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7 Sistemas n˜ ao lineares I: o modelo de predador-presa de Lotka-Volterra

No documento ACED ODEs2015 (páginas 43-65)

Consideremos duas esp´ecies, com popula¸c˜oes: x(t) (presa) e y(t) (predador). Assumimos que, havendo recursos de alimenta¸c˜ao dispon´ıveis e ausˆencia de predadores, a esp´ecie presa evolui com crescimento exponencial (taxa de crescimento, que ´e a diferen¸ca entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade, positiva), mas esta taxa ´e afectada pela presen¸ca de predadores podendo tornar-se negativa. A esp´ecie predador, ao contr´ario, por depender da outra como recurso alimentar, tem taxa de crescimento negativa na ausˆencia de presas, mas esta taxa aumenta na presen¸ca delas. Assim, um modelo para a evolu¸c˜ao de x e y com o tempo ´e dado pelo sistema de primeira ordem

(

x0 = x(a − by)

y0= y(−c + dx) (7.1)

onde a, b, c, d s˜ao constantes positivas. Claro que apenas nos interessam solu¸c˜oes com valores n˜ao negativos.

A primeira observa¸c˜ao importante ´e que este sistema tem algumas solu¸c˜oes evidentes: as triviais (constantes) (0, 0) e (x0, y0), com x0 = c/d e y0 = a/b); e solu¸c˜oes com uma componente nula,

m´ultiplas respectivamente de

(0, e−ct) e (eat, 0).

As respectivas traject´orias no plano (x, y) s˜ao dois pontos (a origem e (x0, y0)) e os semieixos coorde-

nados. Logo, por unicidade, qualquer solu¸c˜ao (x(t), y(t)) com um valor inicial (x(t0), y(t0)) no interior

do 1oquadrante mant´em-se no 1o quadrante ∀t ≥ t 0.

Apesar de (7.1) n˜ao ser um sistema Hamiltoniano, tem uma “lei de conserva¸c˜ao” que permite deter- minar as traject´orias das solu¸c˜oes no plano (x, y). Efectivamente, as solu¸c˜oes de (7.1) s˜ao obviamente solu¸c˜oes de

y(c − dx)x0+ x(a − by)y0 = 0

e esta equa¸c˜ao tem, como imediatamente se reconhece, o factor integrante xy1 . Quer dizer: multipli- cando por xy1 reconhece-se imediatamente que para qualquer solu¸c˜ao (x(t), y(t)) de (7.1) existe k ∈ R tal que

F (x(t), y(t)) = k (∗)

onde

F (x, y) = c ln x + a ln y − dx − by.

Estudando a fun¸c˜ao F no 1o quadrante vemos que ela tem um m´aximo absoluto no ponto (x 0, y0) e

tende para −∞ quando |(x, y)| → ∞ ou quando a distˆancia de (x, y) a um dos eixos tende para 0. Em particular, as curvas de n´ıvel (*) s˜ao necessariamente limitadas!

Daqui concluimos imediatamente que as solu¸c˜oes, consideradas j´a n˜ao prolong´aveis, s˜ao limitadas e tˆem dom´ınio R. Isto ´e consequˆencia do corol´ario 6.3.

Observemos seguidamente que o ponto (x0, y0) determina no plano quatro quadrantes onde as

solu¸c˜oes (x, y) tˆem monotonia bem determinada, que se infere do pr´oprio sistema (7.1). Portanto o sentido das traject´orias nesses quadrantes ´e o que est´a esquematizado na Figura 7.

Teorema 7.1 Toda a solu¸c˜ao de (7.1) com uma condi¸c˜ao inicial no 1o quadrante ´e peri´odica. .

Demonstra¸c˜ao. Consideremos a solu¸c˜ao tal que

x(0) = p, y(0) = a/b

onde, para fixar ideias, supomos p > c/d.

Esta solu¸c˜ao, para t > 0 numa vizinhan¸ca de 0, tem uma traject´oria que curva “para cima” e “para a esquerda”4

No que segue, quando nos referimos a quadrantes e eixos estamos a referir-nos aos quadrantes com origem em (x0, y0), sendo os eixos a horizontal e a vertical que passam por este ponto.

Afirmamos que existe T > 0 tal que (x(t), y(t) pertence ao 1o quadrante se t ∈ (0, T ),

x(T ) = c/d e (necessariamente) y(t) > a/b).

Com efeito, se tal n˜ao fosse o caso, (x(t), y(t) pertenceria ao 1oquadrante ∀t ≥ 0 e, tratando-se

ent˜ao de fun¸c˜oes mon´otonas limitadas, teriam limites:

x1= lim

t→+∞x(t) ≥ c/d, y1= limt→+∞y(t) > a/b.

Mas ent˜ao a primeira equa¸c˜ao de (7.1) implica que limt→+∞x0(t) = x1(a − by1) < 0, pelo que

obter´ıamos limt→+∞x(t) = −∞, contrariando o facto de x(t) ser limitada. A afirma¸c˜ao fica assim

provada.

