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2.2. Gestão Ambiental

2.2.4 Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

“A parte do sistema de gestão global que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir e analisar criticamente e manter a política ambiental”.

Para Maimon (1996) SGA pode ser definido como um conjunto de procedimentos para administrar uma organização, de forma a obter o melhor relacionamento com o meio ambiente. De uma forma resumida Philippi, Cardoso e Erdmann (2002) definem SGA como “o conjunto de procedimentos para gerir uma organização em conformidade com o meio ambiente”. Portanto, a essência de um Sistema de Gestão Ambiental está voltada para uma adequada e eficiente gestão que está preocupada com os possíveis impactos que podem causar ao meio ambiente.

Para iniciar a implantação de um SGA, primeiro deve-se verificar o posicionamento da empresa em relação ao desafio ambiental; envolvendo a identificação dos pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças. Donaire (1999) considera pontos fortes os produtos ambientalmente saudáveis, os processos produtivos que economizam recursos e não provocam riscos ao ambiente, a imagem corporativa em relação a causa ambiental, e a capacidade da área de P&D para tecnologias e produtos “limpos”. Os pontos fracos são os produtos que não podem ser reciclados, os processos poluentes, os efluentes perigosos, a imagem poluidora, e o pessoal não engajado na questão ambiental Tratando-se das oportunidades têm-se a entrada em novos mercados, a possibilidade de transformar produtos tradicionais em produtos ambientalmente saudáveis, assegurar a sobrevivência da empresa pela manutenção de uma boa imagem ambiental, aumentar o desempenho dos fornecedores e colaboradores estabelecendo novos objetivos para a proteção ambiental, e a possibilidade de economizar recursos, energia e custos. Pode-se considerar como ameaças (pertinentes) o avanço da legislação ambiental e a possibilidade de investimentos adicionais e redução dos lucros, intervenção governamental nas atividades produtivas atuais, atuação de grupos ecológicos, e o desempenho dos concorrentes referentes à questão ambiental.

Moura (2002) apresenta três conjuntos de atividades a ser cumprida para a implantação de um SGA, o primeiro é a análise da situação atual da empresa, o qual verifica o desempenho atual da organização quanto aos seus produtos, serviços prestados e sistemas de produção; o segundo conjunto é o estabelecimento de metas, onde a empresa delimita onde pretende chegar; e por último o estabelecimento de métodos, responsável pela definição das diretrizes que indicarão como chegar. Já Maimon (1996) sugere a seguinte seqüência de implantação de um SGA obedecendo a norma ISO 14001: revisão ambiental inicial ou

avaliação ambiental inicial; política ambiental; planejamento; implementação e operação; monitoramento e ações corretivas; e revisões no gerenciamento. Assim, juntando estas duas definições percebe-se que a implementação de um SGA é a aplicação de conceitos e técnicas de Administração, voltadas para as questões ambientais.

Maimon (1996) classifica as vantagens da implantação de um SGA em vantagens para a sociedade, por meio da melhoria da qualidade de vida com a redução de impactos ambientais e da minimização do custo de controle e de fiscalização; e em vantagens para as empresas, em termos organizacionais, quando a questão ambiental passa a ser considerada no planejamento estratégico, na produção, na distribuição e na disposição final do produto, em mudança comportamental, na redução de custos por meio da eliminação de desperdícios da alocação dos recursos naturais; e por fim como vantagem competitiva exposta na imagem da empresa.

Reis e Queiroz (2002) apresentam dez benefícios decorrentes da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental:

1- Demonstrar aos clientes o comprometimento com a gestão ambiental; 2- Manter ou melhorar as relações com a comunidade e público em geral; 3- Facilitar o acesso a novos investimentos;

4- Obter diminuição dos custos de seguro;

5- Melhoria da imagem da empresa e aumento do market share; 6- Melhoria do controle de custos;

7- Diminuição de custos via redução de desperdícios de fatores produtivos; 8- Redução e/ou eliminação dos impactos negativos;

9- Cumprimento da legislação ambiental aplicável; 10- Redução do número de auditorias os clientes.

