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Educação

Os números indicam, quanto à educação formal, que a participação das mulheres fo aumentando ao longo dos anos, inclusive com uma insignificante diferença cm termos d etnia (Documento/ FLACSO, 1992: 55). Todavia em 1981, as mulheres apresentavam um menor nível de estudo que os homens: 56,4% não tinham feito o primário; 39,9% estavam no ensino médio (44,8% de homens) e 3,7% tinham estudos universitários (4,8% d homens). Em 1987 este quadro já se modificava: 32% no primário; 63,1% tinham estudo médios (39% secundários c 24,1%, médios c superiores) e 4,5%, universitário (Documcnto/FLACSO, 1992: 54). Segundo os dados oferecidos pelo setor de estatística d MINED — Resumo Nacional, nos anos letivos 1997-1998, cm 1998 65% dos qu terminaram o nível pré-universi-tário eram mulheres, assim como 58% das carreira universitárias (Documento/ MINED, 1998).

Em relação à participação feminina nos diversos segmentos docentes, com professoras, as cubanas eram 100% em 1989-1990 no nível de pré-escolar; 73,6% do docentes primários; 47% do ensino médio e 45%) dos docentes universitários. Os dados d participação na docência universitária apresentam uma situação favorável se comparada co os países latino-americanos, onde estão entre um quinto e um terço do total dos docente (Documento, 1992: 66). Os dados oferecidos pelo setor de estatística do MINED Resum Nacional, nos anos letivos 1997-1998, confirmam os 100%) para o nível de pré-escola Quanto à participação nos outros

níveis continuou crescendo, com 92,6% para o primário; 58,8% para o ensino médio (secundária básica, 67,7%; pré-universitário, 45,2% e técnica e profissional, 38,5%) e para o nível superior, 46,8%.

Entre os técnicos médios, as mulheres alcançaram os homens, existindo uma divisão por sexo quando se trata da escolha da especialidade: em 1981, as mulheres apresentavam maioria na saúde pública, economia e artes, paridade na indústria química e de alimentos e eram minoritárias em metalurgia, máquinas, construção e agricultura, profissões tradicionalmente masculinas (Documento/ FLACSO, 1992:62).

A evolução da matrícula universitária por sexo, além de ter aumentado até meados da década de 1980, mostra que as mulheres aumentaram sua participação de 48,4% em 1975, para 54% em 1985 e em 1989, já apresentava cerca de 58% (Documento/ FLACSO, 1992:64). Esta taxa baixou a 52,7%), segundo dados de 1997-1998 oferecidos pelo MINED.

Há mais de 21 mil pesquisadoras docentes cm pesquisa científica, quase mil doutoras em ciências de primeiro grau e mais de 200 doutoras cm ciências de segundo grau.

"Do total de pesquisadores cubanos, 42,2% são mulheres; 32,2% detém 'categoria principal' e uma de cada quatro pesquisadoras e doutora em ciências" (Muñoz y Proveyer, 1999: 8).

Apesar de esses dados apresentarem uma situação favorável à mulher c de ser menor a segregação por sexo em relação aos homens na direção dos diferentes níveis do setor educacional que cm outros países da América Latina, ela também existe cm Cuba:

"No setor da educação, de maneira geral, os dirigentes são homens: quase todos os diretores municipais; nas 14 províncias c no Município Especial (Ilha da Juventude) há três mulheres diretoras provinciais de educação. Mas, quase todos os cargos mais altos

são dos homens120 (Depoimento de especialista).

"Na Universidade também se dá isso, é um reflexo da sociedade; não há mulheres nos postos mais altos" (Depoimento de especialista).

100 Mulher e pollítica social em Cuba

"Nas Universidades Pedagógicas, exceto uma ou duas, os postos de reitores têm sido ocupados por homens e no organismo central do MINED houve apenas uma ministra de educação, duas ou três vice-ministras, mas a maioria c do sexo masculino" (Depoimento de dirigente).

Emprego

Segundo Nunc/ (2000:4),121 foi resguardada a incorporação e a permanência da

mulher no emprego cm Cuba, nos anos 1990: "A proporção das mulheres na força de trabalho total do país se incrementou entre 1959 (13%) e 1970 (19%). Entre 1979 e 1989, o crescimento se manteve estável, mas os incrementos foram muito mais acentuados nos 11 anos anteriores: de 19%, em 1970, chegou a 38,7% em 1989. O número absoluto também subiu. De 1989 a 1996, esta tendência se deteve: os índices de participação feminina na força de trabalho oscilaram nos anos em que se começou a sair da crise. Seus valores foram

um pouco inferiores aos de 1989: em 1995, 37,6% e em 1996, 37,2%".122

A composição do desemprego tem variado desde 1990, resultado da crise econômica que o país enfrenta. A taxa de desemprego em 1970 era baixa, 1,3% para ambos os sexos e cm 1981 era maior para as mulheres (4,4% contra 2,9%). Em 1991, a maior porcentagem, do total dos setores, estava entre os desempregados (mais de 50%), tanto para homens como para as mulheres, que depois foram absorvidos mais no setor turístico e no Programa Alimentício, com uma importante proporção de mulheres (Documento/ FLACSO, 1992:46).

