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Capítulo V Análise de Determinantes para o Burnout, Incivilidade e Absentismo

5.7 Resultados

5.7.4 SIS Análises Confirmatória e de Consistência Interna

Importa salientar que não foram recolhidos casos suficientes (n = 36) para que fosse possível incluir a subescala da incivilidade dos subordinados. O instrumento Straightforward Incivility Scale (SIS), construído por Leiter e Day (2013), originalmente aferido com quatro variáveis latentes (i.e., incivilidade dos supervisores, colegas, subordinados e instigada pelo respondente), tal como foi sugerido no manual, já foi testado com cinco variáveis latentes (i.e., incivilidade dos, supervisores, colegas, subordinados, clientes, bem como a que é instigada pelo respondente) (Nitzsche, 2016), e com três varáveis latentes (i.e., incivilidade dos, supervisores, colegas, a que é instigada pelo respondente) (Portoghese, Galletta, Leiter, & Campagna, 2015), mas nunca com as quatro que se seguem (i.e., incivilidade dos

supervisores, colegas, clientes, e incivilidade instigada pelo respondente).

Iniciámos a nossa análise através da verificação da tabela de covariâncias de resíduo padronizado na qual encontrámos algumas discrepâncias entre a covariância estatisticamente significativas (Byrne, 2010), ou seja valores acima de 2.580 (Jöreskog & Sörbom, 1993) e entre itens de diferentes fatores. Nomeadamente o item 21, o primeiro da subescala de incivilidade instigada (“ignorou alguém”), com os itens 16 (2.668) e 17 (2.701), ou seja, os dois primeiros itens da subescala de incivilidade do cliente, igualmente face aos dois

primeiros itens da subescala da incivilidade dos colegas (itens seis e sete) com valores bastante acima do ponto de corte, no caso, 3.883 e 4.782, respetivamente. Como uma carga fatorial abaixo de .50, provavelmente originaria covariâncias de erro de valor elevado (Hair et al., 2014) e no caso do item 21 verificou-se que se encontrava em .44, decidimos eliminá-lo da análise.

Seguindo o critério de vários autores (Byrne, 2010; Jöreskog & Sörbom, 1993; Hair et al., 2014) poderíamos eliminar igualmente o item 22 que carregava abaixo de .50 o fator da

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incivilidade instigada. No entanto pareceu-nos mais evidente, à luz da teoria de (Byrne, 2010) o efeito de regressão entre os erros dos itens 25 (“Comportou-se sem consideração por alguém”) e 20 (“Comportaram-se sem consideração por si”) com um índice de modificação de 27.734 e com um valor de mudança de parâmetro esperada de .472.

Decidimos então eliminar o item 25, o último item da escala SIS e da subescala de incivilidade instigada. Seguidamente eliminámos o item 17 (“Excluíram-no[a]”), relativo à subescala de incivilidade do cliente dado que a tabela de covariâncias de resíduo padronizado apresentou valores acima de 2.580 (Jöreskog & Sörbom, 1993), no caso em relação ao item 22 (“excluiu alguém.”) com um valor de 2.649, de 2.807 face ao item 16 da mesma subescala ( “ignoraram-no”). Por um lado já não podíamos eliminar nenhum item da subescala de incivilidade instigada, optámos por eliminar o item 16 dado que segundo Costello e Osborne (2005) considera-se fraco e instável um fator com menos de três itens, além disso a

covariância de erro entre os itens 16 e 17 foi igualmente encontrada numa validação da mesma escala tendo os autores libertado o mesmo erro (Portoghese et al., 2015).

Os mesmos autores justificaram tal procedimento, não por erros conceptuais, mas por uma questão de similaridade semântica entre os termos ignorar e excluir (Portoghese et al., 2015). Em itens homólogos (e.g., incivilidade dos supervisores e dos colegas) a covariância de erro repetiu-se (Portoghese et al., 2015) o que também se sucedeu no nosso caso para os mesmos itens, a que podemos acrescentar o facto de serem, similares (Byrne, 2010) bem como sequenciais que para Gascón et al. (2013) são suscetíveis de produzir conjuntos de resposta. Decidimos então eliminar o item 17 da nossa análise. O item sete, o segundo da subescala da incivilidade dos colegas, para além da covariância de erro referida

anteriormente, na tabela de covariâncias de resíduo padronizado apresentava valores acima do critério (Jöreskog & Sörbom, 1993), no caso de 2.587 face ao primeiro item da escala e de 2.899 face ao segundo, já o item seis apresentava um valor de 2.966 face igualmente ao primeiro item da escala. Optámos por eliminar ambos os itens e libertámos, à imagem de Portoghese et al. (2015), os erros entre os dois primeiros itens da escala. De seguida

eliminámos o item 20, o último da subescala da incivilidade dos clientes (“Comportaram-se sem consideração por si”), que apresentava um efeito de regressão de erro com item cinco, o último item da subescala da incivilidade do supervisor (“Comportaram-se sem consideração por si”) com um índice de modificação de 10.463 e valor de mudança de parâmetro esperada de .134, neste caso as frases foram exatamente iguais e apenas mudou a fonte da incivilidade.

De seguida eliminámos o item cinco porque não faria sentido libertar covariância de erros face a um item de um outro fator, no caso face ao item 10, (“Comportaram-se sem

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consideração por si”) o último da subescala da incivilidade dos colegas que já contava apenas com três itens.

