• Nenhum resultado encontrado

O SETOR DE VISTORIA ZOOSANITÁRIA

2. PROCEDIMENTOS DA METODOLOGIA

2.2 O SETOR DE VISTORIA ZOOSANITÁRIA

O Serviço de Vistoria Zoosanitária faz parte da Divisão de Controle da Raiva do Centro de Controle de Zoonoses. Esse serviço tem por objetivo principal atender as solicitações, comunicações e/ou denúncias relacionadas à presença de populações animais em zona urbana, sejam animais domésticos, sinatrópicos (são aqueles que se adaptaram a uma vida junto ao homem, como por exemplo: rato, pombo, morcego, barata, mosca, mosquito, pulga, carrapato, formiga, escorpião, etc.) ou outros, com a função de controlar essas populações, evitando que de alguma forma venham a causar incômodos ou colocar em risco a saúde da população humana e, ainda, evitar que esses animais sejam de qualquer modo submetidos a situações que lhes inflijam sofrimentos desnecessários e/ou maus-tratos.

Toda a ação do setor está regulamentada pela Lei 10.309 de 22 de abril de 1987, data da criação do setor. A lei foi criada como parte do Programa de Controle da Raiva no município de São Paulo, fruto de um trabalho conjunto da equipe técnica do C.C.Z. Ela veio atender a uma necessidade do serviço, uma vez que vários problemas continuavam insolúveis pela falta de regulamentação. A equipe dos técnicos do C.C.Z. sentia a carência de uma legislação que lhe desse respaldo para uma ação sanitária mais enérgica sobre maus proprietários de animais domésticos que se recusavam a acatar orientações sanitárias.

As ações visam a controlar as populações de animais existentes no município de São Paulo e a administrar os problemas decorrentes da convivência entre os animais e a população humana. As espécies envolvidas são muitas: silvestres, domésticos, sinantrópicos, de abate, etc.

Essa convivência pode promover o agravamento das condições de saúde da população, a começar pelo incômodo com falta de higiene e mau cheiro. Pode ocorrer ainda a agressão física causada por animais de índole agressiva - domésticos ou silvestres.

Do início de suas atividades até hoje a maioria das solicitações de vistoria foi requisitada por munícipes. No ano de 1999, realizei uma pesquisa por amostragem para identificar o perfil das pessoas que solicitam os serviços do setor de Vistoria Zoosanitária. As mulheres representam 74% das pessoas que solicitam o serviço, evidenciando serem elas as que se envolvem mais com os incômodos provocados pelos animais. Observei que 68% das solicitações referem-se a pessoas que residem na mesma rua onde mora o denunciado e o restante (32%), em endereços diferentes. Tais endereços diferentes são geralmente de ruas do mesmo bairro, próximas ao domicílio que apresenta o problema. Quanto a faixa etária do denunciante, 54% compreende as pessoas que têm de 26 a 45 anos, vindo em seguida as pessoas que têm de 46 a 65 anos, representando 24%, o que possibilita definir o perfil do denunciante como sendo mulher na faixa etária dos 26 aos 45 anos e vizinha do problema gerador da denúncia.

Observa-se que em 1992, após cinco anos de vigor da lei, a maioria das solicitações (51%) provinha de três das dez Administrações Regionais de Saúde (Centro, Freguesia do Ó e Santo Amaro). O Centro é a região da cidade que abriga um grande número de apartamentos e habitações coletivas e também é um dos distritos onde se tem um maior adensamento da população idosa do município.

O cão sempre foi a espécie mais envolvida nas denúncias. No ano de 1999, ele representou 68% das solicitações, vindo em seguida gatos com 8% . O gato ocupou esta segunda colocação a partir do ano de 1993. As espécies que se envolvem no restante das solicitações são: aves, suínos, eqüídeos e bovinos.

Ao longo dos anos de implantação do setor, a vistoria tem representado um importante canal de denúncias e reivindicações à disposição da população de São Paulo na busca de solução para os problemas causados por diferentes espécies animais.

No período de janeiro a dezembro/99, o setor de vistoria recebeu 2.886 novas solicitações. Deste total, 2.792 (96,7%) referiram-se a solicitações dos munícipes para atendimento em domicílio, o restante foi para terrenos e estabelecimentos comerciais. Isso confirma uma demanda própria da população. É o vizinho que está

incomodado.

O município de São Paulo é distribuído na área de saúde por dez Administrações Regionais de Saúde (ARS). A ARS da Freguesia do Ó representa 22% da origem das denúncias, vindo a seguir o Centro (17%) e Santo Amaro (13%).

A equipe técnica do setor é composta por cinco veterinários, que fazem diariamente as vistorias nos endereços dos denunciados. A vistoria é realizada no próprio local e tem como objetivo principal verificar se a denúncia é procedente ou não.

Quando a denúncia é procedente, o veterinário orienta a pessoa a tomar as providências necessárias para sanar o problema. Em alguns casos o munícipe é intimado formalmente a tomar as providências, sendo-lhe dado um prazo para isso. Findo o prazo, o veterinário retorna ao domicílio. Se as providências solicitadas por ocasião da intimação foram atendidas, o caso é arquivado e o assunto encerrado.

Quando a intimação não é cumprida, o munícipe pode ser multado. A multa inicial é de R$ 46,56 (quarenta e seis reais e cinqüenta e seis centavos), o que corresponde a uma UFM (Unidade Fiscal do Município). Dependendo da situação, o valor pode ser mais alto. Na reincidência do problema a multa vai sendo dobrada.

O trabalho do serviço social e da psicologia se desenvolve principalmente com aquelas pessoas que receberam a intimação ou foram multadas mas continuaram causando problemas.

Este grupo compõe-se na sua maioria por pessoas idosas. Orientação, intimação e multas não resolviam o problema. São pessoas que precisam de atendimento individual e muitas vezes de encaminhamentos.