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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.

4.2 SISTEMAS PRODUTIVOS EXISTENTES

Cerca da metade das famílias (51%) esteve de alguma forma envolvida na fase de acampamento por um período de três a oito anos, tempo suficiente para estreitarem os laços de convivência. O fato de se distanciarem após a implantação do Assentamento indica que neste período de acampamento não foram realizados trabalhos de formação das famílias no sentido de aumentar seu capital social. A maioria das famílias buscava sua sobrevivência de forma individual, 40% delas trabalhando como diaristas nas fazendas vizinhas e 14 % nas carvoarias da região. Do total pesquisado, 22,8 % eram assalariados e mantinham o acampamento para garantir o lote, vindo praticamente somente nos fins de semana, 8,5% desta população já era aposentada e o restante conseguia sua renda de diferentes formas.

Grande parte das famílias que compõe a população do Assentamento Alecrim (48,6%) tinha como atividade serviços ligados à agropecuária, antes de virem para o assentamento, sendo que a maioria trabalhava em fazendas de pecuária de corte da região. É costume nestas fazendas que a produção de leite e em alguns casos pequenos cultivos sejam realizados pelo empregado, como forma de complementação de sua renda. Isso tem se refletido como ponto positivo na evolução das atividades produtivas, denotando um potencial de capital humano que se manifestou claramente com a injeção de recursos por ocasião dos contratos do Pronaf “A” que será discutido mais adiante. Uma parcela significativa da população, cerca de 17%, era composta de funcionários públicos municipais que também vieram para o Assentamento, o que, de certa forma, demonstra uma forte influência política das lideranças municipais no Assentamento desde sua implantação e que também refletirá na evolução dos sistemas produtivos.

Com relação às atividades produtivas as famílias continuam concentrando sua produção nas atividades apontadas desde a implantação do assentamento como apontado no ISEV/INCRA em 2008 e no questionário de elaboração do P.D.A. e 2009. Quando observamos, em 2013, as atividades produtivas das famílias no lote constatamos que a maioria da produção tem se destinado a complementação da renda das famílias na forma de consumo, mas um volume significativo já começa a ser comercializado, tanto fora, como dentro do Assentamento. Um fato novo é a intensificação de um mercado informal de produtos dos lotes dentro do Assentamento, baseado principalmente no comércio de frango caipira, galinhas e suínos vivos ou abatidos.

Os principais produtos, tanto in natura, como processados, que são comercializados ou consumidos pelas famílias estão discriminados na Tabela 13.

Tabela 13 - Principais produtos (in natura e processados) dos lotes comercializados ou consumidos pelas famílias no ano de 2012, por atividade.

Produto Nº de famílias % de famílias

Pecuária

Bezerros 17 48,57

Leite 15 42,86

Queijo salgado 2 5,71

Descarte de vacas 1 2,86

Criação de pequenos animais

Suíno 16 45,71 Galinha 14 40,00 Frango 13 37,14 Ovos 8 22,86 Galinha de Angola 1 2,86 Carneiro 1 2,86 Cultivos diversos Mandioca 14 40,00 Milho 10 28,57 Hortaliças 8 22,86 Feijão 6 17,14 Abobora 6 17,14 Quiabo 2 5,71 Abobora 2 5,71 Batata doce 2 5,71 Maxixe 1 2,86 Feijão guandu 1 2,86 Café 1 2,86 Pimenta in natura 1 2,86 Fruticultura Banana 5 14,29 Melancia 4 11,43 Abacaxi 3 8,57 Laranja 2 5,71 Frutas 1 2,86 Produtos processados Pimenta molho 1 2,86

Pães, doces, queijo. 1 2,86

Farinha 1 2,86

Pães 1 2,86

A produção da avicultura aparece em 80% dos lotes (de galinhas em 40% dos lotes, frango em 37,1% e galinha de angola 2,9%), superando muito a segunda produção mais frequente que é a de suínos presentes em 48,6% dos lotes. Do total pesquisado 22,8% declarou que produzem ovos no lote. A produção da pecuária de leite aparece dividida nos lotes da seguinte forma: 48,57% dos lotes produziram bezerros, 42,85% leite, queijo salgado em 5,71% dos lotes e descarte de vacas em 5,71% dos lotes (Tabela 13).

Os produtos agrícolas aparecem em grande frequencia nos lotes, porém em quantidades menores. A mandioca é o produto agrícola que é mais cultivado (40% dos lotes pesquisados), seguido pelo milho que aparece em 28,57% dos lotes, a abóbora e outras hortaliças aparecem em 22,85% dos lotes e o feijão em 17,14%. A banana em 14,28%, melancia em 11,42%, enquanto 8,57% dos lotes produziram abacaxi e 5,71% quiabo e laranja. Outros produtos como pimenta, café, maxixe, feijão guandu e frutas aparecem em 2,85% dos lotes. O assentamento apresenta ainda uma produção de farinha, pães e doces que aparecem em 2,85% dos lotes. (Tabela 13).

Este conjunto de produtos demonstra uma riqueza e diversidade muito grande de atividades produtivas no Assentamento Alecrim, ainda que a maioria seja produzida em pequena quantidade, para o autoconsumo da família. Há uma concentração de produtos oriundos da pecuária de leite, criação de pequenos animais (aves e suínos) e de cultivos diversos, confirmando que as famílias ainda não abandonaram sua vocação inicial que dividiu o assentamento em dois grupos principais: “Grupo da roça” e “Grupo do gado” e que as atividades continuam as mesmas, com uma inversão da frequência em que estão presentes nos lotes, entre suínos e aves (antes os suínos apareciam como maior preferência entre as famílias, como atividade secundária entre os dois grupos e hoje o que se destaca é a criação de aves) (Tabela 14).

Devemos destacar que no ano de 2009, somente 11,11% das famílias afirmaram ter como principal fonte de renda a produção do lote, enquanto 48,14 % das famílias afirmaram não ter renda. Hoje grande parte das famílias estão produzindo algum produto em seus lotes, como visto na tabela anterior. A maioria dos lotes apresenta uma produção diversificada, variando de um a onze produtos por lote, sendo que 25,7% dos lotes produzem quatro produtos, 20% produzem cinco, 14,3 % seis, 11,4% três, 8,6% dois produtos, 5,7% apenas um produto e 11,4% produzem sete ou mais produtos (Apêndice 2). É preciso mencionar o fato de haver uma grande diversificação da produção para o autoconsumo das famílias ou animais, mas a produção para venda externa ao lote e ao Assentamento, que origina renda monetária,

se restringe basicamente a venda de gado, leite e em alguns casos aves, como galinha de postura e frango tipo caipira.