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5 RESULTADOS

5.3 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E DE NECROPSIA

5.3.2 Sinais clínicos, achados de necropsia e histológico

5.3.2.6 Septicemia

Os diagnósticos de septicemia foram dados em oito animais, associados a canibalismo de cauda (2 casos), a lesões de membro (2 casos), a hérnias escrotal com perfuração de intestino (2 casos), a contaminação umbilical (1 caso) e intussuscepção (1 casos). Três animais foram eutanasiados por atraso no desenvolvimento e cinco animais morreram em consequência da septicemia. Na necropsia as lesões variavam em múltiplos abscessos distribuídos pelo parênquima pulmonar (3 casos), renais (2 casos) e hepáticos (1 casos), pericardite purulenta (2 casos) e peritonite (3 casos) (Figura 14).

Figura 13 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Lesões macroscópicas de animais com diagnóstico de septicemia. A – Coleção purulenta no saco pericárdico. B - Pericardite purulenta. C – Pulmão: nódulos esbranquiçados multifocais difusos pelo parênquima. D – Encarceramento de alça intestinal com deposição de material fibrinopurulento sobre a serosa e fígado com múltiplos pequenos abscessos no parênquima (ponta de seta).

5.3.2.7 Achados adicionais

Alguns animais apresentaram além das lesões específicas da causa morte, lesões características de rinite atrófica e de pneumonia enzoótica. As lesões de rinite atrófica

variavam de grau 1 a 3 (Figura 15). Na granja 1 foi observado grau 1, 2 e 3, nas granjas 3 e 4 foram observados os graus 1 e 2 e nas demais granjas grau 0. As lesões de peneumonia enzoótica caracterizavam-se por consolidação dos lóbulos acessórios, que na microscopia correspondiam por pneumonia broncointerstical moderada.

Figura 14 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Rinite Atrófica Progressiva: A – Suíno com encurtamento de focinho B – Suíno com desvio lateral de focinho. C – Cornetos nasais normais. D – Atrofia dos cornetos nasais inferiores (grau 2). E - Atrofia dos cornetos nasais direitos com desvio do septo nasal para o lado esquerdo (Grau 3). F – Atrofia total dos cornetos nasais (Grau 3).

5.4. DADOS DE ABATE

O número de animais abatidos, a idade ao abate, o peso médio e o número de animais condenados de cada granja encontram-se na Tabela 14.

Tabela 14 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de animais abatidos, idade ao abate, peso médio de carcaça e o número e a porcentagem de carcaças desviadas pelo SIF, no abate, por granja.

Granja Número de

animais abatidos Idade média ao abate Peso médio de carcaça N° de carcaças desviadas % de carcaças desviadas

1 387 148 e 168* 85,74 26 6,71 2 457 171 92,41 11 2,40 3 501 175 94,61 34 6,78 4 640 171 84,74 48 9,46 5 431 174 91,32 30 6,97 6 300 171 91,33 16 5,33 7 447 172 87,94 13 2,90 8 185 170 90,49 2 1,02

*Duas datas de abate

Na Tabela 15 estão apresentados, por granja, o número de animais por grau de lesão e a percentagem de animais com lesão nos cornetos nasais. Na Tabela 16 encontram-se o número de pulmões avaliados, o número de animais por categoria e a porcentagem de pulmões acometidos.

Tabela 15 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de cornetos avaliados, no frigorífico, por grau de lesão nos cornetos nasais e a porcentagem de animais com algum grau de lesão em cada granja.

Grau de Lesão dos cornetos nasais Granjas

1 2 3 4 5 6 7 8

0 14 10 6 9 8 6 12 13

1 9 2 9 6 3 10 2 2

2 5 1 4 5 4 3 1 0

3 0 1 1 0 0 1 0 0

Total de cornetos avaliados 28 14 20 20 15 20 15 15

Tabela 16 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de pulmões avaliados, no frigorífico, número de pulmões por categoria de lesão e porcentagem de animais com alguma lesão pulmonar em cada granja.

