• Nenhum resultado encontrado

LISTA DE SÍMBOLOS, NOMENCLATURA E ABREVIAÇÕES

2.2 – SISTEMA DE REVESTIMENTO DE FACHADA

2.2.1 – Definição

A NBR 13755 (ABNT, 1996) define revestimento externo como sendo o conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura-suporte, alvenarias, camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger a edificação da ação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar acabamento estético.

Os revestimentos de argamassa podem se constituir de uma ou duas camadas cujas denominações variam em emboço (massa grossa), reboco (massa fina) ou massa única (emboço paulista). De tal maneira que revestimentos de argamassa de uma camada se dividem em: massa única, quando tiverem acabamento em pintura e emboço quando for base para outros revestimentos. E os revestimentos em duas camadas (Figura 2.5) têm usualmente acabamento em pintura e são constituídos pelo emboço e pelo reboco (Sabbatini,1990).

Figura 2.5 –Revestimento com camada dupla.

Embora sejam diversas as alternativas de acabamento para revestimentos em argamassa em fachada, acabamentos cerâmicos e em pintura têm sido adotados preferencialmente no mercado nacional. Observar o esquema das camadas constituintes do revestimento

Figura 2.6 –Camadas constituintes do revestimento cerâmico (CCB, 2009).

O revestimento cerâmico é definido pela NBR 13816 (ABNT, 1997) como sendo o “conjunto formado pelas placas cerâmicas, pela argamassa de assentamento e pelo rejunte.

Medeiros e Sabbatini (1999) tratam os revestimentos cerâmicos de fachada aderidos como o conjunto monolítico de camadas (inclusive o emboço) aderidas à base suportante da fachada do edifício (alvenaria ou estrutura), cuja capa exterior é constituída de placas cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassa ou material adesivo (Figura 2.6).

De acordo com Silva (2006), as funções básicas do revestimento são: a regularização superficial dos fechamentos da base, proteção das alvenarias e estrutura de concreto com vistas à durabilidade, bem como contribuir no desempenho geral dos fechamentos da edificação, podendo variar de caso a caso.

2.2.2 – Elementos de fachada associados ao sistema de revestimento

Os revestimentos de fachadas cumprem um papel importante no desempenho global dos edifícios, contribuindo para estanqueidade aos gases e água, para o isolamento termo- acústico das vedações verticais e também para a estética do edifício (SILVA, F. 2006).

A tabela 2.3 compila dados complementares obtidos na NBR 13755 (ABNT, 1996) e em Medeiros e Sabbatini (1999) no que se refere aos elementos de fachada associados ao sistema de revestimento, suas composições e respectivas funções.

Tabela 2.3 –Elementos de fachada associados ao sistema de revestimento, composição e principais funções.

Elemento de Fachada Composição Função

Base ou substrato

Constituído por superfície plana de parede Podem ser concreto armado ou alvenaria de blocos cerâmicos, de blocos de concreto, blocos de concreto celular ou blocos sílico-calcários

Depende de sua função na estrutura, vedação ou estrutural

É a camada responsável por receber o revestimento de argamassa

Chapisco Argamassa de cimento, areia e água

Uniformizar a superfície da base quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento

Emboço

Mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânicos e água, contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento

Cobrir e regularizar a superfície da base ou chapisco, corrigindo defeitos irregularidades da mesma, propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de reboco, ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final

Reboco

Mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânicos e água, contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento

Cobrir o emboço, propiciando uma superfície que permita receber o revestimento decorativo ou que se constitua no acabamento final

Argamassa colante

Mistura constituída de aglomerante(s) hidráulico(s), agregado minerais e aditivo(s), que possibilita, quando preparada em obra com a adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente

Confere aderência às placas cerâmicas junto à camada que lhe serve de base

Acabamento decorativo

Tinta ou placa cerâmica e argamassa de rejunte à base de cimento, areia e/ou outros agregados finos, inertes não reativos, com adição de um ou mais aditivos químicos

Contribui para a definição estética do edifício e confere propriedades para a fachada como resistência à penetração de água, isolamento, limpabilidade, etc.

