• Nenhum resultado encontrado

3. ABORDAGEM METODOLÓGICA E PROCEDIMENTOS DE PESQUISA! !54 !

3.3 Seleção dos sujeitos da pesquisa! !65 !

Os critérios estabelecidos para a seleção dos sujeitos da pesquisa foram definidos em articulação com os outros grupos de pesquisa envolvidos com a pesquisa BUKETS, buscando criar uma uniformidade no atendimento de exigências mínimas para a escolha dos sujeitos a serem entrevistados. São eles:

a) ser professor da educação básica na área das ciências da natureza, atuando no momento da entrevista ou tendo atuado anteriormente em atividades de ensino em sala de aula;

b) experiência mínima de cinco anos na atuação como professor do ensino básico, seja este público ou privado;

c) experiência no desenvolvimento de práticas docentes voltadas à temática ambiental18;

d) ideal de militância e participação política19.

Considerando os critérios definidos para a seleção dos professores a serem entrevistados, alguns esclarecimentos nos parecem importantes. Em primeiro lugar, quando definimos que estes sujeitos tivessem vivenciado experiências de atuação docente, não nos restringimos à escolha de sujeitos que estivessem necessariamente atuando, no momento da entrevista, como professores no ensino básico. Um segundo ponto refere-se ao envolvimento dos sujeitos com ideais de militância e participação política, que embora tivesse sido inicialmente elencado pelo grupo da pesquisa BUKETS, não tenha sido considerado como

18 Este critério está exclusivamente atrelado à pesquisa aqui apresentada e não necessariamente será utilizado

pelos envolvidos com a pesquisa BUKETS.

imprescindível para a seleção dos sujeitos. No entanto, em nossa experiência e objetivos para esta pesquisa, propusemos manter e considerar ainda como relevante para a seleção dos professores aqui investigados. Cabe, neste sentido, esclarecer que tomamos aqui a definição de Carvalho (2000), que explicita que o ser militante não necessariamente tem vínculo com organizações partidário-ideológicas, mas possui sensibilidades específicas e, sobretudo, o compromisso pessoal com um amplo ideal político existencial, reconhecendo, ainda, que esses ideais apresentam-se de forma distinta e em níveis e gradações bastante diferentes entre os sujeitos.

Considerando os critérios definidos para a seleção dos professores para a entrevista e a delimitação geográfica da pesquisa, iniciamos o percurso para a identificação dos possíveis sujeitos para a realização das entrevistas. Uma das condições determinadas para a selação dos sujeitos foi de que estes não fossem completamente desconhecidos ou novos ao pesquisador, assim, neste momento, as experiências vivenciadas pela pesquisadora na articulação e envolvimento com o ensino formal e com o Subcomitê de Bacia Hidrográfica Billings- Tamanduateí foram essenciais. A busca por certa proximidade e familiaridade do pesquisador com os sujeitos tem o objetivo de criar um relacionamento de confiança entre pesquisador e pesquisado. Embora possamos apontar esta condição como algo bastante subjetivo, acreditamos que vai ao encontro do referencial da abordagem histórico-cultural, aqui utilizado, especialmente quando permite, por meio de um entrosamento entre pesquisador e pesquisado, um espaço amplo para a construção do conhecimento e da própria pesquisa. Ainda neste quesito, apontamos que esta familiaridade com os sujeitos participantes da pesquisa nos auxiliará no reconhecimento de profissionais da educação, que ao nosso olhar, tenham uma atuação marcada pelo compromisso com a educação e com a educação ambiental, como um ideal político existencial amplo, o que nos permitirá posteriormente explicitar como estes vêm contribuindo para uma educação voltada à formação da cidadania, como proposto.

No primeiro momento, fizemos um levantamento de possíveis sujeitos, conhecidos ao longo desta trajetória, que ao nosso olhar, tivessem sua atuação marcada pelo campo da educação ambiental. Logo em seguida, tentamos compor uma lista de nomes, que embora pequena, nos parecia bastante rica, para dar início à verificação do atendimento aos critérios elencados.

Ressaltamos aqui, que neste percurso, alguns professores identificados como possíveis sujeitos acabaram não atendendo ao critério de serem professores de ciências da natureza, o que entendemos reforçar que não há uma exclusividade destes na atuação relacionada à

temática ambiental. Este aspecto nos parece bastante relevante, e nos colocam a assumir as escolhas para a investigação como um ato intencional relacionado ao diálogo com a pesquisa BUKETS, esclarecendo que não há a intenção de colocarmos os professores de ciências como únicos a desenvolverem práticas educativas relacionadas à temática ambiental no âmbito escolar e, também, que estes não ocupam um lugar privilegiado nesta tarefa de trazer estas questões para o contexto da sala de aula.

