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2.2 DESENVOLVIMENTO DE ESCALAS EM GESTÃO DE OPERAÇÕES

2.2.2 Seleção dos Itens

A segunda etapa do processo de construção de uma escala é a geração de itens, os quais irão representar os constructos definidos anteriormente, como mencionado por Grant e Davis (1997), Ahire e Devaraj (2001), Stratman (2002), Koste, Malhotra e Sharma (2004), Hinkin (1998), Li et al. (2005), Cloninger e Oviatt (2006), Malhotra (2006), Ntemeyer et al. (2003), Obermiller e Spangenberg (1998), Sraph et al. (1989), Sakakibara et al. (1993), Flynn et al. (1994), Ward et al. (1994), Black e Porter (1996) e Ahire e Devaraj (2001). Para a seleção dos itens o pesquisador deverá fazer uso de uma revisão sistemática da literatura conforme ressaltado por Ntemeyer et al. (2003), Froehle e Roth (2004), Stratman (2002), Li et al. (2005), Malhotra (2006) e Obermiller e Spangenberg (1998).

Dependendo das características da pesquisa, além da revisão da literatura, também é possível utilizar outros critérios para selecionar os itens, como ilustrado no Quadro 3.

Quadro 3 - Critérios de seleção dos itens

Seleção dos itens da Escala Literatura

Utilizar e/ou adaptar itens utilizados em

pesquisas com o mesmo tema Ntemeyer et al. (2003); Froehle e Roth (2004)

Realizar entrevista com especialistas Stratman (2002); Li et al. (2005); Malhotra (2006);Ntemeyer et al. (2003); Obermiller e Spangenber (1998);

Criar itens a partir da técnica de brainstorming Koste et al. (2004); Obermiller e Spangenberg (1998) Realizar entrevistas com alguns membros da

população foco da pesquisa

Hardesty e Bearden (2004); Haynes et al. (1995); Flynn et al., 1994; Rossiter (2002)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a geração dos itens, Johson e Morgan (2016), Ntemeyer et al. (2003) e Devellis (2012) sugerem ainda que o pesquisador realize uma primeira avaliação dos itens selecionados, considerando os seguintes critérios:

a) Verificar se os itens realmente se encaixam nos conceitos de cada constructo; b) Verificar se os itens estão logicamente relacionados com a proposta da escala; c) Escrever os itens de forma precisa e objetiva;

d) Utilizar palavras que sejam de fácil entendimento pelo respondente; e) Evitar palavras com duplo sentido;

f) Evitar sentenças muito longas;

g) Evitar palavras muito técnicas, palavras que não são frequentemente usadas, gírias, coloquialismos, jargões e abreviações.

Feito isto, a próxima fase consiste na escolha do tipo de escala que melhor se encaixe nos objetivos da pesquisa. Segundo Matsui (2007), uma escala pode ser construída para mensurar variáveis de diferentes categorias, podendo representar áreas organizacionais, gestão

de recursos humanos, gestão da qualidade, sistema de informação voltado à produção, desenvolvimento de tecnologias e estratégia de manufatura. Ainda segundo o mesmo autor, uma escala bastante utilizada pela literatura é a escala diferencial semântica.

Diferencial Semântico (DS) trata-se de um referencial teórico o qual possui como objetivo a discussão da formação do significado e das atitudes dos indivíduos em relação a um determinado objeto (OSGOOD; COLS, 1957). Esse termo foi criado por Osgood, Suci e Tannenbaum no ano de 1957, possibilitando a medição da reação das pessoas quando estas estão expostas a palavras e conceitos a partir de escalas bipolares, as quais são definidas por adjetivos antônimos em seus extremos (PASQUALI, 1990a). O DS tem como objetivo registrar, quantificar e comparar propriedades inerentes a um ou mais conceitos (PASQUALI, 1990a).

O DS é utilizado quando existe a necessidade de avaliar a efetividade e a qualidade de conceitos, proporcionando um método que quantifica o significado de atitudes, opiniões, percepções, imagem social, personalidades, preferências e interesses das pessoas e/ou pacientes (PEREIRA, 1986). O Diferencial semântico é bastante utilizado para investigar diferentes pontos de vistas (PALU et al., 2017).

É preciso que o instrumento de medição do DS consiga ser representado a partir de uma escala a qual reflita as características de um determinado grupo de respondentes (BECHER, 2016). Cada conceito a ser avaliado é seguido por uma escala de avaliação e classificação a qual é desenhado entre dois adjetivos antagônicos, cada intervalo é representado por uma magnitude, implicitamente ou explicitamente expressada por um quantifier, os quais expressam o grau do significado das respostas (OSGOOD; SUCI; TANNENBAUN, 1957). O quantifier central representa a origem da escala e possui valor neutro (OSGOOD et al. 1957).

Os passos envolvidos nesse método incluem a definição dos conceitos a serem avaliados; a descrição, a partir de adjetivos, das propriedades do conceito avaliado; e a avaliação pelos respondentes de um conceito específico a partir de uma escala semântica (PEREIRA, 1986). Esse conceito avaliado pode ser expresso por uma palavra, frase, ou figura e possui um significado psicológico variável de acordo com o grupo que está avaliando (PEREIRA, 1986). A escala diferencial semântica usualmente consiste de sete ou cinco pontos e contempla em cada polo, adjetivos antagônicos, a partir do qual os sujeitos avaliam os conceitos, verificando o que mais expressa seus sentimentos. Uma extremidade é considerada positiva e a outra negativa, utilizando, por exemplo, os adjetivos péssimo e excelente (PEREIRA, 1986; DING; NG, 2008). A Figura 10 ilustra um possível modelo da escala diferencial semântica.

Figura 10 - Modelo de escala diferencial semântica

Fonte: Adaptado de Osgood et al. (1957) e Pereira (1986).

Os conceitos a serem mensurados são representados por adjetivos que vão de uma esfera negativa, representada na Figura 10 pela palavra “péssimo”, até uma esfera positiva, representada pela palavra “excelente”. As magnitudes são expressas pela numeração que inicia no 1 até o 7, o qual também pode ser expressa pela numeração do -3 ao 3 (OSGOOD et al., 1986).

Esses adjetivos são escolhidos de acordo com o problema de pesquisa a ser estudado. Sendo assim, não existe um padrão a ser seguido, as escalas e os conceitos utilizados em um estudo podem variar de acordo com o propósito de cada pesquisa (REPETTO e SOUZA, 1999). A escala diferencial semântica tem sido utilizada nas ciências sociais e humanas, assim como no campo da saúde (BRINGSÉN; ANDERSSON; EJLERTSSON, 2009; REPETTO; SOUZA, 1999). Porém, pode-se encontrar uma variedade de pesquisas nas áreas de marketing, desenvolvimento de produtos, engenharia e ergonomia que utilizam esse método (HSIAO; CHEN, 2006; LINARES; PAGE, 2007; NEKOLAICHUK et al., 1999).

Segundo Ntemeyer et al. (2003), a lógica de respostas para alguns itens da escala pode ser invertida, em que o nível 1 indicaria o adjetivo “excelente” e o 7 o adjetivo “péssimo”. Segundo esses autores, isso faz com que o respondente tenha mais cuidado em responder cada item. Pauulhus (1991) argumenta que é preciso informar aos respondentes que a sua participação será realizada de forma anônima para que as respostas aos itens não sejam influenciadas por aspectos culturais e sociais do respondente.