• Nenhum resultado encontrado

(1913-1915)

Pouco se sabe, na literatura mais acessível, sobre a segunda viagem de Chrostowski ao Brasil, o que contrasta com o material disponível sobre a primeira (Chrostowski, 1912) e a terceira expedições (Sztolcman, 1926).

Mesmo tendo retornado à Polônia frente ao malogro de seu projeto como imigrante, Chrostowski manteve sempre vivo o desejo de voltar ao Paraná para prosseguir suas pesquisas interrompidas em 1911.

Ele via infinitas possibilidades de estudos no Estado, graças às suas percepções inicialmente criadas e confirmadas nos anos seguintes: ―O Paraná em termos da

natureza é extremamente interessante, não só porque é uma terra de vasta área de 240.000 quilômetros quadrados, com uma variação de relevo notável desde o nível do mar até as regiões de maiores altitudes e com isso grandes variações de clima, flora e fauna. Há também ali, uma série de questões zoogeográficas que somente poderão ser compreendidas por meio de uma análise ampla, que inclua seus setores ocidentais [ainda inexplorados]‖ (Chrostowski,

1922:72).

Segundo Wachowicz (1994), buscou então a concordância e o apoio financeiro do governo imperial russo, mas o teve negado. Desanimado, encontrou um emprego qualquer sem correlação com a Ornitologia, porém trabalhando eventualmente como voluntário no tradicional Museu Branicki. De acordo com esse mesmo autor, o desejo

59

de retornar ao sul do Brasil dependia da sensibilização de alguma instituição que financiasse seu projeto científico. Ao mesmo tempo, ―era-lhe muito difícil aceitar o fato de a

família Branicki não seguir mais os ideais dos antepassados. Relegaram o Museu [de História] Natural da família a segundo plano e gastavam seu dinheiro em festas, com ares de aristocratas em Paris‖; isso fez com que

buscasse outros mecanismos para levar a efeito o seu projeto.

Ativo correspondente com grandes nomes da Ornitologia mundial, inclusive no Brasil, eis que surge apoio financeiro por meio do afamado ornitólogo Charles E. Hellmayr40 que, desde 1908, atuava como curador de Ornitologia do Zoologischen Staatssammlung München (Museu de Zoologia de Munique, Alemanha).

Naquele tempo, Hellmayr já se encontrava bastante interessado na avifauna do Brasil, notavelmente do Sudeste e Sul (Hellmayr, 1905, 1906, 1908). Isso graças ao incentivo e colaboração de seu amigo, o conde Hans von Berlepsch41, mas também ao estágio que fez em 1908 no museu Rotschild em Tring, na Inglaterra, sob coordenação de Ernst Hartert. Essa oportunidade, cabe lembrar, permitiu o acesso, por exemplo, aos espécimes colecionados no Paraná por Alphonse Robert (vide Straube, 2015).

Então ele propôs a Chrostowski que retornasse ao Paraná para que tentasse redescobrir algumas espécies típicas do Planalto Meridional brasileiro e apenas representadas em coleções europeias por escassa série de exemplares, todos eles obtidos no Século XIX por

40 Embora fosse forçoso usar a grafia Karl, em vez de Charles, uma vez que o famoso

ornitólogo era austríaco, preferimos a que segue, abonada pelo formato usado em sua própria assinatura, na foto que ilustra sua biografia (Zimmer, 1944; J. F. Pacheco, 2001 in litt.).

41 Que ele conheceu durante o congresso da Sociedade de Ornitologia de Leipzig

60

naturalistas antigos, como Johann Natterer e Auguste de Saint-Hilaire. Tais aves peculiares das florestas frias do Sul, eram ainda quase desconhecidas, sendo que outros esforços no sentido de reencontrá-las chegaram a ser movidos por vários outros naturalistas (Pinto, 1945; Straube, 2012, 2015).

Charles Eduard Hellmayr (1878-1944) (Fonte: Zimmer, 1944 a partir de imagem cedida pelo Field Museum of Natural History, de Chicago, EUA).