Grau de lesão pulmonar 1 2 3 Granjas 4 5 6 7 8 0 6 38 36 33 29 30 40 50 1 11 18 22 24 29 28 7 8 2 1 2 1 2 2 2 3 0 3 2 1 0 1 0 0 0 1 4 1 0 1 0 0 0 0 1 5 1 0 0 0 0 0 1 0 6 0 1 0 0 0 0 0 0 Total de pulmões avaliados 22 60 60 60 60 60 51 60 % pulmões com consolidação 72,7% 36,7% 40,0% 45,0% 51,7% 50,0% 21,6% 16,7% % de pulmão com aderência 4,54% 5,00% 3,33% 1,96% 0,00% 5,00% 1,96% 0,00% A Tabela 17 mostra os índices de rinite e pneumonia calculados através dos achados lesionais no abate.

Tabela 17 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Índice de rinite atrófica progressiva e índice de pneumonia, nos aminais avaliados, no frigorífico, para cada granja.

Índices 1 2 3 4 Granjas 5 6 7 8

IRAP 0,68 0,50 1,00 0,80 0,73 0,95 0,27 0,13

IPP 1,27 0,52 0,47 0,52 0,55 0,53 0,35 0,25

De acordo com a Tabela 17 as granjas 2, 7 e 8 foram rebanhos onde a RAP estava presente, mas não constituiu uma ameaça. As granjas 1, 4, 5 apresentaram-se no limiar de risco para RAP. Já as granjas 3 e 6 apresentaram um índice elevado, sendo considerado rebanho problema. Quanto ao índice de pnemumonia, apenas a granja 1 teve ocorrência grave de pneumonia, nas demais granjas não foi considerada como problema.

A Tabela 18 demonstra o número de estômagos avaliados e os graus de lesões encontrados na pars esofágica. Como pode – se observar, todas as granjas apresentaram algum grau de lesão, sendo a paraqueratose (grau 1) na região pars esofágica a mais prevalente.

Além das lesões na região pars esofágica nas granjas 2, 3 e 4 foram observados sete estômagos com lesão na região glandular, e nas granjas 7 e 8 apenas um estômago com lesão nessa região.

Tabela 18 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de estômagos avaliados, no frigorífico, por grau de lesão na pars esofágica e a porcentagem de animais com algum grau de lesão em cada granja.

Grau de lesão na pars esofágica Granjas

1 2 3 4 5 6 7 8 0 5 0 0 1 18 0 1 0 1 7 31 39 42 31 38 43 40 2 29 16 14 14 9 19 4 6 3 14 9 6 2 2 2 3 4 4 0 4 3 1 0 1 0 0 Total de estômagos 55 60 62 60 60 60 51 50 % de estômagos lesão 91% 100% 100% 98% 70% 100% 98% 100%

De acordo com a tela Tabela 19 todas as granjas apresentaram algum tipo de lesão nos rins avaliados, e as nefrites foram as alterações mais observadas.

Tabela 19 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de rins avaliados, no frigorífico, por lesão e a porcentagem de animais com alguma lesão em cada granja.

Tipo de lesão nos rins Granjas

1 2 3 4 5 6 7 8 Sem alteração 17 38 38 30 34 32 40 36 Nefrite 5 13 9 20 16 20 15 10 Cisto 3 5 10 5 9 2 5 15 Infarto 1 5 3 5 1 5 0 1 Total de rins 26 61 60 60 60 59 60 62

% de rins com lesão 35% 38% 37% 50% 43% 46% 33% 42%

A Tabela 20 demonstra as percentagens do grau de lesão do fígado, segundo o número de manchas brancas. Não foram encontradas alterações na consistência, presença de abscesso e alterações na coloração do fígado.

Tabela 20 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Número de fígados avaliados, no frigorífico, por grau de lesão de manchas brancas e a porcentagem de animais com algum grau de lesão em cada granja.

Grau de manchas brancas Granjas

1 2 3 4 5 6 7 8

0 27 49 48 41 46 38 18 49

1 0 8 6 9 11 19 3 13

2 1 2 6 4 3 3 0 0

Total de fígados 28 59 60 54 60 60 21 62

Na Tabela 21 estão as principais causas de desvio de carcaça, no frigorífico, por granja. Sendo a pleurisia a principal causa de desvio de carcaça em todos os granjas acompanhados.

Tabela 21 - Acompanhamento sanitário de animais criados no Sistema WF. Principais causas e porcentagem de desvio de carcaça, pelo SIF, no abatedouro, por granja.