A partir destas questões pode-se elaborar e estabelecer um plano em que a estratégia ambiental da empresa progrida de forma que o planejamento, a organização, a direção e o controle da empresa considere com a mesma atenção os resultados econômicos, financeiros e ambientais; confirmando que a adoção de um SGA proporciona uma significativa vantagem competitiva para as organizações que procuram assegurar sua participação no mercado.

De acordo com Rodrigues, Fontoura e Valle (2002, p.31) :

“A implementação de um SGA completo, aquele no qual os funcionários têm as preocupações com as questões ambientais presentes no seu cotidiano, leva uma reflexão crítica e contínua, a qual reforça a idéia de que a organização não é um fim em si próprio e que precisa considerar interesses que vão além dos ganhos de lucratividade e competitividade”. Para um seguro e eficiente SGA, as normas ambientais surgem com o propósito de certificar o envolvimento do processo organizacional diante as questões ambientais.

2.2.5 A ISO 14001

De acordo com Reis e Queiroz (2002) “as normas da série ISO 14000 são um conjunto de normas ou padrões de gerenciamento ambiental, de caráter voluntário, que podem ser utilizadas pelas empresas para demonstrar que possuem um sistema de gestão ambiental”. Portanto, uma organização que busca na qualidade ambiental um fator de competitividade, encontra na série ISO 14000 a oportunidade para se valorizar diante o mercado em que atua.

Valle (2002) diz que as normas desta série são concebidas como “um sistema orientado para aprimorar o desempenho da organização por intermédio da melhoria contínua de sua gestão ambiental, sem a pretensão de impor índices e valores mínimos”. Este mesmo autor ainda complementa que o objetivo central da ISO 14000 é um sistema de gestão ambiental que ajude a organização a cumprir seus compromissos assumidos a favor do meio ambiente.

As normas da série ISO 14000 foram desenvolvidas pelo Comitê Técnico 207 (TC 207) e, procura atender as necessidades das empresas, proporcionando-lhes uma base comum para o gerenciamento de suas questões ambientais (REIS e QUEIROZ, 2002); tendo como principais objetivos os itens a seguir:

proporcionar meios ou condições para um melhor gerenciamento ambiental;

ser aplicável a todos os países;

promover da forma mais abrangente possível, a harmonia entre o interesse público e os dos usuários das normas;

possuir uma base científica; ser prática, útil e utilizável.

O quadro a seguir apresenta a série ISO 14000 e seus respectivos títulos?

ISO TÍTULO

14000 Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais

14001 Sistemas de gestão ambiental – Especificações e diretrizes para uso (NBR ISO 14001, emitida em out/96)

14004 Sistemas de gestão ambiental – diretrizes gerais sobre princípios, sistema e técnicas de apoio (NBR ISO 14004, emitida em out/96)

14010 Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais (NBR ISO 14010, emitida em out/96)

14011 Diretrizes para auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria – Auditoria de sistemas de gestão ambiental (NBR ISO 14011, emitida em nov/96)

14012 Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditores ambientais (NBR ISSO 14012, emitida em nov/96)

14014 Diretrizes para auditoria ambiental – Diretrizes para a realização de avaliações iniciais 14015 Diretrizes para auditoria ambiental – Guia para avaliação de locais e instalações

14020 Rotulagem Ambiental – Princípios Básicos

14021 Rotulagem Ambiental – Definições para aplicação específica e auto-declarações 14022 Rotulagem Ambiental – Simbologia para os rótulos

14023 Rotulagem Ambiental – Metodologias para testes e verificações 14024 Rotulagem Ambiental – Procedimentos e critérios para certificação

14031 Avaliação de desempenho ambiental

14032 Avaliação de desempenho ambiental de sistemas operacionais 14040 Análise do ciclo de vida – Princípios Gerais

14041 Análise do ciclo de vida - Inventário

14042 Análise do ciclo de vida – Análise dos impactos 14043 Análise do ciclo de vida – Usos e aplicações 14050 Gestão Ambiental – Termos e definições - Vocabulário ISO Guide 64 Guia de inclusão dos aspectos ambientais nas normas para produto

Quadro 2 – Série ISO 14000

Fonte: Cyro do Valle, 2002.