Argamassa de rejunte

Pode ser argamassa, nata de cimento, resina epóxi ou qualquer outro especificado para o devido fim

Composto destinado a preencher as juntas de assentamento de placas cerâmicas.

2.2.2.1 – Base ou substrato

Em se considerando a especificação do sistema de revestimento, não se deve limitar exclusivamente ao conhecimento das argamassas a serem utilizadas ou acabamentos, para se obter o desempenho satisfatório do todo. É importante conhecer também que tipo de base ou substrato foi utilizado, bem como sua interação com a estrutura, não somente pelo seu efeito estético, mas no sentido de nortear a escolha do revestimento mais conveniente em cada caso.

Sabendo-se o coeficiente de dilatação dos materiais, por exemplo, é possível estabelecer dosagens de argamassas cujo coeficiente seja o mais compatível ao do substrato em uso, de modo a evitar grandes disparidades de comportamento decorrentes da dilatação, colaborando na prevenção de potenciais problemas.

O sistema de revestimento deve ser compatível com a natureza do substrato, para o desenvolvimento da aderência, pois a rugosidade superficial do mesmo permite um maior intertravamento do revestimento à base, além de aumentar a superfície de contato, principalmente se a superfície for rugosa e tiver poros abertos. Sabe-se que substratos rugosos possuem maior área de contato com a argamassa aplicada e já os substratos lisos devem ter as superfícies preparadas com o intuito de torná-las adequadamente rugosas.

Tem-se uma diversidade grande de alvenarias empregadas nas vedações verticais, sendo as mais correntes, os blocos cerâmicos, os de concreto, concreto celular e os sílico-calcários, e ainda os elementos estruturais em concreto (vigas, lajes e pilares).

As alvenarias de vedação são painéis existentes entre estruturas, executados com blocos unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rígido, com objetivo de fechamento das edificações, e normalmente não são dimensionadas para resistir a ações além de seu próprio peso.

A alvenaria de vedação que é usual nas edificações, segundo Silva, R. et al. (2006), apresenta as peculiaridades que seguem:

▪ Como não se utiliza projeto de alvenaria, as soluções construtivas são

improvisadas durante a execução dos serviços;

▪ A mão-de-obra pouco qualificada executa os serviços com facilidade, mas nem

sempre com a qualidade desejada;

▪ O retrabalho: os tijolos ou blocos são assentados, as paredes são seccionadas para

a passagem de instalações e embutimento de caixas e, em seguida, são feitos remendos com a utilização de argamassa para o preenchimento dos vazios;

▪ O desperdício de materiais: a quebra de tijolos no transporte e na execução, a

utilização de marretas para abrir os rasgos nas paredes e a freqüência de retirada de caçambas de entulho da obra evidenciam isso;

▪ Falta de controle na execução: eventuais problemas na execução são detectados

somente por ocasião da conferência de prumo do revestimento externo, gerando elevados consumos de argamassa e aumento das ações permanentes atuantes na estrutura.

E ainda acrescenta que, devido à tendência de utilização de estruturas cada vez mais esbeltas, têm-se propiciado o surgimento de algumas patologias nas alvenarias, principalmente causadas por:

▪ Utilização de balanços com vãos grandes e seções transversais reduzidas; ▪ Falta ou inadequação de vergas e contravergas nas regiões dos vãos;

▪ Qualidade deficiente dos materiais utilizados (tijolos, blocos e argamassas) e da

execução;

▪ Problemas da ligação da estrutura com a alvenaria (ligação pilar/parede e

encunhamento).

