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Da concepção ao desenvolvimento de um plano de formação com professoras-estagiárias de Português-Inglês

2.2. O plano de formação

2.2.2. Estratégias de formação

2.2.2.4. Seminários de Formação/Módulo de Formação

Para além da partilha de reflexões (diários de aprendizagem), de experiências e de teorias pessoais, os Seminários pretendiam-se um espaço e um momento em que as formandas, orientadas pela supervisora, alargassem os seus conhecimentos prévios acerca da competência de comunicação intercultural e reflectissem sobre as implicações pedagógico- didácticas e de formação colocadas por esta noção.

Para tal, incluímos no seu projecto de formação um módulo (ver Anexo n.º 4) que se estruturou da forma que a figura n.º 8 procura sistematizar.

Na primeira sessão, realizada a 25 de Setembro de 2000, começámospor reflectir sobre o conceito de comunicação e sobre as distâncias que os falantes devem vencer para comunicarem, partindo, para tal, de uma citação de Irene Fonseca (ver anexo nº4). Procurou- se conceptualizar as situações de comunicação como situações de co-construção de sentido (cultural, social, linguístico, etc), caracterizadas pela resolução de conflitos de vária ordem, mediante a mobilização pelos sujeitos dos seus repertórios verbais.

Com a actividade dois, realizada a 27/09/2000, e que tomou como base a análise de um excerto da obra O Cavaleiro da Dinamarca referente ao encontro de Pero Dias com um negro, procurámos direccionar a atenção das formandas para o comportamento dos sujeitos envolvidos, realçando a importância da dimensão afectiva na interacção, isto é, chamando a atenção para a vontade que o sujeito revela (ou não) em querer interagir com o outro, o que o

leva a mobilizar todas as suas competências e, nomeadamente, a competência estratégica, discutindo, em seguida, o contributo desta dimensão afectiva para o sucesso/insucesso da comunicação.

Para a actividade três (18/10/2000) seleccionámos três textos exemplificativos de situações de comunicação não conseguida, pedindo às formandas que, partindo destes e de outras situações de comunicação intercultural de que se lembrassem, identificassem possíveis obstáculos à comunicação.

A actividade quatro (8/11/2000) procurou levar as formandas a reflectirem sobre o poder da pala vra/ língua como meio de comunicação/interacção com o outro, como meio de acesso ao conhecimento e, em especial, como meio de acesso a outras línguas. Iniciámos, nesta fase, a reflexão em torno das implicações dessa concepção de língua relativamente às finalidades curriculares do ensino/aprendizagem das línguas e ao perfil do professor de línguas.

Com a actividade cinco (22/11/00), colocámos o enfoque no perfil dos sujeitos actores da comunicação intercultural, elaborada pelas formandas a partir da análise de situações específicas de comunicação. Como corolário dessa actividade pedimos às formandas que confrontassem os perfis por elas elaborados com os perfis definidos por Jandt, Candelier e Byram, enriquecendo, assim, a sua reflexão e chamando- lhes a atenção para dimensões que não haviam considerado.

A actividade seis (3/01/01) centrou-se, ainda, na análise dos perfis do comunicador intercultural, tomando como base textos e situações de comunicação variadas e com graus de sucesso igualmente variados. Nesta sessão discutimos a relevância de cada dimensão do perfil para o sucesso /insucesso da comunicação.

Tendo já analisado e definido perfis de falantes interculturais e tendo, igualmente, visto como, em situação de comunicação, esses perfis são, podem ser ou devem ser mobilizados, procurámos, com a actividade sete (17/01/01), confrontá- las com os seus próprios perfis. Pretendíamos, por um lado, que as formandas reflectissem sobre os diversos aspectos (competências, atitudes e skills) dos comportamentos dos sujeitos que facilitam ou dificultam a resolução dos diversos problemas que se colocam nas situações de comunicação intercultural, para que, num segundo momento, reflectissem sobre os seus próprios perfis enquanto comunicadoras interculturais. Para tal, recorremos às gravações e transcrições de entrevistas que lhes fizéramos logo no início do ano lectivo com o intuito de estabelecermos os seus perfis linguístico-comunicativos.

Objectivos Conteúdos Estratégias/ Actividades Actividade nº Data

Analisar e conceptualizar as situações de comunicação plurilingue em termos de :

- características - sentidos construídos

- perfis e comportamentos dos sujeitos - grau de sucesso

Experimentar situações de comunicação intercultural como forma de tomar consciência de um perfil próprio de comunicador

Analisar questões implicadas na escolha de uma língua franca como modo se superar dificuldades /obstáculos na comunicação

Comunicação intercultural : - Tipos;

- Conflitos/problemas

- Estratégias de resolução de problemas - Factores de sucesso/insucesso

Competência de comunicação intercultural Perfil do Comunicador intercultural

Comentário de textos;

Análise de situações, documentos e textos Análise de entrevistas

Reflexão

Análise de tipologias de estratégias

1 a 12 25/09/00 27(09/00 18/10/00 8/11/00 22/11/00 3/01/01 17/01/01 24/01/01 7/02/01 21/02/01 8/03/01 11/04/01

Compreender o papel deste tipo de comunicação na educação linguística dos sujeitos e inferir as suas implicações pedagógico-didácticas e supervisivas

O ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras : - Finalidades e objectivos

