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SEGURO COMO INSTITUIÇÃO

No documento Seguros internacionais para intercambistas (páginas 41-46)

3 O CONTRATO DE SEGURO

3.1 SEGURO COMO INSTITUIÇÃO

Silva (1999, p. 20) descreve que “o causador direto dos prejuízos tem obrigação de indenizar as vítimas, seja por danos pessoais ou patrimoniais, podendo ser ressarcido desses desembolsos por aqueles que tenham dado causa ao

acidente, se for o caso”. No caso, a instituição do seguro tem a obrigação de reembolsar as vítimas, resolver os problemas também é um fator importante da seguradora, pois quando contratado o seguro, o segurado transferiu seus riscos.

A empresa de seguros, segundo Povoas (1979, p. 26), “é o principal elemento operacional da instituição, e é nela que se concentram todos os esforços para a solução dos problemas que existem e daqueles que a análise permite participar”.

A empresa é quem vai resolver os problemas e os danos ocorridos nos sinistros de cada seguro, é ela que vai se esforçar para que seu problema seja resolvido.

3.1.1 Conceito de seguro

O seguro em primeiro lugar é uma transferência de risco por meio da qual uma parte, o segurado, transfere a probabilidade da perda financeira para outra parte, denominada companhia de seguros. O conceito visa à transferência de uma perda financeira ou patrimonial para a companhia de seguro que tem como obrigação ficar responsável pela segurança dos segurados. (SOUZA, 2008, p. 22).

Seguro é uma operação que depende de riscos futuros, e que um grupo de pessoas se responsabiliza por dividir entre eles os prejuízos que algumas pessoas sofrem (SOUZA, 2008, p. 23).

Segundo Martins (2005), seguro é vocábulo oriundo do latim securus, que significa livre de angústia, sem inquietação, sem aflição.

Para Pauzeiro (2008, p. 27):

A finalidade do seguro é restabelecer o equilíbrio econômico perturbado pelo evento previsto no contrato de seguro. É um mecanismo social que associa os riscos de indivíduos em um grupo, usando recursos acumulados por contribuições dos membros do grupo para pagar as perdas vinculadas a esses riscos.

Rosa (1998, p. 4) que define seguro como: “um bem (produto ou serviço) adquirido por pessoas (físicas ou jurídicas) que sentem a necessidade de segurança para poderem enfrentar os infortúnios dos riscos de existir”.

Já Pinho (1995, p. 8), disse que o seguro é uma:

Operação pela qual, mediante o pagamento de uma pequena remuneração, uma pessoa, o segurado, se faz prometer, para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, a que se dá o nome de risco, uma

prestação de uma terceira pessoa, o segurador, que assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.

Oliveira (2002, p.4-5) em relação o seguro afirma que:

É a proteção econômica que o indivíduo busca para prevenir-se contra necessidade aleatória9. É uma operação pela qual, mediante o pagamento da remuneração adequada uma pessoa se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa, o segurador, que, assumindo o conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.

Estes conceitos explanam o conceito do seguro, que o seguro além de ser a transferência de riscos para com outros, também é a segurança de riscos obtidos com o dia-a-dia, mediante pagamentos adequados.

3.1.2 História do seguro

Não é de hoje que o ser humano precisa se sentir protegido de alguma forma, com o fim do império romano o índice de viajantes teve um grande decréscimo, o problema de segurança dos turistas já era preocupante, quando os assaltos de grupos de bandidos a feudos autossuficientes já representava um problema (IGNARRA, 2003, p. 4).

Além disso, no começo da pré-história o homem nômade já se preocupava em se segurar, pois os riscos eram muito grandes, pois além dos animais, tinham que pensar nos terremotos que já existiam naquela época (SOUZA, 2008, p. 23).