Número de carcaças desviadas

Lesão Granjas 1 2 3 4 5 6 7 8 Pleurisia n 14 10 16 29 14 13 3 2 % 53,85 90,91 47,06 60,42 46,67 81,25 23,08 100 Dermatite n 4 - 11 15 13 1 8 - % 15,38 32,35 31,25 34,33 6,25 61,54 Pneumonias n 2 - 4 2 - 1 - - % 7,69 11,76 4,17% 6,25 - - Peritonite n 2 1 - 1 3 - - - % 7,69 9,09 2,08 10,00 Abscessos n 2 - 1 1 - 1 1 - % 7,69 2,94 2,08 6,25 7,69 Artrites n 1 - 1 - - - 1 - % 3,58 2,94 7,69 Enterite n 1 - 1 - - - - - % 3,58 2,94 Total de desvio 26 11 34 48 30 16 13 2

6 DISCUSSÃO

Diferentemente dos galpões utilizados nos Estados Unidos (YACENTIUK, 2007), todos os galpões, do presente trabalho, possuíam 100% de piso de concreto compacto. Esses galpões não seguem uma padronização, havendo variação de um galpão para outro e por vezes entre baias. Isso se justifica pelo sistema WF estar sendo introduzido no Brasil, e ainda estar passando por fases de adaptações.

Na fase de creche, no presente trabalho, foram observadas maiores frequências de diarreia nas duas primeiras semanas após o alojamento, que nos sistemas convencionais, correspondem ao período de ocorrência da Síndrome de Diarreia Pós Desmame (SDPD) (MORÉS e AMARAL, 2001; MORÉS e MORENO, 2007). A SDPD é uma doença de etiologia multifatorial sendo a Escherichia coli enterotoxigênica o principal agente infeccioso envolvido (MORÉS e MORENO, 2007). Nas amostras de zaragatoa realizadas, os agentes isolados foram E. coli e Yersinia enterocolitica. Esta última já isolada como causa de diarreia em suínos desmamados (TAYLOR, 1999; BARCELLOS e OLIVEIRA, 2007). Além dos agentes etiológicos identificados, alguns fatores predisponentes foram observados nessa fase, como longo período de transporte, mistura de vários lotes em uma mesma granja, alojamento de mais de 20 leitões por baia, além de ocorrência de tosse e espirro em algumas granjas (granjas 2, 3, 4, 5 e 8) e temperatura abaixo da zona de conforto.

Na fase de crescimento e terminação foi possível associar a diarreia, ocorrida na granja 8 aos 105 dias de idade, com Salmonella sp., e na granja 7 aos 88 dias de idade, com a

Lawsonia intracelullaris.

A diarreia associada a Salmonella sp. foi observada em período semelhante de ocorrência no sistema tradicional, que vai do desmame até 3 a 4 meses de idade (Kich, 2007). Os principais sorovares envolvidos nos casos de enterocolite por Salmonella são o

Choleraesuis e Thyphimurium (SCHWARTZ, 1999; KICH, 2007), mas no presente trabalho as cepas isoladas não foram sorotipificadas, sendo o diagnóstico realizado atravéz do exame clínico, e isolamento bacteriológico.

A Enteropatia Proliferativa foi observada, antes do período descrito por Fangman (2001), que observou a doença aos 112 de idade no sistema WF e aos 126 dias de idade no

sistema tradicional. No sistema tradicional geralmente, a forma crônica da Enteropatia Proliferativa acomete animais de 2 a 4 meses de idade e a forma hemorrágica, animais de 4 a 12 meses de idade (GUEDES, 2007b).

Na granja 2, 26,65% dos suínos apresentaram, aos 114 dias, diarreia líquida de coloração esverdeada a acinzentada que melhoraram sem intervenção medicamentosa na granja. Contudo a empresa não informou se a ração adminstrada continha ou não aditivos antimicrobianos. O quadro clínico foi compatível com enterite por Brachyspira sp., sendo os sinais clínicos semelhantes aos da Colite espiroquetal. Nessa doença a diarreia geralmente ocorre, nos sistemas tradicionais de criação, entre 60 a 85 dias de idade, após o reagrupamento na fase de crescimento e terminação (BARCELLOS, 2001). O isolamento das

Brachyspira sp. é difícil, por se tratarem de espiroquetas anaeróbias e exigir meios de cultivo específicos (BARCELLOS, 2001; GUEDES, 2007a). O tempo de chegada do material ao laboratório é crítico e indiretamente proporcional à taxa de sucesso no isolamento (GUEDES, 2007a).

