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Semeadores de esperança em Pinheiro: Missionários do Sagrado Coração

Como política expansionista do domínio da Igreja, foi criada a Prelazia da Baixada Ocidental Maranhense em 22 de julho de 1939 e instalada no dia 20 de abril de 1940, pelo “Decreto de Execução”, baixado pelo Revmo. Dom Benedito Masella, por decisão da Nunciatura Apostólica do Brasil, atendendo à solicitação de Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, Arcebispo Metropolitano de São Luís do Maranhão (1936-1944).

Inicialmente, a cidade de Viana se credenciou para receber a instalação da sede da Prelazia, mas em razão da interferência política do desembargador Elizabetho Barbosa de Carvalho, reforçada pelo apoio do Pe. Newton Inácio Pereira72, primeiro sacerdote a presidir a paróquia de Pinheiro, expuseram à Arquidiocese Metropolitana de São Luís que o município pinheirense reunia melhores condições para instalação dessa organização benemérita da Igreja Romana, além de também apresentar maior carência de assistência espiritual. Tais motivos contribuíram para que Pinheiro fosse escolhido como sede da nova Prelazia.

Esta passou, a partir de então, a ser denominada Prelazia Nullíus de Pinheiro, criada pela Bula pontifícia “Ad maius Christifidelium” do Papa Pio IX, em 22 de julho de 1939, tendo sido desmembrada da Arquidiocese de São Luís e da Prelazia de São José de Grajaú73, hoje Diocese de Grajaú. A Prelazia pinheirense se constituiu de nove municípios74, “numa área total de 27.460 Km², em que viviam [...] cerca de 36.000 habitantes [...] entregues à responsabilidade dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus” Meireles (1960, p.323).

Na época da criação da Prelazia Nullíus de Pinheiro, houve a eclosão da Segunda Guerra Mundial na Europa (1939-1945), fato que retardou a vinda dos Missionários e de Dom

71 NOSSA história...nossa origem. In: FILHAS DE NOSSA SENHORA DO SAGRADO CORAÇÃO.

72 Ordenado padre em oito de dezembro de 1929 e enviado a Pinheiro pelo Arcebispo Dom Carlos Carmelo de

Vasconcelos Motta, faleceu em 1952.

73

Primeira Prelazia do Maranhão, criada a 10 de fevereiro de 1922 e confiada aos capuchinhos lombardos, que desde 1893 trabalhavam na Diocese de São Luís.

74 Alcântara, Bequimão, Cândido Mendes, Carutapera, Cururupu, Guimarães, Santa Helena, Turiaçu e Pinheiro

(a sede). Atualmente, além das cidades aludidas, foram incluídos outros municípios para formar a referida Prelazia. São eles: Bacuri, Cedral, Guimarães, Mirinzal, Palmeirândia, Peri-Mirim, Santa Helena e São Bento.

Afonso Maria Ungarelli, que havia sido nomeado desde primeiro de junho de 1940 como Administrador Apostólico da nova Prelatura. Então, nesse intervalo, foram nomeados dois Administradores Apostólicos para o prelado recém-criado, o primeiro, Dom Carlos Carmelo, que assumiu o cargo de 1940 a 1944, e o segundo, o Pe. José Maria Lemercier (ver anexo 4), vigário capitular da Arquidiocese de São Luís que exerceu a função de 1944 a 1946.

E, em “15 de agosto de 1946, festa de Assunção de Nossa Senhora” Furtado Filho (2003, p.74) chegou a Pinheiro o Administrador Apostólico, o Pe. Dom Afonso Maria Ungarelli (1946-1975), autorizado por Carlos Chiarlo para tomar posse da Prelazia de Pinheiro, chefiando o primeiro grupo de Missionários do Sagrado Coração.

Figura 4 - Chegada dos padres italianos à Pinheiro, 1946

Fonte: SOARES, José Jorge. Lugar das Águas: Pinheiro 1856-2006, p.168.

A ilustração acima revela a chegada dos Missionários do Sagrado Coração à Pinheiro, vindos da Itália, para disseminar a devoção católica, supervalorizando o culto a Maria através dos trabalhos que desenvolveriam nas suas respectivas paróquias. Foram eles os padres Cornélio Marie Dan, Fiorini Fiorino, Umberto Giungarelli, Augusto Mozzetti, Fernando Meloselle, Pierpaolo Sambalino e o irmão leigo Giuseppe Preziosa, presididos por Dom Afonso Maria Ungarelli.

denominado “Duque de Caxias”, único meio de transporte disponível para chegar à cidade. Aportaram às margens do Rio Pericumã, Faveira, no Armazém Santa Cruz às 23 horas, mas o desembarque só ocorreu às duas horas da madrugada, com o auxílio da canoa cedida pelo proprietário da referida mercearia, capitaneada pelo senhor apelidado de Mulatinho. Essa demora se justificou pela baixa da maré que interferia no regime fluvial do Pericumã, dificultando a ancoragem da embarcação, pois na época ainda não havia sido construída a comporta do município (GOMES, 2004).

Posteriormente, os Missionários aludidos foram designados por Dom Afonso para assumirem suas respectivas paróquias nos municípios que compunham a Prelazia, tendo sido nomeado como administrador apostólico de Pinheiro o Pe. Fernando Meloselli, auxiliado por Pe. Pierpaolo Sambalino e pelo irmão leigo Giuseppe Preziosa (Frei José) (SOARES, 2006b).

Esses religiosos, considerados como “semeadores de esperança” passaram a desenvolver a partir de 1947 obras para fortalecer as práticas religiosas no meio social pinheirense. Nesse sentido, foi fundado nesse ano, pelo bispo Dom Afonso, o Seminário São José, voltado para a clientela masculina, que teve como finalidade formar jovens para compor o quadro eclesiástico da Igreja. Esta ação era uma forma de ajudar na reestruturação e na afirmação dessa instituição religiosa na sociedade; a escola era vista como um importante instrumento para legitimar os ideais da religião católica.

Portanto, a Igreja vendo a escola católica como lugar de educação integral passou a desenvolver projetos educativos fundamentados na doutrina cristã, e confiou à escola confessional católica a missão de realizar um projeto educativo à luz da fé e dos ensinamentos de Jesus Cristo. Então, foi fundada em Pinheiro, em 1950, uma escola paroquial: Nossa Senhora do Sagrado Coração, cujo objetivo era moralizar a criança por meio da educação religiosa e da vivência cristã, integrando ciência e fé, razão e espiritualidade.

2.4 A Escola Paroquial Nossa Senhora do Sagrado Coração para evangelizar e