- A competência de comunicação intercultural e o perfil do aprendente e do professor de línguas

- Perspectivas e implicações pedagógico- didácticas e supervisivas da abordagem da competência de comunicação intercultural - Perfil do aprendente de línguas - Perfil do professor de línguas;

Análise de documentos

Análise de planificações didácticas Produção de texto

13 a 16 26/04/01 2/05/01 9/05/01 16/0/01

Desenvolver atitudes positivas, conhecimento e skills necessários à promoção de um trabalho didáctico orientado para a promoção nos aprendentes de uma competência de comunicação intercultural

Metodologias e estratégias pedagógico-didácticas orientadas para a promoção da competência de omunicação intercultural

Concepção e análise crítica de actividades didácticas

17 23/05/01

A actividade oito (24/01/01) procurou promover o debate da questão da língua franca, relacionando este conceito com esforços mundiais potenciadores do entendimento entre os povos e contrapondo-a à diversidade linguística e cultural que caracteriza o mundo e, em particular, a Europa. Ao mostrarmos a incapacidade da língua franca em responder cabalmente à necessidade de comunicação entre sujeitos com origens e comportamentos linguísticos e culturais diferenciados, procurámos consciencializá- las das razões que levam a uma re-orientação do discurso didáctico no sentido da promoção de uma competência de comunicação intercultural. Centrámos, assim, a nossa atenção nas razões que levam a que, actualmente, as orientações do Conselho da Europa girem em torno da associação de um novo conceito de cidadania europeia com a promoção do ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras propondo, nomeadamente, a promoção nos aprendentes de competências plurilingues e pluriculturais que o levem a desempenhar o papel de mediadores interculturais. Assim, a actividade nove (7/02/01) introduziu os conceitos de competência de comunicação e competência de comunicação intercultural, debatendo-se, em seguida, a relevância e implicações de ambos os conceitos para o ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras.

Com a actividade dez (21/02/01) procurou-se levar as formandas à identificação de estratégias de comunicação e à familiarização com tipologias de estratégias.

A actividade onze (realizada a 8/03/01) conduziu- nos à reflexão em torno do conceito de comunicação intercultural e dos obstáculos a este tipo de comunicação, procurando analisar situações representativas. Para tal, seleccionámo s situações de comunicação intercultural quer plurilingues quer na língua materna (textos, filmes ou outros documentos) de graus de sucesso variados e, em seminário, debatemos a caracterização destas situações, os comportamentos e atitudes dos interlocutores, as estratégias de comunicação utilizadas, procurando estabelecer relações entre o grau de sucesso da comunicação e os perfis dos sujeitos nelas envolvidos, bem como as estratégias mobilizadas. Realçámos a importância, para o sucesso da interacção, de ambos os interlocutores se empenharem, revelando vontade, curiosidade e prazer na interacção com o outro. No sentido de chamarmos a atenção para a importância da competência estratégica do falante, analisámos, igualmente, textos teóricos e situações práticas relativas às estratégias de comunicação debatendo, por um lado, as tipologias de estratégias existentes e, por outro lado, reflectindo sobre a actualização/mobilização dessas estratégias na prática.

A actividade doze (11/04/01) tomou como base um texto exemplificativo de uma situação de comunicação não conseguida, a partir do qual as formandas identificaram estratégias de comunicação (produção) que estiveram na sua origem.

Em seguida, analisámos os programas educativos e outras recomendações curriculares (actividade treze realizada a 26/04/01), procurando reflectir sobre as implicações educativas dos conceitos em análise e ver de que forma tais conceitos são tratados pelos discursos educativos.

Neste âmbito, procurámos analisar actividades didácticas orientadas para a promoção deste tipo de competência quer em aula de língua materna quer em aula de língua estrangeira – actividade catorze (2/05/01) - procurando estudar que tipo de programas de intervenção ou estratégias didácticas podem levar o aluno à consciencialização e ao desenvolvimento da competência de comunicação intercultural.

A actividade quinze (realizada a 9/05/01), ao sugerir uma produção escrita subordinada ao tema «A competência de comunicação intercultural na escola», procurou constituir-se como um momento de balanço de toda a reflexão efectuada até ao momento .

Aliada a esta problemática, discutimos, igualmente, o perfil do professor de línguas (actividade dezasseis realizada a 16/05/01), no âmbito de uma formação para o plurilinguismo, e procurámos, em seguida, levar as formandas a conceberem actividades didácticas que visassem o desenvolvimento nos aprendentes da competência de comunicação intercultural (actividade dezassete).

Conscientes das potencialidades estruturadoras da escrita mas igualmente das potencialidades enriquecedoras da partilha e do debate, procurámos, na realização deste módulo, equilibrar as actividades de produção escrita (individual e colectiva) e as de produção oral (debate/ troca de opiniões ).

Síntese

Neste capítulo, abordámos a problemática da supervisão de professores e, em particular, as implicações de uma Didáctica do Plurilinguismo para a formação de professores de línguas, contextualizando e descrevendo a formação que desenvolvemos no âmbito deste projecto de investigação.

Procurámos, assim, explicitar as nossas posições relativamente à formação de professores de línguas, fundamentando o nosso plano de formação no princípio de que uma formação reflexiva-experiencial pode melhorar o processo de ensino/aprendizagem das línguas.

Capítulo III