Tratava-se de uma oportunidade particularmente importante para Chrostowski, que finalmente poderia retornar ao Brasil e dar prosseguimento àquilo que havia iniciado.

61

A chegada ao Paraná ocorreu em meados de 1913. Naquela época, o caminho natural seria pelo porto de Antonina ou de Paranaguá. No entanto, para essa viagem ele chegou a Salvador e depois Rio de Janeiro, onde colheu fotos da orla marítima carioca e também do Pão de Açúcar.

Imagens do Rio de Janeiro: orla e o Pão-de-Açúcar (Fonte: Chrostowski, 1922).

Do Rio de Janeiro seguiu a Santos, de onde seguiu para a capital paulista por trem. Essa viagem é comentada em seu livro ―Parana‖ (Chrostowski, 1922:53) com menções à Serra do Mar paranaense, transpassada por ele em 1910:

―Załatwiwszy wszelkie formalności z bagażem, i otrzymawszy informacie, że z Sâo Paulo co kilka godzin odchodzą pociągi w głąb kraju, wsiedliśmy do wagonu kolei, łączącej port ze stolicą stanu. Podróż trwa zaledwie parę godzin. Pociąg przebywa pasmo gór Serra do Mar, przeto powietrze staje się coraz chłodniejsze. Widoki, ukazujące się po obu stronach toru, wprawdzie dość

Tendo resolvido todas as formalidades com a bagagem e recebido a informação de que em poucas horas estariam adentrando o interior do país pelo Estado de São Paulo, entrei no trem que me levaria do porto à capital do estado. A viagem dura apenas algumas horas. O trem passa pela Serra do Mar onde o ar se torna mais frio. As paisagens que aparecem em ambos os lados da ferrovia, são indiscutivelmente

62

malowniczne, lecz wręcz nie wytrzymują porównania z tem, co widziałem w r 1910, jadąc z Paranagua do Kurytyby. Tam przedewszystkiem sztuka inżynierska dokonała cudów: takich mostów, wiaduktów, tuneli – nie spotykałem nigdzie na świecie, lecz i natura dostarcza niezwykłych wrażeń. Jadący wówczas ze mną podróżni, jak w gorączce, przebiegali od jednego okna wagonu do drugiego, aby nic nie stracić z widoku zdumiewających malowniczością gór.‖

bonitas e serenas mas simplesmente não podem ser comparadas com as que eu vi em 1910, seguindo de Paranaguá a Curitiba. Há, além de toda a engenharia, uma verdadeira obra de arte que fez milagres na construção de tais viadutos e túneis - não encontrados em qualquer lugar do mundo e também pela natureza ali existente. Junto comigo os viajantes, com grande excitação, buscavam posicionar-se junto às janelas do vagão, para não perder nada da visão daquelas montanhas pitorescas.

Chegando à cidade de São Paulo, ele visitou o Museu Paulista, quando pôde fazer contato pessoal com seu diretor – Hermann von Ihering – com quem já havia se correspondido – e, ainda, analisar o material ornitológico do acervo, quando é mencionado no relatório institucional do Museu Paulista:

―Ainda os seguintes srs. tiveram proveito das nossas collecções, para fins scientificos – T. Christowski (sic) (Aves), H. Maniser, funccionario do Museu Anthropologico de S. Petersburgo, O. A. Salley (sic) 42 (Biologia das aves), M. Gude (Curso nos methodos de preparação)‖(Ihering, 1918:15).

42 Grafia obviamente errônea, esse personagem (Ashmund Clark Salley), que coletou aves

63

Essa situação foi bastante interessante porque ele pôde familiarizar-se com a avifauna das regiões mais altas do Sudeste e especialmente dos planaltos das araucárias e analisar, em mãos, os exemplares do Museu Paulista que haviam sido colecionados no Paraná no início do século e lá guardados43.

