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SEGUNDO MOVIMENTO

No documento Edu Lobo: o terceiro vértice (páginas 55-107)

2.1 Eduardo de Góes Lobo: o terceiro vértice

Nascido em 29 de agosto de 1943, no Rio de Janeiro, Edu Lobo era filho do compositor e radialista Fernando Lobo e de Maria do Carmo Lobo, ambos pernambucanos de Recife. Era louco por futebol e costumava jogar com os meninos da rua em que morava, em Copacabana. Chegou a pensar em ser jogador quando criança. Estudou no tradicional Colégio Santo Inácio, e sua grande motivação nos estudos era a perspectiva das férias anuais em Recife, onde morava a família de seus pais. Lá absorveu a cultura que, futuramente, apareceria em suas composições21.

Sua iniciação musical começou cedo, aos oito anos, com o acordeão, instrumento popular preferido nessa época. Não gostava desse instrumento, mas, apesar disso, chegou a estudá-lo durante seis anos. Posteriormente, aos dezesseis anos, por intermédio de seu amigo Theófilo de Barros Filho, conheceu o violão, instrumento pelo qual se apaixonou e com que criaria suas primeiras composições. Algum tempo depois estudou teoria musical com a professora Wilma Graça.

Ao terminar o colegial, Edu Lobo entrou para o curso de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com o objetivo de seguir carreira diplomática. Entretanto, seu entusiasmo pela música aumentava a cada dia, 21 As informações sobre Edu Lobo foram colhidas em Chediak e Barros. Songbook Edu Lobo, s/i

o que o fez deixar a faculdade no terceiro ano. Esse entusiasmo encontrava afinidade em muitos outros universitários de sua geração, como Dori Caymmi e Marcos Valle, com quem viria a formar, no início dos anos sessenta, um conjunto que chegou a se apresentar em programas de TV e em shows.

Na década de 50, um novo projeto nacional surgia com o Plano de Metas do presidente Juscelino Kubitschek: “Realizar 50 anos em 5”. A construção de Brasília, o futebol, arte que nos deu o primeiro título de campeões mundiais em 58, e o impacto causado pela música “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, com a nova batida no violão de João Gilberto, complementam o quadro de otimismo e leveza que confirmariam Juscelino como o presidente de uma época marcada por um estilo musical que então surgia: a bossa nova. Por ser difícil definir o exato momento em que surgiu, o lançamento dos discos “Canção do amor demais”, com Elizeth Cardoso interpretando composições de Tom e Vinícius, e “Chega de Saudade”, já citada acima, com a inovação rítmica de João Gilberto, são o marco de sua origem. A bossa nova foi o resultado de alguns anos de experiências musicais empreendidas por João Gilberto e outros músicos que se encontravam em reuniões na casa da cantora Nara Leão. Tal momento consagrou Tom Jobim (melodia), João Gilberto (ritmo) e Vinícius de Moraes (letras)22, como criadores de

22 Na bossa nova as letras tiveram grande importância, pois seu caráter otimista se contrapunha ao das “canções de dor-de–cotovelo”. Junto com o ritmo e a melodia, transmitiam a leveza característica desse novo estilo.

um estilo refinado e intimista que se contrapunha ao anterior das canções “dor de cotovelo”. Foi a chamada primeira geração da bossa nova.

A geração de Edu Lobo, que cresceu ouvindo músicos americanos, passou a encontrar, em seu próprio país, uma música com a qual se identificava e que provocou em muitos a vontade de participar desse clima, compondo inspirados por esse novo ritmo. Surgiram, assim, alguns compositores da geração posterior aos da bossa nova, da qual fez parte Edu Lobo. Essa geração tinha em comum o fato de serem classe média, da Zona Sul do Rio de Janeiro e de manterem um diálogo permanente com outros segmentos da produção cultural em consolidação como tradição artística. De harmonia sofisticada, com elementos assimilados do jazz e do samba, a bossa nova penetrava com força irreversível na vida musical brasileira.

Vários mestres surgiam como mentores de uma nova geração sedenta de compor segundo o modelo criado pela primeira geração. Além de Tom e Vinícius, já citados, aparecem compositores como Carlos Lyra, que, no convívio com os jovens, vão disseminando o novo estilo musical. Essa convivência tem sabor de uma escola pela primeira vez atuante na música popular brasileira.

