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3.   REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29

3.5 Sistemas de Esgotamento Sanitário 68

3.5.1 Sistemas individuais 70

Os sistemas individuais de tratamento e disposição de esgotos podem ser divididos em sistemas sem transporte hídrico, para disposição de excretas; e sistemas com transporte hídrico, para dispor esgotos mais ou menos concentrados (HARTMAN et al., 2009).

Nos sistemas sem transporte hídrico, a disposição de excretas é feita em fossa seca de buraco (simples e com tubo de ventilação); fossa seca tubular (cavidade menor que o da fossa seca de buraco); fossa estanque, tanque impermeável para disposição de excretas; fossas de fermentação (comumente conhecidas como privadas de compostagem); a fossa química (em que se adiciona produto químico para desinfecção de dejetos); e a privada com receptáculo móvel (que consiste de um recipiente metálico, colocado sob o assento para receber os dejetos que são retirados e esvaziados temporariamente).

Um exemplo de privada de compostagem é o banheiro ecológico, que visa o tratamento primário e secundário dos efluentes domésticos através da compostagem dos dejetos humanos. No tratamento primário, o volume e a massa dos dejetos são reduzidos pela decomposição e desidratação. O tratamento secundário é realizado através da compostagem do material reduzido na fase anterior, na moradia (no jardim) ou fora dela (numa eco-estação) (WINBLAD & SIMPSON-HÉBERT, 2004). A compostagem degrada a matéria orgânica através de bactérias aeróbias termofílicas, fungos e actinomicetos. Sob condições ótimas de temperatura, é possível a remoção efetiva de patógenos (GTZ, 2006a). Segundo Winblad & Simpson-Hébert (2004) existem três principais tipos de banheiros ecológicos:

 Banheiros ecológicos (Dehydrating eco-toilets) – urina e fezes são coletadas por separado. As fezes caem numa câmara e sofrem decomposição durante o período de 6 a 12 meses. A fossa é fechada e no seu lugar é plantada um árvore. A estrutura do banheiro é móvel, sendo realocada para outra fossa aberta para a mesma finalidade. Para aumentar o valor do pH, é necessário jogar cinzas, cal ou ureia a cada uso (Figura 12).

 Banheiros de compostagem – as fezes ou, em alguns casos as fezes mais urina, são depositadas em uma câmara de processamento, juntamente com o lixo doméstico orgânico e lixo de jardim, e com adição de palha, turfa, serragem, galhos, etc.

 Banheiros de compostagem com terra – as fezes ou, em alguns casos fezes e urina, são depositadas em uma câmara de processamento, juntamente com uma grande quantidade de terra. Existem dois principais subtipos com processos ligeiramente diferentes: a cova rasa e a câmara de processamento erguida.

FIGURA 12 – Banheiro ecológico (dehydrating eco-toilet) Fonte: adpatdo de WINBLAD & SIMPSON-HÉBERT, 2004.

Nos sistemas de disposição local de esgotos são utilizados: a fossa absorvente ou poço absorvente, que consiste numa escavação semelhante a um poço e permite a infiltração do

efluente no solo; a fossa estanque, é impermeável e acumula esgoto até a sua remoção; a fossa química; e o tanque séptico, com disposição do efluente geralmente no solo, através de sumidouros ou valas de infiltração ou em corpos d’água após um tratamento complementar.

Os tanques sépticos são unidades de tratamento primário de esgoto doméstico, onde se realizam, simultaneamente, a decantação, a flotação, a desagregação e a digestão parcial dos sólidos sedimentáveis (lodo) e da crosta constituída pelo material flotante (escuma). A parte sólida do esgoto é decomposta por organismos anaeróbios. O lodo removido nesses decanto- digestores é considerado estabilizado, uma vez que ocorre a decomposição anaeróbia dos sólidos sedimentados (IMHOFF, 1996).

A diferença entre fossa e tanque séptico está em que a primeira é utilizada para disposição final dos dejetos (simples buraco no chão), e o segundo é uma unidade de tratamento com efluente a ter destino final por infiltração no solo, através de sumidouro ou valas de infiltração (HARTMAN et al., 2009). Por este motivo, o termo “fossa séptica” não deve ser utilizado para se referir a sistemas de tratamento propriamente ditos.

Dentre os tipos de tanques sépticos Andrade Neto et al. (2009) citam os tanques simples e os divididos em compartimentos horizontais ou verticais. O último é utilizado com o objetivo de reter por decantação os sólidos contidos nos esgotos, propiciar a decomposição dos sólidos orgânicos e acumular temporariamente os resíduos, até que sejam removidos em períodos de meses ou anos. Os tanques sépticos podem ser de câmara única, de câmaras em série e de câmaras sobrepostas. Podem ter forma cilíndrica ou prismática retangular.

As vantagens dos tanques sépticos, em comparação a outros reatores anaeróbios e das outras opções de tratamento de esgotos, estão na construção muito simples, na operação extremamente simples e eventual, nos custos e na produção de um efluente de qualidade razoável, que pode ser encaminhado para um pós-tratamento complementar (HARTMAN et al., 2009; ANDRADE NETO et al. (2009). Portanto, considera-se que tais sistemas são aplicáveis a pequenas comunidades.

Os filtros anaeróbios são o tratamento complementar para os efluentes dos tanques sépticos. Contêm um leito de pedras ou outro material de enchimento, onde se reproduzem microrganismos que servem de biofilme. Esses microrganismos retidos no reator processam a bioconversão da matéria orgânica nos esgotos (ANDRADE NETO & CAMPOS, 1999).

A infiltração no solo é uma das técnicas de disposição controlada de esgotos no solo, que é utilizada como destino final ou complementar dos efluentes dos mais diversos sistemas de tratamento, dentre eles o tanque séptico. Nesses processos, o solo e os microrganismos que nele vivem atuam na retenção e transformação dos sólidos orgânicos e a vegetação retira os nutrientes, evitando o acúmulo ao longo do tempo. A água que não foi incorporada ao solo ou às plantas se perde por evapotranspiração e parte infiltra-se e percola para as águas subterrâneas (ANDRADE NETO & CAMPOS, 1999). As técnicas de infiltração-percolação são dividas em quatro tipos (VON SPERLING, 1996):

- Infiltração lenta (irrigação de culturas por aspersão); - infiltração rápida (solos arenosos sem cobertura vegetal); - infiltração sub-superficial; e

- aplicação com escoamento superficial.

Os esgotos contêm grande quantidade de óleos e graxas, denominados sólidos flutuantes, comumente classificados como “gorduras”. A necessidade de remoção de gorduras tem a finalidade de evitar a obstrução dos coletores de esgoto, evitar a aderência em peças da rede e evitar aspectos desagradáveis nos corpos receptores. A unidade de remoção de gordura está condicionada às mesmas leis que regem os fenômenos da sedimentação, apenas se processando em sentido inverso (JORDÃO & PESSOA, 1975). Pode ser individual ou coletiva.

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