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2.1 ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1.3 O Governo e suas Classificações

2.1.3.1 Sistema presidencialista brasileiro

O presidencialismo nasceu nos Estados Unidos no século XVIII, no ano de 1787, como resultado das ideias democráticas concentradas na liberdade, igualdade e soberania popular para impedir a concentração do poder nas mãos do governante. Para tanto, utilizou-se do princípio dos freios e contrapesos defendidos pela doutrina da separação dos poderes (DALLARI, 2003, p.239).

No Brasil, ele passou a vigorar a partir de 1889, formalmente em 1891 com a aprovação do texto constitucional correspondente ao novo sistema de governo.

Neste sistema de governo a maior concentração de poderes é do presidente da República, o qual foi escolhido por meio de voto popular para exercer mandato por prazo determinado, possuindo ele poderes de veto aos projetos de leis ou emendas aprovados pelo legislativo (FACHIN, 2013, p.193).

Ele tem sido preterido nos Estados e nas épocas em que se almejam o fortalecimento do poder executivo e a permanência da formal separação dos poderes, pois, como esclarece Friede (2002, p.188):

O presidencialismo caracteriza-se pela independência dos poderes, não só no sentido de separação, mas de distinção, não havendo subordinação de um ao outro. O Poder Executivo se encontra na pessoa do presidente eleito pelo povo, que o exerce de maneira autônoma, auxiliado pelos ministros ou secretários de Estado.

Historicamente, em nosso país, adotou-se o sistema presidencialista, o qual foi interrompido rapidamente quando houve a renúncia de Jânio Quadros, por meio da promulgação da Emenda Parlamentar n.º 04 de 3 de setembro de 1961. No entanto, a referida Emenda foi logo em seguida revogada pela Emenda Constitucional de 6 de janeiro de 1963, restabelecendo o regime presidencialista por intermédio de um plebiscito nacional, o qual permanece até os dias atuais (AZKOUL, 2002, p.45).

No sistema presidencialista instituído pela Constituição de 1891, o presidente da República era eleito diretamente para um mandato fixo de quatro anos, acumulando as funções de chefe de governo e de Estado, com o auxílio de um ministério que referendava os atos da presidência, sem ter que responder perante o Congresso (SOARES, 2011, p.355).

Este sistema de governo sofreu alterações ideológicas no decorrer dos anos. No entanto, suas características fundamentais foram mantidas até os dias atuais, sendo que o principal argumento contra as vicissitudes do sistema presidencialista brasileiro "é que a experiência constitucional demonstra, ainda, a predominância do caudilhismo na vida política nacional" (SOARES, 2011, p.358).

Sinteticamente, o presidencialismo é "um sistema de governo no qual o presidente, eleito pelo povo e que permanece no cargo por tempo determinado na Constituição, detém o poder de chefe de Estado e de Governo simultaneamente" (FALCÃO PRETO, 2006, p.14).

Dallari (2003, p.244-245) menciona, ainda, que a principal crítica utilizada em desfavor do sistema presidencialista é de que ele se configura numa ditadura a prazo fixo, na qual o presidente da República obtém do legislativo o que quiser, afirmando que o executivo se sobrepõe ao legislativo, e que esta sobreposição é necessária, uma vez que, se ela não ocorre, torna-se difícil o presidente executar suas funções.

Outras distorções do sistema presidencialista brasileiro, citadas por Soares (2011, p.358-359), são:

 A ausência de confiança, por parte da sociedade civil, na competência dos quadros dirigentes brasileiros;

 O acentuado grau de influência dos setores burocráticos, denominados tecnocratas, no poder, coincidentemente, vinculados às grandes instituições financeiras e/ou às empresas multinacionais;

 O declínio das funções parlamentares, principalmente da legiferante, paralelamente ao dilúvio de decretos-leis e atos institucionais, de 1937 a 1985, bem como de medidas provisórias e emendas constitucionais, na Nova República;

 O exercício arbitrário de prerrogativas da soberania popular, sem audiência do Congresso Nacional e da sociedade civil, pelos ministros da área econômica, principalmente no que concerne à dívida externa brasileira;

 A violação permanente do texto constitucional, o qual impõe a vinculação do legislador e dos atos estatais ao seu paradigma Estado Democrático de Direito;

 O excesso de decisionismo casuístico refletido em uma corrente de atos e medidas executivas, eivadas de contradições e inconstituciona- lidade, sob o beneplácito do poder judiciário.

Diante das considerações dos autores mencionados, vislumbra-se que o sistema presidencialista possui pontos negativos e positivos, necessitando em alguns casos, como no brasileiro, de reformulações para melhor se adequar às vicissitudes sociais e econômicas, de forma a manter suas principais características.

Partindo desse estudo sobre o governo, no próximo tópico é dado enfoque à administração pública, a qual complementa a estrutura do Estado materializando- o para os administrados, uma vez que é a responsável pela execução das políticas públicas, de sua efetiva implementação, demonstrando suas principais diferenças em relação ao governo, eis que muitas vezes é confundida com este. Assim, para melhor entendimento e visualização das formas de governo, e antes de passar à conceituação do termo Administração Pública, apresenta-se o quadro sinótico:

Formas de Governo

Aristóteles (formas puras)

Monarquia - governo em que apenas um indivíduo governa. Governo de um só.

Aristocracia - o governo exercido por um grupo, relativamente reduzido em relação ao todo.

Democracia - governo exercido pelo povo em prol do interesse geral. Aristóteles (formas impuras) Tirania - corrupção da monarquia.

Oligarquia - corrupção da aristocracia. Demagogia - corrupção da democracia.

Maquiavel

Monarquia - aquele em que só um governa por meio de leis fixas e estabelecidas.

República - aquele no qual o povo, em seu conjunto, ou apenas uma parte do povo possui o poder soberano.

Despótica - um só, sem lei e sem regra, impõe tudo por força de sua vontade e de seus caprichos.

Monarquia Constitucional

Pura - o monarca é chefe de Estado e de governo.

Parlamentarista - o monarca é chefe de Estado; o governo é exercido pelo gabinete.

República

Presidencialista - o presidente é chefe de Estado e de Governo.

Parlamentarista - o presidente é chefe de Estado; o governo é exercido pelo gabinete.

Governo Brasileiro Art. 1.º da Constituição Federal de 1988 prevê: a República Federativa do Brasil, portanto, governo republicano.

Sistema de Governo

Sistema presidencialista brasileiro

 Começou a vigorar a partir de 1889, formalmente em 1891 com a aprovação do texto constitucional;

 A maior concentração de poderes é do presidente da República, o qual é escolhido (eleito) por meio de voto popular para exercer mandato por prazo determinado, possuindo ele poderes de veto aos projetos de leis ou emendas aprovados pelo legislativo;

 Crítica: "ditadura" a prazo fixo.

Quadro 3 - Quadro Sinótico sobre as Formas de Governo Fonte: A autora.