Foi nessa época (1961) que Edu Lobo começou a freqüentar o Beco das Garrafas, onde se apresentavam grandes músicos da bossa nova, entre os quais Luís Eça, Sérgio Mendes e Roberto Menescal. Além do Beco das Garrafas, Edu Lobo

costumava fazer parte de reuniões musicais na casa de Luís Eça, Tom Jobim, Carlinhos Lyra e Lula Freire, onde encontrava “todo mundo”, inclusive a musa Nara Leão. Convidado por Olívia Hime para uma dessas reuniões musicais, subiu a serra de Petrópolis para conhecer o poeta Vinícius de Moraes em casa da cantora ainda solteira. Amigo de seu pai, Fernando Lobo, Vinícius perguntou, então, a Edu Lobo se teria alguma música para ele colocar letra. Prontamente Edu respondeu que sim. Posteriormente, referindo-se ao episódio, o compositor contou que, mesmo que não tivesse algo pronto, ele teria tentado compor algo na hora. O poeta ali mesmo começou a escrever “Só me fez bem”. Surgiu, dessa forma, uma parceria que o projetaria, colocando-o à frente de outros contemporâneos. Segundo comentário do próprio Edu Lobo, a época era tão propícia que bastava se trabalhar muito para que as coisas acontecessem, como confirma esse episódio.

Com apenas dezenove anos, Edu Lobo sentiu-se mais do que premiado por essa parceria que representava seu ingresso no mundo musical entre os grandes compositores do período. Nessa época, Edu Lobo ainda não tinha certeza de que queria ser músico. Ele diz: “Eu fazia música como quem pega onda, era uma coisa da geração. Inclusive muita gente que tocava bem na época hoje em dia faz outra coisa.” O fato de ter tido acesso à casa de grandes compositores como, entre outros já citados, Tom Jobim, tocando e trocando idéias com os jovens iniciantes na música, e o fato de ter participado das festas onde “todos” se reuniam para tocarem

instrumentos e mostrarem suas composições, define o começo da trajetória de Edu Lobo como músico, que até então pensava em seguir carreira diplomática.

Em abril de 1964 chegou ao Rio de Janeiro, deixando o Rio Grande do Sul, a cantora Elis Regina, então com dezenove anos, e com três discos gravados na capital gaúcha. Sua estréia no Rio de Janeiro foi no Little Club. Elis Regina, posteriormente, viria a ser intérprete da primeira música de Edu Lobo a vencer um festival: “Arrastão”.

No plano histórico, o presidente Juscelino Kubitschek foi sucedido por Jânio Quadros, cujo discurso era marcado por forte sotaque moralista. Empunhando a famosa “vassoura”, símbolo de sua campanha, prometia varrer a corrupção que, dizia, se alastrara pelo país. Sete meses depois de empossado, renunciou. Seu vice e sucessor natural, João Goulart, flertava com a esquerda, o que contrariava radicalmente as Forças Armadas. Nesse contexto, iniciaram-se os anos 1960.

Os anos 1960 foram muito especiais para as artes e a cultura no Brasil. Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, a estética de “O Amor, o Sorriso e a Flor” deu vez às composições de fundo social, que ganhavam força na medida em que os intelectuais protestavam contra o sistema vigente. Foi em 1961, nas idas de Edu Lobo ao Beco das Garrafas, em Copacabana, onde assistia a apresentações de João Gilberto e Sérgio Mendes e outros músicos da nova geração musical, que formou o

trio com Marcos Valle e Dori Caymmi. Em 1962, freqüentando a casa de Luiz Eça, onde se reuniam, entre outros músicos, Carlinhos Lyra, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, motivou-se a editar algumas composições.

Nesse ambiente, assimilava a produção desses músicos e começou a construir a base de sua formação musical. Também foi marcado por “Chega de Saudade” e pela batida do violão de João Gilberto, como a maioria dos músicos de sua geração. Quis ser bossa-novista. Começou no estilo Tom Jobim e Carlos Lira, e logo viu que sua trajetória seria outra. Queria também criar seu próprio estilo.

