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6. Atividades complementares de treino

6.2. Sessão nutrição

A natação é uma modalidade desportiva de trabalho intenso tornando-se crucial assegurar que se obtêm níveis nutricionais adequados ao longo do dia (Carpes et al., 2005). Hábitos nutricionais e dietéticos apropriados têm um papel deveras importante na otimização de resultados em NPD (Das & Panja, 2013).

Investigadores no ramo das ciências da nutrição têm desenvolvido vários estudos que indicam a nutrição como um fator condicionante na performance e saúde de atletas. Os mesmo reconhecem a importância de uma alimentação adequada e suficiente para repor o gasto energético, proporcionar o equilíbrio na composição

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corporal de forma a determinar o estado de saúde do desportista e, consequentemente, o seu desempenho desportivo (Costa Leite, 2007). Quando comparados com um indivíduo sedentário os atletas apresentam maiores necessidades energéticas e hídricas, uma vez que o dispêndio de energia e as perdas de fluídos são superiores (Teixeira et al., 2008). Os requisitos nutricionais de um nadador são, ou deveriam ser, específicos para cada macrociclo, microciclo e UT (Shaw et al., 2014). Quando nos referimos ao plano nutricional de crianças e jovens desportistas, no caso, é fulcral retificar e adaptar as suas dietas periodicamente, uma vez que as necessidades nutricionais são acrescidas por dois fatores: o treino e o processo de crescimento (Magdalena & Paul, 2011; Shaw et al., 2014).

Em virtude de ser uma temática de grande relevância em NPD, como sustentam os autores acima transcritos, aquando da escolha de realização do estágio profissionalizante descrito neste relatório, na primeira reunião realizada com a minha supervisora de estágio, treinadora principal e amiga Rita Barbosa, colocámos como opção, se existisse também interesse por parte da orientadora de estágio, Professora Doutora Susana Soares, elaborar uma sessão de nutrição para nadadores e encarregados de educação. Foi unânime a pertinência da sessão num momento da época desportiva, de forma a elucidar e garantir noções nutricionais básicas a nadadores e pais.

A sessão teve lugar no auditório do Estádio do Mar, em Matosinhos, no dia 23 de Junho, às 10 horas. Realçamos o facto da mesma ter acontecido num momento tardio da época desportiva, uma vez que por questões de logística de pais e da nossa Nutricionista convidada, Doutora Marta Lima, apenas essa data nos foi possível.

Após planeamento da sessão, em conjunto com a Doutora Marta Lima, os objetivos definidos por ambos foram: i) descrever os fatores associados ao rendimento desportivo; ii) consciencializar pais e nadadores da importância da nutrição no rendimento desportivo; iii) introspeção dos nadadores: momentos repletos de energia VS momentos de fadiga; iv) papel nutricionista/pai/treinador/nadador no processo de alimentação dos nadadores; v) noções do aporte calórico necessário

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de um jovem nadador; vi) transpor um exemplo de um plano alimentar base para um nadador adolescente.

À exceção de 2 nadadores, Hugo Lameira e Filipe Silva, e os seus respetivos pais, todos estiveram presentes.

Dividimos a apresentação em duas partes. Primeiro fiz uma breve contextualização da sessão, levando-nos aos primórdios do Desporto, aos primeiros Jogos Olímpicos (da Antiguidade), onde surgiu o lema “Citius, Altius, Fortius” do latim “O mais rápido, o mais alto, o mais forte.” Desde essa altura que o desporto está em constante evolução e se em 776 a.C. (data dos primeiros Jogos), vencia o mais alto, o mais rápido e o mais forte, o mesmo não acontece nos dias de hoje. No desporto da era moderna o sucesso é apresentado como mais do que o resultado de estar fisicamente apto (Johns & Johns, 2000). A partir desta ideia procurámos explicar que existe um conjunto de fatores de natureza fisiológica, psicológica e biomecânica que influenciam o rendimento desportivo de um atleta. Demos então início a um exercício prático que optamos por implementar na sessão, monitorizado por mim, e tendo como objetivo a introspeção dos nossos nadadores. Pedi-lhes que fechassem os olhos fossem espetadores de um momento já vivido por eles, em treino e/ou prova, em que se sentiram com muita energia, em que reinava a felicidade e boas energias. Fui questionando, um a um, sobre a interação do momento, os sons, o meio envolvente, sobre a natureza do que tinham imaginado (imagem estática ou vídeo interativo). As respostas foram-se completando. “Muito barulho”, “muito movimento”, “imperam as cores”. Depois pedi que se pusessem novamente no papel de protagonista e partilhassem os sentimentos. “Alegria”, “Satisfação”, foram os adjetivos mais utilizados pela equipa. Na segunda parte do exercício propus-lhes que pensassem num momento com sentimentos opostos. Onde se sentiram cansados. As respostas seguiram as diretrizes do sentimento. “É uma imagem”, “não existe barulho”, “a preto e branco”, “não tenho forças”. Com este exercício focamos a relevância de uma alimentação rica e equilibrada para a obtenção de estados plenos de energias e, consequentemente, melhores desempenhos desportivos.

Na segunda parte da sessão, a cargo da Doutora Marta Lima, foram introduzidos conceitos como quilocalorias (Kcal) e dispêndio de glicogénio, fazendo a ligação

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entre a modalidade natação e a nutrição como critério preponderante na obtenção de bem-estar e melhores resultados.

Já perto do final da sessão, a nutricionista especificou um caso prático, um exemplo de um “dia alimentar de um atleta”, conforme intitulado pela mesma. No decurso da explicação do mesmo, referiu os nutrientes mais aconselhados para cada um dos momentos do dia, bem como alimentos a evitar. Teve como foco as principais refeições, pequeno-almoço, almoço, jantar e salientou a importância acrescida nos hábitos alimentares de um nadador nas refeições secundárias, como os lanches da manhã e tarde, o pré-treino, pós-treino. Mencionou a importância da ingestão de alimentos ricos em proteínas e da necessidade de hidratação constante. Além dos conselhos para o dia-a-dia de um nadador, fez um ajuste nutricional para os dias de prova, reforçando a ingestão de proteínas e o consumo de água.

Ao longo de toda a sessão, pais e nadadores, foram retirando as dúvidas que iam surgindo, tornando o momento mais interativo para todos os envolventes.

Alguns dos pais afirmaram estar interessados em que os seus filhos tivessem acompanhamento de um especialista em Nutrição.

Embora numa fase tardia da época sentimos ter sido úteis, tanto para pais como nadadores e acreditamos ter cumprido os objetivos a que nos propusemos.