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Capítulo II – Metodologia e Objeto de Estudo

7. Análise dos dados

7.1. Sistema de categorização

Resultante dos objetivos do nosso estudo, bem como das leituras efetuadas foi organizado, testado e validado um sistema de categorias. Tendo em conta a análise de conteúdo proposta por Bardin (2007), que refere que a maioria dos procedimentos de análise se organiza em redor de um processo de categorização.

Da aplicação deste procedimento emergiram as seguintes categorias e subcategorias:

Categorias Subcategorias

Liberdade

Atividades de vida diária – referências às tarefas

domésticas, cozinhar, arrumar a casa.

Viagens – referências às viagens efetuadas após a viuvez,

saídas para o estrangeiro.

Autonomia – liberdade no sentido de não dar explicações a

ninguém.

Lazer

Atividades físicas – atividades como as caminhadas, dançar,

hidroginástica, etc.

Atividades manuais – atividades como cozer, fazer

bordados, costurar.

Atividades intelectuais – atividades como ler, computador,

aprender assuntos novos.

Situação económica

Limitações – limitações financeiras sentidas após o estado

de viuvez, diminuição de poder económico

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Espiritualidade Valores religiosos – Apoio na fé e na religião de forma a

diminuir o sofrimento da perda.

Gestão do tempo

Para os outros – referências a um aumento de tempo para

dar aos outros.

Para si próprio- referências a um aumento de tempo para si

próprias depois de enviuvarem.

Redes Sociais

Família- apoio e suporte dado pela família. Amigos - apoio e suporte dado pelos amigos.

Vizinhos- criação de associações de ajuda aos vizinhos

viúvos.

Solidão

Tristeza – referências efetuadas aos sentimentos de tristeza

e emoções trazidas pela perda do conjugue.

Saudade - referências à saudade sentida, aliada à solidão. Sem alteração Referências a que nada mudou após a viuvez.

Quadro 2 - Categorias e subcategorias

Liberdade

Esta categoria associa-se à totalidade de referências feitas, pelas idosas, que depois da viuvez relatam que ficaram com mais liberdade, segundo palavras utilizadas pelas próprias, para diferentes tipos de atividades.

Liberdade face às atividades de rotina diária:

“A única coisa diferente, é que tinha que me levantar às 7 da manhã todos os dias, para dar

pequenos-almoços, tinha que fazer as refeições a horas, agora não, se me apetecer dormir até mais tarde, não tenho a preocupação” (Teresa, 73 anos)

“Diferença é mais a comodidade do comer, porque eu assim como o que quero e o que me apetece, cozinho só quando quero, é uma grande diferença para mim” (Mariana, 66 anos)

Liberdade que lhes dá possibilidade de viajar:

“Depois que o meu marido morreu, a minha vida mudou completamente diferente, tenho ido para o estrangeiro, para França, para os Estados Unidos, tenho andado por aí, tenho ido passar férias, nunca ia passar férias” (Mariana, 66 anos)

51 Liberdade associada a autonomia:

“as pessoas até dizem, está mais nova? Não esqueço que sou viúva, o meu estado, mas sou livre, não tenho ninguém que me priva, nem que me dê ordens, sou livre. Eu digo, tirando a parte de perder o meu marido, que é uma coisa que nunca esqueço, a parte melhor da minha vida é agora”

(Alice, 78 anos)

Lazer

Esta unidade temática engloba todas as referências efetuadas pelas idosas entrevistadas referentes a diversas atividades de lazer, tais como atividades físicas, atividades manuais e atividades intelectuais.

“Ando de bicicleta, todos os dias, onde precisar de ir, vou sempre de bicicleta” (Carolina, 68 anos)

“Gosto muito da lida da casa, adoro crochés, fiz muitas toalhas grandes, para as minhas netas, para amigos, tenho rendas em tudo” (Alice, 78 anos)

“o que mais gosto de fazer, é pôr a minha cabeça ocupada, ler um livro, colecionar livros e postais” (Graciete, 84 anos)

Situação económica

No que toca à situação económica, foi um ponto muito abordado pelas idosas entrevistadas, pois muitas referiam a limitação económica como um problema derivado da própria viuvez e outras apontavam a satisfação económica como uma oportunidade de poderem através dessa satisfação ultrapassarem melhor a situação.

“mudanças para pior, o companheiro que era muito amigo, economicamente também fiquei pior,

pois fiquei sozinha, quando eramos dois era diferente” (Ângela, 71 anos)

“o dinheiro ajudou-me muito, com o dinheiro eu viajei, eu fazia uma fuga para as pessoas não se aperceberem o drama que eu atravessei” (Daniela, 65 anos)

Espiritualidade

Esta categoria refere-se a todas as referências aos valores religiosos das idosas. “O importante é ter muita fé, ter muito amor, eu não me considero sozinha em casa, pois tenho

sempre a presença do meu marido e de Deus, sou uma pessoa católica e isso dá-me força e coragem e ânimo” (Alexandra, 84 anos)

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Gestão do tempo

No que se refere à gestão do tempo, esta integra unidades de registo que, nas entrevistas, foram apontadas como o facto de a viuvez trazer mais tempo, tanto para si próprias, como para os outros.

“Já fazia voluntariado quando o meu marido era vivo, mas agora tenho mais tempo” (Esperança, 65 anos)

“a parte melhor da minha vida é agora. Já não tenho a quem entregar o meu tempo, que precisava muitas vezes e não tinha” (Alice, 78 anos)

Redes Sociais

As redes de apoio são recursos sociais que prestam auxílio de forma informal, onde se destacam a família, os amigos e os vizinhos.

Nesta categoria foram associadas todas as referências acerca dos significados para as entrevistadas nos seus relacionamentos com a família, amigos e vizinhos.

Família

“estou sempre acompanhada com a minha família, os meus filhos vão sempre visitar-me” (Rosa, 79 anos)

Amigos

“Há sempre que fazer, também recebo muitas visitas, amigos” (Alice, 78 anos)

Vizinhos

“Estou ligada a uma associação de bairro informal, com vizinhas, reunimo-nos uma vez por

semana, conversamos sobre a situação dos vizinhos, há uma relação de entreajuda” (Daniela, 65

anos)

Solidão

Esta unidade temática engloba todas as referências ao estado de solidão que resulta do facto de as idosas terem perdido os seus maridos, consequentemente no seu discurso o tema tristeza e saudade é muito apontado.

“Olhe, a tristeza é muita, a alegria não é nenhuma” (Ana, 85 anos)

“Para mim a viuvez é um estado, uma faze da vida triste, eu procuro ultrapassar esse sofrimento, essa solidão” (Ângela, 71 anos)

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“é uma saudade muito grande, foram muitos anos de casados” (Deolinda, 83 anos)

Sem alteração

Nesta categoria integram todas as unidades de registo que as idosas entrevistadas referiram como não tendo existido nenhuma alteração significativa pelo facto de terem ficado viúvas.

“Continuei sempre igual, não mudou nada, eu é que também resolvia tudo” (Assunção, 89 anos)

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