Posterior à bossa nova, a ideologia de conteúdo político toma o lugar do lirismo romântico. O Teatro de Arena, composto por atores ligados à esquerda política, em oposição ao Teatro Brasileiro de Comédia, que tinha uma concepção de cultura européia, buscava um teatro baseado na realidade brasileira. Esses atores também escreviam os textos de suas peças, formando opinião sobre o mundo na visão do teatro. Esse estilo recebeu a adesão de pintores, músicos, arquitetos, jornalistas, que pareciam trabalhar em conjunto para reconstruir o país. Nessa linha, Edu Lobo começou a compor para teatro, escrevendo em 1963 as músicas para a peça Os Azeredos mais os Benevides, de Oduvaldo Vianna Filho, em que se destaca “Chegança”, em parceria com o próprio Oduvaldo. Outra composição levada ao teatro foi “Borandá”, sem parceria, no musical Opinião em 1964. Nesse mesmo ano compõe músicas para O Berço do Herói, de Dias Gomes, e recebe o convite de

Gianfrancesco Guarnieri para montar um musical que tinha nascido a partir de sua música “Zambi”, em mais uma parceria com Vinícius de Moraes. No ano seguinte, estrearia Arena Conta Zumbi no Teatro de Arena em São Paulo. Com a peça Eles

Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri e direção de José Renato Pécora,

o Teatro de Arena ganha força e sucesso de bilheteria.

Os ensaios das peças do Teatro de Arena deram lugar a reuniões musicais, com a participação de atores e compositores. Nessas reuniões, surgiu a idéia do Centro Popular de Cultura do Rio de Janeiro (CPC), baseado na máxima “fora da arte política não há arte popular”. Foi criado em dezembro de 1965, tornando-se o veículo de politização da cultura popular e posteriormente de resistência à ditadura militar de 1964.

O manifesto de 1962 da UNE definia a arte do povo e a arte popular: A arte do povo é tão desprovida de qualidade artística e de pretensões culturais, que nunca vai além de uma tentativa tosca e desajeitada de exprimir fatos triviais dados à sensibilidade mais embotada.(...) A arte popular, mais apurada e apresentando um grau de elaboração técnica superior, não consegue atingir o nível de dignidade artística que a credencie como experiência legítima no campo da arte, pois a finalidade que a orienta é a de oferecer ao público um passatempo, uma ocupação inconseqüente para o lazer, não se colocando para ela jamais o projeto de enfrentar os problemas fundamentais da existência.23

Dessa forma, o CPC da UNE pretendia que os intelectuais levassem a cultura às massas, por considerar a arte política a única saída para combater o processo de alienação. O período histórico dos anos 60 foi fértil nas diversas manifestações artísticas, em que a busca de uma consciência crítica nas relações de poder se fazia presente. A efervescência cultural do país e o espírito inovador dos produtores de arte eram o cenário ideal para a construção de uma história em que o trabalhador se tornasse o personagem principal.

Apesar de participante dos CPCs, não se pode dizer que Edu Lobo tenha sido um compositor de protesto. Ele estava, sim, conectado com seu tempo, o tempo do Cinema Novo e do Teatro de Arena, quando as diversas formas de manifestação cultural dialogavam entre si como se estivessem em sintonia, para, segundo aquela juventude, conquistar um Brasil melhor.

Assim reflete Miguel Farias:

(...)hoje, eu penso o seguinte: que a bossa nova e o Cinema Novo eram quase que duas faces da mesma moeda. Porque a bossa nova cantava um Brasil assim... como seria bonito se o Brasil fosse assim. (...) Um Brasil solar, harmônico, “se o Brasil inteiro fosse como Ipanema, que bom que é e tal”. E o Cinema Novo falava exatamente ao contrário, o horror que é aquilo que a gente não quer que seja. Os filmes do Cinema Novo eram esses.24

E mais adiante, na mesma entrevista:

