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10. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

10.4 SITUAÇÃO DAS DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS EM ALAGOAS

A diarréia ainda é uma doença muito comum em nosso país, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste e nos locais onde há precariedade nas condições sanitárias, o que ocorre em várias localidades de Alagoas. No Brasil, assim como em Alagoas as doenças diarréicas estão entre os mais expressivos problemas de saúde publica, onde se constituem uma das principais causas de morbimortalidade no país, e necessita de intervenções das autoridades sanitárias.

As dificuldades em vigiar as doenças diarréicas decorrem fundamentalmente de dois fatores: a falta de notificação dos surtos ao serviço local de saúde por parte dos profissionais e da população mais carente que está acostumada a conviver com casos de diarréia e por isso não lhe dá a devida importância, considerando-a acontecimento banal na vida das pessoas. Essa idéia é freqüente inclusive entre os próprios profissionais de saúde, que só se preocupam com a diarréia em situação de surtos ou epidemias que chamem muito a atenção dos rádios, jornais e televisão.

MONITORIZAÇÃO DAS DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS

Monitorizar é observar, registrar e analisar ao longo do tempo determinadas características dos casos da doença. Na monitorização das doenças diarréicas foram priorizadas cinco dessas características: idade, procedência (local de residência), data dos primeiros sintomas, data do atendimento, tipo de tratamento (Plano A - para pacientes sem desidratação; Plano B - para pacientes com desidratação leve ou moderada e o Plano C - para pacientes com desidratação grave). Independente do tipo de diarréia as conseqüências pelo inadequado tratamento ou acompanhamento são: desidratação, desnutrição, internações com elevados custos, perda de horas de trabalho, redução da renda familiar, transtornos de ordem pessoal, etc.

A Monitorização das Doenças Diarréicas Agudas – MDDA é uma atividade de grande importância no controle e na prevenção das diarréias, pois quando bem

178 realizada, fornece informações para que as medidas sejam adotadas em tempo hábil, a fim de evitar o agravamento dos casos e, consequentemente, os óbitos.

Em Alagoas, a MDDA está implantada nos 102 municípios, com 806 unidades de saúde que atendem casos de diarréia e 770 monitoram as doenças diarréicas agudas.

De 2006 a 2010 foram registrados 396.834 casos de diarréia através do Impresso II (consolidado semanal utilizado na MDDA), conforme mostra o diagrama de controle que apresenta o limite superior, a incidência média mensal e a incidência mensal das diarréias em 2010. Observam-se variações e elevação de casos a partir de abril, voltando a reduzir em agosto, mostrando uma sazonalidade no período chuvoso (figura 01).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 01 – Diagrama de controle de diarréia - MDDA de 2001 a 2009, Alagoas 2010.

A faixa etária mais atingida foi 10 anos e mais com 156.739 casos (39,50%), seguida de 1 a 4 anos com 127.186 (32,05%) e < de 1 ano com 66.566 (16,77%). As faixas etárias menores de um ano e de um a quatro anos são susceptíveis às doenças diarréicas agudas devido ao desmame precoce, alimentação inadequada condições de higiene e outro fatores. Em relação ao manejo adequado ao paciente

6.740 6.698 7.298 13.826 6.143 7.213 7.473 6.587 5.753 4.573 5.127 4.848 - 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000 18.000 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

MÉDIA Limite Máximo Casos Diarréia 2010

Meses N º de c as o s

179 com diarréia, dos casos registrados, o Plano de tratamento A (diarréia sem desidratação) foi o mais utilizado com 259.151(65,30%) casos, seguido do B (diarréia com desidratação moderada) com 83.663 (21,08%). O plano C (diarréia com desidratação grave) foi utilizado em 40.690 (10,25%) pacientes. (tabela 01)

Tabela 01 – Casos de diarréia segundo faixa etária e plano de tratamento. Alagoas, 2006 a 2010.