Cabe ressaltar que este quadro não é generalizado, Souza et al. (1997) observa que algumas empresas construtoras atualmente, vêm demonstrando um maior entendimento da importância do projeto. Promove-se a integração entre os diversos projetistas e a inserção do projeto voltado para a produção, no qual se consolidam diretrizes e metodologias específicas, para orientar a elaboração do projeto dos diversos subsistemas que fazem parte do edifício.

2.2.2.2 – Chapisco

Leal (2003) alerta que o substrato ou base deve garantir a aderência do revestimento e apresentar características superficiais de planeza e de absorção de água uniformes. Complementarmente afirma que com o aumento da rugosidade da superfície dos substratos, se torna mais difícil a obtenção de uma extensão de aderência, ou seja, diminui- se o contato revestimento-substrato. Portanto para melhorar a resistência de aderência entre o substrato e o revestimento, criar uma superfície com rugosidade apropriada, e regularizar a capacidade de absorção inicial, ele recomenda a realização de um tratamento prévio da base através do chapisco.

O chapisco segundo Leal (2003) é um procedimento de preparação de base e não se constitui de uma camada do revestimento. A espessura média deste tratamento situa-se próxima a 5 mm, dependendo das características granulométricas da areia empregada.

Pelo método convencional, o chapisco é confeccionado com argamassa de traço 1:3, podendo variar a 1:4 (cimento: areia média - grossa, em volume). Deve ser lançado com a colher de pedreiro vigorosamente sobre a base, de modo a garantir rugosidade e deve ser curado antes da execução das camadas de revestimento de forma que a hidratação dos grãos de cimento ocorra.

Há o chapisco rolado que utiliza adesivos poliméricos e argamassa no traço, em volume, de 1:5 (cimento : areia fina), cuja aplicação é feita com um rolo utilizado para pintura acrílica. Neste tipo de chapisco recomenda-se a aplicação do rolo num único sentido, visto que se aplicada em movimentos de “vai e vem” pode abrir e fechar os poros da superfície e sua função principal deixa de ser atendida.

Existe ainda o chapisco industrializado cujo preparo exige somente o acréscimo de água conforme as recomendações indicadas por cada fabricante.

2.2.2.3 – Emboço, reboco e camada única

O emboço é a camada de revestimento cuja principal função é o encobrimento e a regularização da superfície. O reboco consiste na camada de acabamento dos revestimentos de argamassa, cuja espessura normalmente não ultrapassa 5 mm. A massa única por sua vez é o revestimento com acabamento em pintura executado em camada única, cujas funções consistem tanto na regularização da base como no acabamento.

A norma NBR 13749 (ABNT, 1996) indica as espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos para cada emboço e camada única conforme a tabela 2.4.

Tabela 2.4 – Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos para emboço e camada única (adaptada – ABNT NBR 13749, 1996).

Revestimento Espessura (mm) Parede interna 5 ≤ e ≤ 20 Parede externa 20 ≤ e ≤ 30 Tetos interno e externo e ≤ 0,20

Ao especificar o emboço é imprescindível que ele seja compatível com o substrato ao qual estará ligado, especialmente nos pontos de vista geométrico, físico e mecânico, conforme Martins, 2008.

A compatibilidade geométrica relaciona-se com a capacidade de aderência do emboço às superfícies do suporte, o preenchimento de juntas e correção de irregularidades da parede. Entre os fatores de que depende uma boa aderência do emboço destacam-se a quantidade de água existente, o teor de finos, o teor de aglomerantes e o coeficiente de absorção do suporte.

A compatibilidade física aponta para a capacidade de o emboço permitir trocas de umidade entre a alvenaria e o exterior e apresentar um coeficiente de condutibilidade térmica idêntica ao do suporte.

A compatibilidade mecânica, por sua vez, é essencial para evitar a transmissão de tensões elevadas entre argamassa e o suporte, capazes de deteriorar o reboco ou o próprio suporte.

