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Este momento da pesquisa trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal, que teve a família como unidade de análise. Foi conduzido com as famílias dos agricultores familiares fornecedores do PAA da UFV. Do total de famílias de agricultores beneficiados (n=6), exclui-se uma família (n=1), pois o agricultor responsável encontrava-se em tratamento de saúde, e impossibilitado de contribuir com a pesquisa no momento da coleta de dados.

Foi conduzido um estudo piloto com 4 famílias que residiam na zona rural da Piúna, município de Viçosa, em janeiro de 2015, que se enquadravam nas características dos beneficiários fornecedores desta pesquisa, mas que forneciam para a modalidade Compra com Doação Simultânea do PAA, visando testar os instrumentos de coleta de dados, bem como a logística e condução do estudo.

A caracterização da situação de (In) SAN foi realizada segundo indicadores sociodemográficos, antropométricos, disponibilidade alimentar e a percepção da insegurança alimentar pela EBIA.

4.3.1 Indicadores sociodemográficos

Os indicadores sociodemográficos pesquisados para cada morador do domicilio foram sexo, idade, escolaridade. Chefe da família ou morador de referência, condições de habitação segundo metodologia Pesquisa de Padrões de Vida - PPV (IBGE, 1998) e renda familiar per capita disponível (TAKAGI; SILVA; GROSSI, 2001).

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As condições de habitação investigadas foram material do piso, parede e teto, acesso a serviços (esgotamento sanitário, abastecimento de água, destino do lixo e iluminação elétrica), presença de bens (geladeira, fogão, filtro) e densidade domiciliar (número de moradores por cômodo) (IBGE, 1998). Utilizou-se um questionário elaborado por Dutra (2013); Morais (2014) para levantamento dos dados (Anexo A).

O acesso a serviços, características da habitação, densidade e posse de bens, permitiu classificar os domicílios em três categorias: A, B e C. Domicílios classificados na categoria A, correspondia, aqueles com classificação adequada para as variáveis habitação, serviços, bens e densidade, ou seja, em condições plenamente adequadas de moradia. Os domicílios com classificação deficiente para variáveis habitação, serviços, bens e densidade, agrupam-se em condições precárias de moradia, aparecem na categoria C. Na categoria B, agrupam-se os domicílios em condições intermediarias entre adequados e precários (Anexo A) (IBGE, 1998).

Para calcular a renda familiar per capita disponível, averiguou-se para cada família a renda total autodeclarada por mês, o valor estimado dos alimentos produzidos para autoconsumo da família nos últimos 30 dias (convertido em valores monetários, de acordo com os preços vigentes no varejo local), valor do aluguel ou prestação da casa própria, caso houvesse. A partir destes dados calculou-se a renda per capita mensal disponível, em reais, de acordo com a metodologia proposta por Takagi; Silva; Grossi (2001): [à renda familiar total declarada, imputou-se o valor estimado para o autoconsumo e descontou-se, quando foi necessário, o valor pago do aluguel ou da prestação da casa própria, o resultado obtido, foi divido pelo número de moradores no domicílio] (TAKAGI; SILVA; GROSSI, 2001). Optou-se por este método com intuito de não subestimar renda na zona rural (HOFFMAN, 1995; SEGALL-CORRÊA, 2007).

Os domicílios com renda per capita inferior a ½ salário mínimo foram classificado em situação de pobreza, aqueles com renda per capita inferior a ¼ de salário mínimo em extrema pobreza (MALUF, 2007). O salário mínimo vigente no ano de 2015 era de R$ 788,00.

4.3.2 Indicadores antropométricos

Aferiu-se o peso e estatura (Apêndice D) de todos os membros da família, as medidas e avaliações foram realizadas pela pesquisadora nutricionista. O peso foi obtido em balança digital eletrônica com capacidade máxima de 150 kg e divisões de 50

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gramas. Os indivíduos foram orientados a ficarem descalço e com o mínimo de roupas possível. A estatura foi aferida em antropômetro vertical, com régua de madeira e base metálica, dividido em centímetros e subdividido em milímetros, com extensão de 2,13m (Alturexata®) (FAGUNDES et al., 2004).

A partir dos dados de peso e estatura foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC) na relação kg/m2 para todas as faixas etárias. O índice Estatura/Idade (E/I), também foi avaliado para todas as faixas etárias. Para avalição da estatura de adultos, utilizou-se a curva da WHO (2007), com os indivíduos sendo avaliados aos 19 anos, pois no final da adolescência o indivíduo já tem seu crescimento finalizado. Adotou-se como ponto de corte para baixa estatura valor menor que -2 z escore, sendo a baixa estatura correspondente a 161,9 cm em homens e 150,1 cm em mulheres.

O estado nutricional de crianças e adolescentes foram avaliados por meio dos índices E/I e IMC/Idade (WHO, 2006; WHO, 2007), segundo sexo, de acordo com os valores em z escore. Adultos foram avaliados pelo IMC, segundo WHO (2000) e gestantes pelo IMC/semana gestacional de acordo com Atalah et al. (1997).

