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Segundo Momento

No documento O Trabalho do Professor de Matemática: (páginas 115-118)

3.3 Material do Estudo: uma composição

3.3.2 Segundo Momento

Com o material recolhido na primeira etapa, entendemos que havia a necessidade de adentrar mais especificamente no trabalho do professor, para melhor compreender a complexidade da prática pedagógica e seguir nosso eixo de estudo sobre a formação e o desenvolvimento profissional.

Temos, em primeiro lugar, as atividades realizadas no processo de formação profissional, desenvolvidas no transcurso da Licenciatura de Matemática por meio das disciplinas de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado. Contamos com material elaborado pelos professores-discentes – por exemplo, relatório das atividades desenvolvidas nessas disciplinas, o qual seguia orientações teórico-metodológicas pautadas na pesquisa do cotidiano escolar, em especial, no ensino de Matemática.

Apresentamos, a seguir, a síntese dos aspectos que foram trabalhados na composição do referido relatório:

• Capítulo 1 – construção autobiográfica sobre sua formação como sujeito histórico e reflexões sobre sua trajetória estudantil e/ou profissional em relação ao ensino e aprendizagem de Matemática, ressaltando os desdobramentos dessa trajetória em sua prática pedagógica;

• Capítulo 2 – caracterização do cotidiano escolar: organização, estrutura e funcionamento;

• Capítulo 3 – descrição analítica do cotidiano das aulas de Matemática; • Capítulo 4 – relatos, análise e avaliação das atividades de regência de

aula;

• Conclusão – avaliação geral do trabalho desenvolvido, destacando a aprendizagem na realização desse trabalho (em que aspectos este contribuiu na formação profissional, ideias e saberes sobre o ensino de Matemática e da profissão docente).

Esse material, que constitui fonte de estudo, apresenta e revela como os professores-discentes concebem a organização da prática pedagógica, suas

concepções sobre ensinar e aprender Matemática, bem como os relatos sobre a trajetória pessoal e profissional dos professores-discentes. Para tanto, nosso trabalho de análise se pautará somente nos materiais elaborados pelos professores-discentes que participaram de todo o processo investigativo, ou seja, na amostra composta pelos oito professores-discentes.

Utilizamos, aqui, o memorial extraído desse relatório de atividade para a composição da narrativa dos partícipes da segunda fase da pesquisa. No escólio de Meihy (2000), que apresenta uma técnica para estruturar o texto narrativo, salientamos que, para o emprego dessa técnica, devemos:

[...] supor que exista uma documentação paralela, escrita ou iconográfica, e que os depoimentos entrariam como mais um complemento. O objeto central, nesse caso, seria os outros documentos. Os depoimentos seriam dependentes da documentação primordial, quase sempre escrita [...] (MEIHY, 2000, p. 31)

Meihy (2000) expõe ainda que, na construção do texto, o pesquisador que compõe a narrativa utiliza-se das informações dos sujeitos da pesquisa assumindo o “eu narrador” no lugar daquele que está a contar sua história de vida.

No caso do presente estudo, foi necessário organizar todo o material empírico e construir uma textualização de cada sujeito. A textualização é, segundo Meihy (2000, p. 90), uma fase que “[...] suprime as eventuais perguntas que, fundidas nas respostas, superam sua importância. O texto passa, pois, a ser dominantemente do narrador, que figura como figura única por assumir o exclusivismo da primeira pessoa”.

Corroborando nossa reflexão, Minayo (1993, p. 126-127) argumenta que a história de vida “é um instrumento privilegiado para se interpretar o processo social a partir das pessoas envolvidas, na medida em que se consideram as experiências subjetivas como dados importantes que falam além e através delas”.

Além desse material, recorremos aos documentos vinculados ao currículo: proposta do curso; diário de classe (com notações dos professores-formadores do currículo proposto e executado); atas de reuniões do Colegiado do curso e relatório final da conclusão do curso. Esses documentos que compõem o

processo de elaboração e implantação do curso, embora não se constituam nosso objeto de estudo, foram fontes fundamentais para a pesquisa exploratória, permitindo conhecer as correlações entre o codificado no projeto pedagógico do curso e as ações formativas realizadas. Por isso, entendemos que esses documentos poderão nos ajudar a refletir e/ou relacionar o pensado, o escrito, o elaborado e o analisado no percurso da formação.

Incluímos também a Entrevista – com gravação em áudio –, como fonte que permitiu aprofundar as informações descritas e analisadas no questionário. Destacamos que a entrevista teve como roteiro as questões desse instrumento. Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 120), “a entrevista, além de permitir uma obtenção direta e imediata dos dados, serve para aprofundar o estudo, completando outras técnicas de coleta de dados”. Optamos, assim, em trabalhar com a entrevista semiestruturada, pois de acordo com Triviños:

[...] é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVIÑOS, 1993, p. 146)

O roteiro das questões estabeleceu, nesse sentido, um diálogo com o entrevistado a fim de inquirir de forma mais direta sobre a confluência da experiência na docência com a formação acadêmica, bem como aprofundar as informações já colhidas por meio dos demais instrumentos apresentados. Com o material recolhido, realizamos a transcrição/organização das entrevistas que foram gravadas, com o objetivo de melhor organizar esse material para análise.

De acordo com Günther (2006, p. 206), “no caso de muito material, é necessário um esquema interpretativo subjacente [...] para seleção do material”. Esse esquema foi construído, portanto, ancorado na transcrição e organização do material.

No documento O Trabalho do Professor de Matemática: (páginas 115-118)