A fim de atender satisfatoriamente aos esforços impostos durante o uso e cooperar para durabilidade e qualidade dos revestimentos, as argamassas durante a produção devem apresentar trabalhabilidade adequada, capacidade de absorver deformações, aderência e resistência mecânica.

A trabalhabilidade está relacionada a propriedades como: consistência, plasticidade, retenção e exsudação de água, coesão, adesão e teor de ar incorporado (CINCOTTO et al, 1995; CARASEK, 1996; SOUSA, 2005). Sendo que as principais são, a consistência que pode ser entendida com a propriedade pela qual a argamassa tende a resistir às deformações que lhe são impostas. E a plasticidade que é o comportamento que permite à argamassa reter a deformação, ou seja, manter a forma depois de cessado ou diminuído o esforço que gerou a deformação (RILEM, 1982). Seguem na tabela 2.5 os fatores que influenciam na trabalhabilidade conforme Sousa (2005).

Tabela 2.5 – Fatores que influenciam na trabalhabilidade da argamassa (Sousa, 2005).

Fatores internos Fatores externos

Teor de água muitas vezes definida em função

da consistência necessária Tipo de mistura Proporção entre aglomerantes e agregados Tipo de transporte Natureza e teor dos plastificantes (cal, finos

argilosos, etc) Tipo de aplicação no substrato Distribuição granulométrica, forma e textura

dos grãos do agregado Operações de sarrafeamento e desempeno

Natureza, teor e princípio ativo dos aditivos Características da base de aplicação (tipo de preparo, rugosidade, absorção, etc.)

A capacidade de absorver deformações é a propriedade do revestimento de deformar-se sem ruptura ou através de microfissuras imperceptíveis, quando os esforços atuantes ultrapassam o limite de resistência à tração do material (SABBATINI, 1990). É o tipo de característica que os revestimentos de argamassa devem possuir a fim de absorver deformações intrínsecas como retrações, expansões térmicas e higroscópicas, e deformações da base de pequena amplitude, sem apresentar fissuração visível e sem desagregar.

A aderência constitui-se na propriedade do revestimento manter-se fixo ao substrato, através da resistência às tensões normais e tangenciais que surgem na interface base- revestimento (MACIEL et al., 1998).

O mecanismo de aderência segundo Sabbatini (1990) se desenvolve, principalmente, pela ancoragem da pasta aglomerante nos poros e por efeito de ancoragem mecânica da argamassa nas reentrâncias e saliências macroscópicas da superfície a ser revestida.

Sob o ponto de vista da aderência do sistema de revestimento com relação à base é necessário o atendimento de algumas prescrições normativas, como o limite de resistência de aderência à tração (Tabela 2.6), delimitado pela NBR 13749 (ABNT, 1996).

Tabela 2.6 – Limites da resistência de aderência à tração (Ra) para emboço e camada única (adaptada - ABNT NBR 13749, 1996).

Local Acabamento Ra (MPa)

Parede

Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20 Cerâmica ou laminado ≥ 0,30

Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30

Cerâmica ≥ 0,30

Teto ≥ 0,20

A resistência mecânica segundo Sabbatini (1990) diz respeito à propriedade dos revestimentos de possuírem um estado de consolidação interna, capaz de suportar ações mecânicas das mais diversas naturezas, e que se traduzem em geral, por tensões simultâneas de tração, compressão e cisalhamento.

2.2.2.4 – Argamassa colante

A argamassa colante é um produto industrializado, à base de cimento, cujo preparo em obra exige apenas a adição de água nas proporções indicadas pelo fabricante. Segundo Sabbatini e Barros (2001) algumas características são exigidas das argamassas colantes, como:

▪ tempos de vida, de abertura e de ajustabilidade compatíveis com as condições de

trabalho;

▪ plasticidade e coesão tais que permitam o espalhamento e o ajuste dos

componentes e evitem o escorregamento dos mesmos da posição ajustada;

▪ retenção de água compatível com os componentes e com o substrato;

▪ espessura tal que não introduza tensões significativas nas interfaces de aderência e

que permita uma adequada superfície de contato entre si e a superfície do componente (mesmo que esta seja rugosa ou com saliências).

