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TEMA 1: CONSULTA FARMACÊUTICA 27 

1.  Enquadramento teórico 27 

1.4. Seguimento Farmacoterapêutico 29 

O SF é definido, atualmente, como o “serviço profissional que tem como objetivo detetar problemas relacionados com os medicamentos (PRM), para prevenir e resolver os resultados negativos associados à medicação (RNM)”. Este serviço leva a que haja um compromisso e deve ser contínuo, sistemático e documentado, em cooperação com o doente e outros profissionais de saúde, tendo por finalidade atingir resultados concretos que promovam a qualidade de vida do doente31. Estudos demonstram que a implementação do SF em ambulatório ou a nível hospitalar leva a uma melhoria dos resultados pretendidos com a farmacoterapia30.

 O farmacêutico tem que assumir um compromisso com as necessidades que os doentes apresentam em relação aos seus medicamentos, ou seja, uma responsabilidade para com os resultados da farmacoterapia de cada utente;  A deteção, prevenção e resolução de RNM’s leva obrigatoriamente à monitorização

e avaliação contínua dos efeitos dos medicamentos utilizados pelo doente;  Colaboração e integração do farmacêutico na equipa multidisciplinar de saúde;  SF de modo contínuo. O farmacêutico tem que se envolver na prevenção e

resolução de RNM’s, mas também no tratamento integral dos problemas de saúde do doente.

É

importante a ação educativa, a monitorização da terapêutica e os seus efeitos;

 Desenvolver um plano de atuação, para preservar ou melhorar o estado de saúde do doente, avaliando continuamente os resultados das intervenções;

 SF de modo sistematizado, ou seja, com procedimentos estabelecidos, que definam um modo estruturado e ordenado de atuar, de forma a ajudar a focar o trabalho do farmacêutico.

Assim, há um aumento da probabilidade de aumentar a eficiência e o êxito do serviço de SF31. Ao planear o serviço de SF é necessário ter em conta os seguintes requisitos:

 Planear procedimentos padrão de trabalho, para cada etapa que compreende o SF;  Oferecer o serviço ao doente, tendo em conta critérios de inclusão ou elementos de triagem que permitam identificar os utentes que mais beneficiarão com este serviço, sempre com equidade e universalidade. Sendo a cooperação do utente imprescindível, é necessário informá-lo adequadamente e obter o seu consentimento;

 É necessário registar a história farmacoterapêutica obtida numa entrevista inicial e a manutenção adequada da informação posterior;

 Todas as atividades e intervenções devem ser convenientemente registadas. O compromisso com os resultados exige uma avaliação rigorosa dos mesmos. Desta forma, o SF tem como objetivos a máxima efetividade dos tratamentos farmacológicos, a minimização dos riscos associados ao uso de medicamentos, contribuir para a racionalização do uso do medicamento e melhorar a qualidade de vida dos doentes32.

1.4.1. Problemas Relacionados com os Medicamentos

Segundo o Terceiro Consenso de Granada em 2007, PRM são “aquelas as situações que causam ou podem causar o aparecimento de um RNM associado ao uso

dos medicamentos”. Assim, o PRM são todas as situações que ponham o utilizador do medicamento em maior risco de sofrer um RNM31,33.

O modelo de Donadebian, que se baseia no conceito de Estrutura-Processo- Resultado, permite considerar os PRM’s como indicadores do resultado do processo de uso do medicamento e os RNM’s como indicadores de morbi-mortalidade, ou seja, indicadores de efetividade e de segurança da terapêutica farmacológica de cada doente. Assim, intervir nos PRM’s permite prevenir o aparecimento de RNM’s. Os PRM’s mais comuns são: administração errada do medicamento, conservação inadequada do medicamento, caraterísticas pessoais, contraindicação, duplicação, erros de dispensação/validação, erros de prescrição, não adesão à terapêutica, interações, outros problemas de saúde que afetam o tratamento, problema de saúde insuficientemente tratado, entre outros.

O processo de uso dos medicamentos inicia-se pelo reconhecimento do problema de saúde do utente quer pelo médico (prescrição médica), pelo farmacêutico (indicação farmacêutica) e pelo próprio doente (automedicação). Aquando a dispensa do medicamento, o farmacêutico deve entregar o medicamento cedendo toda a informação adequada acerca do mesmo, para identificar, prevenir e resolver PRM’s encontrados33.

Em Portugal, o Grupo de Investigação em Cuidados Farmacêuticos da Universidade Lusófona (GICUF-ULHT) propôs uma classificação de PRM’s designada por “Classificação de PRM de Lisboa” (ANEXO XIII - tabela 1), e uma sistemática para os identificar (ANEXO XIII, figura 1). Assim, os parâmetros farmacoterapêuticos a serem avaliados para cada medicamento, dando origem a quatros categorias de PRM’s são:

 Necessidade do medicamento: o fármaco deverá ter as suas indicações aprovadas e o utente ter um problema de saúde manifesto ou risco de o ter.  Medicamento adequado: alguns não podem ser utilizados por certos doentes

por não fazerem efeito ou por poderem causar problemas de segurança (reações adversas, alergias e contraindicações).

 Posologia adequada: dose, frequência, duração e momento correto da utilização do medicamento.

 Condições do doente/sistema: o doente/cuidador deve saber e conseguir administrar o medicamento corretamente e de modo autónomo. Aspetos como o incumprimento, a dificuldade em administrar a medicação, a falta de recursos financeiros, o facto de o medicamento estar indisponível ou não estar comercializado, incluem-se nesta categoria.

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O, o farmacêutico encontrou um PRM. Aqui, interrompe-se o processo de avaliação na categoria que originou o PRM, uma vez que cada medicamento só pode ter um PRM por cada avaliação. Cada PRM encontrado pode levar a uma intervenção farmacêutica, e após a intervenção, torna-se necessário avaliar novamente a farmacoterapia, e assim sucessivamente, até que as respostas às quatros perguntas sejam SIM34.

1.4.2. Resultados Negativos associados à Medicação

Segundo o Terceiro Consenso de Granada, os RNM’s podem ser definidos como “resultados na saúde do doente não adequados ao objetivo da farmacoterapia e associados ao uso ou falha no processo de utilização dos medicamentos”. Assim, quando o doente está em risco de sofrer um problema de saúde associado ao uso do medicamento, geralmente devido a PRM’s, está-se perante uma suspeita de RNM.

Os RNM’s são de três tipos, que englobam seis categorias (ANEXO XIV, tabela 1), relacionados com a necessidade do medicamento, com a sua efetividade e seguridade. Para a identificação de um RNM são colocadas questões, tal como nos PRM’s, e conforme a resposta obtida classificamos o RNM em questão (ANEXO XIV).

Para além disto, é adequado termos noção que um medicamento é necessário quando foi prescrito por um médico ou indicado por um farmacêutico para um problema de saúde concreto que o doente apresenta; o medicamento não é efetivo quando não atinge suficientemente os objetivos tratados; não é seguro quando produz ou agrava algum problema de saúde; e um RNM considera-se quantitativo quando depende da magnitude do efeito33.

Como já referido anteriormente, existe uma enorme necessidade de resolver os problemas da má utilização dos medicamentos. Para isso, tem de haver um melhor controlo da farmacoterapia através de SF tentando ao máximo evitar o aparecimento de RNM’s.

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