Nas demais granjas, não foi possível identificar as causas das diarreias nos animais nas fases de crescimento e terminação. Entretanto, os agentes normalmente associados a quadros de diarreia nessas fases são as Brachyspira sp, a Lawsonia intracelullaris, a Salmonella Choleraesuis e a S. Thiphimurium (GUEDES, 2007a; BARCELLOS, 2001; MACHUCA, 2009). Nesses casos, a troca de ração precedeu a ocorrência de diarreias nos animais. A mudança de ração é considerada um dos fatores de risco para a ocorrência dessas doenças (GUEDES e BARCELLOS, 2007).

Nenhuma granja foi considerada com problema sério de rinite atrófica, pois não foram observadas frequências de espirro maiores ou iguais a 15%. Porém, houve um aumento das frequências de espirro com a idade, ocorrendo maiores valores nas 13ª e 18ª semanas de idade, alcançando índices de 8,72% e 13,95%, respectivamente. Os resultados foram semelhantes aos de Morés et al. (2001), que observaram médias maiores das frequências de espirro com 13ª semanas de idade, nas criações comerciais.

As granjas 2 e 3 apresentaram altos índices de espirro, além da 13ª e 18ª semanas de idade, na primeira avaliação. Isso pode estar relacionado ao fato dessas granjas terem galpões mais secos e utilizarem cortinas mais fechadas na primeira semana de alojamento. Os espirros são comuns em casos de irritação da mucosa nasal de origem não infecciosa, como as que ocorrem em situações como superlotação, excesso de pó, deficiência de ventilação ou de excesso de gases nas instalações (BOROWSKI et al., 2007).

Todas as granjas, com exceção da granja 5, apresentaram até a 3ª avaliação frequência de tosse abaixo de 10%, não sendo granjas com problema importante de pneumonia. Os índices de tosse aumentaram na 13ª e 18ª semanas de idade, semelhante ao relatado no sistema WF por Fangman (2001), que observou aumento desse índice na 15ª semanas de idade. Em criações comerciais esse aumento foi constatado também em período semelhante, sendo observado na 16ª e 22ª semana por Gardner & Hird (1990) e 13ª e 17 ª semanas por Morés et al. (2001).

A granja 5 teve índices de risco de pneumonia na 1ª e 2ª avaliações, e nas demais avaliações os índices permaneceram constantes. A umidade elevada das baias, a frequência elevada de diarreia e a falta de circulação de ar podem ter favorecido a manifestação da tosse, nas duas primeiras semanas. A introdução de novos animais no galpão aos 20 dias de alojamento, provavelmente com novos agentes infecciosos respiratórios, pode ter colaborado para a permanência dos sinais clínicos ao logo do alojamento.

Todas as granjas acompanhadass tiveram mortalidade baixa na fase de creche (0 – 1,08%). Nessa fase, a taxa de mortalidade nos sistemas com boas práticas de manejo e com padrões sanitários aceitáveis deve ser inferior a 1,5%, e valores acima de 2,5% são considerados críticos (AMARAL et al., 2006).

Nas fases de crescimento/terminação o índice de mortalidade deve ser inferior a 0,6%, sendo considerado como crítico valores maiores que 1% (AMARAL et al., 2006). Como nas granjas 2, 3, 5, e 7 foi diagnosticado circovirose, as taxas de mortalidade estão dentro dos níveis aceitáveis (1,82 - 2,91%), pois em granjas com circovirose, há um aumento de três vezes nos indices de mortalidade (MORÉS, 2005).

As granjas 1, 4 e 8 apresentaram taxas de mortalidade maiores que os níveis aceitáveis em granjas com a presença de circovirus, 6,75%, 4,75 e 5,13%, respectivamente.

A taxa de mortalidade total das granjas durante o período de alojamento, variou de 2,05 a 6,75% sendo semelhantes as relatadas por Peralta (2008) (3,32%), Fangman (2001) (7,21%), Hollis (2007) (2,13%, 5,57% e 3,68%) e Xue, Yeske & Morrison (2008) (2,88%) em sistemas WF em outros países.

