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62 Segundo o OPSS (2009), “esta é a melhor evidência de que o nível de endemia se está a reduzir de

modo consistente - o aumento progressivo da idade mediana dos casos e, também, corresponden- temente, a mudança do padrão de distribuição das incidências por grupos etários. Essa mudança significa menor ocorrência de infecções recentes em adultos jovens, enquanto aumenta o peso relativo dos casos resultantes de reactivação de infecções antigas, em idades acima dos 64 anos”.

Relativamente à proporção de casos com origem noutros países (definidos pelo país de origem), verifica-se que 11,7% dos casos são de imigrantes. Destes, 30,9% são de Angola, 21,4% de Cabo Verde e 8,2% da Guiné-Bissau. A proporção de casos com origem noutros países, em Portugal, é das mais baixas da União Europeia que tem, no seu conjunto, uma proporção de 22,4% de casos de imigrantes (PORTUGAL. MS. DGS, 2010).

Como forma de representação gráfica da distribuição por distrito das taxas de incidência notificadas, apresentam-se no anexo III os mapas de Portugal Continental de 2000 a 2007, destacando-se, neste capítulo, os mapas correspondentes aos anos 2000, 2002, 2006 e 2007, seleccionados com o objectivo de melhor caracterizarem a evolução ocorrida entre estes anos. Adicionalmente, o anexo IV inclui, numa apresentação tabelar, as taxas de incidência notificada, por distrito, por ano.

Numa primeira leitura, evidencia-se a elevada heterogeneidade na distribuição geográfica da tuberculose pulmonar em Portugal Continental, sendo esta ainda mais evidente, como se poderá verificar mais à frente, quando se analisa a distribuição geográfica por concelho.

Em 2000, em Portugal Continental, 8 distritos apresentavam uma incidência intermédia de tuberculose pulmonar – Viana do Castelo, Braga, Aveiro, Lisboa, Faro, Setúbal, Beja e Porto – com taxas de incidência notificada superiores a 20 casos/100 000 habitantes. Destes, 5 distritos apresentavam incidências superiores à taxa de incidência média de Portugal Continental – 30,9 casos incidentes por 100 000 habitantes: o Porto (47.4), Beja (43.7), Setúbal (42), Faro (41,5) e Lisboa (35).

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Figura 15 - Taxas de incidência notificada (/100 000 habitantes) de tuberculose pulmonar em Portugal Continental: distribuição geográfica em 2000, 2002, 2006 e 2007. Os distritos de incidência elevada (>50) são representados a vermelho, os distritos de incidência intermédia são representados a laranja (20-50) e os distritos de incidência baixa (<20) são representados a amarelo.16

Em 2002, apesar das estratégias implementadas pelo PNT, observou-se ainda um retrocesso nos resultados, em consonância com o pico observado neste ano na taxa de incidência notificada média de Portugal Continental, com o distrito do Porto a apresentar uma taxa de incidência superior a 50 casos por 100 000 habitantes e dois distritos a verem o seu estatuto de baixa incidência a ser alterado para incidência intermédia – Vila Real (23/100 000) e Viseu (21,4/100 000).

Observa-se, no entanto, a partir de 2002 uma redução dos distritos com taxas de incidência elevadas. Os distritos que apresentaram maior diminuição da taxa de incidência, muito influenciado pelas intervenções efectuadas no âmbito do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, foram os distritos de Beja, com uma diminuição entre 2000 e 2007 de cerca de 28 casos por 100 000 habitantes, Setúbal, com cerca de 18 casos por 100 000 habitantes e do Porto com uma redução de cerca de 15 casos por 100 000 habitantes.

No entanto, em 2007, o Porto, com 32,5 casos/100 000, Faro, com 30,5 casos/100 000, Lisboa, com 26,3 casos/100 000, e Setúbal, com 23,6 casos/100 000, apresentavam ainda taxas de incidência notificada que os classificavam como distritos de incidência intermédia. Todos os restantes distritos do Continente apresentavam já, neste ano, incidências baixas.

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As classes utilizadas para a representação das taxas de incidência notificadas baseiam-se na classificação adoptada pela DGS.

| 64 Destaca-se, contudo, o potencial impacte que a taxa de detecção, diferenciada em cada um dos distritos, possa ter nas respectivas taxas de incidência.

É nos distritos de mais elevada incidência que se acumulam também maiores prevalências dos mais importantes factores de risco para a tuberculose. Segundo Couceiro (2008) “destaca-se a elevada concentração de factores de risco para a tuberculose pulmonar em concelhos do Grande Porto, Grande Lisboa e Península de Setúbal”. A título de exemplo, e confirmando os resultados observados pela autora, verifica-se, na coorte dos casos de tuberculose pulmonar diagnosticados entre 2000 e 2007, que, de todos os casos co-infectados pelo VIH, 27,6% estavam localizados no distrito do Porto, 25,4% no distrito de Lisboa e 9,5% no distrito de Setúbal. Observa-se igualmente que 57,9% dos casos ocorridos em doentes com origem noutro país que não Portugal, residem no distrito de Lisboa, 16,1% no distrito de Setúbal, 8,4% no distrito de Faro e 5,5% no distrito do Porto. Para que sejam atingidos os objectivos nacionais de controlo da tuberculose, será necessário intervir nos factores de risco para a doença, alguns aqui referidos, com estratégias adaptadas às diferenças geográficas observadas.

No que se refere à distribuição geográfica das taxas de incidência notificada dos casos de tuberculose pulmonar em Portugal Continental, por concelho de residência, realça-se, uma vez mais, o facto dos mapas correspondentes aos anos não incluídos neste capítulo terem sido remetidos para o anexo V, bem como a apresentação das taxas de incidência por concelho na forma tabelar (anexo VI).

A análise da distribuição epidemiológica da tuberculose pulmonar por concelho evidencia melhor as variações locais já referidas, com largas extensões de baixa incidência, logo desde o ano 2000, sobretudo na Região Centro e Alto Alentejo. Observa-se um alargamento destas extensões de baixa incidência ao longo dos anos em estudo.

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Figura 16 - Taxas de incidência notificada (/100 000 habitantes) de tuberculose pulmonar em Portugal Continental: distribuição geográfica, em 2000, 2002, 2006 e 2007. Os concelhos de incidência elevada (>50) são representados a vermelho, os concelhos de incidência intermédia são representados a laranja (20-50) e os concelhos de incidência baixa (<20) são representados a amarelo.16

Observa-se, na representação das taxas de incidência, uma concentração de casos incidentes nos concelhos do Grande Porto, da Grande Lisboa, no Algarve e no Baixo Alentejo.

Não obstante o facto de já não se verificar, em 2007, a presença de distritos com incidência elevada, quando se analisa a situação epidemiológica do país ao nível do concelho, verifica-se a existência de 5 concelhos com incidências superiores a 50 casos por 100 000 habitantes – Mirandela, Alijó, Loulé, Barrancos, Porto, Castro Marim e Alcoutim. O facto aqui observado destaca a necessidade das características sociodemográficas de cada concelho, bem como a acessibilidade aos serviços do PNT serem analisadas, por forma a reduzir as heterogeneidades geográficas e permitir que Portugal, no seu todo, atinja o estatuto de país de baixa incidência de tuberculose.

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