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Seguridade Social no Brasil: Saúde, Previdência e Assistência Social

2.2 Modelos de Sistemas de Saúde e de seu Financiamento

2.2.4 Seguridade Social no Brasil: Saúde, Previdência e Assistência Social

A seguridade social é um conjunto de ações estatais que compreende a proteção dos direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social, conforme artigo1º Lei da Seguridade Social.

Ugá, Porto e Piola (2014) descrevem que o Orçamento da Seguridade Social (OSS) contemplou a natureza distinta dos benefícios e dos serviços por ele financiados: 1) os de caráter contributivo e os individualizados, tais como os de regime geral de aposentadoria e o seguro-desemprego; 2) os benefícios regidos pela lógica da cidadania, tais como o acesso universal à saúde e o “salário cidadão” de um salário mínimo para a população de mais de 65 anos ou portadora de deficiência.

Assim, foram contempladas tanto as tradicionais contribuições sobre a folha de salário (pagas pelas empresas e pelos trabalhadores), como a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL), e sobre o faturamento – antigo Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL), então transformado em Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), prevendo-se ainda o ingresso ao OSS dos recursos do Tesouro que se fizessem necessários para atender às necessidades decorrentes desse modelo de proteção social welfariano, o chamado Welfare States, termo que designa Estados de Bem-Estar Social, cuja essência reside na responsabilidade pela seguridade e pela igualdade.

Acrescentaram-se aos OSS: 1) os recursos provenientes do antigo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), oriundos de receitas de concursos e prognósticos – pouco significativos; e 2) os recursos advindos do Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), vinculados especificamente ao programa de seguro-desemprego.

Quadro 3 – Composição do Orçamento da Seguridade Social (OSS).

Fontes Vinculação

Contribuição sobre folha de salários

(empresas e trabalhadores) Destinam-se exclusivamente ao pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). EC20/09 Contribuição para o Financiamento da

Seguridade Social (COFINS) Não. Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) Não.

PIS/Pasep Vinculada ao seguro-desemprego.

Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)

Criada em 1997, de forma totalmente vinculada à saúde e posteriormente também dirigida parcialmente para a previdência social, e extinta em 2007.

Impostos gerais da União

Foi previsto o ingresso dos recursos que se fizessem necessários, provenientes dessa fonte; entretanto, sua participação no OSS é irrisória.

Fonte: Piola, Porto e Ugá (2014, p. 404).

A Previdência Social é gerida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia criada especialmente para esta finalidade, através do aporte das contribuições sociais previstas no artigo 195, para o custeio dos benefícios delineados nos incisos do artigo 201, ambos do texto Constitucional. A saúde e a assistência social são deveres do Estado e, por isso, sua prestação está vinculada de qualquer contribuição. Sua gestão fica a cargo da União, Estados e Municípios, que compõem o custeio e a manutenção do Sistema Único de Saúde e das políticas assistenciais.

Segundo Piola, Porto e Ugá (2014), no tocante ao financiamento da saúde, a Constituição Federal previa, conforme consta no artigo 55 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), uma vinculação de 30% dos recursos do OSS à saúde, excluído o seguro-desemprego, até que fosse aprovada a primeira Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Observa-se, no entanto, que não estabelecia uma vinculação definitiva, pois a cada ano essa lei variava quanto ao percentual do OSS a ser destinado à saúde. Ainda que as primeiras LDO’s tenham repetido o dispositivo, destinando à saúde 30% das receitas

do OSS, excluído o seguro-desemprego, esse percentual não foi cumprido em 1990 e 1991 (VIANNA, 1992).

A importância do Orçamento frente ao financiamento do SUS é que, para o funcionamento de suas atividades e ações, é necessário estabelecer o planejamento orçamentário como ferramenta legal do planejamento organizacional do ente federativo, onde são projetados os ingressos e os gastos orçamentários que serão realizados em um determinado período, objetivando a execução de programas e ações vinculadas às políticas públicas, bem como as transferências constitucionais, legais e voluntárias, os pagamentos de dívidas e outros encargos inerentes às funções e às atividades estatais (BEZERRA FILHO, 2013).

A CF/88, no artigo 165, dispõe sobre Orçamento e prevê três leis orçamentárias que são: Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA.

PPA – A CF/88 dispõe, no artigo 165 § 1º:

A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, e para as relativas aos programas de duração continuada.

LDO – A CF/88 determina, no artigo 165 § 2º:

A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

LOA – A CF/88 dispõe, no artigo 165 § 5º: A lei orçamentária anual compreenderá:

I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

No Brasil, a CF/88 instituiu o acesso universal à saúde como direito inerente à cidadania e, conforme consideram Piola, Porto e Ugá (2014), foi coerentemente acompanhada da inserção do SUS no Sistema de Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência

Social), bem como do financiamento do SUS, no Orçamento da Seguridade Social, acrescido de recursos dos tesouros federal, estaduais e municipais.

Assim, no contexto do assunto, verifica-se a necessidade de maior aprofundamento do tema, que será ainda abordado no decorrer da pesquisa em seções posteriores, a partir da análise de dois grandes modelos, Bismarckianos e Beveridgianos, e a evolução histórica da previdência no Brasil.