Famílias com presença de pelo menos um indivíduo com baixa estatura, baixo peso, excesso de peso (sobrepeso ou obesidade), foram classificadas com alterações no estado nutricional.

4.3.3 Disponibilidade alimentar

Dados referentes à disponibilidade de alimentos no domicílio foram obtidos aplicando-se inquérito contendo uma lista de alimentos, baseada na metodologia do Estudo multicêntrico sobre consumo alimentar (GALEAZZI; DOMENE; SICHIERI, 1997), adaptado segundo estudos de Dutra (2011; 2013) e ajustado para esta pesquisa (Apêndice E). Foi realizado um levantamento quantitativo detalhado de todos os alimentos efetivamente disponíveis no domicílio, os agricultores foram orientados a relatar a quantidade adquiridos de cada alimento para consumo nos últimos 30 dias, bem como a origem dessa aquisição: produção, compra, doação ou troca (GALEAZZI; DOMENE; SICHIERI, 1997;NORDER, 1997; DUTRA, 2011; 2013).

Todos os alimentos adquiridos foram convertidos em unidades de pesos, medidas e posteriormente em calorias com auxílio do software Avanutri versão 4.0 A disponibilidade calórica per capita diária foi calculada: [a quantidade calórica

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disponível no domicílio foi dividido por 30 dias e o resultado dividido pelo número de membros da família] (LEVY-COSTA et al., 2005; DUTRA, 2013).

Para a classificação da família quanto à situação de (In) SAN pela disponibilidade calórica considerou-se a metodologia proposta por Smith; Subandoro (2007), a disponibilidade calórica per capita/dia quando < 2050 calorias foi considerada como muito baixa; ≥2.050 e <2.500 calorias, considerou-se como baixa; ≥2500 e <3000 calorias, classificou-se como média e ≥3000 calorias, julgou-se como alta (SMITH; SUBANDORO, 2007), sendo que a disponibilidade <2500 calorias per

capita/dia indicou insegurança alimentar.

Esse método, não considera a qualidade dos alimentos disponíveis e sim a quantidade, em termos calóricos. Essa informação relaciona-se ao acesso aos alimentos pela família e vem sendo utilizada para avaliação de SAN em nível domiciliar, regional ou global (SMITH, 2002; FAO, 2003). Avaliar a disponibilidade calórica no domicílio permite inferir sobre a situação de (In) SAN uma vez que se considera os alimentos disponíveis no domicílio capazes de suprir as necessidades calóricas dos integrantes da família (SMITH, 2002; PEREZ-ESCAMILLA; SEGALL-CORRÊA, 2008).

4.3.4 Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

Para a determinação direta das prevalências de (in) segurança alimentar das famílias dos agricultores familiares, foi utilizada a escala psicométrica EBIA, validada para realidade brasileira em 2004, inclusive para à população rural, e tem sido reconhecida como indicador sensível para detectar famílias em risco de insegurança alimentar (PEREZ-ESCAMILLA, et al., 2004). A EBIA foi aplicada com agricultores familiares, pois, de modo geral, esses eram os responsáveis pela produção da alimentação familiar, visando investigar de forma direta, a percepção quanto à situação de (in) segurança alimentar das famílias (SEGALL-CORRÊA, 2007).

A atual estrutura desta escala conta com 14 perguntas para famílias que tem pelo menos um integrante menor de 18 anos de idade e 8 para todos os moradores com 18 anos ou mais (Anexo B). Todas as perguntas são fechadas com respostas afirmativas (sim) e negativas (não). Cada resposta afirmativa corresponde a 1 ponto, a soma obtida representa a pontuação da escala, cuja amplitude varia de 0 a 14 pontos para famílias com menores de 18 anos, e de 0 a 8 pontos para famílias sem menor de 18 anos (IBGE, 2010). A partir da somatória do número de respostas positivas às questões e pontos de

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corte preestabelecidos, os resultados obtidos foram categorizados quanto à (in) segurança alimentar, conforme explicado no Quadro 2.

Quadro 2. Pontos de corte para classificação dos domicílios nas categorias de segurança alimentar.

Classificação - Famílias com menores de 18 anos Classificação - Famílias sem menor de 18 anos - Segurança Alimentar (0 pontos)

- Insegurança Alimentar leve (1 a 5 pontos) - Insegurança Alimentar Moderada (6 a 9 pontos) - Insegurança Alimentar Grave (10 a 14 pontos)

- Segurança Alimentar (0 pontos)

- Insegurança Alimentar leve (1 a 3 pontos) - Insegurança Alimentar Moderada (6 a 6 pontos) - Insegurança Alimentar Grave (7 a 8 pontos) Fonte: IBGE (2010).

4.3.5 Análise Estatística

Os dados quantitativos foram tratados estatisticamente. O banco de dados foi disposto no Microsoft Excel 2010, com dupla digitação. A análise dos dados foi realizada no software IBM SPSS Statistics versão 21.0. Para descrever, organizar e resumir os dados coletados procedeu-se com a estatística descritiva.

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