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Estamos nos referindo aos livros destinados ao leitor comum, ou seja, pessoas não envolvidas com o meio científico. Nesse tipo de publicação parece

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que, tanto os escritores quanto os cientistas, procuram simplificar a linguagem de forma que o leitor “entenda” o que está sendo dito:

“De maneira geral tentei descrever as descobertas utilizando termos que o leitor comum entenda...”212

Na introdução Brody afirma:

“...as descobertas científicas são construídas sobre uma base [...] matemática, mas para entende-las só precisamos de palavras [...] esta é a aula de ciência que eles [os professores] deveriam ter dado...”213

Além dessas duas citações podemos recuperar o que foi dito no início deste capítulo, quando comentamos sobre a entrevista de Gold para Kayser no livro A maravilhosa obra do acaso. Quando debate com cientistas, Gold tem um discurso, que aparentemente muda quando ele dialoga com o público não especializado, leitores de seus livros de divulgação. Uma mudança que vai além da escolha de palavras, há uma “adaptação” da história de modo que se encaixe nas supostas concepções de ciência do leitor. O mesmo parece acontecer com Brody e Roberts, que são cientistas também. Uma proposta interessante seria debater se os livros de divulgação influenciam o senso comum ao se é o senso comum que influencia os escritores dos livros de divulgação.

Outro exemplo pode ser encontrado em nosso estudo de caso. O próprio Roentgen afirmou em uma palestra em janeiro de 1896, para um público variado, entre eles estudantes da universidade, que teria sido por “acidente”

que ele percebeu que os raios penetravam o papel cartão preto. 214

212

Roberts, Descobertas acidentais, 17.

213

Brody, As sete maiores descobertas científicas, 26.

214

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Essa ideia é retomada por Thomas Kuhn que vê no trabalho de Roentgen um caso “clássico” de descoberta por acidente:

“... é um caso clássico de descoberta por acidente. Esse tipo de descoberta ocorre mais frequentemente do que os padrões impessoais dos relatórios científicos nos permitem perceber.”215

Em seu outro livro Kuhn detalha melhor o que caracterizaria o “acidente”. Ele se refere a disposição do aparato utilizado pelo cientista em sua pesquisa com os raios X.

“...o brilho anômalo que propiciou a primeira pista de Röntgen foi um resultado claro da disposição acidental de seu aparato.”216

3.9. Acidente ou “acidente”?

Vamos retomar o início da discussão, se uma descoberta pode ser atribuída ao acaso ou não. No caso dos trabalhos de Roentgen sabemos que ele não poderia ter planejado a observação do brilho da tela de platinocianeto de bário, que foi o ponto de partida, ou a origem do que se chama de descoberta. Entretanto não podemos supor que ele estivesse apenas fazendo observações aleatórias, sem um procedimento pré-definido, pois naquele momento ele observava o comportamento dos raios catódicos. Podemos ainda questionar a afirmação de Kuhn de que a disposição do aparato era acidental, pois toda a montagem foi previamente elaborada para estudar os raios catódicos fora do tubo de vácuo. Encontramos referências a isso nas palavras do próprio Roentgen e nos trabalhos anteriores de outros cientistas que

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Kuhn, A Estrutura das Revoluções, 83.

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utilizavam disposição semelhante de seus equipamentos. A tela de platinocianeto não estava sobre a mesa por “acaso”, ela tinha uma utilidade na ocasião, fazia parte da pesquisa em andamento. Foi uma observação acidental, mas não aleatória.

101 Considerações finais

Observamos que o termo “descoberta científica” assume vários significados dependendo do contexto em que é utilizado. Quando nos referimos à concepção presente no senso comum, várias interpretações são encontradas, visto que não existe, necessariamente, uma “regra” ou alguma forma de organização. Mas os pontos em comum permite elaborar uma concepção “predominante”, que basicamente vê a ciência como um trabalho para pessoas de altíssimo intelecto e que têm como objetivo descobrir novos fenômenos e teorias.

No meio científico do século XIX, mais especificamente entre os estudiosos que estiveram envolvidos de alguma forma na descoberta dos raios X, observamos uma clara concepção de descoberta como sendo uma “propriedade intelectual” do cientista. Apoiando ou contrariando a tese de que foi Roentgen o descobridor desses raios, nos parece evidente a crença de que a descoberta existiu. As disputas pela prioridade demonstram uma luta pelo “capital” que a descoberta traria. O Prêmio Nobel, as medalhas de honra, o nome ligado à descoberta (raios de Roentgen) são exemplos desse capital, que realmente existiu. No caso de Roentgen, o termo “capital” se refere a bens imateriais, pois como apontamos no decorrer da dissertação, a quantia referente ao Prêmio Nobel foi doada à Universidade de Würzburg e ele não se interessou em registrar nenhum tipo de patente sobre seus trabalhos. Isso talvez não possa ser estendido a outros casos de descoberta, mas nos parece que para um cientista o reconhecimento de seu trabalho pelos seus pares é mais importante.

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Em nosso estudo de caso, o que parece diferenciar do que foi proposto por Bourdieu a respeito das disputas no campo científico é o fato de Roentgen não ser um membro iniciante ou desconhecido do meio científico que buscava o “monopólio” dentro a comunidade. Tratava-se de um físico conceituado que já atuava entre a “elite” da época. Roentgen não era um cientista iniciante que “não tinha muito a perder”, tanto é que ele se preocupou em divulgar os resultados do trabalho com medo que todos pensassem que “...provavelmente Roentgen estaria louco...”. Mas as disputas no campo científico ficaram evidentes.