5.7.4.1 Validade Convergente para a SIS

Para a confiabilidade composta, todos os valores não devem de estar abaixo de um limite mínimo de .600 (Ringle, 2004; Homburg & Baumgartner, 1998), tal como se pode verificar na Tabela 10. Além disso Fornell e Larcker (1981) estabeleceram um critério para um valor de AVE > .500, tendo sido cumprido este critério em todas as variáveis latentes. O alfa de Cronbach da escala encontrou-se nos .82 para a escala completa, além disso através dos resultados apresentados na Tabela 10, foi possível confirmar a validade convergente, isto segundo o critério estabelecido por Bagozzi e Philips (1982).

5.7.4.2 Validade Discriminante para a SIS

Segundo o critério de Hair et al. (2014) a validade discriminante foi alcançada dado que todas as correlações entre variáveis latentes encontraram-se abaixo de .85, ou seja do valor da raiz da média da variância extraída.

Tabela 10

Qualidade do Critério dos Constructos e Correlação entre as Variáveis Latentes (SIS)

Constructo NI CR AVE α 1 2 3 4

Incivilidade dos supervisores 4 .81 .65 .88 .85

Incivilidade dos colegas 3 .84 .82 .93 .40 .85

Incivilidade dos clientes 3 .86 .85 .94 .28 .07 .85

Incivilidade instigada 3 .66 .62 .78 .13 .24 .14 1 Nota. NI = Número de itens; CR = Confiabilidade composta; AVE = Média da variância extraída; α = Alfa de Cronbach; A numeração de um a quatro representa as quatro subescalas de incivilidade pela mesma ordem da coluna.

.85 = O valor a negrito representa a raiz quadrada da média da variância extraída enquanto critério para a validade discriminante.

90 Tabela 11

Cargas de Regressão Padronizadas, Critical Ratios, Estatística Descritiva, Correlação Item- total e Alfa se Algum dos Itens for Excluído (SIS)

Itens ES R2 C.R. M DP SE Achatamento ri-t αi-e

Supervisores1 .66*** .43 1.22 1.74 1.47 1.17 .53 .81 Supervisores2 .65*** .42 12.42 0.67 1.33 2.28 4.94 .52 .81 Supervisores3 .98*** .97 11.26 0.95 1.52 1.93 3.29 .63 .80 Supervisores4 .88*** .78 11.06 0.86 1.41 1.94 3.52 .60 .80 Colegas3 .89*** .80 0.48 1.05 2.96 9.85 .36 .81 Colegas4 .96*** .93 21.47 0.43 0.99 3.21 11.90 .44 .81 Colegas5 .86*** .74 17.59 0.49 1.07 3.21 11.20 .43 .81 Clientes1 .80*** .64 1.90 2.23 0.83 -0.82 .53 .81 Clientes3 .97*** .94 17.70 2.44 2.22 0.41 -1.27 .58 .80 Clientes4 .99*** .99 18.08 2.38 2.22 0.48 -1.22 .62 .80 Instigada2 .47*** .22 0.37 0.89 3.05 9.95 .31 .82 Instigada3 .92*** .84 6.66 0.45 0.82 2.13 4.55 .27 .82 Instigada4 .89*** .79 6.77 0.38 0.81 2.56 6.80 .24 .82

Nota. ES = Cargas de regressão padronizadas; R2 = Correlações múltiplas ao quadrado; C.R.

= critical racio; p – probabilidade; M = Média; DP = Desvio-Padrão; SE = Assimetria; ri-t= Correlação de Item Total Corrigida, αi-e= Alfa de Cronbach da escala se o item for excluído. ***p < .001.

Tabela 12

Comparação de Índices de Ajustamento para Três Modelos Testados da SIS

Modelos testados χ2 df χ2/df CFI RMSEA

Modelo com um único fator 1516.214 64 23.691 .329 .335

Modelo com dois fatores (i.e, Um fator que incluiu a Incivilidade dos

Supervisores, colegas e instigada, um outro fator relativo à incivilidade dos clientes.)

842.222 64 13.160 .640 .245

Modelo final com quatro fatores 314.358 58 1.972 .974 .069

Nota. χ2 = Qui-quadrado; df = Graus de liberdade; χ2/df = Divisão do qui-quadrado pelos

graus de liberdade; CFI = Índice de ajuste comparativo; RMSEA = Raiz da média dos quadrados dos erros de aproximação.

5.7.4.3 Modelo Final com Quatro Variáveis Latentes

O valor de RMSEA de .069 encontrou-se dentro do que é tolerável (Blunch, 2008), com um IC 90% (.050, 088).

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Com a libertação dos erros de covariância referidos anteriormente (i.e., Supervisores1/ Supervisores2), seguindo o critério de Jöreskog (1993, citado por Byrne, 2010) procurámos algum suporte empírico para que se considerasse uma prática aceitável e encontrámos numa aferição o mesmo instrumento (Portoghese et al., 2015). Salientamos que, à imagem do que fizemos anteriormente, não eliminámos outliers. Os resultados encontrados enquadram-se dentro dos parâmetros da χ2/df (CMIN/DF), ou seja, aceitáveis dado que esta não excedeu um valor máximo de cinco (Byrne, 2001). No caso do CFI, cujo valor é de .97, cumpriu o critério de Hu e Bentler (1999).

Tabela 13

Estatística Descritiva da SIS: Comparação com Outros Estudos Este estudo Nitzsche (2016)

Leiter & Day (2013) Subescala M DP α M DP α M DP α Supervisores 0.93 1.30 .88 0.75 0.97 .88 0.63 1.09 .90 Colegas 0.46 0.97 .93 0.65 0.81 .86 0.89 1.23 .95 Subordinados - - - 0.49 0.85 .86 0.80 1.12 .95 Clientes 2.24 2.10 .94 1.02 1.18 .91 - - - Instigada 0.40 0.70 .78 0.58 0.68 .79 0.35 0.53 .84

Nota. M = Média; DP = Desvio-Padrão; α= Alfa de Cronbach da subescala.