Repetindo este argumento trˆes vezes, concluimos que a solu¸c˜ao atinge sucessivamente os outros semieixos; encontramos por fim um instante S tal que

x(S) > c/d, y(S) = a/b.

Mas como F (x(t), y(t)) ´e constante, temos F (x(0), a/b) = F (x(S), a/b). e como x 7→ F (x, a/b) ´e estritamente decrescente em [c/d, +∞), concluimos x(0) = x(S). Ent˜ao (x(0), y(0)) = (x(S), y(S)). Pelo exerc´ıcio 7.4, concluimos que a solu¸c˜ao ´e peri´odica com per´ıodo S.

Se tom´assemos como condi¸c˜ao inicial um ponto fora dos semieixos, o mesmo argumento mostraria que a traject´oria acabaria por atingir, em certo instante, um semieixo, e pelo que j´a demonstr´amos concluir´ıamos igualmente a periodicidade.

8

Sistemas n˜ao lineares II: equa¸c˜oes conservativas de 2

a

or-

dem: solu¸c˜oes limitadas e peri´odicas

Comecemos por apresentar dois resultados de car´acter geral sobre prolongamento de certas solu¸c˜oes de equa¸c˜oes diferenciais.

Proposi¸c˜ao 8.1 Seja g uma fun¸c˜ao real cont´ınua e y(t) uma solu¸c˜ao de y00 = g(y) definida em [0, β] tal que y0(β) = 0. Ent˜ao y(t) prolonga-se a [0, 2β] como solu¸c˜ao da mesma equa¸c˜ao, sim´etrica a respeito da recta t = β.

Demonstra¸c˜ao: Basta definir z(t) = y(2β − t) se β ≤ t ≤ 2β; facilmente se verifica (exerc´ıcio) que a nova fun¸c˜ao (obviamente cont´ınua)

w(t) = (

u(t), 0 ≤ t ≤ β z(t), β ≤ t ≤ 2β

´

e de classe C2 e solu¸ao de y00= g(y) em [0, 2β] (Aten¸ao ao comportamento de w no ponto t = β).

Proposi¸c˜ao 8.2 Seja f : D → Rn uma fun¸

ao cont´ınua no dom´ınio D ⊂ Rn e y(t) uma solu¸ao

do sistema y0 = f (y) em [0, β] tal que y(0) = y(β). Ent˜ao y(t) tem extens˜ao peri´odica a R com per´ıodo β, que ainda ´e solu¸c˜ao do sistema.

Demonstra¸c˜ao: Que y(t) tem extens˜ao peri´odica de per´ıodo β ´e trivial: para definir tal extens˜ao a R come¸ca-se por definir em cada intervalo [nβ, (n + 1)β] (n ∈ Z) a fun¸c˜ao

yn(t) = y(t − nβ), t ∈ [nβ, (n + 1)β];

em seguida toma-se a fun¸c˜ao Y (t) cuja restri¸c˜ao a cada intervalo [nβ, (n + 1)β] ´e precisamente yn.

Facilmente se conclui que Y est´a bem definida, ´e de classe C1 (isto ´e, tem derivadas tamb´em nos pontos da forma nβ) e satisfaz a equa¸c˜ao diferencial.

Corol´ario 8.1 Seja g uma fun¸c˜ao real cont´ınua e y(t) uma solu¸c˜ao de y00 = g(y) definida em

[0, β] tal que y0(0) = y0(β) = 0. Ent˜ao y(t) prolonga-se a R como solu¸c˜ao peri´odica, de per´ıodo 2β,

da mesma equa¸c˜ao.

Demonstra¸c˜ao Aplicar as duas proposi¸c˜oes precedentes, utilizando o sistema em R2

( y0 = z

z0= g(y) (ou proceder directamente com a equa¸c˜ao de 2a ordem).

OBSERVAC¸ ˜AO. Se, nos enunciados anteriores, g ou f s˜ao localmente Lipschitzianas, as extens˜oes com as propriedades indicadas s˜ao ´unicas.

Vamos estudar um tipo importante de equa¸c˜oes n˜ao lineares de 2aordem que se reduzem a equa¸c˜oes de 1a ordem. Trata-se de equa¸oes que, escritas na forma normal, s˜ao aut´onomas e n˜ao fazem intervir

explicitamente a primeira derivada da fun¸c˜ao inc´ognita. Tomemos como exemplo o problema de valor inicial:

u00+ u2− 1 = 0, u(0) = a, u0(0) = 0. (1) Passo 1. Redu¸c˜ao `a 1a ordem. Dada uma solu¸ao qualquer u(t) da equa¸ao diferencial, multiplicando

a equa¸c˜ao por u0= u0(t) obtemos, em todo o dom´ınio da solu¸c˜ao u00u0+ (u2− 1)u0= 0

e, observando que agora o primeiro membro ´e reconhec´ıvel como uma derivada em ordem a t, podemos escrever tamb´em d dt  u02 2 + u3 3 − u  = 0.