Um pouco até talvez por causa dos instrumentos de trabalho, talvez o cinema na época que eu comecei no cinema, tinha que fazer com muito pouco dinheiro, com poucos recursos, então o que era tangível, possível, era o cinema realista (...). Você fazer poesia com cinema era uma coisa complicadíssima e caríssima. Sempre. Era um cinema não realista. Então talvez por isso, também, concretamente, começou a se falar do mesmo assunto por dois lados do Brasil. O assunto era Brasil, mas um mais de denúncia, outro mais de utopia. Então, a relação que eu vejo entre as duas coisas hoje em dia é essa. Mas foi uma coisa que eu te disse, foi um impacto na minha vida, eu sempre adorei música, então todo mundo do Cinema Novo sempre foi muito amigo do pessoal de música, eram as pessoas assim mais ligadas.25

A presença de Edu Lobo nas chamadas canções de protesto não o restringe como autor de canções didático-políticas, sem diálogo com a técnica e a estética mais expressiva do século XX. Os sons (altura) e os pulsos (duração) harmonizam- -se com a rica expressão estética e com os textos poéticos construídos e sacralizados nesse imaginário musical dos anos 60.

Edu Lobo contou Zumbi no Teatro de Arena em parceria com Guarnieri, com quem posteriormente compôs Memórias de Marta Saré. No entanto, antes de qualquer mensagem ideológica, o compositor já mostrava o que viria a ser a sua marca: o compromisso com a estética harmônica e a qualidade de seu trabalho.

A canção de combate social exigia de seus intérpretes uma nova forma de cantar em que a gesticulação teatral e a grandiloqüência do canto permitissem a 25 Idem.

compreensão da mensagem a ser transmitida. Carlos Lyra e Edu Lobo foram influenciados em suas composições por escutas heterogêneas: jazz, folclore, baião, frevo, samba-canção, samba bossa-novista. Num determinado momento de suas carreiras, inspirados numa concepção pragmática de arte e influenciados pelos dramaturgos Oduvaldo Viana Filho e Gianfrancesco Guarnieri, Carlos Lyra e Edu Lobo procuraram abandonar a tese, alguns temas e práticas da bossa nova em prol de uma possível conscientização política dos decodificadores de suas mensagens, e não do povo brasileiro, conforme teses defendidas por Carlos Estevan Martins no seu Manifesto sobre a arte popular revolucionária (1962).

Dessa forma, os diferentes segmentos da cultura, como o teatro, o cinema e a literatura passaram a dialogar, interagindo com o público, que, entusiasmado, reagia aos apelos daquele som, daquela poesia e daquela dança, e reconhecia na arte uma força política.

Foi também nos meados dos anos sessenta, no correr da ditadura militar, que surgiram os festivais da canção, verdadeiros atos políticos manifestados por meio da música popular brasileira. Nos festivais da canção, os músicos compunham segundo um padrão estético-político nacionalista re-inventando temas para platéias que tinham a brasilidade como representação genuína de seus anseios.

O entusiasmo provocado por essas canções no público favoreceu a sua entrada na televisão. Dessa forma, as memórias sobre o morro e sertão atingiram públicos que assistiam aos programas de televisão, das rádios e os que adquiriam discos de seus compositores preferidos. Esse público não necessariamente estava comprometido com o projeto cepecista das artes.

Em abril de 65, inscreveu-se no I FMPB (Festival da Música Popular Brasileira) da TV Excelsior de São Paulo com duas músicas: “Aleluia”, em parceria com Rui Guerra, e “Arrastão”, com Vinícius de Moraes. Essas composições já haviam sido gravadas em LP da Elenco. Entretanto, sua distribuição foi adiada, para que pudessem concorrer ao festival. “Arrastão” foi a vencedora desse festival, interpretada por Elis Regina, projetando nacionalmente o vencedor, que passou a ser definido como um dos mais importantes da geração posterior ao surgimento da bossa nova.

Ao concorrer para o I Festival da TV Excelsior com a música “Arrastão”, em 1965, um dos jurados, Eumir Deodato, acusou a música de ser plágio de Villa-Lobos. Roberto Freire, que também participava do júri, sendo conhecedor da obra de Villa-Lobos, exigiu a partitura que confirmava o plágio. A tal partitura nunca apareceu. Má-fé ou não, é possível que essa equivocada afirmação só tenha podido ser manifestada em função de alguma familiaridade percebida na sonoridade

de “Arrastão” com alguma composição de Villa-Lobos, já que o ouvido de quem levantou a dúvida não era de um leigo, e sim de um músico e compositor.