Assim ele descreve sua chegada ao Museu Paulista, bem como o correspondente que acabava de conhecer pessoalmente (Chrostowski, 1922:228-231):

Nieprędko miało to nastąpić miałem przeto dość czasu, by poznać wybitną w świece naukowym postać prof. Iheringa., i zaznajomić się z interesującemi mię zbiorami Muzeum Paulista. Komunikacja Muzeum ze śródmieściem jest doskonała: w niespełna 20 minut elektryczyny tramwaj dowozi do przedmieści Ipiranga, zatrzymując się przed samym gmachem Muzeum. Główny gmach – to olbrzymi i wspaniały pałac ‗Monumento do Ipiranga‘, zbudowany według planów architekta Tommaso Bezzi i ukończony w r. 1890. Jest to

Tão logo tinha as informações44, consegui tempo suficiente para conhecer uma figura destacada nos meios científicos - prof. Ihering. – e familiarizar-me com as ricas coleções do Museu Paulista. A comunicação desse museu com o centro é perfeita: em menos de 20 minutos de bonde elétrico chega- se no subúrbio do Ipiranga, parando em frente do edifício do museu. A edificação principal – um enorme e explêndido palácio defronte ao Monumento do Ipiranga – foi construído de acordo com os planos do arquiteto Tommaso Bezzi e concluído no

43 Logo ao retornar para a Polônia, vindo da primeira viagem, Chrostowski já tinha

conhecimento de várias viagens empreendidas para a coleta de aves no Paraná: ―Nastepnie w ostatnim lat dziesiatku zanotowác moge jedynie dorywcze, okolicznosciowe kolekcjonowanie personelu Muzeum Paulista w Sâo Paulo ([Ernst] Garbe) i Muzeum Rotszylda w Tring ([Adolph] Hempel, [Alphonse] Robert) (Chrostowski, 191a) [―Em seguida, na década passada eu pude também constatar o trabalho ocasional da equipe de coleta do Museu Paulista em São Paulo (Garbe) e do Museu Rothschild em Tring (Hempel, Robert)‖. No livro ―Parana‖, porém, ele estende um pouco mais o assunto mencionando, além dos já citados ―Ourinho i Castro (Garbe, Ehrhardt i Lima)‖ e, ainda, J. Siemiradzki em ―Kurytyby i Sâo Matheo‖ (Chrostowski, 1922:73).

44 Nesse momento ele procurava informações sobre os horários de navios do porto de

64

bodaj najbogatsze muzeum w całej Ameryce Południowej, zawierające oprócz zbiorów zoologcznych również geologiczne, mineralogiczne, etnograficzne, tudzież zabytki historyczne. Przed gmachem znajdują się doskonale utrzymane klomby i trawniki, zaś w cieniu olbrzymich drzew umieszczono małe domki – mieszkania dla pracowników muzeum. Na werandzie jednego z takich domków spostrzegłem prof. H. v. Iheringa. Niezmiernie sympatyczny i ujmujący w obejściu staruszek jest właściwym twórcą Muzeum Paulista.

ano de 1890, tratando-se provavelmente do museu mais bem representado em toda a América do Sul, contendo em adição à coleção zoológica, também ítens geológicos, mineralógicos, etnográficos e históricos. Na frente há gramados e canteiros de flores bem cuidados e, à sombra de árvores gigantes, há pequenas casas, que são residências dos funcionários do museu. Na varanda de uma dessas casas é que vi prof. H. v. Ihering. Muito simpático, vi sair dela o velho homem45, criador do Museu Paulista.

Aproveitando cada minuto daquela ocasião, dialogou por algum tempo com o cientista, impressionando-se com a vastidão de conhecimento e com algumas de suas teorias:

Losy prof. Iheringa są dosyć ciekawe. Przed 40-u blisko laty przybył jako emigrant polityczny do Brazylji i osiedlił się w północnej części stanu Rio Grande do Sul na kolonji niemieckiej Taquara do Mundo Novo, gdzie nabył niewielką posiadłość. Praktykując jako lekarz, prof. Ihering gromadizł zbiory ornitologiczne w okolicach kolonji, które opracował przyjaciel jego i kolega szkolny

A trajetória do prof. Ihering é bastante interessante. Há cerca de 40 anos ele chegou como um emigrante político do Brasil e se estabeleceu na parte norte do estado do Rio Grande do Sul na colônia alemã Taquara do Mundo Novo, onde comprou uma pequena propriedade. Praticando a medicina, prof. Ihering obteve coleções ornitológicas ao redor da colônia, que foram estudadas por seu amigo e colega de profissão sr.

