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2.4 Qualidade no processo de projeto

2.4.6 Sistematização das informações

As informações compartilhadas entre os diversos agentes participantes da elaboração dos projetos de construção civil têm se tornado objeto de estudo de diversos autores e pesquisadores, nota-se que este estudo não é recente. Noves (1996) identifica pesquisas realizadas ainda na década de 50 que visavam o desenvolvimento de estruturas de trabalho que permitissem a sistematização do processo de projeto, atualmente têm-se no Brasil os trabalhos de Formoso (2000), Melhado (1994), Tzortzopoulos (1999) e Novaes (1996), em outros países cita-se os trabalhos de Koskela (1997), Huovila et al (1995), Austin et al (1999), Denker e Steward (1996) e Browning (1998), com o objetivo de sistematizar o fluxo de informações para subsidiar de modo eficaz as tomadas de decisões.

Esta necessidade de sistematização dos fluxos de informações do processo de projeto se evidência pelo fato de que a maioria das não conformidades encontradas e relacionadas durante o processo de projeto e execução dos empreendimentos de construção civil subsetor

edificações convergem para o aspecto da troca de informações caracterizadas quase sempre como fragmentadas e informais no meio organizacional, (Formoso, 2000).

Na construção civil, as disciplinas de projeto trabalham ora juntas ora separadas com atividades independentes. Este tipo de relação gera a necessidade de uma comunicação efetiva para que todos os detalhes das iniciativas individuais sejam repassados. As informações desenvolvidas no trabalho e executadas pelas equipes devem ser gerenciadas de forma a suprir as necessidades de todos. Monopólio de informações não pode ser uma prática comum nem a liberação parcial das informações, uma solução seria a implantação de um sistema de informação descentralizado.

A maioria dos sistemas de informações são centralizados, obrigando a informação a circular por diversos setores antes de chegar ao destinatário, correndo-se o risco dessas informações serem perdidas ou filtradas indevidamente, desestimulando a corporação.

O entendimento neste aspecto é visualizado por McCreadie e Rice apud Edum-Fotwe (2001) que apresenta uma visão de informação como um recurso ou artigo que pode ser produzido, comprado, reproduzido, distribuído, manipulado, transferido, controlado e comercializado da mesma maneira que qualquer outro recurso de produção tangível, qualquer um destes aspectos, trabalhado de modo irregular, prejudicará o processo e, conseqüentemente o produto final.

Outrossim, o excesso de dados pode comprometer a eficiência do processo, neste sentido, Formoso (2000) evidencia a necessidade de classificação das informações e a determinação dos momentos de decisão e transmissão destas informações. Para Melhado (1995) é necessário identificar que tipo de informação deve ser sistematizada e quando haverá encontro entre elas. O aprimoramento da gestão do processo de projetos envolve definição e transmissão sistematizada das informações que caracterizam o produto projeto. As informações de entrada e as atividades desenvolvidas individualmente podem interessar a vários intervenientes, sendo necessária sua identificação. Porém, a percepção desta necessidade só é possível quando há a identificação dos pontos críticos de tomada de decisões e as atividades essenciais para o processo, assim, torna-se elemento chave o reconhecimento, definição, descrição e transmissão dessas necessidades para atender aos diferentes interesses do empreendedor, profissionais de projeto, consultores e empresa construtora.

Entre os benefícios apontados quando no emprego de um sistema de suporte ao fluxo de informações, têm-se, segundo Novaes (1996):

• redução de desperdícios de energia humana, tempo e dinheiro, utilizados em processos iterativos durante o projeto;

• melhoria da eficiência do processo, devido à disponibilidade de instrumentos que permitem antever conseqüências das decisões tomadas;

• melhoria da qualidade do produto, devido à possibilidade de integração de aspectos relativos a diferentes disciplinas.

Uma das formas encontradas para a disseminação das informações entre os agentes envolvidos na elaboração dos projetos, foi a sugerida por Melhado (1994) onde se destaca a criação de uma memória construtiva, no âmbito das empresas construtoras, constituída pela coleta de informações técnicas e detalhes construtivos, progressivamente complementados, até se tornarem fontes de referência atualizada, formalizando, assim, um banco de tecnologia construtiva, de modo que as informações sejam repassadas com segurança para os projetistas.

É importante ressaltar que as informações produzidas no processo de projeto destinadas a subsidiar a elaboração, a coordenação e a análise crítica dos projetos, devem passar por um processo de ajuste, para adequá-las às características de cada novo empreendimento e correspondente processo construtivo.

Para Noves (1996), o uso de recursos computacionais seria a resposta para as novas condições ecônomico-produtivas presentes na construção civil, dentre estes, destaca-se a importância da tecnologia da informação, como a responsável pela operacionalidade do empreendimento. Como vantagem em sua aplicação citam-se:

• automação e rapidez na comunicação entre agentes e entidades;

• redução da necessidade de burocracia e hierarquia na interação, com melhoria na integração das atividades organizacionais;

• facilitação para trabalhos em equipe suplantarem barreiras de tempo e distância; • coordenação de atividades desenvolvidas por múltiplos participantes.

A busca pela eficiência na sistematização do fluxo de informações deve reconhecer a formalização, uniformização e padronização dos procedimentos adotados de modo que dados e soluções técnicas pertinentes a cada disciplina de projeto, soluções construtivas, documentos contratuais, especificações técnicas, ordens de serviço, etc. sejam observados mantendo-se inseridos em um sistema de qualidade, proporcionando as condições para o efetivo controle e garantia da qualidade.

Neste aspecto, Fontenelle e Melhado (2000) explicitam sua preocupação ao reconhecer como uma grande dificuldade, nessa sistematização, a formatação da estrutura e o modo como a cultura construtiva da construtora será transmitida e devidamente integrada ao processo de projeto de cada novo empreendimento para que o know-how construtivo seja efetivamente transmitido e constantemente atualizado.