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4 RESULTADOS

4.1 Seleção e Análise do Portfólio Bibliográfico

4.2.2 Singularidade

Dando continuidade a análise sistêmica dos artigos compreendidos no Portfólio Bibliográfico passaram a ser analisados sob o enfoque da Lente 2 da análise sistêmica, mediante a resposta a seguinte pergunta: O artigo reconhece que o problema é único, considerando-se atores e contexto físico?

Passando-se ao exame dos artigos da amostra, tem-se que Moynihan (2006) apresenta uma análise dos sistemas de avaliação e informação de desempenho existentes nos 50 estados que compõem os Estados Unidos, conforme respostas apuradas por meio de uma pesquisa entabulada pelo governo. Do estudo realizado pelo autor, que busca conhecer as especificidades dos modelos adotados pelos diversos estados americanos, depreende-se que os modelos adotados são desenvolvidos reconhecendo-se a singularidade do contexto para o qual se aplica.

A pesquisa de Pekkanen e Niemi (2013) não possuiu como foco a apresentação do modelo de avaliação de desempenho já adotado em dois tribunais de justiça finlandeses, mas da leitura do artigo infere-se que há diversidade entre os modelos de desempenho desenvolvidos para cada contexto específico.

O estudo de Jane Broadbent e Richard Laughlin (2009) buscou desenvolver o que chamam de “middle range model”, ou um “modelo intermediário”, em tradução livre. O modelo, fundamentado na literatura, em um segundo momento reconhece os atores da organização, contudo, estes não participam da construção do modelo em si. Dessa forma, os autores objetivam que o modelo seja genérico, ou seja, aplicável em contextos diversos.

Em sua pesquisa, os autores Patrícia Moura e Sá e Gopal K. Kanji (2003) propõem a aplicação de um modelo de avaliação de desempenho desenvolvido com base em modelos de excelência existentes. O objetivo é a utilização do modelo em contextos diversos, com variáveis de desempenho previamente estabelecidas. Os

atores do contexto são reconhecidos e, embora não participem da efetiva construção do modelo proposto, avaliam os critérios por pré-definidos.

No segundo estudo de autoria de Kanji e Sá (2007) compreendido na amostra, os pesquisadores repetem a fórmula anteriormente explicitada, mediante a aplicação do modelo denominado KBEMS nos Governos Municipais Portugueses. Para o estudo, os stakeholders internos e externos são considerados para avaliação do modelo, previamente concebido.

O artigo de autoria de Linna et al. (2010) propõe uma forma de atuação que, segundo a percepção dos pesquisadores, poderia ser aplicada em contextos genéricos. Os atores são identificados no artigo e são entrevistados pelos autores. Contudo, a pesquisa não é conclusiva e não se utiliza das informações obtidas junto aos atores para apresentar uma proposta efetiva para avaliação do desempenho.

No trabalho de Gao (2009), por sua vez, obtém-se a descrição da forma adotada pelo governo chinês para realizar a avaliação de desempenho junto aos demais Governos do país, por meio de análise de documentos oficiais. Dessa forma, a pesquisa não elabora modelo próprio para avaliação de desempenho, mas descreve um modelo que seria desenvolvido para um contexto genérico no mencionado país, mas que, embora não realize a identificação dos atores no contexto, é desdobrado em um segundo momento mediante explicitação de objetivos que consideram as peculiaridades dos condados.

A autora Yetano (2013), em seu estudo, propõe uma matriz para a institucionalização da ferramenta de avaliação de desempenho nas organizações do setor público. Dessa forma, o modelo foi elaborado para ser aplicado em diferentes organizações similares, ou seja, em um contexto genérico. Todavia, a pesquisa reconhece os atores, pois propõe a realização de entrevistas com os gerentes seniores e outros colaboradores do município para auxiliar na avaliação do modelo pré-concebido. Contudo, os atores não participam da escolha dos critérios avaliados e, logo, da efetiva elaboração do modelo de avaliação de desempenho proposto.

