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Sistematização da Assistência de Enfermagem e Diagnósticos de

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.3 Sistematização da Assistência de Enfermagem e Diagnósticos de

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atribuição obrigatória instituída pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) desde outubro de 2009, em todas as unidades de atendimento de saúde que fornecem assistência de enfermagem (COFEN, 2009).

A SAE é uma atividade privativa do enfermeiro em que se faz necessária a utilização de um método sistematizado e apoio, tanto gerencial quanto da equipe de enfermagem, para a sua implementação. É importante que a equipe de enfermagem seja constantemente treinada e aprimore seus conhecimentos sobre fisiologia, patologia, semiologia, teorias de enfermagem e o processo de enfermagem, entre outros, pois tais saberesdarão suporte técnico-científico ao enfermeiro (TANNURE; PINHEIRO, 2010).

Trata-se então do instrumento do Processo de Enfermagem, que fortalece a autonomia da enfermagem, que permite ao enfermeiro desenvolver e organizar o trabalho da equipe de enfermagem, priorizando a necessidade de cada indivíduo cuidado. Além disso, a SAE proporciona conhecimento específico e reflexão crítica sobre o processo de trabalho, gerenciamento e otimização da assistência em enfermagem (MARIA; QUADROS; GRASSI, 2012).

Ida Jean Orlando utilizou pela primeira vez a expressão “processo de enfermagem”, em 1961, para explicar o cuidado de enfermagem. Wanda de Aguiar Horta introduziu o Processo de Enfermagem no Brasil, na década de 70, definindo-o como dinâmica das ações sistematizadas e interrelacionadas, visando a assistência ao ser humano, caracterizada pelo inter-relacionamento e dinâmica de suas fases (HORTA, 1979).

Atualmente, o Processo de Enfermagem é dividido em cinco etapas, interrelacionadas e interdependentes, descritas a seguir (COFEN, 2009):

Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem): processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com a finalidade de se obter informações sobre a pessoa, família ou coletividade e sobre suas respostas em certo momento do processo saúde-doença;

Diagnóstico de Enfermagem: interpretação e agrupamento dos dados obtidos na primeira etapa, culminando na tomada de decisão sobre os conceitos que representam as respostas da pessoa, família ou coletividade em certo momento do processo saúde-doença, constituindo a base para a seleção de ações ou intervenções objetivando o alcance de resultados esperados.

Planejamento de Enfermagem: determinação de ações ou intervenções que serão realizadas frente às respostas da pessoa, família ou coletividade em certo momento do processo saúde-doença a fim de alcançar um resultado já estabelecido;

Implementação: realização de ações ou intervenções determinadas na terceira etapa do Processo de Enfermagem;

Avaliação de Enfermagem: processo contínuo, deliberado e sistemático para verificar mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade em certo momento do processo saúde-doença, determinando se as ações ou intervenções alcançaram o resultado esperado, verificando também a necessidade de mudanças ou adaptações no Processo de Enfermagem.

O processo de enfermagem e a interrelação de suas fases estão ilustrados na Figura 1.

Figura 1. Processo de Enfermagem.

Fonte: Potter; Perry (2013).

Na década de 60, o termo “diagnóstico de enfermagem” foi utilizado pela primeira vez e a enfermeira Imogene King teve grande importância neste período, ao afirmar que diagnosticar não era mais atividade específica da área médica, mas de todos os profissionais antes de determinar suas ações (NEGREIROS et al., 2009).

Em 1973 foi criado o Grupo de Classificação Norte-Americano de Diagnóstico de Enfermagem, que posteriormente recebeu a denominação de North American Nursing

Diagnosis Association, baseando-se, no início, em diagnósticos listados em ordem alfabética

criados a partir das discussões sobre a experiência prática de enfermeiros. Mais tarde, a partir de estudos realizados ao longo dos anos e aprofundamento na temática, os diagnósticos foram organizados na taxonomia, sendo esta utilizada em diversos países (NEGREIROS et al., 2009).

Em 1987 a NANDA publicou a taxonomia I, estruturada de maneira que refletisse os modelos teóricos de enfermagem norte-americanos, contendo nove categorias baseadas no modelo dos Padrões de Respostas Humanas (NANDA-I, 2015; BARROS, 2009). A taxonomia II foi adotada em 2002, adaptada a partir da estrutura de coleta de dados dos Padrões Funcionais de Saúde de Marjorie Gordon, possuindo uma linguagem reconhecida e que atende aos critérios estabelecidos pelo Committe for Nursing Practice Information

Infrastructure da American Nurses Association (NANDA-I, 2015).

A taxonomia, na área da saúde, tem diversas funções, como organizar os fenômenos, refletindo as mudanças na saúde, processos e mecanismos de interesse profissional, proporcionar uma visão das áreas de atuação e do conhecimento de determinada profissão, entre outras (NANDA-I, 2015).

Atualmente, a taxonomia II da NANDA-I possui 239 diagnósticos de enfermagem padronizados e agrupados em 13 domínios e 47 classes. Os domínios da taxonomia II são: Promoção da saúde, Nutrição, Eliminação e troca, Atividade/repouso, Percepção/cognição, Autopercepção, Papéis e relacionamentos, Sexualidade, Enfrentamento/tolerância ao estresse, Princípios da vida, Segurança/proteção, Conforto, e por fim Crescimento/desenvolvimento (NANDA-I, 2015).

A NANDA-I define diagnóstico de enfermagem como um “julgamento clínico sobre uma resposta humana a condições de saúde/processos de vida ou uma vulnerabilidade a tal resposta, de um indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade” (NANDA-I, 2015).

Os diagnósticos de enfermagem têm título e definição claros, além de outras informações como: características definidoras, que são pistas e/ou inferências que se agrupam como manifestações de um diagnóstico (ex.: sinais e sintomas); fatores relacionados, que são os componentes que integram todos os diagnósticos de enfermagem cujo foco está no problema (ex.: etiologias, circunstâncias, causa ou fator contribuinte, entre outros); e os fatores de risco, que são influências que aumentam a vulnerabilidade do indivíduo, família ou

coletividade a um evento (ex.: influência ambiental, psicológica, genética, etc.) (NANDA-I, 2015).

Os domínios e suas classes estão representados na Figura 2.

Figura 2. Domínios e classes da Taxonomia II da NANDA-I.

Fonte: NANDA-I (2015).

A etapa de coleta de dados é um processo deliberado e sistemático em que se reúne informações objetivas e subjetivas sobre uma pessoa, família ou comunidade, organiza-se os dados coletados e realiza-se uma documentação metódica das informações. As decisões tomadas quanto aos diagnósticos e intervenções de enfermagem, bem como a avaliação dos resultados obtidos baseiam-se nos dados obtidos nesta etapa, sendo esta fundamental para o desenvolvimento das outras etapas do processo de enfermagem (BARROS, 2016).

Para elaboração de diagnóstico de enfermagem é necessário realizar uma análise e interpretação criteriosa dos dados coletados, a fim de realizar o julgamento clínico. A qualidade e validação do cuidado e das etapas consecutivas do processo de Enfermagem estão

diretamente relacionadas ao diagnóstico de enfermagem firmados na segunda etapa (GORDON, 1987).