Conforme Silveira (2008, p. 21):

A partir de 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial, ocorreram profundas mudanças no domínio do resseguro, em caráter internacional. Com a Alemanha envolvida na guerra, as empresas alemãs acabam cedendo espaço para empresas de outros países, principalmente a Suíça. Inicia-se um processo de nacionalismo com vários países tentando proteger sua economia, criando monopólio e outros procedimentos protecionistas.

No Brasil, surgiu a primeira seguradora em 1808, denominada de “Companhia de Seguros Boa Fé”, sediada na Bahia, operando somente com seguros marítimos. Em 1853, surgiu a fundação da “Interesse Público”, primeira companhia brasileira do ramo de incêndio, também na Bahia. Em 1855, surgiu no Rio de Janeiro, a primeira seguradora brasileira do ramo da vida (BOTTI, 1995).

Em 1860, torna-se obrigatória a apresentação de balanço e o pedido de autorização para funcionamento de companhias de seguro no Brasil. Em 1862, a “Garantia da Cidade do Porto”, seguradora portuguesa, é a primeira companhia estrangeira a obter autorização para operar no Brasil. (ALBERTI et al., 1997).

A “Schweizerischer Lloyd’s, primeira seguradora a operar resseguro, que são” quando as seguradoras assumem riscos altos, e acabam dividindo com outra seguradora, em caso de sinistro evitar sua falência” (GUIMARÃES,2002, p.59), obteve em 1880 autorização para operar com sedes no Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1953, surgiu a fundação da Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro. O Sistema Nacional de Seguros Privados foi criado em 1966 pelo Decreto-Lei 73, regulando as operações de seguros e resseguros (ALBERTI et al., 1997).

Na década de 70, o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), criado em 1939, teve aceitação de resseguros no exterior a partir de 1972, abrindo escritórios em Londres. Segundo Silveira (2008, p. 21):

No ano seguinte, outras companhias brasileiras iniciam aceitação de negócios de resseguro no exterior. Em 1975, o IRB é autorizado pelo Ato de Comércio da Inglaterra a realizar underwritting (subscrição) diretamente no mercado londrino. Aproveitando esta oportunidade, em 1976 o IRB assina contrato com Ducanson and Holt para subscrever negócios americanos. Em 1977, aconteceu a Fundação da Sociedade Brasileira de Estudos de Resseguros Internacional e, em 1978, foi fundada a UAIC, companhia de resseguros controlada pelo IRB em Nova York. Na década de 80, grandes perdas financeiras provocam a retração das companhias brasileiras e isso gera a necessidade da fundação da ABGR – Associação Brasileira de Gerência de Riscos, em 1984.

Na década de 90, promulgou-se o Plano Diretor de Seguros, no intuito de liberar progressivamente o Mercado Segurador Brasileiro, aumentando a receita de 1 para 5% do PIB, como também, acabar com o monopólio. O mesmo atingiu resultados satisfatórios. Dois anos após sua publicação, o volume de prêmios no mercado brasileiro já atingia 2% do PIB (SOUZA, 2008).

Souza (2008) aborda uma analise ampla sobre o mercado segurador brasileiro frente a variáveis macroambientais, tais como econômica, social, política, geográfica dentre outras.

Economicamente, a atividade seguradora internacional versa quase a nulidade em muitos países do Primeiro Mundo, com projeções sem perspectiva de mudanças. No entanto, conforme Silveira (2008, p. 28):

No Brasil, o setor de seguros cresceu bastante. A alta atratividade financeira do país se justifica, em parte, devido a altas taxas de juros praticadas no mercado financeiro, principal ganho das seguradoras advindo de aplicação dos prêmios segurados e que tem atraído grandes empresas de seguros do

Primeiro Mundo, onde esses índices de ganho financeiro ficam em patamares bem mais baixos. Alia-se a isto, a situação de estabilidade econômica que fortalece a confiança de empresas externas e internas a investirem e se adequarem a um mercado globalizado.