O artigo de Van Aken et al. (2005) propõe um modelo formado em parte por outras experiências no âmbito da excelência no desempenho das organizações e, em outra parte, por meio da personalização do método de pontuação e verificação da validade da metodologia proposta, com a utilização do sistema ISAT, atualizado de acordo com diretrizes estabelecidas pelos stakeholders. Pode-se inferir, portanto,

que a pesquisa reconhece os atores organizacionais para a elaboração de um modelo específico para dado contexto.

Após essa análise individual de cada artigo constante do Portfólio Bibliográfico, passa-se à apresentação dos resultados sob o enfoque da Lente 2, consoante os Gráficos 7 e 8 que demonstram a análise, em separado, das duas entidades que compõem a singularidade do contexto: o decisor; e o contexto físico.

A singularidade no que tange ao contexto físico é demonstrada no Gráfico 7, que apresenta a quantidade de artigos que desenvolveram modelos genéricos ou singulares.

Gráfico 7 - Relação entre os artigos genéricos e os singulares no Portfólio Bibliográfico

Fonte: Dados da pesquisa.

Da análise do Gráfico 7, deduz-se que, dos nove artigos compreendidos no Portfólio Bibliográfico, quatro possuem natureza genérica (40%), na medida em que os respectivos atores pretendiam propor um modelo que poderia ser aplicado em contextos similares (BROADBENT; LAUGHLIN, 2009; KANJI; SÁ, 2007; LINNA

et al., 2010; SÁ; KANJI, 2003). Por outro lado, cinco artigos da amostra (50%) foram

percebidos como de natureza singular, pois os pesquisadores defendiam a necessidade de construção de um modelo de avaliação de desempenho que considere as especificidades de cada contexto (COLEMAN; FARRIS; VAN

GOUBERGEN, 2005; GAO, 2009; MOYNIHAN, 2006; VAN AKEN et al., 2012; YETANO, 2013;).

De outro norte, depreende-se do Gráfico 8 quantos artigos do Portfólio Bibliográfico buscaram identificar os atores inerentes ao contexto pesquisado.

Gráfico 8 - Artigos que realizaram a identificação dos atores inerentes ao contexto pesquisado

Fonte: Dados da pesquisa.

Dos artigos compreendidos na amostra, portanto, somente três (30%) não apresentaram os atores condizentes ao contexto pesquisado (GAO, 2009; MOYNIHAN, 2006; PEKKANEN; NIEMI, 2013), sendo que os demais artigos do Portfólio Bibliográfico (60%) demonstraram a preocupação dos pesquisadores em identificar os atores do contexto analisado ( BROADBENT; LAUGHLIN, 2009; KANJI e SÁ, 2007; PEKKANEN; NIEMI, 2013; SÁ e KANJI, 2003; VAN AKEN et al., 2005; YETANO, 2013).

Como conclusão da análise realizada sob o prisma da singularidade, é possível destacar que a maioria dos artigos, cinco no total, propõem modelos específicos, ou seja, os autores compreendem a natureza específica dos modelos de avaliação propostos. Para os outros quatro artigos, os modelos foram compreendidos como passíveis de aplicação em contextos similares aos das respectivas pesquisas. Pode-se perceber, também, que a maior parte dos artigos analisados, correspondente a seis artigos, consideram os atores nos contextos.

Contudo, não se verificou, para nenhum artigo da amostra analisada, a proposta de incorporação simultânea da singularidade inerente aos atores e ao contexto físico pesquisado para o desenvolvimento do modelo de avaliação de desempenho. Diante disso, consoante a análise realizada na segunda lente da análise sistêmica, que aborda a singularidade, emerge como oportunidade de pesquisa para o presente estudo, tendo como lastro a visão de mundo adotada por esta pesquisadora, a construção de um modelo de avaliação de desempenho singular. Isso implica no desenvolvimento de um modelo que não apenas identifique o decisor, mas que o considere para sua construção integral, com características desenvolvidas conforme a percepção do decisor, considerando-se o contexto físico específico, cujas características serão incorporadas, de acordo com a percepção do decisor.

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