65

hr. Hans von Berlepsch w Muenden 46 , poczem wspólnie wydali wspaniałą pracę o ptakach, zdobytych przez prof. H. v. Iheringa, pod tytułem: ‗Die Vögel von Umgegend von Taquara do Mundo Novo‘.

Prof. Iheringowi udało się wówczas zdobyć niektóre rzadkie gatunki, jak słynnego kolibra – Cephalolepis loddigesi, garncarzy (Furnariidae) Siptornis obsoleta, Synallaxis cinerascens i t.d., najważniejszą atoli zdobyczą był maleńki dzięciołek, opisany w r. 1884 przez hr. Berlepscha i nazwany na cześć odkrywcy: Picumnus iheringi. W r. 1894 prof. Ihering został mianowany dyrektorem nowoutworzonego muzeum państwowego w Sâo Paulo.

Hans von Berlepsch em Munique, após o que eles publicaram em conjunto uma grande obra sobre as aves, cujo título foi definido pelo prof. H. v. Ihering como: ―Die Vögel von Umgegend von Taquara do Mundo Novo‖.

Prof. Ihering conseguiu, em seguida, obter algumas espécies raras como o famoso beija-flor Cephalolepis loddigesi, furnarídeos como Siptornis obsoleta, Synallaxis cinerascens etc, mas os resultados mais importantes ligavam-se a um pequeno pica-pau, descrito em 1884 pelo conde Berlepsch e nomeado em homenagem ao explorador: Picumnus iheringi. No ano de 1894 prof. Ihering foi nomeado diretor do recém- formado museu estadual em São Paulo.

Dorobek naukowy prof. Iheringa jest zadziwiająco bogatym: paręset prac poważniejszych z rozmaitych dziedzin zoologji, etnografji i archeologji. Prof. Ihering był zbyt różnostronnym, ażeby się miał uważać za specjalistę w którejś z gałęzi wiedzy, natomiast posiadał nader rozległy horyzont naukowy i, korzystając z wyników badań specjalistów poszczególnych gałęzi wiedzy, wywody swe opierał na szerszych i pewniejszych danych, niż to czyniono dotychczas. Jako

As realizações científicas do prof. Ihering são surpreendentemente extensas: várias centenas de grandes obras em diversas áreas da zoologia, etnografia e arqueologia. Considerado um especialista em diversos ramos do conhecimento, o prof. Ihering detém um horizonte científico muito extenso e, usando os resultados de especialistas em pesquisa em vários ramos do conhecimento, dirigiu seus estudos fundamentando-os nos dados mais amplos e mais confiáveis do que tem sido feito até agora. Tal como

66

zoogeograf prof. Ihering nie ma sobie równego odnośnie do Ameryki Południowej.

sobre a zoogeografia da América do Sul.

Niezmiernie interesujące są poglądy tego słynnego uczonego na dzieje brazylijskiego lądu. Według niego Brazyljia jest jednym z najstarszych lądów na kuli ziemskiej, który tylko w okresie dewońskim uległ częściowemu zalaniu przez morze, co już nie powtórzyło się później, z wyjątkiem zmian lokalnych w pasie nadmorskim. Ku końcowi okresu węglowego Brazylja posiadała bogatą florę, dosyć dobrze znaną z wykopalisk. Jeszcze w okresie eoceńskim Brazylja tworzyła część wielkiego pralądu, zwanego przez prof. Iheringa ‗Archhelenis‘, lączącego z Afryką południową. Nieszczenie tego lądu rozpoczęło się w okresie węglowym od północy i skończyło się w okresie oligoceńskim: olbrzymie morze Thetis połączyło się z morzem południa Nereis, tworząc ocean Atlantycki.

