• Nenhum resultado encontrado

6. Atividades complementares de treino

6.1. Sessão de psicologia para pais

O envolvimento dos pais no desporto de formação é um aspeto crítico que requer todo o nosso cuidado (Holt & Knight, 2014). Partindo de questões logísticas como o transporte para treinos e competições e/ou fornecimento de material desportivo a questões emocionais, muito recorrentes nesta fase de adolescência e construção da sua identidade, os pais desempenham um papel crucial na formação dos seus filhos, que se irá refletir nas suas atitudes, ambições e rendimento (Côte, 1999; Wolfenden & Holt, 2005). Felizmente, alguns pais implementam o seu papel com sucesso e influenciam, de forma positiva, o desenvolvimento desportivo dos jovens (Wolfenden & Holt, 2005). Por outro lado, existem também os que influenciam negativamente o rendimento e crescimento dos seus filhos (McMahon & Penney, 2015).

No desporto, a qualidade das experiências competitivas está relacionada com o tratamento que os pais conferem aos filhos, quando estes alcançam os resultados esperados ou quando não o alcançam (Barbanti, 1992).

Os resultados de um estudo realizado por Henriksen et. al (2014), concluíram que jovens atletas devem abarcar consigo um conjunto de habilidades abrangentes, que lhes permita lidar com diversos desafios existenciais, e que os agentes envolvidos na realidade desportiva dos jovens (treinadores, pais, psicólogos) devem estar em constante interação, onde o papel interventivo de especialistas em áreas como a psicologia deve manter objetivos a médio/longo prazo.

O modus operandis do ceio familiar pode ditar, de forma positiva ou negativa, o rendimento do atleta. De forma a complementar o trabalho que, em parceria com a psicóloga do clube, Doutora Elisabete Santos, temos vindo a desenvolver com a nossa equipa, procuramos trabalhar em conjunto com os pais dos nossos nadadores, por considerarmos ser um elo vantajoso para todos os intermediários. Com o intuito de disponibilizar aos pais/encarregados de educação material e informação crucial para o desenvolvimento de parentalidade positiva no desporto, idealizamos e concretizamos uma sessão de psicologia monitorizada por mim e pela

106

já referida Doutora Elisabete Santos. Esta teve lugar na Exponor, no dia 2 de Dezembro de 2017, com início marcado para as 10 horas.

Com toda a brevidade possível planeamos esta sessão onde delineamos os seus objetivos: i) realçar a importância da psicologia do desporto em jovens nadadores; ii) explicar a relação entre o fator físico e o psicológico; iii) evidenciar a necessidade da comunicação entre pais/treinadores/psicólogo; iv) incutir alguns valores basilares do código de ética do agente desportivo; v) expor conceitos como stress e ansiedade no desporto, assim como estratégias para reduzir o seu impacto; vi) realização de um exercício de relaxamento tipo; vii) destacar a influência dos pais no rendimento desportivo em jovens atletas; viii) enumerar exemplos práticos de parentalidade no desporto.

A sessão deu-se por iniciada com uma breve introdução realizada por mim. Introduzi a sessão com uma gravação de vídeo onde cada nadador respondeu às seguintes questões: “Qual o significado que a natação tem na tua vida?”, “O que te move a estar presente em treinos e competições?”. O relato dos jovens nadadores fez a ligação necessária para se perceber a pertinência da sessão. De seguida relacionei o fator físico com o fator psicológico, na medida em que estão diretamente ligados e dependentes um do outro. O facto de um nadador se encontrar fisiologicamente preparado para uma competição não prediz que o mesmo irá obter os resultados que pretende, uma vez que caso o seu estado psicológico/emocional não estiver em concordância com o anterior, o rendimento ficará aquém do esperado. O ponto seguinte tratou da relevância da comunicação entre treinador, delegado e pais/encarregados de educação, com o intuito de todos estarem cientes e atualizados sobre questões que venham a interferir no rendimento dos nadadores (i.e. situação escolar, comportamento no seio familiar, ...). Desta forma a tarefa de perceber o estado motivacional e, consequentemente, de rendimento dos nossos nadadores tornou-se facilitada, tendo repercussões positivas no desempenho em treinos e provas. Terminei a minha parte com a apresentação de alguns casos práticos, recorrentes no treino e competição de jovens em formação, com o objetivo de ouvir a opinião dos pais em relação aos mesmos, alertando para a importância das questões psicológicas e motivacionais no rendimento desportivo do nadador.

107

Já com a Doutora Elisabete o tema tratado foi o “Stress e ansiedade no desporto”, um processo emocional e relacional mediado cognitivamente, quando os indivíduos percecionam uma ameaça incerta à sua identidade do ego (autoestima). Realçou aspetos como as autoimpostas ameaças antes da prova, como o medo do fracasso e do erro. Numerou algumas estratégias para lidar com o stress e ansiedade no desporto, como gestão de expectativas e o treino de imagiologia, realizado frequentemente no cais da piscina com a presença e monotorização da psicóloga do clube. Este processo consiste na imaginação e sensibilização dos 5 sentidos, de forma a que cada individuo se visualize no momento pretendido, sendo capaz de sentir sons, cheiros, paladares, ouvir sons e observe o ambiente que o rodeia. Se o sujeito for capaz de cumprir este processo na integra, aquando da sua experiência física será capaz de desempenhar um desempenho ainda mais positivo, uma vez que já experienciou aquele momento.

A sessão terminou com a exposição dos diversos estilos de parentalidade no desporto onde, posteriormente, cada pai se auto caracterizou numa das categorias apresentadas.

No final da apresentação os pais expuseram o seu contentamento e bom grado em relação à organização e exposição dos temas abordados, classificando como pertinente e positivo na forma como iriam moldar a sua parentalidade desde então. Os nossos objetivos foram cumpridos e os resultados tomaram o rumo mais vantajoso para nadadores, treinadores e pais.