Mortes por erros de manejo, como irregularidade ou falta de alimentação, lesões contaminadas por miíase, aumentaram consideravelmente a taxa de mortalidade total das granjas 2, 7 e 8, representando 25%, 28,57% e 40%, das causas mortes, respectivamente. Nas demais granjas essa causa morte variou de 0 a 11,11%. A Síndrome da distensão intestinal suína (SDI), também chamada de Vólvulo, Síndrome do Intestino Hemorrágico e Torção do Mesentério, foi a causa mais observada entre as mortes por problemas de manejo, na fase de

crescimento e terminação, sendo essa uma das principais causas de morte nessas fases (2 a 5 meses de idade) na suinocultura intensiva (MORÉS, SONCINI e SOBESTIANSKY, 1986; MORÉS, 2009; PIEROZAN et al., 2010). Na maioria dos casos essa síndrome parece estar relacionada com variáveis ligadas à alimentação. Os sinais clínicos podem se manifestar entre meia a uma hora após as refeições e com o uso de qualquer tipo de alimento. Entretanto, a incidência tem sido maior após um período de restrição alimentar (PIEROZAN et al., 2010).

O elevado percentual de mortes por pneumonia observada na granja 1 pode estar relacionado com as origens diferentes dos animais associado ao inadequado manejo de cortinas. A densidade elevada de suíno por m2, a ausência ou, o manejo inadequado de cortinas e janelões, volume de ar disponível menor que 3m3/suíno e excesso de poeira

ambiental são os principais fatores associados com aumento na prevalência de pneumonias (DALLA COSTA et al., 2000; STÄRK, 2000). Outro fator a ser considerado na origem dos problemas respiratórios dessa granja é a circovirose que, além de ser causa primária de pneumonia, é capaz de prejudicar a defesa pulmonar contra patógenos bacterianos como

Pasteurella multocida, Streptococcus suis, Bordetella bronchiseptica ou Haemophylus

parasuis a que os suínos são comumente expostos (CASWETT & WILLIAMS, 2007). A circovirose na forma de síndrome de refugagem multissistêmica, juntamente com a forma respiratórias, foi uma das principais causas de morte identificadas, representando em torno de 25,20%. As granjas com uma percentagem maior de mortos foram 1, 4 e 5, que apresentaram, respectivamente, 32,14%, 31,03 e 33,33% de suínos mortos pela doença. A mortalidade por circovírus geralmente fica entre 3 e 10%, mas rebanhos com taxas de mortalidade maiores de 35% têm sido relatados (MORÉS, 2005).

Os prováveis fatores para a ocorrência da doença nas granjas foram a não vacinação de porcas e leitões para PCV2, juntamente com a mistura de animais provenientes de várias origens (4 a 13). A granja 4 foi o mais afetado, pois além da mortalidade houve maior número de animais refugos e uma acentuada desuniformidade de lote. Os sinais clínicos e lesões observados nos casos de circovirose foram semelhantes aos observados por Corrêa (2006) e Ciacci-Zanella et al. (2003) e citados Ciacci-Zanella (2001).

A Polisserosite foi observada na granja 4 e na granja 6 aos 120 e 60 dias de idade, respectivamente. Essa lesão pode ser observada nas infecções causadas por Haemophylus

parassuis, Streptococcus sp., Erysipelothrix rhusiopathiae e Mycoplasma sp. (SANTOS & SOBESTIANSKY, 2007). A ocorrência de uma mortalidade maior, três casos, por Poliserosite na granja 4 está associada à presença de PCV2, pois esse é um fator pré disponente para a ocorrência de doenças secundárias (CORRÊA, 2006).

Nos abates acompanhados, a rinite atrófica e a pneumonia foram diagnosticadas em todas as granjas. As prevalências variaram de 13,3% a 70% para rinite atrófica progressiva e 16,7 a 72,7% para pneumonia. Esses dados são semelhantes ao descrito por Sobestiansky, Piffer e Freitas (1987), que observaram uma variação de 34,4 a 61,1% e 38,4 a 64,4%, para Rinite Atrófica e pneumonia, respectivamente, e são inferiores ao observados por Silva (2001), que relatou prevalência de 78,1% para Rinite Atrófica e 75,70% para pneumonia. Os índices de rinite atrófica (0,13 – 1) e pneumonia (0,25 – 1,27) no presente trabalho foram inferiores aos descritos por Silva (2001) (1,28 e 1,25, respectivamente).

