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17º. O conselho regulador deverá propor/elaborar um documento para que sejam feitas análises das joias como produtos finais;

17.1. O conselho regulador poderá fazer controle e fiscalização do devido uso do nome geográfico através de seus membros, ou por quem este indicar;

17.2. O conselho Regulador deverá propor formas para que sejam realizadas as análises periódicas dos produtos finais para identificar se o produto segue padrões de qualidade normalizados pelo Regulamento de Uso, assim, emitir o certificado e os selos aos artesãos:

17.3. O Conselho Regulador criará comissões de fiscalizações nas lojas/oficina/ateliês dos artesãos para identificar se os mesmos estão seguindo, as normas instituídas pelo Regulamento de Uso;

17.4. O conselho Regulador poderá realizar as fiscalizações descritas no item 17.3 sem necessidade de comunicação prévia aos artesãos responsáveis pelo estabelecimento (ACEAPP, 2019).

O nome fiscalização não é o mais adequado do item 17.1, pois isso só caberia a um órgão público que tivesse poder fiscalizatório previsto em lei. Mas o controle surpresa, caso a regra tenha sido estabelecida junto aos artesãos e os mesmos tenham concordado, pode até ser feito, pois em tese, os artesãos fizeram a regra e concordaram com ela, durante a organização das informações da elaboração do Caderno de Especificações Técnicas. Digamos que seria um direito disponível do qual eles abriram mão para o bem da coletividade. A princípio o Caderno de Especificações Técnicas é estabelecido em concordância com todos os artesãos associados. E os novos devem tomar conhecimento e aderir.

18º. O conselho Regulador estabelecerá os instrumentos e procedimentos para manter os seguintes controles:

18.1. Cadastros atualizado periodicamente dos artesãos que utilizem o selo da IP.

18.2. Relatórios com informações da produção e comercialização de joias de cada artesão, referente a joias com o selo de IP (ACEAPP, 2019).

Informação importante para a competitividade da Indicação Geográfica, junto ao SICAB, para a promoção de ações e políticas públicas, no item 18.2.

18.3. Controle Rigoroso de emissão de certificados de garantia/Selo de Indicação de Procedência.

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18.4. Poderão ainda ser definidos outros controles para certificar a garantia dos produtos da IP (ACEAPP, 2019).

No caso acima, a informação imprecisa e abrangente acaba por deixar subentendido a intenção. Deixando margens para ações que podem sair do controle do Caderno de Especificações Técnicas.

No caso a ação emergente para a implementação da IP por parte da ACEAPP, seria a elaboração descritiva dos mecanismos de controle e defesa sobre as Joias em Prata Artesanal e aos artesãos, (art. 7°, alínea f) por meio do conselho regulador.

A IN n°. 95/2018 traz a exigência de controle na Indicação Geográfica, porém não estabelece a forma de controle, mas o elenca como requisito para o uso do sinal geográfico, conforme referido.

Na elaboração e atualização dos dados cadastrais dos produtores, seria imprescindível a parceria do PAB junto ao controle do SICAB: organizando os artesãos, de acordo com a BCA em processos elaborados para a prova de habilidades técnicas dos artesãos, sob responsabilidade da Coordenação Estadual de Artesanato, que resulta na validação pela “Carteira do Artesão” Cabe ressaltar que a Carteira Nacional do Artesão, instituída pela Portaria nº14 – SCS, de 16 de abril de 2012, Seção I, Páginas 51 e 52, alterada e normatizada pela Portaria 1007 – SEI, de 11 de junho de 2018, é um importante instrumento que permite o acesso dos trabalhadores artesãos a cursos de capacitação, feiras e eventos apoiados pelo Programa do Artesanato Brasileiro – PAB. Devendo, portanto se adequar para ser utilizada como ferramenta de apoio a certificação de conformidade, adaptada para aos critérios da proposição do Caderno de Especificações Técnicas da Indicação Geográfica, verificando se os artesãos cumprem os pré-requisitos da produção artesanal na joalheria em prata; e na gestão das informações, gerando indicadores e dados qualificados para subsidiar as políticas específicas para a IG de artesanato de Pirenópolis e para as demais de artesanato. Porém, se faz necessário apontar que a lei do Artesão LEI Nº 13.180, de 22 de outubro de 2015, que dispõe sobre a profissão do artesão traz em seu Art. 2º que o artesanato será objeto de política específica no âmbito da União, e nas diretrizes básicas a valorização da identidade e cultura nacionais por meio de ações:

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II - a destinação de linha de crédito especial para o financiamento da comercialização da produção artesanal e para a aquisição de matéria-prima e de equipamentos imprescindíveis ao trabalho artesanal;

III - a integração da atividade artesanal com outros setores e programas de desenvolvimento econômico e social;

IV - a qualificação permanente dos artesãos e o estímulo ao aperfeiçoamento dos métodos e processos de produção; V - o apoio comercial, com identificação de novos mercados em âmbito local, nacional e internacional;

VI - a certificação da qualidade do artesanato, agregando valor aos produtos e às técnicas artesanais;

VII - a divulgação do artesanato (Brasil, 2015).