Extremamente interessantes são os pontos de vista deste famoso estudioso sobre história geológica brasileira. Segundo ele, o Brasil é um dos terrenos mais antigos do mundo e apenas durante o Devoniano foi parcialmente inundado pelo mar, situação que não mais se repetiu, com exceção de alterações locais na faixa costeira. No final do período Carbonífero, o Brasil possuía flora rica, o que é bem conhecido a partir de escavações. Mesmo durante parte do Eoceno, o país constituía-se de um grande continente chamado pelo prof. Ihering de ―Archhelenis‖, estando ligado com a África Austral. As terras começaram a se dividir durante o Carbonífero e até o Oligoceno: o mar gigante do norte (Thetis) então, fundiu-se com o mar do sul (Nereis), formando o Oceano Atlântico.

Poruszał też często w rozmowie drugi nader zajmujący go problemat, mianowicie odrębność fauny mięczaków i ryb rzek Paraná i Paraguay‘u, tworzących jedno wspólne ujście – Rio de La Plata. Na podstawie zebranych dotychczas materjałów stwierdza prof. Ihering, że rzeka Paraguay w przeciwieństwie do rzeki Paraná, posiada bardzo wiele wspólnego z rzeką

O assunto, então, se alterou para outro problema que era do interesse dele, ou seja, as distintas faunas de moluscos e peixes dos rios Paraná e Paraguai, os quais possuem uma desembocadura comum, o rio da Prata. Com base em material recolhido até agora, diz o prof. Ihering que o rio Paraguai, em contraste com o rio Paraná, tem muito a ver com o rio Amazonas, então se esperaria

67

Amazonką, musiał tedy istnieć jakiś łącznik między temi rzekami. Z tych właśnie względów prof. Ihering uważa, że dokładne zbadanie olbrzymiej wyspy na rzece Paraná, Ilha de Sete Quedas, leżącej na przypuszczalnej granicy powyższych dziedzin faunistycznych, może rzucić ogromnie dużo światła na ten tak zajmujący go problemat.

- Przez cały czas mego zarządu Muzeum Paulista – mówił prof. Ihering – marzeniem mojem było zorganizowanie ekspedycji do Ilha de Sete Quedas. Niestety, dotychczas mi się to nie udało. Ekspedycja taka jest ogromnie trudna w wykonaniu, no – i niebezpieczna ze względu na bliskie sąsiedztwo Indjan.

Próbowałem dowiedzieć się, czy prof. Iheringowi nie jest znane rozsiedlenie plemion indyjskich nad rzeką Ivahy, którą projektowałem zbadać aż do ujścia, niestety, wiadome mu dane były zbyt mgliste i niepewne, by można było wyciągnąć z nich jakieś pozytywne wnioski.

alguma ligação entre ambos os rios. Por essas razões, ele acredita que um exame cuidadoso da vasta ilha no rio Paraná, [chamada de] Ilha de Sete Quedas e que se encontra no suposto limite desses tipos faunísticos, poderia trazer muita luz sobre esse problema, a fim de poder tratá-lo com o cuidado necessário.

– Durante toda a minha estada no Museu Paulista – disse o prof. Ihering – sempre tive o sonho de organizar uma expedição para a Ilha de Sete Quedas. Até agora, infelizmente, eu não consegui realizá-lo. Uma expedição para lá não seria extremamente difícil de organizar, mas seria perigosa devido à presença de índios.

Tentei descobrir se porventura o prof. Ihering não conhecia algo sobre as tribos indígenas do rio Ivaí, para onde eu planejava realizar uma investigação até a foz, mas infelizmente os dados que tinha eram muito vagos e incertos para deles se tirar algumas conclusões positivas.