Este estudo abordará a ISO 14001, a qual refere-se aos Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso. De acordo com a NBR ISO 14001 (ABNT, 1996) as normas internacionais de gestão ambiental têm por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Segundo Moura (2000) a norma ISO 14001 é responsável pela fixação das especificações para a certificação e avaliação do sistema de gestão ambiental de uma organização. No mesmo sentido, Philippi, Cardoso e Erdmann (2002) definem a ISO 14001 sucintamente como “uma norma voluntária que define os requisitos para as empresas que pretendem adotar um sistema de gestão ambiental”. A NBR ISO 14001 apresenta que “a finalidade desta norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades sócio-econômicas”. Portanto, pode-se constatar que esta norma busca atender às necessidades da sociedade por meio das atividades empresariais, juntamente com as necessidades do meio ambiente.

Valle (2002) expõe três exigências básicas expressa na norma ISO 14001 que as organizações devem seguir para alcançar a certificação ambiental, a primeira delas é a efetiva implantação de um sistema de gestão ambiental; a segunda é cumprir a legislação ambiental aplicável ao local da instalação; e por último, assumir um compromisso com a melhoria contínua de seu desempenho ambiental. De acordo com a NBR ISO 14001 (1996) esta norma se aplica a qualquer organização que almeje:

implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; assegurar-se de sua conformidade com sua política ambiental definida; demonstrar tal conformidade a terceiros;

buscar certificação/registro do seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa;

realizar uma auto-avaliação e emitir autodeclaração de conformidade com esta Norma.

A certificação do sistema de gestão ambiental atesta que se identifica uma gestão ambiental na empresa e que está em conformidade com uma determinada norma, como por exemplo a ISO 14001 (MAIMON, 1996). A própria norma NBR 14001 (ABNT, 1996) refere-se que

“[...] a adoção desta Norma não garantirá, por si só, resultados ambientais ótimos. Para atingir os objetivos ambientais, convém que o sistema de gestão ambiental estimule as organizações a considerarem a implementação da melhor tecnologia disponível, quando apropriado e economicamente exeqüível . Além disso, é recomendado que a relação custo/benefício de tal tecnologia seja integralmente levada em consideração”.

Em seqüência, a mesma norma continua referindo seu objetivo e área de aplicação: “Esta norma provê orientação para o desenvolvimento e a implementação de princípios e sistemas de gestão ambiental e sua coordenação com outros sistemas de gestão”.

De acordo com Philippi, Cardoso e Erdmann (2002) o primeiro passo para uma organização conquistar a certificação ambiental é a implantação de um sistema de gestão ambiental, corroborando com uma das exigências citadas por Valle (2002).

A NBR ISO 14001 (ABNT, 1996) expõe alguns requisitos que devem ser cumpridos pelas organizações que adotarem um SGA:

1- Política Ambiental; 2- planejamento;

3- implementação e operação; 4- verificação e ação corretiva; 5- análise crítica pela administração.

Percebe-se que os requisitos citados acima são praticamente os mesmos do processo produtivo de uma organização, portanto, a integração das questões ambientais com a gestão global da empresa permitirá considerável contribuição para a concretização do sistema de gestão ambiental.

A questão financeira é um fator muito importante num Sistema de Gestão Ambiental, pois é responsável pela obtenção de recursos necessários para sua viabilização, controle e acompanhamento dos investimentos. Donaire (1999) afirma que a área ambiental deve trabalhar junto com a de finanças para uma melhor avaliação financeira da questão ambiental; desenvolvendo métodos para análise de indicadores financeiros ambientais com o propósito de estabelecer índices que permitam compararas unidades produzidas com energia consumida, resíduos produzidos, materiais consumidos, água, etc. Além de ser de extrema importância a identificação dos custos relacionados ao meio ambiente.

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