Conforme a NBR 14081 (ABNT, 2004) são quatro os tipos de argamassa colante existentes, que se diferenciam entre si por propriedades como tempo em aberto, resistência de aderência à tração aos 28 dias e deslizamento (Tabela 2.7).

A argamassa tipo AC-I é indicada pra uso em revestimento interno com exceção de saunas, churrasqueiras e estufas. O tipo AC-II é recomendado para pisos e paredes externos com tensões normais de cisalhamento. O tipo AC-III, considerado de alta resistência é indicado para uso em pisos e paredes externos com elevadas tensões de cisalhamento. E o tipo especial AC-IIIE, por sua vez, é indicado para ambientes externos, muito ventilados e com insolação intensa.

Tabela 2.7 – Requisitos de argamassa colante industrializada (ABNT NBR 14081, 2004).

Propriedade Método de ensaio

Argamassa colante industrializada

ACI ACII ACIII E

Tempo em aberto ABNT NBR 14083 ≥ 15 min ≥ 20 min ≥ 20 min

Argamassa do tipo I, II ou III, com tempo em aberto estendido em no mínimo 10 min o especificado nesta tabela Resistência de aderência à tração aos 28 dias em ABNT NBR 14084 (cura normal)

≥ 0,5 MPa ≥ 0,5 MPa ≥ 1,0 MPa

ABNT NBR 14084 (cura submersa)

≥ 0,5 MPa ≥ 0,5 MPa ≥ 1,0 MPa

ABNT NBR 14084 (cura em estufa) -

≥ 0,5 MPa ≥ 1,0 MPa

Deslizamento ABNT NBR 14085 ≤ 0,7 mm ≤ 0,7 mm ≤ 0,7 mm

O tempo em aberto pode ser entendido como o período de tempo disponível para o trabalho e aplicação da argamassa colante sem que a mesma perca a capacidade de aderência em relação ao material de revestimento.

No que se refere ao tipo de colagem da argamassa colante, a NBR 13 755 (ABNT, 1996) associa a área da placa cerâmica a ser assentada ao tipo de desempenadeira utilizada e forma de aplicação, como mostra a tabela 2.8.

Tabela 2.8 – Placas cerâmicas, desempenadeiras e aplicação (ABNT NBR 13755, 1996).

Placas cerâmicas mm Formato dos dentes da

desempenadeira (mm) Aplicação Tardoz com reentrâncias ≤ 1 Quadrados 8 x 8 x 8 Camada única Tardoz com reentrâncias > 1 Quadrados 6 x 6 x 6 Dupla camada

Para que seja atingindo o desempenho esperado pelos revestimentos cerâmicos de fachada existem algumas recomendações que merecem ser seguidas. A NBR 14081 (ABNT, 2004) recomenda nos sistemas de revestimento cerâmico de fachadas, no mínimo, o uso de argamassas adesivas tipo AC-II.

Aconselha-se ainda que o assentamento deva-se dar em pano máximo de 1 m² e que os cordões de argamassa colante sejam bem amassados durante o assentamento das placas evitando que a aderência seja prejudicada. Embora todas estas sejam algumas indicações úteis, normalmente elas são negligenciadas e no futuro podem tornar-se focos de manifestações patológicas.

Junginger (2004) cita o exemplo, das fachadas, em que as argamassas AC II indicadas para uso nesses locais podem ser utilizadas para assentamento desde pastilhas de vidro 5x5cm até placas semi-grés 20 cm x 20 cm ou maiores e, além disso, o local de aplicação pode variar desde uma residência de dois pavimentos até a platibanda de uma torre de 70 m de altura. Fica fácil perceber que o nível de solicitação desses dois casos é completamente diferenciado e o uso da mesma argamassa torna-se um equívoco, evidencia-se que apesar dos materiais serem corretos, a prescrição dos mesmos não convém, deixando claro o erro no projeto do revestimento e falhas normativas.

