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Serviços de Estrangeiros e Fronteiras

CAPÍTULO II: EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE SEGURANÇA INTERNA EM PORTUGAL

2.3. Atuais estruturas policiais

2.3.5. Serviços de Estrangeiros e Fronteiras

Missão e Área Territorial de Intervenção

Na sequência da Revolução de 74, ao ser extinta a Direção-Geral de Segurança, o mesmo Decreto-Lei que a extinguia, entregava simultaneamente à Polícia Judiciária o controlo de estrangeiros em território nacional e à Guarda Fiscal a vigilância e fiscalização das fronteiras. Apesar de ter sido integrado na PSP, no entanto, devido o seu domínio de atuação houve necessidade de haver um alargamento, individualizando-se como serviço de segurança ao qual hoje se denomina por Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Os objetivos deste Serviço visam controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a permanência e atividades de estrangeiros em território nacional, bem como estudar, promover, coordenar e executar as medidas e ações (LOSEF, 2012) relacionadas com aquelas atividades e com os movimentos migratórios.

Competências Estatutárias

As atribuições acometidas ao SEF dizem respeito ao plano interno e internacional. Muitas destas competências verificam-se também ao nível do normativo europeu e internacional por isso mesmo se verifica uma extensa atribuição de competência a este serviço. São assim competências do SEF o seguinte:

a) Vigiar e fiscalizar nos postos de fronteira, incluindo a zona internacional dos portos e aeroportos, a circulação de pessoas, podendo impedir o desembarque de passageiros e tripulantes de embarcações e aeronaves indocumentados ou em situação irregular;

b) Impedir o desembarque de passageiros e tripulantes de embarcações e aeronaves que provenham de portos ou aeroportos de risco sob o aspeto sanitário, sem prévio assentimento das competentes autoridades sanitárias;

c) Proceder ao controlo da circulação de pessoas nos postos de fronteira, impedindo a entrada ou saída do território nacional de pessoas que não satisfaçam os requisitos legais exigíveis para o efeito;

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d) Autorizar e verificar a entrada de pessoas a bordo de embarcações e aeronaves;

e) Controlar e fiscalizar a permanência e atividades dos estrangeiros em todo o território nacional;

f) Assegurar a realização de controlos móveis e de operações conjuntas com serviços ou forças de segurança congéneres, nacionais e espanholas;

g) Proceder à investigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal, bem como investigar outros com ele conexos, sem prejuízo da competência de outras entidades;

h) Emitir parecer relativamente a pedidos de vistos consulares;

i) Conceder em território nacional vistos, prorrogações de permanência, autorizações de residência, bem como documentos de viagem nos termos da lei;

j) Reconhecer o direito ao reagrupamento familiar;

k) Manter a necessária colaboração com as entidades às quais compete a fiscalização do cumprimento da lei reguladora do trabalho de estrangeiros;

l) Instaurar, instruir e decidir os processos de expulsão administrativa de estrangeiros do território nacional e dar execução às decisões de expulsão administrativas e judiciais, bem como acionar, instruir e decidir os processos de readmissão e assegurar a sua execução;

m) Efetuar escoltas de cidadãos objeto de medidas de afastamento;

n) Decidir sobre a aceitação da análise dos pedidos de asilo e proceder à instrução dos processos de concessão, de determinação do Estado responsável pela análise dos respetivos pedidos e da transferência dos candidatos entre os Estados membros da União Europeia;

o) Emitir parecer sobre os processos de concessão de nacionalidade portuguesa por naturalização;

p) Analisar e dar parecer sobre os pedidos de concessão de estatutos de igualdade formulados pelos cidadãos estrangeiros abrangidos por convenções internacionais;

q) Assegurar a gestão e a comunicação de dados relativos à parte nacional do Sistema de Informação Schengen (NSIS) e, sem prejuízo das competências de outras entidades, de outros sistemas de informação comuns aos Estados membros da União Europeia no âmbito do controlo da circulação de pessoas, nomeadamente o Sistema de Informação de Vistos (VIS) e o Sistema de Informação Antecipada de Passageiros (APIS), bem como os relativos ao sistema de informação do passaporte eletrónico português (SIPEP);

r) Cooperar com as representações diplomáticas e consulares de outros Estados, devidamente acreditadas em Portugal, nomeadamente no repatriamento dos seus nacionais;

s) Assegurar o cumprimento das atribuições previstas na legislação sobre a entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional;

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t) Assegurar as relações de cooperação com todos os órgãos e serviços do Estado, nomeadamente com os demais serviços e forças de segurança, bem como com organizações não -governamentais legalmente reconhecidas;

u) Coordenar a cooperação entre as forças e serviços de segurança nacionais e de outros países em matéria de circulação de pessoas, do controlo de estrangeiros e da investigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal e outros com eles conexos;

v) Assegurar o planeamento e a execução da assistência técnica necessária ao correto funcionamento dos centros de cooperação policial e aduaneira (CCPA) em matéria de sistemas de informação, plataformas digitais de trabalho e sistemas de comunicação;

w) Emitir o passaporte comum e o passaporte temporário português. 2 — São atribuições do SEF no plano internacional:

a) Assegurar, por determinação do Governo, a representação do Estado Português a nível da União Europeia no Comité Estratégico Imigração, Fronteiras e Asilo e no Grupo de Alto Nível de Asilo Migração, no Grupo de Budapeste e noutras organizações internacionais, bem como participar nos grupos de trabalho de cooperação policial que versem matérias relacionadas com as atribuições do SEF;

b) Garantir, por determinação do Governo, a representação do Estado Português no desenvolvimento do Acervo de Schengen no âmbito da União Europeia;

c) Assegurar, através de oficiais de ligação, os compromissos assumidos no âmbito da cooperação internacional nos termos legalmente previstos;

d) Colaborar com os serviços similares estrangeiros, podendo estabelecer formas de cooperação (LOSEF, 2012).