121 Oestudo"Estrategiascubanasparaelempleofemeninoenlos90:unestudiodeeasoconprofcsionales",Departamentode Sociologia, 2000 (Inédito), trata da incorporação de mulheres prolissionais e técnicas nos anos 1990 como parte do emprego feminino em Cuba e das políticas sociais que proporcionaram esta incorporação e permanência antes de 1990.

122 Nuñez(2000:4)Osdadosapresentadospelaautoraforamextraídosde:NuñezSarmiento,Marta-"Lamu-jercubanayelempleo en la Revolución Cubana", Equipo Internacional de Invesligaciones comparadas sobre la mujer, octubre 1998, Ed. De la Mujer, La Habana, "Estudios de las trabajadoras textiles: balance preliminar cn la Empresa Ariguanabo" , Heleieth Safiotti, Marta Nuñez Rosa M. Cartaya, Margarita Flores, Rita Pereira c Raul Ramos, 1987 ( mimeografado), Oficina Nacional de Estadística, Anuario Esladístico de Cuba, 1996, labia V. 11: 116.

A participação da mulher abrange todas as formas de produção e é revelada nos seguintes depoimentos:

"Já faz anos que se está incorporando à cultura da cotidianidade cubana o fato de que as mulheres trabalhem, inclusive entre as gerações mais jovens" (Depoimento de especialista).

"Em 1974, as mulheres já formavam a quarta parte da força de trabalho do país e 25% já tinham presença importante" (Depoimento de especialista). Em 1997 passaram a

37,5%.123

"Uma das estratégias mais importantes foi a incorporação da mulher ao trabalho, à vida pública em sentido geral" (Depoimento de especialista).

Com a crise econômica dos anos 1990, houve uma re-orientação para novas formas de emprego feminino. "Até 1995, a quase totalidade da força de trabalho do país pertencia ao setor estatal. Com a reestruturação econômica iniciada em torno desse ano que, entre outras coisas, abriu e/ou ampliou outros setores não-esta-tais, muitas mulheres mudaram sua orientação ocupacional. Em 1997, as mulheres representavam 34% de todos os trabalhadores do setor misto c cooperativo, assim como 27% de todos os chamados 'conta-propistas'. Naquele ano, do total de mulheres ocupadas no país, entre 16 e 18%

estavam em setores que não são do setor estatal civil" (Nunez, 1999: 56).124

Na etapa do Período Especial, a presença da mulher na força de trabalho total não diminuiu, situação diferente da que ocorreu com outras nações em meio da crise econômica. Em 1997 representavam 42,3% do total dos empregados no setor estatal civil (Nuñez, 1999: 56).

Há uma tendência à feminização da força técnica qualificada do pais c as mulheres

representam hoje 66,1% do total.125

"No setor privado de trabalhadores por conta própria, as mulheres não são maioria; de

129.695 dos que exercem atividades por conta própria, 39.803 são mulheres.126 Permanece o

fato de que as mulheres se coloquem como"ajuda familiar"

123 Dadosdeentrevistaeomumamulherdirigente-dezembrode1998.

124 Consultartambém"ElPeríodoEspecialylavidacotidiana:desafiodelascubanasenlos90"-marzode1994,FMC, Arca de estúdios de Ia mujcr (Coletivo de autoras).

125 JornalGranma,númeroespecial,marçode2000:2. 126 Dadosdeentrevista-1998

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e a licença é tirada em nome do homem. Deste total, 20.718 são donas de casa" (Depoimento de especialista).

"As mulheres rurais trabalhavam no campo ajudando o marido, não como uma trabalhadora e já no triunfo da Revolução, isto se institucionaliza e a mulher também participa de todos estes programas de desenvolvimento agropecuário" (Depoimento de especialista).

"Quando a mulher entra na esfera do trabalho, traz o problema da maternidade, o problema dos filhos, das tarefas domesticas e começa a ficar em segundo plano. Atualmente, com o aparecimento das empresas mistas c todas as corporações, também não estão privilegiando as mulheres no emprego, pois evitam contratá-las quando são recém-graduadas, por conta de uma provável gravidez futura, licenças, etc. e sempre aqui houve o cuidado de que a mulher tivesse pleno direito" (Depoimento de especialista).

Quanto ao setor de atividade econômica, houve um aumento de participação na agricultura e na indústria. Contudo, houve um significativo aumento no ramo dos serviços entre os anos 1970 e 1981 (Documento FLACSO, 1992: 41). As mulheres se incorporaram e se destacam como agricultoras, na indústria ta-baqueira e na indústria açucareira — há quatro chefas de usina.

