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Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB

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Mesmo sendo iniciativa om pouco mais de duas décadas, o complexo e abrangente sistema de avaliação educacional conhecido como SAEB revela possibilidade de uso de seus resultados para que as informações sirvam como base para o processo de formulação, implantação e ajuste de políticas educacionais.

No final dos anos 80, o MEC, em articulação com as Secretarias Estaduais de Educação, implantou o SAEB. Sendo aplicada pela primeira vez em 1990 e realizada por amostra nacional de alunos, primeiramente com exames objetivos no modelo clássico, essa avaliação passou a acontecer anualmente, atingindo as séries do ensino fundamental e médio. Pelas informações disponíveis, verifica-se que a intenção associada a essa avaliação era a de fornecer elementos para tomadas de decisão quanto a diversos aspectos das políticas educacionais, bem como para pesquisas e discussões, a partir da captação e organização de informações sobre o desempenho acadêmico dos alunos no sistema e fatores a ele associados. Como resultado, atualmente existem várias bases de dados sobre as sucessivas avaliações

Dentre os objetivos específicos do SAEB, Ferrão (2001) cita como destaques: identificar os problemas do ensino e suas diferenças regionais; oferecer dados e indicadores que possibilitem uma maior compreensão dos fatores que influenciam o desempenho dos alunos; proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade uma visão dos resultados dos processos de ensino e aprendizagem e das condições em que são desenvolvidos; desenvolver competência técnica e científica na área de avaliação educacional, ativando o intercâmbio entre instituições educacionais de ensino e pesquisa; consolidar uma cultura de avaliação nas redes e instituições de ensino.

Para Pestana (1998, p. 67), nos primórdios desse sistema, suas características gerais, em termos de objetivos, estrutura e concepção, conservaram-se constantes. As modificações efetuadas foram de cunho metodológico e operacional. Do ponto de vista conceitual, o SAEB buscou articular diversos aspectos relacionados à educação, tentando suplantar uma tendência muito forte à compartimentalização da educação, bastante evidente na política educacional e, consequentemente, nos investimentos no setor. Bonamino e Franco (1999) relatam que problemas de ordem financeira fizeram com que o primeiro ciclo do SAEB ocorresse somente em 1990.

Pestana (1998) relata que o primeiro ciclo contou com a adesão de 23 estados. A avaliação, seguindo o modelo aplicado em larga escala no mesmo padrão para todo o país em cada série, foi aplicada a uma amostra de alunos do Ensino Fundamental. O segundo ciclo, realizado em 1993, manteve as mesmas características da coleta de 1990 e, desde então, vem ocorrendo, ininterruptamente, a cada dois anos. A partir de 1995, várias alterações foram implantadas no modelo de avaliação. A atualização de maior destaque foi simplesmente na abrangência em que contempla amostras de alunos de toda a rede de ensino: pública ou privada e urbana ou rural (ARRUDA, 2011).

Em consequência às exigências por uma avaliação que refletisse os resultados da escola, Souza (2009) e Pinha (2012) descrevem que o sistema deu um grande passo em 2005, quando o governo desmembrou o SAEB em Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC), conforme esquema apresentado na figura abaixo:

Gatti (2009) organiza o SAEB em dois grandes eixos: o primeiro voltado para o acesso ao ensino básico em que se verifica o atendimento à demanda (taxas de acesso e taxas de escolarização) e à eficácia (taxas de produtividade, taxas de transição e taxas de eficiência interna). O segundo eixo se volta para a qualidade, implicando no estudo de quatro dimensões relativas: ao produto: desempenho do aluno quanto à aprendizagem de conteúdos e desenvolvimento de habilidades e competências; ao contexto: nível sócio econômico dos alunos, hábitos de estudo, perfil e condições de trabalho dos docentes e diretores, tipo de escola, grau de autonomia da escola, matriz organizacional da escola; ao processo: planejamento do ensino e da escola, projeto pedagógico, utilização do tempo escolar; estratégias de ensino; aos insumos: infra-estrutura, espaço físico e instalações, equipamentos, recursos e materiais didáticos. Os instrumentos de coleta são as provas aplicadas aos alunos, questionários aplicados a alunos, professores e diretores; e questionário sobre as condições da escola. Essa estrutura é melhor explicitada por Pestana (1998, p. 68) no quadro seguinte:

Figura 2 - Estrutura do SAEB em 2005

Tabela 5 - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

Enfoque Dimensão Indicador/variável Instrumento

Acesso ao ensino básico

Atendimento  Taxa de acesso

Taxas de escolarização Questionário do Censo Escolar do SEEC/INEP/MEC Eficiência  Taxas de produtividade  Taxas de transição  Taxas de eficiência interna Produto  Desempenho do aluno em termos de:  Aprendizagem de conteúdos  Desenvolvimento de habilidades e competências Questões de provas Qualidade, eficiência, equidade do sistema de ensino básico Contexto

 Nível socioeconômico dos alunos

 Hábitos de estudo dos alunos

 Perfil e condições de trabalho dos docentes e dos diretores  Tipo de escola  Grau de autonomia da escola  Matriz organizacional da escola Questionário para alunos, professores, diretores Processo  Projeto pedagógico

 Relação entre conteúdos propostos/ensinados e conteúdos ensinados/aprendidos  Utilização do tempo pedagógico  Estratégias e técnicas de ensino utilizadas Insumo  Infra-estrutura (adequação, manutenção e conservação):  Espaço físico e instalações  Equipamentos  Recursos e materiais didáticos Questionário sobre condições da escola FONTE: (Pestana, 1998, p. 68)

O SAEB utiliza dois principais instrumentos de avaliação, os testes padronizados de rendimento, com base nos quais se estima a proficiência dos examinandos, e os questionários socioeconômicos, que inquirem sobre os fatores contextuais que sobrevêm do processo de ensino e aprendizagem. Esses fatores aparecem agrupados em quatro áreas de observação: escola, gestão escolar, professor e aluno. O questionário da escola busca conhecer os equipamentos disponíveis e as características da estrutura física das escolas; o formulário com questões direcionadas ao diretor identifica o modelo de gestão escolar; o questionário do professor descreve o perfil do corpo docente e as práticas pedagógicas; e o questionário do aluno focaliza as características socioeconômicas e culturais do aluno, bem como seus hábitos de estudo (COTTA, 2001, p. 97).

O objetivo geral do SAEB é monitorar as políticas voltadas para a melhoria da qualidade e eficiência do sistema educacional brasileiro no âmbito da educação básica. A avaliação institucional da escola básica ainda não se constitui uma prática consolidada no contexto da educação brasileira. A avaliação externa promovida pelo SAEB é uma avaliação do sistema educacional, em larga escala, que verifica a competência dos estudantes ao final de um ciclo da escolaridade. A educação brasileira ainda carece de um instrumento que abranja também aspectos da escola como instituição educacional, que capte o movimento institucional presente nas relações da instituição tanto públicas quanto privadas.

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