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Desde a independência do Brasil até 1934, a arrecadação tributária consistia, quase que exclusivamente, da renda das alfândegas e dos impostos de importação. Gradualmente, a partir desse período, o Estado iniciou um redirecionamento para impostos internos, como vendas e consignações e os impostos sobre indústrias e profissões e o imposto predial. Com a Constituição

Federal de 1946, houve criação de novos impostos e um sistema de transferências

destinado a elevar a renda dos municípios.

A Constituição Federal (CF) de 1988, institui o Sistema Tributário Nacional em seus artigos 145 a 162. Para Oliveira (2009), a Constituição Federal de 1988, trouxe profundas alterações ao Sistema Tributário Nacional, não só à quantidade e ao campo de incidência, mas também à distribuição dos valores arrecadados. Entretanto, a instituição, a arrecadação e a fiscalização dos tributos pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios são limitadas. A CF também assegura ao cidadão garantias contra a ação do Estado.

Pautado pelas normas e regras jurídicas que disciplinam o exercício do poder imposto pelos diversos órgãos públicos, o STN foi criado buscando harmonizar as relações da sociedade de forma a atender seus princípios fundamentais bem como respeitar o pacto federativo sob o qual vivemos. Ou seja, a expressão, Sistema Tributário Nacional, serve para designar o conjunto de todos os

tributos cobrados no país, sem distinção das competências da sua arrecadação, e todas as regras jurídicas que disciplinam o recolhimento desses tributos.

Segundo Riani (1986, p.79):

Quando se utiliza o termo de justiça mesmo em conceito como o sistema tributário procura-se associar quem deve pagar mais quem tem mais, isto é, o principio de que se deve tributar mais de quem tem uma renda mais alta. Os impostos devem ser tais que minimizem os possíveis impactos da tributação sobre a eficiência econômica. O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil arrecadação para o governo.

Silveira (2009) afirma que, o Sistema Tributário Brasileiro é apresentado como principal objetivo para reduzir o déficit de caixa da união, incentivar a acumulação e a redistribuição de capital e reduzir a disparidade regional de capacidade tributária.

O STN encontra-se embasado em dois pressupostos fundamentais:

- Consolidação dos impostos de idêntica natureza em figuras unitárias, levando-se em conta suas bases econômicas;

- Coexistência de quatro sistemas tributários autônomos: federal, estadual, municipal e do Distrito Federal.

Sendo a atividade estatal regulamentada por normas jurídicas. Ao cidadão comum é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, por outro lado, ao administrador público só é permitido realizar as ações que a lei expressamente autoriza.

Com vistas a evitar conflitos entre o Estado e o cidadão, as sociedades organizadas criam regras para limitar o poder de tributar dos governos por meio dos princípios gerais de direito tributário. Os princípios constantes na Constituição Federal de 1988 podem ser pontuados da seguinte forma:

(continua)

Principio Descrição

Princípio da legalidade Esse principio tem a finalidade de garantir os direitos e os deveres

individuais e coletivos, sendo que, além dos indivíduos, a própria Administração Pública também é subordinada à lei (CF, art. 150, I). A legalidade, como princípio fundamental do Estado de Direito, não se restringe a vedar ou proibir a tributação sem lei, mas, fundamentalmente, garantir a todo cidadão segurança jurídica, econômica e social.

Princípio da anterioridade da lei

Proíbe a exigência de tributo ou seu aumento “no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que o instituiu”, a fim de evitar que o contribuinte seja surpreendido pela majoração da carga tributária.

Princípio de irretroatividade da lei

Esse princípio é também um princípio geral de Direito. Visa a impedir que determinada lei produza efeitos sobre fatos ocorridos antes de sua vigência. A lei não retroage, a menos que seja benigna ao contribuinte.

Principio da igualdade ou

isonomia

O princípio da igualdade tributária proíbe distinções arbitrárias, entre contribuintes que se encontrem em situações semelhantes. Trata-se da igualdade de todos perante a lei.

Principio Descrição

Princípio da uniformidade da tributação

Este princípio proíbe que a União institua tributo de forma não uniforme em todo o país, ou dê preferência a Estado, Município ou ao Distrito Federal em detrimento de outro ente federativo. Mas permite, entretanto, a diferenciação, se favorecer regiões menos desenvolvidas. Visando promover o equilíbrio socioeconômico entre as regiões brasileiras. Exemplo tradicionalmente citado é a Zona Franca de Manaus.

Princípio da capacidade contributiva

Visa à justiça fiscal e social, exigindo mais de quem tem mais condição econômica e isentando ou reduzindo a incidência tributária para os contribuintes com menor capacidade econômica e financeira. Atende o imperativo da redistribuição de renda. Em respeito ao princípio, a legislação tributária deve aplicar alíquotas diferenciadas e efetuar redução parcial ou total da base de cálculo, objetivando conformar o tributo o mais próximo possível da real capacidade de pagamento de cada contribuinte.

Princípio da Proibição de

Confisco

Busca proteger o contribuinte contra a possibilidade de o ente tributante vir a tomar totalmente o seu patrimônio ou a sua renda. A análise de cada caso é que permitirá dizer se há ou não confisco, uma vez que tributos com características diferentes comportam parâmetros diferentes.

Princípio da Liberdade de

Tráfego

O tráfego de pessoas ou de bens não pode ser limitado pela cobrança de tributos, quando estas ultrapassam as fronteiras dos Estados ou Municípios.

Princípio da

Transparência

dos Impostos ou da Transparência Fiscal

O artigo 150, § 5º, CF/88, reza que a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

Princípio da Não Cumulatividade

Este princípio refere-se a três impostos: ICMS, IPI e impostos residuais da União. Devendo compensar o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal.

Princípio da

Seletividade

Visa tributar mais fortemente produtos menos essenciais. Já produtos essenciais terão alíquotas menores. No IPI sua aplicação é obrigatória, para o ICMS e o IPVA sua aplicação é facultativa.

Princípio da Não Diferenciação Tributária

Os Estados, Municípios e o Distrito Federal estão proibidos de estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Princípio da Imunidade A imunidade é uma hipótese de não incidência constitucionalmente

qualificada que diz respeito aos impostos. Possuem imunidade os entes federativos reciprocamente e em relação a impostos sobre patrimônio, renda e serviços; os templos de qualquer culto; os partidos políticos, as entidades sindicais de trabalhadores, as instituições de educação ou de assistência social sem fins lucrativos, desde que observados os requisitos legais e os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.

Quadro 2 – Princípios do Sistema Tributário Nacional Fonte: Adaptado de Silva (2006).

Para Fabretti (2013), os princípios teóricos tributários são as diretrizes fundamentais do Estado de Direito e sobrepõem-se a todas as normas que a eles devem submeter-se. Com base no pensamento do autor citado, estudar e aprimorar os conhecimentos sobre os referidos princípios, elencados no quadro dois, faz-se necessária para subsidiar o entendimento acerca do STN e as suas regras, normas

e procedimentos jurídicos, bem como dos elementos pertinentes à legislação tributária que verificaremos a seguir.