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Sequência de Decisões no Processo de Internacionalização

CAPÍTULO 1 – TEORIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

1.7. Sequência de Decisões no Processo de Internacionalização

O processo da internacionalização exige uma sequência de decisões no que respeita a motivações, selecção do país, métodos e modalidades.

Li et al. (2005) mencionam que a intenção da empresa em expandir para outros países é motivada por um objectivo final: a criação de valor. Por isso é comum a empresa avaliar a motivação, métodos e modalidades no que se refere às suas habilidades para conseguir o objectivo da criação de valor.

Deste modo, Li et al. (2005) descrevem a sequência de decisões que a empresa deve ter em consideração no seu processo de internacionalização.

Sequência um: Motivação

A primeira etapa no processo da internacionalização defende que a empresa deve ser motivada para utilizar, desenvolver e proteger os seus recursos num país estrangeiro. É esta motivação que força a empresa a expandir-se para além da sua fronteira nacional. Há três possibilidades de motivação que, eventualmente, criam valor para a empresa.

1. A criação do valor através da utilização dos recursos.

Uma empresa internacionaliza-se para criar valor adicional usando recursos. Assim, uma empresa desenvolve recursos num país e expande-os a outro país, a fim de obter retornos mais elevados nos recursos já desenvolvidos.

Para poder transferir recursos de um país a outro, os recursos devem possuir três características. Primeiro, os recursos devem ser abundantes. Os recursos devem estar disponíveis em excesso de modo que seja sempre possível utiliza-los (Chatterjee e Wernerfelt, 1991) e não devem ser consumidos pelo uso como é o caso do conhecimento (Kogut e Zander, 1993).

Em segundo lugar, como os recursos são abundantes é possível transferi-los de um país a outro (Kogut e Zander, 1993) directamente ou indirectamente.

Em terceiro lugar, os recursos, ou o uso na produção de produtos e serviços, devem ser avaliados no mercado externo.

Quando uma empresa tem um recurso que possua as características acima referidas, a empresa desfruta de uma vantagem que é caracterizada como uma motivação que transmite à empresa o ponto de partida no processo da internacionalização. Contudo, os recursos supramencionados não são a única motivação para a internacionalização.

2. Criação do valor desenvolvendo recursos

Uma segunda motivação para que as empresas se internacionalizem é o desejo de criar valor desenvolvendo recursos. Uma empresa opera num país e toma precauções para mover-se para outro a fim de aceder a recursos existentes que supostamente estarão em melhores condições do que os que estão disponíveis no país onde opera.

O acesso a esta localização de recursos – tais como recursos naturais, eficiência, recurso estratégico ou as capacidades – ajuda o negócio a desenvolver os seus próprios recursos e vantagens competitivas.

Em alguns casos os recursos que uma empresa necessita podem não estar disponíveis no país de origem estando somente desimpedidos em determinados locais. Por exemplo os recursos naturais estão apenas disponíveis em determinadas partes do mundo.

Na maior parte dos casos uma empresa pode ser motivada a internacionalizar-se a fim de obter recursos desenvolvidos em determinados locais que são considerados estar em melhores condições do que a disponibilidade no país doméstico.

É igualmente possível uma empresa internacionalizar-se para procurar financiamento bem como para reduzir pagamentos de impostos (Rugman e Eden, 1985)

3. Criação do valor protegendo recursos

Uma terceira motivação para a internacionalização da empresa é criar valor protegendo recursos. A empresa segue os movimentos da internacionalização dos concorrentes (Knickerbockers, 1973) ou dos clientes a fim de evitar perdas de investimentos existentes nos recursos em outros locais. Nos casos onde uma empresa segue os concorrentes para se internacionalizar, o objectivo é impedir os concorrentes de obterem retornos elevados sobre os recursos existentes ou aceder aos recursos locais importantes no estrangeiro que lhes podem dar a margem competitiva.

Nos casos onde uma empresa segue clientes para se internacionalizar, o objectivo é evitar perder a cooperação com seus clientes e, igualmente, obter a vantagem expandindo as suas operações para além da fronteira nacional (Li et al., 2005).

Sequência dois: Selecção do país

A selecção do país é função da motivação para a internacionalização da empresa. Isto varia de acordo com o país e com os atributos do mesmo relativamente ao ambiente competitivo, que determina a força da empresa na consecução do seu objectivo final, a criação de valor. De acordo com Nelson (1993), uma empresa que pretenda desenvolver recursos tecnológicos selecciona países com uma infra-estrutura tecnológica desenvolvida.

Sequência três: Método da internacionalização

A terceira decisão é o método correcto da internacionalização. O método correcto deve permitir a criação de valor, o comércio ou o investimento directo no estrangeiro. A selecção entre os dois métodos da internacionalização, método directo e método indirecto, dependerá da aptidão da empresa para transferir recursos através dos países. A transferência de recursos pode estar directamente dentro da empresa utilizando o investimento directo no estrangeiro (Kogut e Zander, 1993) ou indirectamente utilizando o comércio, através dos produtos que têm as vantagens dadas pelos recursos da empresa.

Um outro factor que pode influenciar o método da internacionalização é o nível de internacionalização da empresa em outros mercados com condições homogéneas (Barkema e Vermeulen, 1998).

Sequência quatro: Modalidade da internacionalização

A quarta decisão da sequência é a selecção de modos apropriados de internacionalização, que incluem: o desenvolvimento interno, as alianças com outras empresas ou aquisição para permitir a criação de valor. Deve-se anotar que a sequência da decisão no processo de internacionalização não é estática, são revistas como condições competitivas e ambientes institucionais de mudança nas actividades estrangeiras.

Outras mudanças na combinação de recurso e os acontecimentos ao longo do tempo podem conduzir a empresa a modificar a sua operação internacional (Birkinshaw et al., 1998). Como a empresa desenvolve recursos, as suas mudanças comparativas de vantagens competitivas permitem mudar as suas actividades no estrangeiro.

No sentido de sintetizar toda a informação acima descrita, e com base no modelo baseado nos recursos, Li et al. (2005) elaboraram uma tabela ilustrando a sequência decisões no processo de internacionalização bem como os seus respectivos factores, conforme se apresenta na figura 2.

Figura 2- Sequência de decisões no processo de internacionalização