No macroambiente social, produtos negociados pelo setor segurador apresentam-se mais acessíveis a todas as camadas da sociedade, devido principalmente a estabilização da economia, ocasionando ganhos e lucratividade a sociedade em geral, com aumento de padrão de consumo das classes inferiores, possibilitando o setor de seguros tornar-se mais competitivo e saudável (ALBERTI et al., 1997).

Antigamente, somente indivíduos com alto poder aquisitivo consumiam seguros no país. Atualmente, a classe média abarca enorme fatia do mercado. Futuramente, existe a expectativa de o mercado de seguros tornar-se acessível para as classes de baixa renda (GILIZA, 1997).

Politicamente, diversas medidas tomadas a partir da década de 90, também vieram facilitar o crescimento do setor de seguros no país. Conforme Silveira (2008, p. 28):

Em 1996, foi permitida a entrada de empresas estrangeiras, desde que a autorização fosse concedida com base no chamado “interesse nacional”. A partir de então, uma série de leis e medidas adotadas pelo governo beneficiaram o mercado securitário, como, por exemplo: a quebra do monopólio do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) que abriu o mercado brasileiro para a globalização. Agora as seguradoras podem negociar livremente seus excedentes em um mercado aberto para quem tiver competência.

Geograficamente, o Brasil possui dimensões consideráveis, com condições culturais, econômicas e sociais muito diversas, gerando mercados com necessidades ímpares, levando o setor de seguros a atuar de forma regionalizada, o que faz aparecer diversos novos nichos de mercado que podem ser descobertos e explorados. Nesse contexto, a preservação e controle ambiental, conforme Silveira (2008, p. 29):

A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente e, assim, do controle de danos ambientais, preconiza o seguro, em primeiro lugar como meio de resguardar as entidades contra possíveis ações movidas contra seu patrimônio, por danos ambientais decorrentes de suas atividades comerciais e/ou industriais e, em segundo lugar, por uma questão de gerenciamento de riscos. O interesse comercial das seguradoras as levará a fiscalizar os seus segurados, no que se refere as medidas de combate e prevenção contra as catástrofes ambientais, contribuindo de maneira positiva para a diminuição dos danos ambientais e ecológicos.

Um outro ponto de significativa relevância para o setor de seguros, foram as privatizações de empresas de eletricidade e telecomunicações. Com essas

operações, surgiram a entrada de empresas de grande porte internacional, investindo fortemente em tecnologia e recursos, propiciando ao Brasil uma melhor estruturação, sistemas mais modernos de comunicação (internet, intranet, sinal via satélite, videofone, fibra ótica, dentre outros).

Conforme Campos (2006 apud SILVEIRA, 2008, p. 30):

[...] tanto os países economicamente mais fortes quanto os socialmente mais justos apresentam uma característica comum: todos têm um mercado de seguros desenvolvido com uma expressiva participação na formação da riqueza nacional. Nos Estados Unidos atinge 9,5% do PIB, no Japão 10,5%, na Inglaterra 12,6%, na Suécia 7%, na Dinamarca 8%, no Canadá 7%, na França 9,5% e na Suíça 12%, para citar alguns. São, também, países com população de alto nível de escolaridade num sistema de ensino de boa qualidade, índices de criminalidade baixos, condições de vida elevadas e boa distribuição de renda.

Ainda segundo o mesmo autor, em tais ambientes o seguro prospera enormemente em todo o mundo, no intuito de oferecer a proteção para as pessoas e preservar patrimônios. Sua presença é sempre relativamente menor em economias menos prósperas, de renda concentrada, onde os indicadores sociais apontam graves deficiências em segmentos como educação, saúde e segurança (SILVEIRA, 2008, p. 30).

No ranking de seguridade, o Brasil aparece em 33º lugar, espelhando a falta de orientação da população brasileira frente a importância do seguro, tanto pessoal quanto empresarial (SOUZA, 2008).

No documento Seguros internacionais para intercambistas (páginas 41-46)

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