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A I nt egralidade e a Hum anização na form ação m édica

PRI MEI RO SEMESTRE SEGUN DO SEM ESTRE

à seleção e capacitação de professores. à seleção dos espaços ( territ órios) . à conhecim ento das nove regiões de

abrangência de UBS/ USF.

à Visitas às casas de fam ílias para levantam ento de dados e acom panham ento de 288 crianças nascidas em 2003, onde cada aluno acom panharia 3 bebês e suas fam ílias, nos 6 anos de Faculdade.

à finalização do reconhecim ento dos nove t errit órios.

à levantam ento, tabulação e análise dos dados colet ados no t errit ório. à integração curricular com Saúde

Colet iva e Bioest at ística.

à identificação de problem as: construção da

sala situacional e apresentação do trabalho à com unidade.

à avaliação/ revisão da proposta para o próxim o ano.

UN ESP, 2 0 0 2 b.

1 .3 . A operacionalização do Progra m a I USC

De acordo com os documentos pesquisados, a FMB foi selecionada para o Promed com outras 19 escolas no Brasil [para a

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execução do Projeto], iniciando um processo de reorganização do curso de Medicina com o objetivo, em consonância com referido edital, “de formar profissionais dotados de conhecimentos, proficiência técnica e valores que os habilitem a uma prática competente, ética e socialmente responsável” (UNESP, 2002c, p.37).

Vale ressaltar, que a partir da aprovação do Projeto, o grupo de trabalho do Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP) passa a ter suas funções ampliadas e é subdividido em frentes de atividades. Assim, a Frente de Ensino na Comunidade assume o desenvolvimento e concretização do projeto IUSC (UNESP, 2005a).

Os responsáveis por essa Frente de Ensino realizaram várias visitas às unidades de saúde, para reconhecimento dos espaços de ensino para viabilização das atividades propostas para os quatro anos seguintes.

Para tanto, contaram com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Botucatu na escolha dos territórios e equipamentos sociais que serviriam como cenários de ensino. Porém, ocorreu que a inauguração das unidades de saúde da família, prevista para o final de 2002, não se efetivou, limitando, assim, o espaço para a atuação dos alunos na comunidade.

De acordo com a coordenadora do Programa, houve necessidade de se rediscutir a proposta e optou-se pelo trabalho centrado no território, e não mais nas unidades de saúde, como inicialmente proposto11.

A partir de 2003, o projeto de ensino na comunidade operacionaliza-se de acordo com a proposta inicial apresentada ao Ministério da Saúde (Promed), mas readequado às condições da rede de serviços de saúde local e à qualificação do corpo docente.

O plano de ensino inicialmente estabelecido para o Programa IUSC, por seus formuladores, propunha “formar médicos com habilidades

11 Somente no final de 2003, primeiro ano de atividades do IUSC, é que as inaugurações das unidades de saúde da família aconteceram.

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(...) a serem exercidas com responsabilidade, com curiosidade científica e que lhes permita recuperar a dimensão essencial do cuidado: a relação entre humanos” e orientando-se para a Integralidade e Humanização do cuidado (CYRINO et al., 2005a, p.21).

Ao contemplar um ensino voltado para esses dois eixos temáticos - Integralidade e humanização - o IUSC se propõe a ampliar a compreensão de que a clínica não é só um conjunto de ações individuais, mas um olhar ampliado para os problemas de cada um, e que “o acolhimento às necessidades básicas de saúde pode e deve acontecer num sistema de saúde organizado pela hierarquia de complexidade do cuidado” (CYRINO et al., 2005b, p.24).

Além disso, para o grupo de formuladores do IUSC, as atividades educacionais não deveriam se restringir à visão biológico- reducionista do cuidado médico, mas voltar-se para a integralidade das ações em saúde, que valoriza a educação em saúde e a promoção da qualidade de vida (CYRINO et al., 2007).

A prática na comunidade também deveria contribuir para uma formação humanizada mediante:

“...estratégia de ensino que valorize a enorme importância dos conhecimentos clínicos, na assistência individual, mas também que valorize a clínica como um espaço de desenvolvimento de diálogos, de narrativa, de fala e escuta, considerando o cliente sujeito de seu tratamento e buscando melhorar sua qualidade de vida” (CYRINO, 2005b apud Boduy e Cordoni Jr, s/d, p.35).

A metodologia mais adequada para se alcançarem os objetivos propostos, conforme documento, seria: a problematização e o trabalho grupal; por possibilitar aos alunos reflexões baseadas nas contradições da prática médica focada exclusivamente na doença, e propiciar-lhes uma visão ampliada sobre o processo saúde-doença. (UNESP, 2005a)

Todavia, tal proposta pedagógica trouxe um grande desafio à equipe do IUSC: contar com número suficiente de professores-tutores

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habilitados para trabalhar com essa metodologia problematizadora.

Definiu-se, ainda, que os professores poderiam e deveriam ser de diferentes formações e, assim, a coordenação do Programa selecionou e capacitou 11 profissionais de saúde (médico, enfermeiro, psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, biólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, odontólogo e profissionais de comunicação e serviço social) para o acompanhamento dos 90 alunos do 1º ano de graduação médica, os quais foram divididos em pequenos grupos de oito a nove para cada professor (UNESP, 2002b).

Lembrando, pois, da ideia inicial, que contemplava a presença de docentes da FMB como professores do IUSC, é relevante que se aponte que isso não se concretizou, conforme consta no documento de avaliação, de modo que os 11 profissionais (pertencentes ou não à rede de serviço municipal), que compunham o quadro, passaram a ser denominados professores-tutores (UNESP, 2005a).

Nesse aspecto, a proposta do IUSC procurou trazer “o rompimento com o ensino disciplinar, buscando-se, assim, propiciar experiências interdisciplinares, nas quais os alunos possam perceber que a construção do conhecimento depende do saber de distintas áreas” (CYRINO et al., 2007).

A expectativa dos formuladores do programa IUSC era de que a inserção do estudante na região das unidades de saúde possibilitasse um olhar e uma escuta mais qualificada, além de ampliar o conhecimento sobre a cidade, o bairro e o território. Ao mesmo tempo, daria aos estudantes a oportunidade de intervirem na realidade com o desenvolvimento de ações educativas das mais diferentes naturezas, mediante interação com as equipes locais de saúde e comunidade (CYRINO et al., 2007).

Para melhor compreensão das ideias propostas para o Programa, o anexo 05 apresenta, resumidamente, a programação de cada um dos três anos, descrevendo os objetivos gerais e específicos e as estratégias propostas para cada ano de implantação no período de 2003 a 2005.

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A seguir, no quadro 5, são colocados apenas os objetivos gerais definidos para os primeiros anos, com o propósito de acompanhar as imagens iniciais na formulação do IUSC.

QUADRO 5. OBJETI VOS GERAI S PROPOSTOS PARA O PROGRAMA I USC,