Importante ressaltar que a lei 13.180 traz sobre a certificação de qualidade do artesanato, portanto a BCA não tem o alcance de uma lei, por ser uma portaria com finalidades administrativa. A certificação para o artesanato Brasileiro é um instrumento de grande importância para o setor e principalmente para apoiar nos controles externos.

Na Seção III, Dos Eixos e Estratégias da Portaria 1007/18, no Art. 7°,item que trata sobre os limites de atuação do PAB ,um dos eixos e estratégias é o Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), que manterá cadastro permanente dos artesãos, permitindo conhecer e mapear o setor artesanal, além de propiciar a realização de estudos técnicos que servirão de subsídio à elaboração de políticas públicas voltadas para o artesanato. Sabendo-se que as políticas públicas são alimentadas por bases de dados, se torna imprescindível a organização qualificada das informações que dizem respeito ao artesanato protegido pela Indicação Geográfica. Vale ressaltar que nas etapas de levantamento de informações sobre Indicação Geográfica de Artesanato brasileiro, foram feitos esforços para o levantamento de informações junto ao PAB e não foram encontrados dados apreendidos de forma qualificada e nem mesmo na Base Conceitual do Artesanato. No que tange aos controles que podem ser utilizados nas Indicações Geográficas, existem três tipos: Controle Externo, Controle Interno e Autocontrole, descritos no quadro 17.

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Quadro 17-Níveis de Controle IG

125 Q u e m ? Produtores /Artesãos

Pelo Conselho Regulador, declarados no

Caderno de Especificações Técnicas. Órgãos especializados em controles. C o m o ? Cumprimento das Normas

Controle da qualidade, evitar fraudes, adulterações e usurpações do nome que se tornou conhecido pelo registro

Auditorias e

certificações. Fonte: Adaptado de Vieira (2019)

Aqui vemos a clara necessidade da atuação do Programa do Artesanato Brasileiro, estabelecendo as conexões necessárias para a promoção da governança, espelhados nos três níveis de controle da Indicação Geográfica.

Nas questões relacionadas à implementação do controle da Indicação Geográfica, como este deve ocorrer, quem deve participar, como garantir transparência e tratamento igualitário, necessidade de participações externas, problemas oriundos da implementação do controle, desaprovação de produtos, desrespeito ao regulamento de uso, sanções internas decorrentes, questões relacionadas a terceiros que estejam instalados na área, mas não participam da entidade representativa (BRASIL, 2015).

O controle interno implica na atuação da própria Entidade Representativa, no caso a ACEAPP. Em regra, ela é organizada por um órgão específico da entidade, que tem o papel de fazer o controle e a gestão (conjunta ou separadamente) da Indicação Geográfica (BRASIL, 2015).

No caso da supervisão sobre as atividades de produção fica o questionamento sobre os meios a serem utilizados, visto que ao longo do Caderno de Especificações Técnicas, as definições sobre o padrão de qualidade não estão devidamente declarados. Como visto nas oficinas dos artesãos, durante a pesquisa de campo, há uma sequência de técnicas que são amparadas por ferramentas e máquinas específicas e acabamentos diversos, percebidos e já definidos no processo de produção das joias artesanais em prata de Pirenópolis, oriundos da ourivesaria, e os mesmos não foram apresentados detalhadamente junto ao documento, para subsídio dos controles.

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As Joias protegidas pelo sinal distintivo concedido a Pirenópolis deveriam estar em conformidade com o padrão de produção que foi estabelecido, de acordo com as informações e orientações da Base Conceitual do Artesanato. Logo, deve-se descrever o modo pelo qual o produto é feito de forma detalhada, para que possa ser realizado o controle das mesmas. Isso tudo para saber se está sendo feito o bom uso da Indicação Geográfica.

Em relação ao controle da produção ou, os produtores ou prestadores de serviço devem reproduzir as etapas pré-estabelecidas. Nesse sentido, deve-se descrever o meio de controle em relação aos pontos essenciais das etapas da produção ou prestação de serviço, para nortear o artesão durante a produção, e ao cliente que busca o diferencial de uma peça artesanal a garantia que o produto foi consolidado dentro do padrão que gerou a notoriedade ao produto, retratando as boas práticas locais, criando uma identidade comum para justificar a escolha de compra.

Observa-se que, para fins de controle, podem ser utilizados documentos apresentados aos órgãos oficiais, como laudos ou atestados do produto ou serviço, conjuntamente com a atuação da ACEAPP, no sentido de fornecer segurança aos artesãos, frente a competitividade do mercado industrial e segurança para os clientes. O estímulo de apoio deve estar atrelado a governança institucional, por meio de prêmios, concursos de reconhecimentos, apoio à comercialização e aprimoramento técnico produtivo, de modo a trazer estímulos aos artesãos.

A aproximação com a academia, no sentido de gerar incentivos para a proposição de novos estudos, que venham se converter em produtos técnicos científicos, servindo de base para elaboração de políticas públicas que venham impactar na qualidade dos produtos por meio do desenvolvimento tecnológico e a promoção da inovação.

O conjunto das ações acima deve ser feita de modo linear para todos os produtores da cadeia produtiva com o apoio governamental, em vários níveis institucionais. Caso contrário, corre-se o risco de a IG cair em situações de usurpação ou ser deixada de lado por falta de adesão.