• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO

1.5 Sistema de Informações sobre Mortalidade

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), criado pelo Ministério da Saúde do Brasil (MS) em 1975, é produto da unificação de mais de quarenta modelos de instrumentos utilizados, ao longo dos anos, para coletar dados sobre mortalidade no país. Possui variáveis que permitem, a partir da causa mortis atestada pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. O SIM foi informatizado em 1979. Doze anos depois, com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e sob a premissa da descentralização, teve a coleta de dados repassada à atribuição

37 dos Estados e Municípios, através das suas respectivas Secretarias de Saúde. Com a finalidade de reunir dados quantitativos e qualitativos sobre óbitos ocorridos no Brasil, o SIM é considerado uma importante ferramenta de gestão na área da saúde (SIM, 2018; disponível em: http://svs.aids.gov.br/cgiae/sim/).

A partir de sua criação foi possível a obtenção de dados sobre óbitos ocorridos no território nacional, subsidiando os diversos níveis de gerenciamento e planejamento de ações de saúde. De acordo com a Portaria nº 20 de 3 de outubro de 2003, o SIM consiste no conjunto de ações relativas à coleta, processamento, fluxo e divulgação de informações sobre os óbitos ocorridos no país (FAJARDO, AERTS, BASSANESI, 2009).

O documento básico e essencial à coleta de dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito (DO) que, consequentemente, alimenta o SIM (Anexo I). A DO é impressa e preenchida em três vias pré-numeradas sequencialmente. Sua emissão e distribuição para os estados são de competência exclusiva do Ministério da Saúde. A distribuição para os municípios fica a cargo das Secretarias Estaduais de Saúde. Às Secretarias Municipais de Saúde cabe o controle na distribuição das DO entre os estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de Verificação de Óbitos, Cartórios do Registro Civil, profissionais médicos e outras instituições que dela façam uso legal e permitido. Compete às Secretarias de Saúde (Estado e Municípios) o recolhimento das primeiras vias da Declaração de Óbito, junto aos Estabelecimentos de Saúde e aos cartórios (SIM, 2018; disponível em: http://svs.aids.gov.br/cgiae/sim/).

Segundo orientações do Centro Brasileiro de Classificação de Doenças, os dados referentes às condições e causas de óbito (anexo II) devem ser preenchidas a partir da “linha d” que representa a afecção que iniciou a sequência de eventos que determinaram o óbito. A seguir, a “linha c” e a “linha “b” que indicam as afecções consequenciais. Por fim, a afecção terminal ou imediata que levou ao óbito deve ser registrada na “linha a”. Entre as atividades desenvolvidas pelo SIM, encontra-se a codificação e a seleção da causa de óbito. Além dessas, a pesquisa de dados complementares faz-se necessária quando a doença ou lesão que iniciou a cadeia

38 de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte não é clara e em casos de campos não preenchidos ou incongruentes. Essa atividade faz parte da rotina de trabalho da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil (FAJARDO, AERTS, BASSANESI, 2009).

Os dados secundários do SIM são de grande importância para análises epidemiológicas no país. Um estudo de 2009 estimou a prevalência de defeitos congênitos em uma coorte de nascidos vivos no município de São Paulo entre 01/01/2006 e 30/06/2006 a partir de dados do SIM e do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Além das declarações de nascidos vivos, o estudo avaliou as DO com base na CID10 e que apresentavam códigos Q00 a Q99 (defeitos congênitos). A partir dos dados associados desses dois bancos, foi possível estimar que a taxa de prevalência ao nascimento de defeitos congênitos na coorte foi de 86,2:10.000 nascidos vivos (GEREMIAS, ALMEIDA e FLORES, 2009). Em 2010, Telles e Schüler-Faccini realizaram um estudo sobre a frequência de malformações congênitas no RS no período entre 2001 e 2005. Foram incluídos todos os recém-nascidos vivos registrados ao nascimento como portadores de uma ou mais anomalias no campo 34 da Declaração de Nascido Vivo, sendo que esses dados foram confrontados com crianças falecidas com menos de um ano, com causa mortis defeito congênito e com os óbitos fetais. Nos casos avaliados, 25 malformações congênitas ou grupos de malformações corresponderam a mais de 80% dos defeitos congênitos apresentados pela população em estudo (TELLES e SCHULER-FACCINI, 2010).

Considerando que a DO é o documento oficial que atesta a morte de um indivíduo, que o SIM é o sistema oficial do MS para a informação de óbito em todo o território nacional e que a Portaria nº 1172/GM, de 15 de junho de 2004, regulamenta competências da União, dos estados, do município e do Distrito Federal, na área de Vigilância em Saúde, a Portaria n º72 do MS, de 11 de janeiro de 2010, estabelece que a vigilância do óbito infantil e fetal é obrigatória nos serviços de saúde (públicos e privados) que integram o SUS, sendo que a vigilância desses óbitos é atribuição das Unidades de Vigilância Epidemiológica (UVE) das Secretarias Estaduais, Municipais e do Distrito Federal e, no âmbito federal, do

39 Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Para fins dessa portaria, define-se como óbito infantil aquele ocorrido em crianças nascidas vivas desde o momento do nascimento até um ano de idade incompleto, ou seja, 364 dias (BRASIL, 2010).

A portaria nº 72 do MS prevê também que os óbitos infantis e fetais são considerados eventos de investigação obrigatória por profissinais de saúde, sendo que o instrumento base para o desencadeamento do processo de investigação é a DO, que deverá ser adequadamente preenchida. Os intrumentos base que servirão como roteiro para a investigação, por sua vez, deverão ser aqueles padronizados para uso no Estado ou Município, ou os recomendados pela publicação “Manual de Vigilância do Óbito Infantil e Fetal” do MS ou outros que venham a ser recomendados pela pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).

Documentos relacionados