SUMÁRIO
NDVI 114 4.3 Análise da Morfologia Urbana
5. O campo térmico urbano de Brasília – DF: Ilhas de Calor em Brasília – DF
4.1. Sistema de Classificação das Zonas Climáticas Locais
O novo sistema de classificação das “Zonas Climáticas Locais” (LCZ), de Stewart e Oke (2012) fornece uma estrutura de pesquisa para estudos de ilhas de calor urbanas e padroniza a troca mundial de observações de temperatura urbana (Figura 46). Os dados, a serem identificados em cada área, sintetizam os aspectos que influenciam o campo térmico urbano. A Tabela 13 serve de base para levantamentos de áreas urbanas para fins de estudos do climar urbano, sendo que no presente trabalho abordamos parte dos aspectos nele apresentados. Vale destacar a escala numérica de medições estabelecida para cada aspecto a ser analisado, as quais configuram os parâmetros do clima urbano estabelecidos por Stewart e Oke (2012). Para as análises das áreas do presente trabalho, alguns parâmetros também foram estabelecidos e adaptados aos aspectos de análise definidos. Pretende-se assim, acrescentar uma análise qualitativa aos dados quantitativos obtidos na pesquisa. Ainda neste sentido, etabelecemos a analogia entre a classificação das LCZs e as respectivas áreas de análise desta tese, listadas na Tabela 14.
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Figura 46 – Modelo da Ficha de Dados da Zona Climática Local (LCZ)
Fonte: Stewart e Oke, 2012, p. 1898.
Para compreender e aplicar LCZ de Stewart e Oke (2012) apresentam-se as Tabelas 14 e 15, com as descrições da Classes e Subclasses, respectivamente. Além da Classificação de Davenport et al. (2000), que respalda o conceito da rugosidade do terreno utilizado nas classificações das LCZs (Tabela 16). Ao final, a síntese dos valores das propriedades geométricas e de cobertura superficial das zonas climáticas locais, na Tabela 17, além da síntese dos valores das propriedades térmicas, radiativas e metabólicas, na Tabela 18. Trata-se de uma rica base de pesquisa para a análise do campo térmico urbano, viável para ser aplicada nas diversas formas de cidades existentes e em qualquer localização.
107 Tabela 13 – Ficha de Dados da Zona Climática Local
CHAVE LCZ NOME DA ZONA #
DEFINIÇÃO DA ZONA
Forma: Descrição da geometria do edifício, materiais construtivos, cobertura do solo, densidade de árvores, e atividades humanas.
Função: Usos da terra provavelmente associados com esta zona
Localização: Localização esperada da zona (centro, periferia; cidade, campo).
Correspondência: Zonas comparáveis no Sist. de classificação de Oke (2006) e Ellefsen (1991).
Ilustrações com Imagens da Zona em altura e do ponto de vista do pedestre.
PROPRIEDADES DA ZONA
a. Fator Visão do Céu (ψ sky) Fração visível do céu no nível do solo. Varia com a altura e o espaçamento
entre os edifícios e árvores. Influencia o aquecimento e o resfriamento da superfície proveniente da radiação solar.
0 - 1
b. Proporção H/W Proporção média entre altura e a largura dos cânions (LCZs 1 - 7) das ruas, espaçamento entre os edifícios e espaçamento entre as árvores ou plantas (LCZs A - F). Influencia o fluxo de ar da superfície e o aquecimento / resfriamento proveniente da radiação solar.
0 - 3
c. Altura média dos Edifícios / Altura das Árvores (ZH)
0 - 50m
Média geométrica da altura dos edifícios (LCZ 1 - 10) e altura das árvores ou plantas (LCZ A - F). Influencia a reflectividade da superfície, o fluxo de ar, e a dissipação do calor acima do solo.
d. Classe de Rugosidade do Terreno
Classificação de Davenport et al. (2000) da rugosidade efetiva do terreno (z0)
para paisagens urbanas e rurais. Influencia a reflectividade da superfície, o fluxo de ar, e a dissipação do calor acima do solo. Ver tabela 14.