Como o dom´ınio da solu¸c˜ao ´e um intervalo, inferimos daqui que existe uma constante K tal que u02 2 + u3 3 − u = K ou ainda, abreviando 2u3 3 − 2u =: V (u), e escrevendo K em vez de 2K: u02+ V (u) = K. (2)

A fun¸c˜ao V tem um papel decisivo no estudo que segue. Trata-se de uma fun¸c˜ao com um m´aximo local V (−1) = 43, um m´ınimo local V (1) = −43, e com limites no infinito V (−∞) = −∞, V (+∞) = +∞ (ver figura A).

Passo 2. C´alculo de K. A constante K calcula-se a partir dos valores iniciais. Para o problema (1) ser´a

K = u0(0)2+ V (u(0)) = V (a).

As propriedades da solu¸c˜ao dependem, assim, de K. Exemplificamos com o estudo de dois casos.

Caso 1. a > 1 e K = V (a) < 43. De (2) deduzimos, uma vez que um quadrado ´e n˜ao negativo, V (u(t)) ≤ V (a), ∀t pertencente ao dom´ınio de u. (3) Assim, pelas propriedades de V , u(t) s´o pode tomar valores no conjunto

{x| V (x) ≤ V (a)} = [b, a] ∪ (−∞, c]

onde c < b < a s˜ao as raizes da equa¸c˜ao V (x) = V (a). Mas como a imagem de u(t) ´e um intervalo que cont´em a, deduzimos

b ≤ u(t) ≤ a ∀t. Em particular, resulta:

(i) o valor m´aximo de u ´e a = u(0).

E, como de (2) se deduz que tamb´em u0(t) ´e limitada, (ii) a solu¸c˜ao n˜ao continu´avel de (1) tem dom´ınio R.

Como u00(0) = 1 − a2 < 0, u0(t) toma valores positivos numa vizinhan¸ca esquerda de 0, e a equa¸c˜ao (2) escreve-se, pelo menos para t nalgum “pequeno” intervalo do tipo [−δ, 0], como equa¸c˜ao de vari´aveis separ´aveis,

u0=pV (a) − V (u) que podemos resolver explicitamente por primitiva¸c˜ao:

Z u

a

ds

Note-se que o integral (impr´oprio no extremo a) que surge nesta equa¸c˜ao tem sentido para b < u ≤ a porque ´e convergente. Na verdade, ele ´e da mesma natureza que o integral

Z a a−δ ds √ a − s, porque lim s→a− pV (a) − V (s) √ a − s = p V0(a) 6= 0.

Mas o integral converge mesmo para u = b (onde ´e outra vez impr´oprio, porque V (b) = V (a)), pelo mesmo argumento! De facto

lim s→b+ pV (a) − V (s) √ s − b =p|V 0(b)| 6= 0.

Assim, a solu¸c˜ao u(t) toma o valor b para t1= −

Ra

b

ds

V (a)−V (s). Em particular,

(iii) b ´e o valor m´ınimo de u(t);

(iv) a solu¸c˜ao n˜ao continu´avel de (1) ´e peri´odica de per´ıodo 2t1= 2R a b

ds

V (a)−V (s).

O seguinte teorema interpreta a situa¸c˜ao geral da qual o estudo precedente ´e um caso particular. (Ver uma ilustra¸c˜ao esquem´atica deste teorema na Figura 6, no final do documento.)

Teorema 8.2 Consideremos a equa¸c˜ao

u00+ f (u) = 0 (4)

onde f ∈ C1

(R). Seja u(t) solu¸c˜ao n˜ao continu´avel de (3) com dom´ınio I. Ent˜ao, se V (u) representa uma primitiva de 2f (u), existe uma constante K tal que

u02(t) + V (u(t)) = K ∀t ∈ I. (5) Se, al´em disso,

- existe um intervalo [m, M ] tal que V (m) = V (M ) = K, V (u) < K ∀u ∈ (m, M ), e V0(m) 6= 0, V0(M ) 6= 0,

- existe t0 tal que u(t0) ∈ [m, M ],

ent˜ao u(t) tem dom´ınio R, valor m´ınimo m, valor m´aximo M e ´e peri´odica, de per´ıodo 2τ com τ =RM

m

ds

V (M )−V (s).

Nota 1: se forem dadas condi¸c˜oes iniciais u(0) = µ, u0(0) = ν, calculamos K a partir de (5): K = ν2+ V (µ).

Nota 2: Nas condi¸c˜oes do teorema, ´e ´obvio que V atinge um m´ınimo em algum ponto d ∈]b, a[. Ent˜ao, f (d) = 0. Portanto existe um equil´ıbrio, isto ´e, uma solu¸c˜ao constante de (4), em ]b, a[.

Demonstra¸c˜ao. A primeira afirma¸c˜ao ´e imediata porque, multiplicando a equa¸c˜ao por u0, encon- tramos

d dt u

0(t)2+ V (u(t)) = 0.