Dependência Funcional e Estrutura Hierárquica

O SEF é um serviço de segurança, organizado hierarquicamente na dependência do Ministro da Administração Interna, com autonomia administrativa e que, no quadro da política de segurança interna, tem por objetivos fundamentais controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a permanência e atividades de estrangeiros em território nacional, bem como estudar, promover, coordenar e executar as medidas e ações relacionadas com aquelas atividades e com os movimentos migratórios.

A sua direção e chefia são compostas pelas seguintes entidades: o O diretor nacional;

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o Os diretores de direção central e os diretores regionais; o Os inspetores superiores e inspetores;

o Os inspetores-adjuntos principais;

o Os inspetores-adjuntos, quando exerçam funções de chefia de unidades orgânicas.

O SEF divide-se pelos seguintes órgãos e serviços: o Diretoria Nacional;

o Conselho administrativo; o Serviços Centrais;

o Serviços descentralizados. 2 — Os serviços integram ainda:

o Serviços operacionais, que prosseguem diretamente as ações de investigação e fiscalização;

o Serviços de apoio, que desenvolvem um conjunto de atividades de apoio àquelas ações27.

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2.3.6. A Polícia Marítima

Missão e Área Territorial de Intervenção

A Polícia Marítima (PM) é uma força policial armada e uniformizada, dotada de competência especializada nas áreas e matérias legalmente atribuídas ao Serviço de Autoridade Marítima (SAM) e à Autoridade Marítima Nacional (AMN). É composta por militares da Armada e agentes militarizados que garantem e fiscalizam o cumprimento das leis e regulamentos nos espaços de jurisdição marítima nacional, designadamente em espaços integrantes do domínio público marítimo, em águas interiores e em águas sob soberania e jurisdição nacional. Compete-lhe, ainda, em colaboração com as demais forças policiais e de segurança, garantir a segurança e os direitos dos cidadãos (EPPM, 2012).

Competências Estatutárias

Compete à PM, como polícia de especialidade que exerce funções nas áreas de jurisdição da AMN, executar ações de policiamento, fiscalização, vigilância e de investigação, designadamente:

 Efetuar a visita a navios e embarcações nos termos legais;

 Praticar os atos que, no âmbito de polícia, sejam necessários com vista à concessão do despacho de largada de navios e embarcações;

 Realizar os atos de inquérito a sinistros marítimos, efetuando todas as diligências necessárias à respetiva averiguação processual;

 Executar, na sequência de determinações do órgão local da Direcção-Geral da Autoridade Marítima, os atos processuais e instrutórios em âmbito dos ilícitos contraordenacionais;

95  Praticar os atos e realizar as diligências necessárias ao cumprimento das determinações do capitão do porto no âmbito da segurança da navegação, nomeadamente no âmbito de decisões tomadas em matéria do fecho de barra, acesso e navegação em águas interiores e territoriais e transporte de cargas perigosas;

 Efetuar detenções dos estrangeiros que entrem ou permaneçam ilegalmente em território português.

 Executar os atos de detenção de embarcações, nos casos legalmente previstos

 Fiscalizar o cumprimento das normas legais relativas às pescas

 Fazer cumprir as normas respeitantes aos banhistas

 Zelar pela preservação do meio marinho no que respeita a recursos vivos, ao combate à poluição e à vigilância do litoral

 Colaborar com as demais entidades policiais para garantir a segurança e os direitos dos cidadãos

 Preservar a regularidade das atividades marítimas

Como órgão de polícia criminal compete-lhe, entre outras atribuições, desenvolver atos, medidas e demais diligências averiguatórias, em âmbito judicial, sob a direção do Ministério Público (MP) e executar mandados e ordens judiciais, designadamente em matéria de apreensões, arrestos e demais medidas cautelares. A PM pode efetuar diligências de investigação relacionadas com matéria processual que lhe esteja cometida em cumprimento de decisões judiciais e garantir a salvaguarda e proteção de todos os meios de prova relacionados com infrações detetadas (EPPM, 1995).

Compete também à PM:

 Intervir para estabelecer a ordem a bordo de navios e embarcações sempre que ocorra perigo para a segurança e perturbação da tranquilidade do porto ou quando requerido pelo respetivo capitão ou cônsul do Estado de bandeira;

 Verificar as condições de acesso a bordo de navios e embarcações, de modo a garantir a segurança de pessoas e a manutenção da ordem;

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 Efetuar a investigação de ocorrências em caso de naufrágios;

 Instruir processos de contraordenação (EPPM, 1995).

Dependência Funcional e Estrutura Hierárquica

A AMN compreende os seguintes órgãos e serviços: a Polícia Marítima (PM) e a Direção Geral da Autoridade Marítima (DGAM). A DGAM o serviço, integrado no Ministério da Defesa Nacional através da Marinha para efeitos da gestão de recursos humanos e materiais, dotado de autonomia administrativa, responsável pela direção, coordenação e controlo das atividades exercidas pelos seus órgãos e serviços no âmbito da AMN. Os órgãos de comando da PM estruturam-se do seguinte modo:

• Comandante-geral (CG) • 2º Comandante-geral (2CG) • Comandantes Regionais (CR) • Comandantes Locais (CL)

Sendo uma estrutura hierarquizada a PM está estruturada da seguinte forma:

 Inspetores  Subinspetores  Chefe

 Subchefes

 Agentes: 1.ª; 2.ª e 3.ª classe (EPPM, 1995)28.

28 Informação obtida através do site oficial da Autoridade Marítima Nacional: http://www.amn.pt/, e

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