Dona Isabell e Martinho bispo da Guarda de suso dictos fazemos ende fazer esta carta de hordenança e mandamos hii poer nossos seellos feitos em Sanctarem doze dias de Dezembro. Era de mill e trezemtos e cinquoenta e nove annos. Testemunhas: Pêro Boom e Dioguo Fernandez Godinho e Lopo Afomsso mercadores vereadores do concelho da dicta villa e Rodrigue Annes scrivam do comcelho da dicta villa e outros e eu Pedro Annes taballiam sobredicto que pera sobre a dicta autoridade per o dicto juiz a mym dada o dicto compremisso trelladey e escrevy em este livro e aquy meu signall fiz que tal lhe (sinal do tabelião).