Provemos a outra afirma¸c˜ao. Comecemos por observar que a condi¸c˜ao (5) implica que V (u(t)) ≤ K ∀t ∈ I; e como existe um valor u(t0) ∈ [m, M ], ent˜ao, como u(t) ´e cont´ınua, em virtude do teorema

de Bolzano e de V tomar valores maiores que K fora do intervalo [m, M ], inferimos u(t) ∈ [m, M ] ∀t.

Nas condi¸c˜oes da hip´otese a solu¸c˜ao u(t) n˜ao ´e constante; caso contr´ario u0≡ 0 daria V (u(t)) = K e ent˜ao u(t) coincidiria com m ou com M , mas a hip´otese diz que f (m) 6= 0 e f (M ) 6= 0.

Como a equa¸c˜ao ´e aut´onoma, podemos ent˜ao supˆor que t0= 0 e u(0) ∈ (m, M ). Pelo menos numa

vizinhan¸ca de 0 vem ent˜ao u0(t) = ±pK − V (u(t)). Suponhamos que u0(0) > 0 (a demonstra¸c˜ao procede de modo an´alogo de u0(0) < 0). Ent˜ao u ´e solu¸c˜ao da equa¸c˜ao de primeira ordem

u0(t) =pK − V (u(t))

que ´e do tipo considerado na Proposi¸c˜ao 6.4, visto que o integral impr´oprio Z M

m

1

pK − V (s)ds

(note-se que K = V (m) = V (M )) ´e convergente (pelo argumento exposto no exemplo que precede o teorema). Resulta que u(t) est´a definida num intervalo [S, T ] onde S < 0 < T , u(S) = m, u(T ) = M , u0(S) = u0(T ) = 0 e T − S = RmM √ 1

K−V (s)ds. Usando o teorema de existˆencia e unicidade e o

corol´ario 8.1, reconhece-se que u(t) ´e peri´odica de per´ıodo 2(T − S) e a demonstra¸c˜ao fica conclu´ıda.

Caso 2. a = 3. Procedendo como no caso anterior encontramos a constante que corresponde a esta solu¸c˜ao: K = V (3) = 12. Por conseguinte, pela mesma linha de racioc´ınio,

V (u(t)) ≤ 12, ∀t pertencente ao dom´ınio de u. (6) Deduzimos que u(t) toma valores no intervalo (−∞, 3]: Mais uma vez,

(i0) o valor m´aximo de u ´e 3 = u(0).

Mas neste caso n˜ao temos minorante finito para u. Resolvendo a equa¸c˜ao de vari´aveis separ´aveis para t ≤ 0 temos

Z u

3

ds

pV (3) − V (s) = t, u ≤ 3.

Novamente, o integral tem sentido em u = 3 porque V0(3) 6= 0. Todos os valores u ≤ 3 s˜ao agora admiss´ıveis. Como Z −∞ 3 ds pV (3) − V (s) = − Z 3 −∞ ds pV (3) − V (s) ´

e convergente, a solu¸c˜ao, n˜ao prolong´avel `a esquerda, de (1) com a = 3 tem dom´ınio limitado: (−R−∞3 √ ds

Refazendo este racioc´ınio para t ≥ 0 podemos verificar que o dom´ınio da solu¸c˜ao n˜ao prolong´avel do mesmo problema ´e aproximadamente (−3.32831, 3.32831).

Exerc´ıcio: Estudar o comportamento da solu¸c˜ao de (1) para a = 2.

9

Sistemas n˜ao lineares III: o pˆendulo simples

Nota: esta sec¸c˜ao foi escrita originalmente antes da precedente. Por isso encontrar-se-˜ao repeti¸c˜oes relativamente ao que j´a foi dito nessa sec¸c˜ao.

Consideremos a equa¸c˜ao do pˆendulo escrita na forma

u00+ a sin u = 0. (p) Multiplicando por u0 conclui-se que qualquer solu¸c˜ao de (p) verifica a lei de conserva¸c˜ao (“conserva¸c˜ao da energia”)

u02

2 + a(1 − cos u) = K

onde K ´e uma constante adequada, que podemos identificar se conhecermos, por exemplo, condi¸c˜oes iniciais u(t0), u0(t0) num instante t0. Se pusermos, para abreviar a nota¸c˜ao

V (u) = 2a(1 − cos u)

ent˜ao a equa¸c˜ao anterior reescreve-se, com um novo significado de K:

u02+ V (u) = K. (1)

Observamos imediatamente que em (1) ´e necessariamente K ≥ 0 e que V (u) ≤ K. Dado que V tem m´aximo 4a e atendendo ao comportamento de V (fig. 9) concluimos tamb´em que, se 0 < K < 4a, ent˜ao a solu¸c˜ao correspondente, se tomar, por exemplo, o valor 0, s´o pode tomar valores no intervalo [−m, m] onde m ∈ (0, π) e V (m) = K.