2.2.2.5 – Placas cerâmicas

As placas cerâmicas são componentes cujas duas dimensões (largura e altura) predominam sobre uma terceira (espessura), produzidas a partir de argilas e/ou outras matérias químicas inorgânicas, conformadas através de extrusão (tipo A) ou prensagem (tipo B) e sinterizadas por meio de processo térmico, e utilizadas como componente principal da camada mais externa de revestimentos cerâmicos de pisos e paredes.

Segundo a ANFACER (Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica para Revestimento), o Brasil é hoje, o segundo maior consumidor mundial de revestimentos cerâmicos, quarto maior produtor e exportador e segundo maior exportador para o mercado norte-americano, que é o maior importador do mundo. Isso nos dá a real dimensão do uso deste tipo de revestimento nacionalmente.

Os revestimentos cerâmicos possuem inúmeras vantagens em relação aos demais revestimentos tradicionais – incluindo as pinturas, pedras, tijolos aparentes, argamassas decorativas. Eles se destacam pela maior durabilidade, valorização estética, facilidade de limpeza, possibilidades de composição harmônica, melhoria de estanqueidade da vedação, conforto térmico e acústico da fachada e valorização econômica do empreendimento (MEDEIROS; SABBATINI, 1999).

Alguns aspectos são de fundamental importância para uma especificação correta das placas cerâmicas, como conhecer as propriedades do material, a técnica de assentamento melhor conveniente, condições de uso e do ambiente às quais estarão sujeitas.

Entre as características técnicas mais importantes de se avaliar nas placas cerâmicas para revestimento de fachada estão: absorção de água, expansão por umidade e resistência mecânica da base da placa.

Procedimentos de ensaio que avaliem estas características técnicas podem ser úteis a fim de comprovação se a placa cerâmica é um possível foco de manifestação patológica. Constatar, por exemplo, que determinada placa apresenta elevada absorção de água pode ser indício de sua alta porosidade e paralelamente sua menor resistência. De acordo com a ANFACER deve-se optar por peças cerâmicas com absorção de água inferior a 6 %, no

sentido de atenuar movimentações higroscópicas. Seguem na tabela 2.9, a classificação das placas cerâmicas segundo a absorção de água.

Tabela 2.9 – Grupos de absorção de água das placas cerâmicas (ANFACER, 2009)

Classificação Absorção Características

Porcelanatos 0, a 0,5% Baixa absorção e resistência mecânica alta. Grês Baixa 0,5 a 3,0% Absorção e resistência mecânica média.

Semigrês 3,0 a 6,0% Média absorção e resistência mecânica média. Semiporoso 6,0 a 10,0% Média alta absorção e resistência mecânica baixa.

Poroso 10,0 a 20,0% Alta absorção e resistência mecânica baixa.

O conhecimento de características da superfície tais como facilidade de limpeza, coeficiente de atrito, dureza, resistência à abrasão e resistência ao ataque químico são úteis para especificação correta das placas cerâmicas, a fim de evitar problemas durante o uso. Destaca-se que a resistência à abrasão é a característica considerada com mais freqüência durante a especificação de uso de placas cerâmicas em projeto (Tabela 2.10).

Tabela 2.10 – Classificação das placas cerâmicas quanto à resistência à abrasão (ANFACER, 2009)

PEI Tráfego Locais de uso recomendável

0 - Paredes (desaconselhável para piso)

1 Baixo

Pavimentos sobre os quais se caminha com o pé descalço ou sapatos de sola macia, sem pó abrasivo (banheiros residenciais, e dormitórios sem ligação para o exterior)

2 Médio Pavimentos sobre os quais se caminha de sapato normal (ambientes sem porta

Documentos relacionados