Deste procedimento, chegamos a um número de quatro sujeitos para a pesquisa, que atendiam a todos os critérios elencados, sendo todos do gênero feminino, na faixa etária entre 43 e 52 anos.

Três das professoras selecionadas cursaram graduação em ciências biológicas, tendo duas delas vivenciado mais intensamente o período da ditadura militar, envolvendo-se em movimentos políticos da época, ou mesmo, em grupos ambientalistas. A outra professora, mais jovem, cursou técnico em cerâmica e depois química, obtendo licenciatura plena em química e licenciatura curta em matemática e física. A fim de resguardar a identidade das professoras entrevistadas, iremos identificá-las como Professora A, Professora B,

Professora C e Professora D, seguindo a ordem em que as entrevistas foram realizadas.

A Professora A é da cidade de São José do Rio Preto e foi criada pelos avós. Fez graduação em ciências biológicas, com ênfase em ecologia, na Universidade de Brasília. Atualmente, a Professora A cursa mestrado na área de educação na Universidade Federal do ABC e leciona em escolas dos municípios de Mauá e São Paulo, na área da Sub-região Hidrográfica Billings-Tamanduateí, onde está há cerca de 6 anos. Conhecemos a Professora

A, em uma das ações desenvolvidas pela Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) junto

ao ensino formal, mais especificamente, no concurso voltado à seleção de projetos de escolas, que tinham como foco temático a questão ambiental e as áreas de mananciais. Nosso contato não foi muito grande, restringindo-se ao conhecimento de seu trabalho, visita à escola mencionada e contato telefônico, no qual pudemos trocar algumas informações, inclusive, sobre as pesquisas desenvolvidas em nossos mestrados.

A Professora B é de São Caetano do Sul, uma das cidades inseridas na área delimitada pela pesquisa. Formou-se em ciências biológicas em uma Universidade local e tem grande articulação com pessoas e movimentos voltados à questão ambiental no território. Atualmente, a Professora B leciona na Universidade Municipal de São Caetano do Sul e acabou de sair de uma escola de ensino formal particular, onde esteve como professora por vinte anos. Com a Professora B, tivemos um contato maior, pois esta fazia parte da Câmara Técnica de Educação Ambiental do Subcomitê Billings-Tamanduateí, que se reunia

periodicamente e na qual coordenamos as ações durante um ano e meio. A Professora B também participou da elaboração de um dos materiais resultantes do trabalho da CEA na região, o “Caderno de Educação Ambiental – Billings”, fornecendo textos e contribuindo com sugestões e revisão do material, juntamente com outros membros da região.

A Professora C é de Santo André, uma das cidades também inseridas na área delimitada pela pesquisa. Formou-se como técnica em cerâmica pelo SENAI e depois como química, obtendo licenciatura plena em química e licenciatura curta em física e matemática. Atualmente, a Professora C é Professora Coordenadora do Núcleo Pedagógico (PCNP) da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo, na área de ciências, e responde também pelos eixos de saúde, prevenção e educação ambiental. Sua experiência como professora é, principalmente, na rede pública de ensino, onde atua há cerca de vinte anos. Nosso contato com a Professora C aconteceu em uma das orientações oferecidas pelo Projeto Estratégico “Mananciais”, no qual estivemos atuando pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e, mais adiante por meio, principalmente, do Subcomitê Billings-Tamanduateí, no qual a Professora C foi indicada como representante da Secretaria de Estado da Educação, na Câmara Técnica de Educação Ambiental. Neste percurso tivemos oportunidade de conhecer um pouco do seu trabalho e do projeto desenvolvido por ela em uma escola inserida na região de mananciais, além de acompanhar um pouco de sua trajetória na Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo.

A Professora D é de Maringá, Paraná, mas foi criada na região sul de São Paulo, nas proximidades das represas Billings e Guarapiranga, onde vive até os dias atuais. A Professora D cursou biologia, bacharelado e licenciatura, e fez especialização em ciências. Atua na rede de ensino há cerca de vinte anos, sendo quinze anos em sala de aula, cinco anos como Professora Coordenadora de Oficina Pedagógica20 (PCOP) de ciências na Diretoria de Ensino da região Sul 3, em São Paulo e, nos últimos dois anos, está como vice-diretora em uma unidade de ensino estadual na região. Nosso contato com a Professora D não foi muito extenso e se deu na articulação das ações de EA que foram propostas para a rede de ensino pelo Projeto Estratégico “Mananciais”, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

20 A função de PCOP mudou de nome a partir da reestruturação da Secretaria Estadual de Educação, em 2012,

passando a ser denominada por “Professor Coordenador de Núcleo Pedagógico (PCNP)”, cargo que exerce atualmente a Professora C na Diretoria de São Bernardo do Campo.