O caso K = 0. D´a-nos em (1) as solu¸c˜oes constantes u ≡ 0, e de um modo geral u ≡ 2nπ com n inteiro... (que representam a mesma solu¸c˜ao “f´ısica”: o pˆendulo im´ovel na posi¸c˜ao de repouso “mais baixa”).

O caso 0 < K < 4a. Vamos mostrar que as solu¸c˜oes com tais valores de K s˜ao peri´odicas e daremos uma express˜ao para o respectivo per´ıodo. Procuremos condi¸c˜oes iniciais que produzam a solu¸c˜ao de (1): consideremos por exemplo a solu¸c˜ao do PVI com condi¸c˜oes iniciais

u(0) = 0, u0(0) = √

K. Ponhamos V (m) = K (com m ∈ (0, π)) como h´a pouco.

Facto 1: A solu¸c˜ao tem derivada positiva em (−α, α), onde

α = Z m

0

ds pV (m) − V (s).

Demonstra¸c˜ao: A solu¸c˜ao verifica (1) e por isso, pelo menos em alguma vizinhan¸ca de zero podemos resolver em ordem a u0 escolhendo a raiz positiva:

u0=pK − V (u) (2)

Observando que (2) tem vari´aveis separ´aveis, podemos proceder por primitiva¸c˜ao, como record´amos no in´ıcio do curso:

Z u

0

ds

pK − V (s) = t + c (3)

onde c ´e uma constante, e como u = 0 corresponde a t = 0 vˆe-se que c = 0. Temos, pois, Z u

0

ds

pK − V (s)= t, −m < u < m (4)

Observemos em seguida que existe o n´umero real5 α =

Z m

0

ds

pV (m) − V (s). (5)

Por conseguinte, a solu¸c˜ao u(t), definida implicitamente por (4), est´a definida em (−α, α) mantendo- se v´alida neste intervalo a equa¸c˜ao (2).

Derivando esta equa¸c˜ao em ordem a t imediatamente se reconhece que se trata efectivamente de uma solu¸c˜ao de (p).

Facto 2: A solu¸c˜ao prolonga-se, ainda como como solu¸c˜ao, ao intervalo [−α, α]; sendo u(±α) = ±m e u0(±α) = 0.

Demonstra¸c˜ao: Considerando a equa¸c˜ao como sistema plano u0= v, v0 = −a sin u

e notando que (4) e (2) mostram que se trata de uma solu¸c˜ao limitada, resulta da proposi¸c˜ao 6.1 que o referido prolongamento existe. Os valores u(±α), u0(±α) s˜ao os limites dados por aquelas f´ormulas quando t → ±α e por isso s˜ao os indicados.6

Facto 3: u ´e prolong´avel ao intervalo [−α, 3α] de modo que o seu gr´afico fique sim´etrico em rela¸c˜ao `

a vertical t = α e u ´e ainda solu¸c˜ao de (p).

5De facto, o integral converge porque, em virtude de ser V0(m) > 0, a integranda ´e majorada, numa

vizinhan¸ca esquerda de m, por uma fun¸c˜ao do tipo c/√m − u. De lims→mV (m)−V (s)m−s = V0(m) deduz-se

lims→m √ V (m)−V (s) √ m−s =pV 0(m) e da´ı 1 V (m)−V (s)≤ 2 √

V0(m)m−u em certo intervalo (m − δ, m).

6Como estamos em presen¸ca de uma simetria (V ´e par) obtivemos uma solu¸ao u(t) ´ımpar; mas este facto n˜ao

tem um car´acter essencial. Se estiv´essemos a considerar uma equa¸c˜ao an´aloga em que o gr´afico de V ´e semelhante mas n˜ao sim´etrico, neste passo ter´ıamos uma solu¸c˜ao definida em certo intervalo [β, α], com β < 0 < α. Ver a Nota 4 mais `a frente.

Demonstra¸c˜ao. Esta afirma¸c˜ao resulta da Proposi¸c˜ao 8.1. Basta definir a nova fun¸c˜ao

y(t) = (

u(t), −α ≤ t ≤ α u(2α − t), α ≤ t ≤ 3α

A solu¸c˜ao assim estendida, que continuaremos a representar por u(t), tem agora a propriedade u(−α) = u(3α), u0(−α) = u0(3α).

Facto 4: u(t) ´e prolong´avel a R como fun¸c˜ao de per´ıodo 4α que ´e solu¸c˜ao de (p).

Demonstra¸c˜ao: Esta afirma¸c˜ao resulta da proposi¸c˜ao 8.2. Por exemplo, no intervalo [3α, 7α] a expres˜ao anal´ıtica do prolongamento ´e u(t − 4α), etc.

Assim, o gr´afico de u tem o aspecto esquematizado na Figura 10.

Estimativas do per´ıodo: Retomemos uma traject´oria (1) com 0 < K < 4a. Como vimos, o per´ıodo ´ e dado por T = 4 Z m 0 du pV (m) − V (u).

