• Nenhum resultado encontrado

Similaridades e diferenças entre IC e SIs

2.2 Sistemas de informação

2.2.3 Similaridades e diferenças entre IC e SIs

Verifica-se, a partir das definições apresentadas tanto para SI, como para IC, que ambas apresentam grande similaridade:

Inteligência Competitiva é um plano de atividades sistemático e ético para coletar, analisar, e gerenciar qualquer combinação de dados, informação e conhecimento, concernente ao ambiente de negócio no qual a empresa opera, o qual, quando realizado, irá conferir uma significativa vantagem competitiva ou anunciar a necessidade de tomada de decisões. (PRIOR, 2009)

Um sistema de informação pode ser definido, tecnicamente, como um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou retêm), processam, armazenam e distribuem informação para dar suporte à tomada de decisão e ao controle de uma organização. (LAUDON e LAUDON, 2004)

Ambos os conceitos possuem uma organização processual, ou seja, um conjunto de regras e parâmetros definidos para seu funcionamento; ambos possuem atividades semelhantes: coletar, analisar / processar, gerenciar, armazenar, e distribuir informação; ambos possuem a mesma finalidade de dar suporte à tomada de decisão. Ambos possuem como facilitador para a gestão da informação, a utilização de tecnologia (computadores, equipamentos para comunicação, programas de computador para tratamento da informação).

Entretanto, o escopo de abrangência dos SIs, engloba atividades de gestão de informação para proporcionar o controle das atividades rotineiras da empresa, finalidade esta que não é objeto das atividades de IC. A finalidade de controle de informação desempenhada por um SI tem seus parâmetros previamente circunscritos em programas de computador, que servem para garantir a qualidade e a confiabilidade dessa informação, relegando como atividades

desempenhadas por humanos, aquelas de ordem decisória e de gestão, servindo de forma valiosa para automatizar atividades rotineiras, em seu nível operacional.

As atividades de IC, por sua vez, não tratam de informações rotineiras e operacionais, necessárias a condução das atividades organizacionais, mas sim de informações e conhecimento estratégico, destinado a guiar a organização para situações ainda não vivenciadas. Nesse sentido, as atividades de IC ocupam uma posição peculiar entre os SIs, dando suporte à tomada de decisão e auxiliando a condução estratégica por parte dos altos executivos da empresa, como SADs (Sistemas de apoio a decisão) ou SAEs (Sistemas de apoio ao executivo) (LAUDON e LAUDON, 2004).

Outro aspecto importante a ser observado, ainda com relação à utilização primordial de informações é que, grande parte dos objetivos dos SIs é coletar e armazenar informações, para posterior utilização, inclusive em níveis mais complexos de configuração. Esse objetivo demanda um grande esforço para estabelecer regras de estruturação e combinação dessas informações. A partir da elevação da complexidade de utilização da informação, a partir de SPTs e SGCs, para sistemas mais gerenciais, a utilização de informações compartimentalizadas e estruturadas passa a ser menos evidente.

Ao contrário, atividades de IC não necessitam de informações estruturadas, tanto que a parte considerada mais importante de sua operação é a interpretação das informações (CHOO, 2001). Grande parte do conhecimento adicionado ao trabalho de análise das informações, e que dá sentido àquilo que foi coletado, depende da interpretação realizada por seres humanos (GILAD, 2008). Inclusive, mesmo que esse sistema de interpretação esteja apoiado por ferramentas estatísticas e análises de dados com múltiplas variáveis, dependem, fundamentalmente, da atividade criativa humana (ALMEIDA et al., 2007) sobretudo em caso de monitoramento antecipativo, com informações muitas vezes fragmentadas, desconexas e qualitativas (BLANCO et al., 2003), que demandam da utilização de inferência (LESCA, 2003) para buscar significado em lacunas não esclarecidas pelos sinais existentes. No mesmo sentido Boder (2006), defende a utilização da inteligência coletiva, captada a partir do entendimento comum em grupo, extraída por meio de narrativas e cenários.

Sob o aspecto de definições de projeto, e de características de implantação de SIs e de atividades de IC, observa-se que ambos necessitam de uma correta definição de escopo, para

definir a amplitude de funcionamento, os limites de estrutura, os objetivos a que são propostos e dos resultados que são esperados após a implantação. Essa etapa inicial, considerada pela gestão de projetos como definição de escopo, é fundamental tanto para os SIs, como para as atividades de IC, a fim de reduzir as chances de que o resultado esperado seja diverso daquele pretendido. Sobretudo para SIs, se o escopo não estiver muito bem estabelecido, muitos esforços podem ser gastos para o desenvolvimento de tecnologias que, ao final da implantação, podem se mostrar pouco utilizáveis, ou até inviáveis de serem alteradas.

Importante observar que a implantação de atividades de IC, não necessariamente produzem os impactos organizacionais verificados quando há a implantação de SIs. Uma das causas mais prováveis é que o emprego de SIs normalmente utilizam tecnologias e processos que alteram a forma de execução das atividades dos profissionais. Essa mudança, conforme já comentado, altera o arranjo social, e impacta diretamente em novas relações de comunicação, postura, poder, e relacionamento do usuário.

Já a atividade de IC tem um impacto mais restrito aos colaboradores responsáveis pelas atividades, que agem não como um promotor de mudanças da rotina de trabalho diária da organização, mas sim como um ente complementar, que busca informações para uma finalidade específica; e que não trata de informações rotineiras, interferindo pouco na mudança do estilo de trabalho estabelecido. Cabe salientar ainda que, dependendo do escopo estabelecido para o desempenho das atividades de IC, os usuários das informações geradas são restritos, de forma que muitos dos colaboradores não dependentes das informações trabalhadas, sequer irão notar alguma alteração nas rotinas de trabalho, em função da implantação de atividades de IC.