As lesões pulmonares de abate estão de acordo com os achados de necropsia, pois a granja 1 apresentou o maior índice de pneumonia (1,27) e a maior taxa de mortalidade por problemas pulmonares (28,6%). Assim como as granjas 7 e 8, que apresentaram índices baixos de pneumonia (0,35 e 0,25, respectivamente) e não apresentaram mortalidades por problemas respiratórios.

As lesões de cornetos nasais no abate estão de acordo com os achados de necropsia, pois as granjas que apresentaram índices de rinite atrófica no limiar de risco (granjas 1, 4 e 5) ou problema (granjas 3 e 6) também apresentaram RAP nas necropsias. Nas granjas 3 e 4, os graus de lesões observados nas necropsias foram semelhantes aos observados no abate, lesões de grau 1 e 2. Na granja 1 foi observado na necropsia, animais com grau 3, que não foram constatados na monitoria de abate. Na granja 5 foi observado animais com grau 2 de lesão, e na necropsia não foi evidenciado lesão de cornetos. Na granja 6 o IRA foi alto porém o grau 1 de lesão foi o mais freqüente (50%), justificando a não observação de lesão de cornetos na necropsia, visto que quando ocorre uma atrofia leve de cornetos, pode haver incerteza quanto ao diagnóstico da doença (MARTINS, SCARSI & PIFFER, 1985). Os animais, das demais granjas, não apresentaram lesões graves na necropsia e no frigorífico.

No presente trabalho, 100% das granjas apresentaram algum grau de lesão gástrica. As frequências de lesões observadas (70 a 100%) foram superiores as encontradas nos estudos em abatedouro com estômagos de suínos provindos de granjas comerciais por Carvalho et al. (1999) (64%) e Yamasaki et al. (2006) (86.1%), Ciacci, Morés, e Sobestiansky (1991) (23,7%). A variabilidade desse índice por granja provavelmente se deva a grande gama de fatores que influenciam na formação de úlcera gástrica em suínos. Nas granjas acompanhadas os maiores fatores predisponentes observados foram estresse térmico (todos os granjas), problema de limpeza com acúmulo de fezes (granja 2), frequência de alimentação (granja 7), doenças associadas a circovírus (granjas 1, 3 e 4), exceto a granja 6.

As lesões mais prevalentes observadas foram de paraqueratose grau 1 seguida de grau 2, concordando com Carvalho (1999), Yamasaki et al. (2006). As lesões na região glandular também foram presentes em 5 granjas com frequência de 11% nas granjas 2, 3, 4 e 1% nas granjas 7 e 8.

No presente trabalho, a pleurisia foi a principal causa de desvio de carcaça, com índices 23-100%. Esses são maiores que àqueles observados por Dal Bem (2008) (24,26% e 20,83%) e Morés (2006) (12,7%) em granjas em sistema convencional de criação. Em contrapartida as pneumonias foram responsáveis por 4,1 a 11% dos problemas de desvio de carcaça, sendo inferiores ao observado por Morés (2006) (50%) em estudo de condenação de carcaça em um abatedouro da região Sul do Brasil.

7 CONCLUSÃO

O presente trabalho obtido por meio de avaliações sanitárias de suínos criados em sistema “wean to finish”, em oito granjas no período de janeiro a junho de 2009, permitiu concluir que:

Nas avaliações clínicas constatou-se que a maior frequência de diarreia foi no período de creche, e as frequências de tosse e espirro aumentaram no crescimento e terminação. No período de creche a doença mais observada foi a diarreia pós desmame e na fase de crescimento e terminação a circovirose. As principais causas de mortalidade determinadas foram a circovirose seguida de síndrome da distensão intestinal suína (SDI), principalmente no perído que corresponde as fases de crescimento e terminação. As taxas de mortalidade total foram semelhantes às observadas em outros países que utilizam o mesmo sistema. As principais causas de mortalidade, infecciosas e não infecciosas observadas durante a avaliação das granjas ocorreram dentro do peíodo dos sistemas convencionais. Nesse trabalho constatou-se que os problemas em granjas que utlizam o sistema WF são os mesmos, que os relatados em animais mantidos em sistemas convencionais de criação.

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