Notemos que V (0) = V0(0) = 0 e V00(0) = 2a > 0. Ent˜ao, dado  existe δ tal que 2a −  ≤ V00(s) ≤ 2a +  if 0 ≤ s ≤ δ, e como V (m − V (u) = Z m u dt Z t 0 V00(s) ds obtemos (a −  2)(m 2− u2) ≤ V (m − V (u) ≤ (a +  2)(m 2− u2), 0 ≤ u < m ≤ δ. Concluimos 4 Z m 0 du p(a + 2)(m2− u2) ≤ T ≤ 4 Z m 0 du p(a − 2)(m2− u2) e portanto lim m→0T = 2π/ √ a.

Nota 1. Como V (m) − V (u) = 4a(sin2 m2 − sin2 x

2), o per´ıodo escreve-se T =√2 a Z m 0 du q sin2 m2 − sin2 u2 .

Fazendo a mudan¸ca de vari´avel

sin ϕ = sin

u 2

sinm2 um c´alculo n˜ao muito complicado mostra que, finalmente,

T = √4 a Z π2 0 dϕ q 1 − sin2 m2 sin2ϕ .

A fun¸c˜ao K(z) = Z π2 0 dϕ p 1 − z2sin2ϕ

chama-se integral el´ıptico completo de primeira esp´ecie. Portanto,

T = √4 aK(sin

m 2).

Nota 2. Os c´alculos para demonstrar o Facto 1 podem ser feitos, alternativamente, de modo ligeiramente diferente: podemos resolver (2) resolvendo primeiro a equa¸c˜ao diferencial para a fun¸c˜ao inversa:

dt du =

1

pK − V (u), 0 ≤ u < m. (7) que se resolve por simples primitiva¸c˜ao:

t = t(u) = Z u 0 ds pK − V (s). (8) ´

E f´acil verificar que a fun¸c˜ao u(t), inversa da que ´e dada por (8), verifica efectivamente (1) em [−α, α], extremo direito inclu´ıdo! Em particular:

u(α) = m, u0(α) = 0. (9)

Nota 3. Os restante racioc´ınio poderia tamb´em ser constru´ıdo repetindo c´alculos an´alogos ao do Facto 1. Com efeito, supondo provados os Factos 1 e 2, e como u00(α) = −a sin u(α) = −a sin m < 0, temos pelo menos numa vizinhan¸ca direita de α,

u0= −pK − V (u). (10) De (9) e do teorema de unicidade resulta

u(t) = u(2α − t), α ≤ t ≤ 2α.

Tem-se portanto

u(2α) = 0, u0(2α) = −√K. (11) Utilizando ainda (10) e o mesmo c´alculo que conduziu a (8), concluimos que u(t) ´e prolong´avel pelo menos at´e t = 3α, com

u(3α) = −m, u0(3α) = 0 (12) porque o integral que surge no c´alculo do intervalo de “tempo” necess´ario para que a solu¸c˜ao passe dos valores (11) aos valores (12) ´e exactamente igual ao que j´a surgiu em (8).

Finalmente, partindo desta condi¸c˜ao inicial, e porque pela unicidade se deve ter u(t) = u(4α − t), 3α ≤ t ≤ 4α, reconhecemos que a solu¸c˜ao ´e na verdade prolong´avel at´e t = 4α e que

Conclu´ımos que

u(4α) = u(0), u0(4α) = u0(0),

ou seja, que a traject´oria da curva t 7→ (u(t), u0(t)) volta ao ponto de partida ap´os o tempo 4α. Nota 4. Estes argumentos aplicam-se, mais geralmente, a equa¸c˜oes redut´ıveis `a forma (1), em que V ´e uma fun¸c˜ao C1que n˜ao precisa de ser par e tal que

{x| V (x) < K} = (n, m)

com n < 0 < m, V (n) = V (m) = K e V0(n) < 0), V0(m) > 0. Tamb´em neste caso se constr´oi uma solu¸c˜ao peri´odica, n˜ao necessariamente ´ımpar.

O caso K > 4a. Vamos mostrar que neste caso a solu¸c˜ao ´e ilimitada e tem derivada peri´odica.

Por (1), a derivada de u nunca se anula. Ent˜ao ´e sempre positiva ou sempre negativa. Para fixar ideias, suponhamos que ´e sempre positiva (o tratamento do outro caso ´e an´alogo). Resulta que a equa¸c˜ao pode escrever-se na forma equivalente (2) e em particular

0 < δ :=√K − 4a < u0(t) <√K, ∀t ∈ R. Integrando obtemos

u(t) < δt, se t ≤ 0; u(t) > δt, se t ≥ 0. Em particular,

lim

t→−∞u(t) = −∞, t→+∞lim u(t) = +∞

e u ´e estritamente crescente e sobrejectiva. Em particular, existe um n´umero T (dependente de K, claro) tal que

u(T ) = 2π. Vamos ent˜ao mostrar que

u(t + T ) = u(t) + 2π ∀t ∈ R. (13) Na verdade, para t = 0 esta igualdade ´e verdadeira (porque u(0) = 0). E notando que ambos os membros representam solu¸c˜oes de (2) (o primeiro porque a equa¸c˜ao ´e aut´onoma; o segundo porque V tem per´ıodo 2π) conclu´ımos, invocando o teorema de existˆencia e unicidade para o problema de valor inicial, que de facto (13) se verifica. E de (13) resulta logo que u0 tem per´ıodo T .