No Ministério do Açúcar representam quase 30% da força de trabalho, de- sempenhando funções como operadoras de colheitas, chefas de produção, especialistas de controle de qualidade, atividades tradicionalmente realizadas por homens (Granma Internacional Especial, março de 2000: 3).

Quanto à população empregada nos setores estatal civil e privado, tem crescido a participação da força de trabalho feminina; no setor público mais que os homens, entre os anos 1970 e 1981 (Documento FLACSO, 1992: 42). Em 1990 representavam 38,9% e

hoje, 43,2%.127

No setor estatal civil já representam 43,6% do total; no setor estatal de empresas mistas, 34,5% e no turístico 36,6%, cifras consideradas preocupantes pelas delegadas ao

VII Congresso da FMCl28 porque os dois últimos são setores emergentes e as mulheres

não se sentem suficientemente representadas.

I 27 Jornal Granma, 9 de março de 2000: 3. 128 Jornal Granma, 9 de março de 2000: 3.

Saúde

Nas últimas décadas pós-revolução, o quadro geral em relação à mulher na área da saúde aponta para uma queda da taxa de fecundidade, uma redução drástica no índice de mortalidade materna, uma ampliação da esperança de vida e um decréscimo da mortalidade por câncer.

A marcada presença das mulheres como profissionais da área da saúde é confirmada pelos seguintes dados: 61,8% como médicas da família; 64,5% como pediatras; 70,7% como oftalmologistas; 51,2% como otorrinolaringologistas; 61,1% como psiquiatras; 55,4% como

epidemiologistas; 72,1% como nutricionistas e 59,3% como higienistas.129

Além dos serviços gerais de saúde, os depoimentos destacam o atendimento à saúde reprodutiva.

"Foi importante o fato de socializar os serviços de saúde, a criação de hospitais e que a medicina chegasse às zonas de difícil acesso, pois a mulher camponesa apresentava mais problemas de saúde. Mas, claro, isso foi mais complexo e foi mais lento porque no triunfo da Revolução, quase a metade dos médicos se foi do país. Isso fez com que houvesse que centrar os esforços em formar médicos e isso levou algum tempo; digamos que o beneficio da saúde deve ter chegado com mais atraso que o da educação, porque houve a necessidade de todo um suporte científico-técnico para poder desenvolvê-lo. Mas, sem dúvida foi também um dos aspectos a que mais se dedicou atenção desde o princípio, sobretudo à possibilidade de acesso aos serviços de saúde gratuitos, tanto para o homem como para a mulher" (Depoimento de especialista).

"Antes a mulher podia dar à luz em qualquer parte e isso já não se vê em Cuba; as mulheres têm o parto em instituições de saúde pública e isso foi algo que se foi ganhando, pouco a pouco, na medida em que houve mais recursos, digamos, campanhas educativas, onde se destacava o cuidado com a saúde reprodutiva" (Depoimento de especialista).

"Quanto à saúde, no ano 1965 começa a se institucionalizar o aborto em Cuba, apesar de que só depois, nos anos 1970, é que surge a lei, dando-lhe a garantia jurídica" (Depoimento de especialista).

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"Os programas de massa sobre a saúde reprodutiva garantem o atendimento materno-infantil, o atendimento à mulher grávida e também no pós-parto" (Depoimento de dirigente).

"Uma critica é que não se tem conseguido uma incorporação maior do homem sobretudo no que se relaciona à consciência de gênero, por exemplo, na participação do homem na maternidade, no parto, nos cuidados das crianças. De lato, já se adotou uma resolução que estabelece que também o homem tem direito a pedir licença para cuidar das crianças, da mesma maneira que a mulher mas, apesar da existência dessa lei, quase ninguém a conhece c a mulher prefere usá-la c não o homem. Isso está garantido por um programa do Ministério da Saúde que se chama Paternidade Responsável" (Depoimento de especialista).

Quanto à educação sexual, há um Centro Nacional de Educação Sexual — CENEX — que nos últimos anos tem trabalhado pela diminuição do aborto voluntário das adolescentes pois, além dos espontâneos, cujos números são baixos, a proporção dos induzidos aumentou de 24,2% cm 1970 para cerca de 44% em meados dos anos 1980, cifra que permanece até o ano 1990 (Doeumento/FLACSO, 1992: 80). Em 1997, apresentou uma porcentagem de 24,8 (Documcnto/MINSAP, 1998) e em 1998 foram praticados 22,8% de abortos para cada mil mulheres entre 12 e 49 anos, com maior incidência entre jovens de 20 a 24 anos (Graniria Internacional Especial, março de 2000: 3). Os métodos anticoncepcionais mais usados eram, até o ano 1987, o DIU — dispositivo intra-uterino - (40,2%) c as pílulas anticoncepcionais (15,2%) (Documento/FLACSO, 1992: 81). O DIU continua na década de 1990 sendo o método anticoncepcional mais utilizado.