Note-se que a estada de Chrostowski no Brasil coincidiu com a Primeira Guerra Mundial e, nesse sentido, sua opinião sobre Ihering é valiosa:

68

obudziła w prof. Iheringu patrjotyzm niemiecki. Poszczególne wypadki toczącej się walki przejmowały go tak bardzo, że w rozmowie ciągle do nich powracał, wypowiadając swe poglądy w duchu wojującego pangermanizmu, co nadzwyczajnie raziło przepojonych frankofilstwem Brazyljan. Widziałem więc ze smutkiem, że konflikt był nieunikniony i mógl pociągnąć za sobą bardzo przykre dla prof. Iheringa następstwa i z tego chociażby powodu przenoszenie mych kolekcyj z Kurytyby nie było bynajmniej celowe.

Poświęciłem dużo czasu na przejrzenie kolekcyj z interesujących mię stanów Brazylji, w szczególności wynotowałem sobie wszystkie okazy, pochodzące z ekspedycji członków Muzeum Paulista do Parany, mianowicie pp. Garbe‘go do Castro w r. 1907, oraz p. Erhardta i Limy do Ourinho w r. 1901, poczem pożegnałem prof. Iheringa i uprzejmy personel Muzeum.

prof. Ihering um patriotismo alemão. Os eventos particulares da luta que continuava preocupavam- no tanto que a conversa sempre voltava para eles, expressndo seus pontos de vista como militante do pangermanismo, algo que é extremamente ofensivo para a tendência francófila dominante nos brasileiros. Rendi-me, portanto, com tristeza, visto que o conflito era inevitável e isso poderia gerar a ele consequências desagradáveis e ao menos por esse motivo achei o traslado de minhas coleções para Curitiba algo sem nenhum sentido47.

Eu passei muito tempo a olhar aquela interessante coleção de todos os estados do Brasil, em particular detendo-me na totalidade de espécimes das expedições empreendidas pelo Museu Paulista ao Paraná, ou seja, os exemplares coletados por Garbe em Castro no ano de 1907 e por Erhardt e Lima em Ourinho no ano de 1901. Após isso, ele se despediu e me deixou com o cortês pessoal do Museu.

Depois de sua pesquisa junto ao acervo do Museu Paulista, ainda aproveitou sua estada em São Paulo para

47 Para a tradução desse fragmento contei com a ajuda de Dorota Barys. No entanto, a

interpretação parece confusa. Não sei ao certo de que se trata o referido traslado de coleções para Curitiba ou se haveria, por ele, alguma preocupação enquanto polonês com a segurança da remessa dos exemplares.

69

visitar o Instituto Butantan48, onde foi recepcionado pelo próprio Vital Brazil (Chrostowski, 1922:54).

“Część zakładu Dra Vitala Brazila w Butantan” [“Parte das instalações do Dr. Vital Brazil no Butantan”] (Fonte: Chrostowski, 1922).

“Jararaca” (Fonte: Chrostowski, 1922).

48

Um dos centros de pesquisa mais importantes do Brasil, fundado em 1901 e que teve Vital Brazil (1865-1950) como diretor até 1919, quando se transferiu para a hoje Fundação Instituto Oswaldo Cruz/FioCruz (na época Instituto Manguinhos).

70

Em seguida, Chrostowski passa a cumprir seu plano, com destino ao Paraná. É importante frisar que, exceto pelos trechos aqui apresentados, há muito pouco disponível sobre essa segunda viagem, dados que se resumem a informações esparsas e anotações em artigos do próprio Chrostowski.

O que se pode afirmar com segurança é que não houve um itinerário linear e sim uma série de incursões realizadas a partir da sua residência temporária. Dessa forma, se Vera Guarani foi a base logística para a primeira expedição, agora a central de ações passou a ser outra: ―Antonio Olyntho‖ (Antônio Olinto), uma colônia de ucranianos e polacos fundada em 1895 no então município da Lapa, a poucos quilômetros de São Mateus do Sul.

Chegando em Curitiba, por volta de dezembro de

Documentos relacionados