O caso K = 4a. Neste caso a solu¸c˜ao ou ´e constante ou ´e estritamente crescente e tem-se

lim

t→−∞u(t) = −π, t→+∞lim u(t) = +π

ou ´e estritamente decrescente e tem-se lim

t→−∞u(t) = π, t→+∞lim u(t) = −π.

Sendo K = 4a podemos ter u ≡ 2(n + 1)π, com n ∈ Z e evidentemente u0 ≡ 0; ou ent˜ao u n˜ao ´

por (2) e portanto u ´e dada implicitamente por (4), onde agora m = π. Ora, usando um crit´erio de compara¸c˜ao como atr´as, verificamos que

Z π

0

ds

pV (π) − V (s) = +∞

pelo que a solu¸c˜ao u(t) ´e efectivamente definida por (4) para todo o t real e a afirma¸c˜ao sobre os limites ´e correcta.

Uma solu¸c˜ao deste tipo diz-se heterocl´ınica porque “liga” os equil´ıbrios ±π.

Nota. E ´´ util estudar as traject´orias das curvas t → (u(t), u0(t)) no plano (u, u0) (plano de fases).

As equa¸c˜oes destas curvas s˜ao as da forma (1); por¸c˜oes delas s˜ao gr´aficos da fun¸c˜ao com express˜ao designat´oria (2) onde u ´e vista como vari´avel independente e u0 como a vari´avel dependente. As solu¸c˜oes peri´odicas correspondem ent˜ao a curvas fechadas; o caso K > 4a d´a o gr´afico de uma fun¸c˜ao peri´odica; as heterocl´ınicas s˜ao curvas que ficam num dos semiplanos u0> 0 ou u0 < 0 e ligam (π, 0) a (−π, 0). O conjunto est´a esquematizado na Figura 11.

10

O pˆendulo simples com atrito e o comportamento assint´otico

de certas solu¸c˜oes de sistemas n˜ao lineares

Nesta sec¸c˜ao estudamos a equa¸c˜ao

u00+ cu0+ f (u) = 0 (∗∗) onde c ∈ R e f ´e cont´ınua em R. Equa¸c˜oes deste tipo surgem em importantes modelos da Mecˆanica.

Teorema 10.1 Seja c > 0. Se u(t) ´e solu¸c˜ao limitada de (**) em [0, ∞), ent˜ao limt→+∞u(t) = l

existe e f (l) = 0. Al´em disso limt→+∞u0(t) = 0.

Para a demonstra¸c˜ao teremos em conta, sucessivamente, o seguinte.

Facto 1: u0(t) ´e tamb´em limitada. Efectivamente, pondo v = u0 basta resolver a equa¸c˜ao linear v0+ cv = b(t) onde b(t) = −f (u(t)) ´e limitada.

Facto 2: R0∞u0(s)2ds < ∞. Temos, multiplicando a equa¸c˜ao por u0 d

dt[ u02

2 + F (u)] + cu

02= 0

de onde, para todo o T > 0

[u 02 2 + F (u)] T 0 + c Z T 0 u02= 0 e, em virtude da hip´otese e do Facto 1, os integraisRT

0 u

02 ao majorados independentemente de T .

Facto 3: limt→+∞u0(t) = 0. Como a partir do Facto 1 se deduz que u00(t) ´e limitada em [0, ∞)

Facto 4: limt→+∞F (u(t)) existe. Com efeito, da demonstra¸c˜ao do Facto 2 resulta que u

02

2 + F (u)

´

e decrescente. Depois aplicar o Facto 3.

Para concluir a demonstra¸c˜ao, suponhamos que lim inft→+∞u(t) 6= lim supt→+∞u(t). Ent˜ao

existem a < b tal que, dado um n´umero qualquer r ∈ [a, b], existe t arbitrariamente grande tal que u(t) = r.

Em virtude do Facto 4, temos F =constante em [a, b] e ent˜ao f = 0 em [a, b]. Tomemos r = (a + b)/2, δ > 0 tal que 2δ/c < (b − a)/4, e em seguida T > 0 de modo que

u(T ) = r e |u0(t)| < δ ∀t ≥ T.

Para t ≥ T e pelo menos no intervalo [T, S) tal que t ∈ [T, S) ⇒ u(t) ∈ (a, b), temos

u00+ cu0= 0

o que implica u = A + Be−ct, A + Be−cT = r e |B|ce−ct< δ. Mas ent˜ao

|A + Be−ct− r| ≤ 1 c|cBe

−cT− cBe−ct| ≤

c < b − a)/4

o que significa que para todo o t ≥ T a solu¸c˜ao ´e de facto A + Be−ct e toma valores apenas em [3a+b4 ,a+3b4 ], uma contradi¸c˜ao.

