4.1 Definição das variáveis-chave
Todo o processo de levantamento e análise de dados foi conduzido de forma a se identificar as variáveis-chave para a definição da modelagem da logística reversa para os resíduos eletroeletrônicos, a saber:
Figura 19 – Variáveis-chave selecionadas para a modelagem
Essas variáveis levantam os pontos cruciais para entendimento do modelo de forma simplificada, e apontam os prováveis direcionamentos para os principais pontos críticos de decisão que o estudo revela para a modelagem da logística reversa de resíduos eletroeletrônicos.
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Tabela 9 - Descrição e alternativas consideradas para cada variável-chave
Variável-chave Descrição Alternativas consideradas
A. Fonte dos recursos para viabilização
Refere-se a predominância da origem dos recursos para cobertura dos custos previstos na modelagem do sistema de logística reversa
1. Taxa ou Imposto 2. Fabricante / Importador 3. Custos compartilhados B. Responsabilidade
pelos produtos órfãos
Determina quem arca com o custo da logística reversa dos resíduos eletroeletrônicos quando o fabricante ou importador for desconhecido
1. Poder público
2. Fabricante / Importador C. Metas de
recolhimento e reciclagem
Refere-se ao estabelecimento ou não de metas de recolhimento e reciclagem dos REEE
1. Sem metas
2. Com meta de reciclagem 3. Com meta de recolhimento
e reciclagem D. Grau de
responsabilidade do Poder Público
Refere-se ao grau de envolvimento e
responsabilidade do Poder Público na gestão, operação e viabilização do sistema de logística reversa de REEE 1. Legislador, regulamentador e fiscalizador 2. Atuante 3. Operador E. Tratamento do REEE
Considera o tratamento a ser dado ao resíduo eletroeletrônico quanto ao seu valor comercial e grau de periculosidade
1. Mercadoria
2. Resíduo não perigoso 3. Resíduo perigoso F. Reuso no sistema
de logística reversa
Refere-se ao tratamento a ser dado ao reuso dentro do sistema de logística reversa
1. Não estimulado
2. Estimulado por campanhas 3. Viabilizado pelo sistema G. Segregação do
resíduo por marcas
Determina se haverá a segregação do resíduo eletroeletrônico por marca, suportando a
determinação das responsabilidades referente a cada fabricante / importador
1. Com segregação por marca 2. Monitoramento por
amostragem
3. Sem segregação por marca H. Responsabilidade
pelo REEE
Refere-se ao modelo de estabelecimento do volume de REEE sob a responsabilidade de cada fabricante
1. Individualizada
2. Definida proporcionalmente I. Modelo de
competição
Refere-se ao grau competição a ser estimulado na modelagem da logística reversa.
1. Monopólio 2. Competitivo
A seguir são detalhadas as variáveis encontradas para cada referência analisada e também para o modelo sugerido ao Brasil.
4.2 Benchmarking
Compilando aprendizados em relação a sistemas de logística reversa de REEE, foi feito um amplo mapeamento de experiências internacionais. Também fizeram parte do esforço de mapeamento experiências brasileiras e internacionais de logística reversa para outros tipos de resíduos como pneus, óleos lubrificantes, embalagem de agrotóxicos, e pilhas e baterias. De forma a permitir um melhor entendimento, elaborou-se uma matriz que classifica as experiências mapeadas em duas dimensões:
Modelo de competição: determina o grau de competição que caracteriza o modelo. Se é monopolista, uma organização tende a possuir o controle da coleta, reciclagem e disposição dos resíduos. Já no modelo competitivo, não há o controle do sistema por um grande ator mas sim vários atores atuando de forma competitiva na logística reversa.
Responsabilidade pela logística reversa (da coleta à disposição final): determina quem é o responsável pela gestão da reciclagem e disposição dos resíduos.
A Figura 20 define as classificações adotadas para os modelos de competição e as responsabilidades no sistema de logística reversa:
Figura 20 – Macro-dimensões analisadas e suas alternativas
Aprofundando na classificação, os diversos modelos podem apresentar diferenças quanto à forma como os atores realizam suas obrigações. A Figura 21 demonstra algumas das maneiras como o modelo pode funcionar:
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Figura 21 – Matriz de opções de modelos de logística reversa
A divergência de classificação permite uma analise das vantagens e desvantagens na adoção de cada modelo, definidos abaixo:
Responsabilidade do Fabricante no Modelo Monopolista Prós:
• Ganhos de escala; • Melhor governança;
• Facilidade de fiscalização; Contras:
• Não há compartilhamento de custos entre outros responsáveis pelo resíduo; • Pouca abertura para iniciativas de menor escala ou independentes;
• No caso de um grande volume de produtos órfãos, uma sobrecarga dos custos para os atores ligados ao sistema;
Responsabilidade Compartilhada no Modelo Monopolista Prós:
• Ganhos de escala;
• A informação é bem consolidada e as estatísticas são documentados e conhecidas;
• Nenhum agente da cadeia fica sobrecarregado; Contras:
• Rotinas para rateio de custos entre os participantes do sistema; Responsabilidade do Governo no Modelo Monopolista
Prós:
• Ganhos de escala;
• A informação é bem consolidada e as estatísticas são documentados e conhecidas;
• O tratamento do passivo e dos órfãos é mais efetivo; • Alta eficácia;
• Menor custo de fiscalização; Contras:
• Normalmente viabilizado com impostos, taxas ou contribuições dos atores; • Maior custo de gestão do sistema;
Responsabilidade do Fabricante no Modelo Competitivo Prós:
• Os custos e a eficiência do processo são otimizados; Contras:
• Existe menor alinhamento entre as ações e os dados são menos precisos; • O passivo e os órfãos são mais difíceis de serem tratados;
• Menor ganho de escala;
• Maiores custos de fiscalização;
• Não há compartilhamento de custos entre outros responsáveis pelo resíduo; Responsabilidade Compartilhada no Modelo Competitivo:
Prós:
• Os números normalmente são mais significativos; • Os custos e a eficiência do processo são otimizados; • Nenhum agente da cadeia fica sobrecarregado; Contras:
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• A governança é mais difícil, o alinhamento entre as ações e os dados são menos precisos;
• O passivo e os órfãos são mais difíceis de serem tratados;
• Requer uma estrutura mais complexa para o envolvimento de mais agentes; Dentro dessa metodologia, foram mapeadas oito referências internacionais sobre REEE, quatro nacionais de outros setores e uma internacional do setor de embalagens. A Figura 22 permite a visualização da distribuição de todos os modelos analisados:
Figura 22 - Classificação das referências analisadas
Segundo as variáveis-chave do estudo, apresentadas anteriormente, pôde-se elaborar a
Tabela 9 a qual apresenta os diversos programas estudados. 29
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