0 - 8
e. Fração da Superfície Construída (λB) – 0 – 100%
Proporção da superfície do solo edificada. Influencia a reflectividade da superfície, o fluxo de ar, e a dissipação do calor acima do solo.
f. Fração da Superfície Impermeável (λi) – 0 – 100%
Proporção da superfície do solo com cobertura impermeável (pavimentada ou rocha). Influencia a reflectividade da superfície, disponibilidade de umidade e potencial aquecimento / resfriamento.
g. Fração da Superfície Permeável (λV) – 0 – 100%
Proporção da superfície do solo com cobertura permeável (solo exposto, vegetação e água). Influencia a reflectividade da superfície, disponibilidade de umidade e potencial aquecimento / resfriamento.
h. Admitância da Superfície (μ)
Habilidade da superfície em receber ou liberar calor em escala local. Influencia o armazenamento de calor na superfície e taxas de aquecimento / resfriamento. Varia com a umidade do solo e a densidade dos materiais. Em copas de árvores densas (LCZ A), a "superfície" é indefinida e a admitância desconhecida. 500 - 2500 J m–2 s–1/2 K–1
i. Albedo Refletividade de superfície em escala local e sob o céu claro do meio-dia. Influencia o potencial aquecimento radiante da superfície. Varia com a cor da superfície, a umidade e a rugosidade.
0,02 - 0,5
j. Fluxo de Calor Atmosférico (QF)
0 - 400 W m−2
Densidade média anual do fluxo de calor antropogênico em escala local. Fontes de calor incluem veículos motores, processos de combustão industrial e doméstica, aquecimento / resfriamento dos espaços e metabolismo humano. Varia significativamente com a latitude, as estações e a densidade da população.
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Tabela 14 – Tabela de Classificação das LCZ’s e correspondência com as áreas analisadas em Brasília - DF
ILUSTRAÇÃO TIPOS DE EDIFÍCIOS DEFINIÇÃO ESTUDOS DE CASO EM BRASÍLIA 1 EDIFÍCIOS ALTOS AGRUPADOS
Mistura Densa de edifícios altos com 10 pavimentos. Poucas ou nenhuma árvore. Cobertura do solo pavimentada. Materiais de construção de concreto, aço, pedra e vidro.
ÁGUAS CLARAS (LCZ1), GAMA (LCZ7e1), TAGUATINGA (LCZ7e1) 2 EDIFÍCIOS MÉDIOS AGRUPADOS
Mistura Densa de edifícios médios de 3 a 9 pavimentos. Poucas ou nenhuma árvore. Cobertura do solo pavimentada. Materiais de construção de pedra, tijolo, azulejo e concreto.
3
EDIFÍCIOS BAIXOS AGRUPADOS
Mistura Densa de edifícios baixos de 1 a 3 pavimentos. Poucas ou nenhuma árvore. Cobertura do solo pavimentada. Materiais de construção de pedra, tijolo, azulejo e concreto.
TAQUARI (LCZ3 B) 4 EDIFÍCIOS ALTOS ABERTOS
Edifícios altos (10 pavimentos) em arranjo aberto. Cobertura do solo bastante permeável (vegetação rasteira, árvores espalhadas). Materiais de construção em concreto, aço, pedra e vidro. ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS (LCZ4D) 5 EDIFÍCIOS MÉDIOS ABERTOS
Edifícios médios (3-9 pavimentos) em arranjo aberto. Cobertura do solo bastante permeável (vegetação rasteira, árvores espalhadas). Materiais de construção em concreto, aço, pedra e vidro. SETOR SUDOESTE E NOROESTE 6 EDIFÍCIOS BAIXOS ABERTOS
Edifícios baixos (1-3 pavimentos) em arranjo aberto. Cobertura do solo bastante permeável (vegetação rasteira, árvores espalhadas). Materiais de construção em madeira, tijolo, pedra, azulejo e concreto.
SUPERQUADRA S ASA SUL E ASA NORTE (LCZ6A) 7 BAIXA DENSIDADE LEVE (PRÓXIMAS)
Mistura densa de edifícios de pavimento térreo. Poucas ou nenhuma árvore. A cobertura do solo é dura e compacta. Materiais de construção leves (por exemplo, madeira, palha, metal ondulado).