Assim, limt→+∞u(t) = l existe. E agora a pr´opria equa¸c˜ao (**) mostra que limt→+∞u00(t) existe,

n˜ao podendo deixar de ser 0. Logo, f (l) = 0. A demonstra¸c˜ao fica concluida.

Nota. Pensando na equa¸c˜ao como o sistema de primeira ordem equivalente (

u0= v

v0= −c v − f (u)

que tem a solu¸c˜ao constante (l, 0), o que mostr´amos ´e que a traject´oria de (u, u0) no plano de fases tende para esta constante. As solu¸c˜oes constantes chamam-se “equil´ıbrios” do sistema.

Com base neste resultado, vamos apresentar um m´etodo directo para o estudo do comportamento assint´otico das solu¸c˜oes da equa¸c˜ao do pˆendulo simples com atrito7

u00+ cu0+ a sin u = 0 (1) onde c e a s˜ao constantes positivas. Este exemplo serve de modelo para problemas an´alogos.

Usando a nota¸c˜ao da sec¸c˜ao 4, observamos que, dada uma solu¸c˜ao arbitr´aria de (1), a fun¸c˜ao (“energia”)

E(t) = u0(t)2+ V (u(t)) (2)

7A for¸ca de atrito, que agora se sup˜oe existir, e ser proporcional `a velocidade, est´a representada pelo novo termo

´

e decrescente8, visto que

E0(t) = −2cu02 (3). Em particular,

E(t) ≤ E(0), ∀t ≥ 0 (4) (o “tempo inicial” pode ser fixado no valor t = 0, j´a que a equa¸c˜ao ´e aut´onoma).

Proposi¸c˜ao 10.1 Se E(0) < 4a, a solu¸c˜ao ´e limitada em [0, +∞) e por isso existe n ∈ Z, par, tal que

lim

t→+∞u(t) = nπ.

Demonstra¸c˜ao. A solu¸c˜ao fica limitada em virtude de (4) e de o m´aximo de V ser 4a, como nos argumentos da sec¸c˜ao sobre o pˆendulo simples. Em virtude do teorema anterior, a solu¸c˜ao tende para um equil´ıbrio de (1) quando t → +∞. Como E(t) ´e decrescente, temos limt→+∞E(t) = V (l) < 4a,

e isso prova a ´ultima afirma¸c˜ao.

Asa solu¸c˜oes com energia inicial 4a ou s˜ao os equil´ıbrios 2(n + 1)π ou perdem efectivamente energia logo nos instantes seguintes, em virtude de (3), e ent˜ao caem no caso previsto na proposi¸c˜ao anterior. Para termos uma ideia do comportamento das solu¸c˜oes perto de um equil´ıbrio nπ podemos consid- erar a equa¸c˜ao linearizada de (1) nesse equil´ıbrio:

z00+ cz0+ a(−1)nz = 0

onde z descreve aproximadamente o comportamento da diferen¸ca u − nπ. Vemos que esse comporta- mento depende de c, a e da paridade de n. Por exemplo, para pequenos valores de c, a aproxima¸c˜ao ao equil´ıbrio ´e em espiral, j´a que a equa¸c˜ao linearizada tem raizes caractetr´ısticas complexas.

Vejamos que h´a tamb´em solu¸c˜oes que tendem para os equil´ıbrios nπ, com n ´ımpar, quando t → +∞. Para isso, vamos reduzir a procura de certas solu¸c˜oes de (1) `a das solu¸c˜oes de uma equa¸c˜ao de primeira ordem. Suponhamos, efectivamente, que temos em vista uma solu¸c˜ao mon´otona crescente, para fixar ideias. O gr´afico da sua traject´oria no plano (u, u0) ´e o de uma fun¸c˜ao ϕ tal que u0= ϕ(u) (significando u0(t) = ϕ(u(t)) para todo o t do intervalo onde est´a definida). Introduzindo em (1), vemos que ϕ verifica

ϕ0(u)ϕ(u) + cϕ(u) + a sin u = 0 ou seja

d 2 duϕ(u)

2+ cϕ(u) + a sin u = 0.

Pondo ϕ2= ψ e como ϕ ≥ 0, vem finalmente a equa¸c˜ao de primeira ordem

ψ0(u) + 2cpψ(u) + 2a sin u = 0. (5)

Consideremos o equil´ıbrio (π, 0). A solu¸c˜ao de (5) tal que ψ(π) = 09 satisfaz ψ(0) > 4a

como se conclui imediatamente integrando (5) no intervalo [0, π]. Atendendo ao significado de ψ, isto quer dizer que no instante em que u = 0, a energia (ψ + V ) ´e > 4a. O valor da energia em u = 0,

No documento ACED ODEs2015 (páginas 43-65)

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