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3.2   Bibliotecas Públicas 43

3.2.9   Serviços 60

 

“ os bibliotecários têm de ter capacidade para "inventar" novas formas de ser uma biblioteca viva e actuante na sociedade.”  

(PIRES, 2003, p. 123)  

  Traçar o perfil dos utilizadores é tarefa imprescindível para a criação de serviços. Esta informação servirá, de igual modo, como parâmetro maleável e flexível na construção dos objectivos e na estruturação da avaliação das Bibliotecas. Embora existam directrizes para os serviços de Bibliotecas Públicas, cada instituição deverá adequá-las de acordo com a demanda (ALMEIDA JÚNIOR, 2003).  

Estes serviços devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. Serviços e materiais específicos devem ser postos à disposição dos utilizadores que, por qualquer razão, não possam usar os serviços e os materiais correntes (MANIFESTO DA IFLA/UNESCO, 1994).  

Os principais serviços que as Bibliotecas devem colocar à disposição dos seus utilizadores, são seguidamente sistematizados (vide Tabela 2) de acordo com o documento “Biblioteca Pública: princípios e directrizes” (BRASIL, 2000, p. 93-98) apud Cabreira (2011):  

Tabela 2: Serviços prestados pelas Bibliotecas

SERVIÇO DEFINIÇÃO

Referência e informação

Referência é o termo aplicado à relação entre bibliotecas e utilizadorores em busca de informação; é a orientação que o pessoal das bibliotecas pode oferecer aos utilizadores para que estes encontrem as respostas às suas necessidades de informação, ou, se as bibliotecas não dispuserem de tais meios, deverão indicar onde obtê-los, seja através dos serviços de outras bibliotecas ou instituição congéneres, seja através da consulta na Internet.

Programas de formação e orientação de

utilizadores

Dentro destes programas deverão ser oferecidos serviços e actividades orientadas não apenas para divulgação das bibliotecas, mas também para formulação dos respectivos utilizadores no uso de serviços automatizados e demais fontes de informação disponíveis.

Empréstimo domiciliário

Estes serviços visam, essencialmente, possibilitar aos leitores um maior tempo para a leitura já que, muitas vezes, os horários das bibliotecas não coincidem com as horas livres das pessoas, principalmente dos adultos em idade activa. São serviços fundamentais para estimularem a leitura em todos os segmentos da população.

Serviços de auscultação

Os Serviços de auscultação são canais de comunicação entre a biblioteca e seus utilizadores com o objectivo de avaliar e melhorar a qualidade de seus serviços. Os serviços da instituição, que podem ser prestados pessoalmente, por correspondência, por telefone [virtualmente] ou através de urnas colectoras colocadas, com este objectivo específico, em locais bem visíveis das bibliotecas.

Memória local

Caso não existam museus ou arquivos, e mesmo que existam e actuando de forma concertada e complementar, cabe às bibliotecas recolher documentação sobre os aspectos do seu município e da própria comunidade, tais como: dados estatísticos, livros, revistas, artigos de jornal, plantas, mapas, folhetos e fotografias.

Serviços especiais

Embora as Bibliotecas Públicas devam, por princípio, atender toda comunidade, algumas sugestões de serviços poderão ser: livros, quadrinhos, jogos, música, cinema, brinquedos e material para criatividade e arte, assim como, sugerir serviços a públicos específicos. As bibliotecas devem, por exemplo, participar de todas as actividades da comunidade que visam a erradicação do analfabetismo.

Extensão O desenvolvimento de actividades extra-muros é uma importante estratégia de actuação junto da comunidade. Os serviços de extensão podem ser desenvolvidos, através de recursos, tais como: bibliomóvel, vagão-biblioteca, barco-biblioteca, caixa-estante (também chamadas bibliotecas ambulantes) e bibliotecas ramais ou sucursais.

Informação à Comunidade (SIC)

SIC é o serviço da biblioteca destinado a auxiliar indivíduos ou grupos, através de um banco de dados dos recursos e serviços disponíveis na comunidade. Este serviço contribui, através do uso eficaz da informação, para o fortalecimento da identidade cultural de uma comunidade, uma vez que essa identidade cultural se forma através do conhecimento que a comunidade possui do seu passado, da situação actual e, consequentemente, de uma visão clara do futuro.

Fonte: Biblioteca Nacional (2000, p. 93-98) apud Cabreira (2011).  

 

Em matéria de informação e segundo a IFLA (2013), as Bibliotecas Públicas devem prestar serviços que atendam as necessidades da comunidade local. O planeamento destes serviços, supõe a definição de prioridades claras e o desenvolvimento de uma estratégia para a sua prestação, a médio e longo prazo, considerando o grupo-alvo. Tal prestação deve, necessariamente, desenvolver-se independentemente do nível de financiamento disponível para a Biblioteca.  

Estes serviços não devem ser sujeitos a qualquer forma de pressão ideológica, política, religiosa ou comercial, devendo reflectir as mudanças e preocupações actuais da comunidade onde se localiza a Biblioteca. Devem, e novamente segundo a IFLA (2013), encontrar-se definidos em legislação, segundo uma diversidade e aprofundamento variável, em função da dimensão das bibliotecas, devendo dos mesmos constar:  

 

− empréstimo de livros e outros materiais;  

− disponibilização de livros e outros materiais para uso na biblioteca;   − informação através de meios impressos e electrónicos;  

− aconselhamento ao leitor incluindo serviços de reserva;   − informação à comunidade;  

− formação de utilizadores, incluindo apoio a programas de literacia;   − programação de actividades e eventos;  

− novas ferramentas de comunicação, tais como blogues, SMS e redes sociais, usadas quer para serviço de referência, quer para relações públicas.  

 

A filosofia subjacente à disponibilização destes serviços deve ter em conta a abrangência de toda a comunidade, sem excepção. Para a eficácia deste objectivo, as Bibliotecas devem participar activamente numa ou mais redes de serviços (IFLA, 2013).  

Os serviços podem, também, ser subdivididos de forma a satisfazer pessoas de todas as idades e em todas as fases da vida, nomeadamente (IFLA, 2013):  

 

- crianças;   - jovens;   - adultos;  

- grupos da comunidade;  

- grupos especiais de utilizadores.    

Considerando-se que a população moçambicana é essencialmente constituída por jovens, e que as Bibliotecas Públicas são usadas principalmente por este segmento da população, esta situação exige um esforço mais concentrado sobre a prestação de serviços específicos dentro das Bibliotecas. Uma das principais tarefas das Bibliotecas Públicas, hoje, relativamente à população jovem, é a produção e disponibilização de fontes de informação para cumprir o auto-conhecimento da cultura e da identidade, valores essenciais para qualquer indivíduo (ISSAK, 2000).  

Sobretudo, são indicadas para a melhoria dos serviços prestados pelas Bibliotecas Públicas, as seguintes sugestões (PROENÇA, 2015):  

 

- desenvolver uma postura de abertura ao diálogo no desenho de soluções para as necessidades informacionais da comunidade;  

- criar (urgente) novas estratégias para chegar mais próximo das pessoas, conhecê-las, reconhecê-las, escutá-las;  

- proporcionar um maior envolvimento da comunidade, através de fóruns de auscultação;  

- desenhar e desenvolver serviços para todos os segmentos etários e todos os grupos sociais, em conformidade com a diversidade de necessidades informacionais;  

- (importante) pôr em evidência o poder de proporcionar uma aprendizagem e qualidade de vida das comunidades;  

- identificar novos parceiros (locais, nacionais e internacionais- públicos e privados);  

- propor uma nova imagem, ultrapassando os estereótipos comuns das Bibliotecas Públicas.