SOBRADINHO I e II (LCZ7 B); ITAPOÃ (LCZ7) 8 BAIXA DENSIDADE AMPLA (ISOLADA)
Arranjo aberto de grandes edifícios baixos (1- 3 pavimentos). Poucas ou nenhuma árvore. Cobertura do solo pavimentada. Materiais de construção de aço, concreto, metal e pedra.
9 CONSTRUÇÕE
S ESPARSAS
Arranjo disperso de pequenos ou médios edifícios em um ambiente natural. Abundância de cobertura do solo permeável (plantas baixas, árvores dispersas).
10 INDÚSTRIA
PESADA
Estruturas industriais de alturas baixas e médias (torres, tanques, pilhas). Poucas ou nenhuma árvore. Cobertura do solo pavimentada ou dura e compacta. Materiais de construção de metal, aço e concreto.
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Tabela 15 – Tabela de Subclasses das Zonas Climáticas Locais
ILUSTRAÇÃO TIPOS DE COBERTURA DO SOLO DEFINIÇÃO A ARBORIZAÇÃO DENSA
Paisagem fortemente arborizada, com árvores de folha caduca e/ou perene. Solo permeável (vegetação rasteira). A função da zona é floresta natural, cultivo de áreas ou parques urbanos.
B ARBORIZAÇÃO
DISPERSA
Paisagem levemente arborizada, com árvores de folha caduca e/ou perene. Solo permeável (vegetação rasteira). A função da zona é floresta natural, cultivo de áreas ou parques urbanos.
C CAMPOS E ARBUSTOS
Arranjo aberto de campos, arbustos, árvores baixas e lenhosas. Solo permeável (solo ou areia). A função da zona é mata natural ou agricultura.
D VEGETAÇÃO
RASTEIRA
Paisagem com pouca expressão de grama ou plantas herbáceas / cultivos. Pouca ou nenhuma árvore. A função da zona é pastagem natural, agricultura ou parque urbano.
E ROCHA EXPOSTA OU
PAVIMENTADA
Paisagem com pouca expressão em pedras ou solo pavimentado. Pouca ou nenhuma árvore ou planta. A função da zona é deserto natural (rocha) ou transporte urbano.
F SOLO OU AREIA
EXPOSTOS
Paisagem inexpressiva de solo e areia. Pouca ou nenhuma árvore ou planta. A função da zona é deserto natural ou agricultura.
G ÁGUA
Grandes corpos d'água abertos, como oceanos e lagos, ou pequenos corpos, como rios, reservatórios e lagoas.
110 Tabela 16 - Classificação de Davenport para rugosidade do terreno e correspondência LCZ
CLASSES DE DAVENPORT COMPRIMENTO DA RUGOSIDADE, z0 (m) DESCRIÇÃO DA PAISAGEM LCZ CORRESPONDENTE 1 OCEANO 0.0002
Água aberta, planície coberta de neve, deserto sem características, asfalto, e concreto, com aparição de vários quilômetros.
E, F, G
2 PLANO 0.005
Paisagem sem características e sem obstáculos e com pouca ou nenhuma vegetação (por exemplo, pântano, lugar coberto de neve ou pistas de pouso).
E, F
3 ABERTO 0.03
Lugar plano com vegetação rasteira e obstáculos isolados separados por 50 alturas de obstáculos (por exemplo, grama, tundra, pista de aterragem do aeroporto).
D
4 ABERTO
APROXIMADAMENTE 0.10
Vegetação rasteiras ou coberturas de plantas. Lugar moderadamente aberto com obstáculos ocasionais (por exemplo, árvores isoladas, edifícios baixos) separados por 20 alturas de obstáculos.
7, C, D
5 RUGOSO 0.25
Vegetação elevada ou culturas de alturas variáveis. Obstáculos dispersos separados por 8 a 15 alturas de obstáculos, dependendo da porosidade (por exemplo, edifícios, cinturões de árvores).
5–10, B, C