“Arrastão” tinha a característica do que viria a ser um outro gênero da música popular brasileira, a “música de festival”, com uma fórmula preparada para levantar a platéia: letra com uma mensagem política, a melodia contagiante e o arranjo para entusiasmar o público. Depois do festival da Excelsior, a música brasileira encontrará mais outro rumo: a televisão. Quem estava em casa também tinha a possibilidade de contato direto com a fábrica de produção musical popular brasileira. A geração dos anos sessenta contava com a euforia participativa do público, que tinha seus direitos de opinar cada vez mais tolhidos e encontrava nesses eventos a oportunidade de se manifestar, liberava-se para torcer, podendo ser comparado ao público dos estádios de futebol, sendo os jogadores os compositores, e os times, as canções.

Ainda em 1965, apresentou-se ao lado de Nara Leão, do Tamba Trio, e do Quinteto Villa-Lobos na boate carioca Zum-Zum, em show com direção de Aluísio de Oliveira. Foi contratado pela TV Record de São Paulo para atuar semanalmente em programas da emissora.

Em 1966, participou do II FMPB, com “Jogo de Roda”, em parceria com Rui Guerra, e participou também do I FIC (Festival Internacional da Canção), da TV

Globo do Rio de Janeiro, em que concorre com “Canto Triste”, em parceria com Vinícius de Moraes. Essa última canção faria parte do musical Arena conta Zumbi; entretanto, Augusto Boal achou melhor não colocá-la, o que permitiu que concorresse no festival, classificando-se entre as finalistas.

Em 1967, depois de regressar de uma turnê na França (em Paris), e onde também fez um filme para a televisão, concorreu ao III FMPB, saindo vencedor com “Ponteio” em parceria com Capinam, com arranjo seu e do Momento 4 (Ayrton Moreira, Hermeto Paschoal, Théo de Barros e Heraldo do Monte) e interpretação de Marília Medaglia. Luiz Gonzaga viria a dizer que “Ponteio” era um exemplo perfeito de xaxado, ritmo particularíssimo do Nordeste.

Em 1968, tirou o segundo lugar com a canção “Memórias de Marta Saré”. Essa viria a ser a canção-tema da peça Memórias de Marta Saré, de Gianfrancesco Guarnieri, que estreou em janeiro de 1969 no Teatro João Caetano, com melodias suas. Também em 69, participou do MIDEM em Cannes, França.

Esse momento marca o alvorecer da sociedade de espetáculo e da cultura como indústria de entretenimento, levada como produto aos seus consumidores pelo poderoso meio de comunicação, que a cada dia se fazia mais presente na vida dos brasileiros: a televisão.

Com a carreira musical consolidada e no auge de sua popularidade, em função também dos festivais, Edu Lobo toma a decisão de aprofundar seus estudos musicais. Para construir uma carreira de músico, não bastava só o talento, era necessário investir estudando música.

Edu Lobo passou dois anos em Los Angeles, Estados Unidos, estudando harmonia, orquestração e teoria musical. Passou também a ouvir música como músico, atento aos compositores, passando a observar mais, o que, segundo o compositor, também foi uma forma de aprendizado. Não abriu mão de suas raízes: universalizou-as.

De volta ao Brasil, o compositor enveredou pelas trilhas musicais para peças de teatro. Na década de 1980, compôs principalmente para teatro e cinema. Escreveu e compôs Jogos de Dança. Em 1983, O Grande Circo Místico; em 1985, Corsário

do Rei; e em 1988, Dança da Meia-Lua, todas em parceria com Chico Buarque. Em

1999, compôs as músicas para um programa infantil da TV Cultura de São Paulo, chamado Castelo Rá-Tim-Bum. Em 2001, compôs Cambaio, também em parceria com Chico Buarque.

Avesso à mídia e aos palcos, rigoroso com a qualidade de seu trabalho

No documento Edu Lobo: o terceiro vértice (páginas 55-107)

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