No que se refere aos trabalhos de divulgação científica, observamos que, algumas vezes, um estudioso que demonstra, entre seus pares, conhecer as limitações do que seja uma descoberta, utiliza o termo “descoberta” com uma conotação diferente quando seus interlocutores não pertencem ao meio científico. Isso pode tanto ser uma tentativa de se fazer entender, mesmo que assim ele comprometa em parte a mensagem que quer transmitir, quanto, por outro lado, pode estar subestimando a capacidade de seus interlocutores e, na tentativa de simplificar, procura adaptar o evento de forma que caiba em um

contexto que ele considera “compreensível”.

Nossa preocupação está na forma com que esse tipo de informação chega ao público leitor de trabalhos de divulgação científica. O público não especializado tem concepções de ciência das mais variadas, mas em geral embasadas nas teses do senso comum. Entretanto, subestimar a capacidade crítica dos leitores dessas publicações, “simplificando” a linguagem e “adaptando” a forma com que se escreve, para que caiba na estrutura preconcebida do livro, geralmente, reforça as teses do senso comum. Afirmar

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simplesmente que uma descoberta foi “acidental” ou que sete descobertas (achados) englobam quase todo o conhecimento científico da humanidade induz esse tipo de leitor à construção de concepções equivocadas a respeito do trabalho científico.

Colocamos no apêndice desta dissertação uma sugestão de como podemos utilizar novos tipos de abordagens, utilizando a história da ciência, para descrever esses eventos e assim criar um contraponto às teses do senso comum, pois são teses conflitantes com os trabalhos atuais em história da ciência que, através de uma historiografia atualizada, procura mostrar a complexidade de cada período da história e a forma com que cada período lidava com o conhecimento. Assim, a História da Ciência procura entender:

“...como cada cultura, cada comunidade científica e cada época construiu, de acordo com seus objetivos e suas formas de ver o mundo, os critérios das verdades que regeriam sua ciência...” 217

Podemos agora, em nossas considerações finais, apontar um último aspecto a respeito do qual não falamos anteriormente. Quando nos referimos a uma descoberta científica, geralmente estamos falando da identificação de um fenômeno natural. Entretanto, em nosso estudo de caso observamos um evento diferente. Foi a montagem do aparato que produziu os novos raios. Apesar de não ter sido necessariamente proposital, trata-se de um fenômeno artificial. Roentgen identificou um fenômeno criado por ele mesmo. O aparato, montado para estudar os raios catódicos, produzia outro tipo de raio. Um raio produzido artificialmente por Roentgen, mas também por Crookes, por Lenard, por Hertz... O raio estava lá, ou “artificialmente lá”, pronto para ser

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“descoberto”. Não encontramos em nossas pesquisas nenhuma referência a esse respeito, seja por parte de Roentgen ou dos outros cientistas da época. Também não encontramos referências nesse sentido na literatura secundária estudada e nem comentários a esse respeito nos trabalhos de divulgação científica analisados. É uma perspectiva interessante para ser aprofundada, pois até então, os raios X estavam intimamente ligados ao funcionamento do equipamento, ou seja, não poderia ser considerado ainda um fenômeno natural. Essa é uma abordagem que se mostra complexa e que talvez possa ser estendida a outras descobertas científicas, assunto que poderíamos aprofundar em outro momento.

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110 Apêndice A

A descoberta dos raios X: sugestão para aplicação em sala de aula.

O episódio da descoberta dos raios X por Wilhelm Conrad Roentgen utilizado como estudo de caso nesta dissertação pode ser aplicado nos diversos níveis de ensino.

Nos cursos de licenciatura é uma oportunidade para debater as diferentes abordagens historiográficas desatualizadas encontradas nos materiais de divulgação científica e livros didáticos. Poderíamos iniciar com uma discussão sobre a concepção de ciência, ou seja, o que os alunos de licenciatura entendem como sendo a atividade cotidiana de um cientista. Em seguida, apresentar mais informações sobre os eventos que envolveram os trabalhos de Roentgen: como se deu a descoberta, como foi a divulgação e qual foi a reação da comunidade científica e da sociedade em geral. A proposta é mostrar que ao se limitar o trabalho de Roentgen à descoberta, como sendo simplesmente o momento da observação da anomalia, perde-se muita informação importante que faz parte do evento. Propor uma reflexão a respeito da real importância da descoberta: a descoberta é muito importante no meio científico, mas ela teria a mesma importância no ensino de ciências?

Durante os debates pode-se proceder a leitura de trechos das correspondências de Roentgen (utilizadas nesta dissertação) e discutir a respeito das reivindicações de prioridade e dos questionamentos que surgiram na época. É também interessante abordar a reação do cientista frente a reação do público em geral após a divulgação da descoberta.

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Em um segundo momento pode-se analisar livros didáticos e livros de divulgação científica. A partir do que foi discutido anteriormente, solicitar para os alunos uma avaliação a respeito da abordagem historiográfica utilizada pelos autores.

Para o Ensino Básico o professor pode incluir os trabalhos com raios catódicos e raios X na sequência didática quando abordar a radioatividade ou a construção dos modelos atômicos. Mostrar a complexidade da ciência no final do século XIX, as continuidades, quando existirem, e as formas de construção e transmissão de conhecimento. O professor pode também trabalhar com as informações históricas disponíveis nos livros didáticos e discutir com os alunos a ideia do estudo de ciências com ênfase nas descobertas, normalmente encontrada nesses livros, ou seja, a história dos vencedores pela perspectiva da ciência atual. A proposta é que o aluno compreenda como o conhecimento científico é construído. A construção coletiva pode ser trabalhada a partir das trocas de informação entre os cientistas daquele período, inclusive pelas discussões a respeito da prioridade na descoberta. E a dificuldade em se definir a origem dos raios catódicos e raios X e “encaixá-los” dentro de um