Características Região de Saúde

(n = 122.005) (n = 71.963) 2ª (n = 54.927) 3ª (n = 95.116) 4ª (n = 52.823) 5ª TIPO DE TRATAMENTO A 79.196 41.610 36.790 73.858 27.697 B 24.561 16.587 13.540 13.006 15.969 C 15.003 7.166 4.221 5.592 8.708 Outros 2.682 1.657 206 2.263 258 Ignorado 563 4.943 170 397 191 FAIXA ETÁRIA < 01 19.973 11.063 10.050 16.430 9.050 01 a 04 39.396 22.581 18.522 29.148 17.539 05 a 09 13.634 6.793 5.709 11.131 5.729 > 10 47.878 31.242 19.998 37.546 20.075 Ign 1.124 284 648 861 430

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

PERFIL DA MORBIDADE DAS DIARRÉIAS

As internações vêm apresentando perfil decrescente (figura 02). De acordo com dados da Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS), de 2006 a 2010 foram registradas 70.682 internações por diarréia (CID-10 4C CAP 01). Do total de internações, 15.107(21,73%) foi na faixa etária menor de um ano e 23.860 (33,76%) de 1 a 4 anos grupos mais vulneráveis às doenças diarréicas agudas devido ao desmame precoce, alimentação inadequada, condições de higiene e outro fatores. A faixa etária acima de 60 anos teve 7.463 casos (10,56%). Analisando as internações, observa-se que 35.452 (50,16%) foram de pacientes do sexo masculino e 35.230 (49,84%) do sexo feminino. Quanto à raça/cor, a mais atingida foi a parda com 53,61% dos casos.

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Fonte. DATASUS (SIH/SUS). (Atualizado em 15/06/2011)

Figura 02– Internações por diarréia. Alagoas 2006 a 2010.

PERFIL DA MORTALIDADE DAS DIARRÉIAS

De acordo com dados do SIM (Sistema de informação da mortalidade), os óbitos vem apresentando dados decrescentes. De 2006 a 2010 foram registrados 756 óbitos por diarréia (CID10 4C CAP 01 – A00 a A009). A faixa etária mais atingida foram os menores de um ano com 343 (45,37%) casos, seguida dos maiores de 50 anos com 284 (37,57%), conforme figura 03. Do total de óbitos, observa-se que 416 (55,03%) foram do sexo masculino e 340 (44,97%) do sexo feminino. Em relação à raça/cor, 400 (52,91%) registros foram da cor parda.

Fonte: SIM/SESAU. Atualizado em 15/06/2011

Figura 03 – Óbitos por diarréia: geral, < de 1 ano e acima de 50 anos. Alagoas.2006 a 2010. 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 2006 2007 2008 2009 2010 INTERNAÇÕES 0 50 100 150 200 250 2006 2007 2008 2009 2010

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AVALIAÇÃO DAS DIARRÉIAS DE ACORDO COM AS REGIÕES DE SAÚDE 1ª REGIÃO

De 2006 a 2010 foram registrados 122.005 casos de diarréia, destes, 47.878 (39,24%) foram na faixa etária de mais de 10 anos, 39.396 (32,29%) de 1 a 4 anos e 19.973 (16,37%) em menores de um ano. O plano de tratamento mais utilizado foi o “A” com 79.196 (64,91%), seguido do “B” com 24.561(20,13%) e o “C” com 15.003 (12,30%). Observa-se uma elevação do plano C, a partir de 2009, em virtude de a população procurar com maior freqüência os pronto atendimentos e nem sempre a prescrição condiz com o quadro clínico do paciente (figuras 04 e 05).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 04 – Casos de diarréia segundo faixa etária. 1ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 05 – Casos de diarréia segundo plano de tratamento. 1ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Em relação a morbidade, de acordo com dados do DATASUS (SIH/SUS), foram registrados, 25.690 internações por diarréia, correspondendo a 36% do total do Estado. A mortalidade apresentou 228 óbitos por diarréia. A morbimortalidade vem apresentando redução significativa ao longo dos últimos cinco anos (tabela 02).

Tabela 02 – Dados de morbimortalidade por diarréia. 1ª Região de Saúde de Alagoas, 2006 a 2010.

INFORMAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010

INTERNAÇÃO 6741 5614 4845 4076 4414

ÓBITOS 57 59 39 36 37

Fonte: SIM/DATASUS (SIH/SUS). Atualizado em 15/06/2011

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S < 1ano 1 a 4 5 a 9 10 + IGN 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S A B C OUTROS IGN

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2ª REGIÃO

De 2006 a 2010 foram registrados 71.963 casos de diarréia, destes, 31.242 (43,41%) foram na faixa etária de mais de 10 anos, 22.581 (31,38%) de 1 a 4 anos e 11.063 (15,37%) em menores de um ano. O plano de tratamento mais utilizado foi o “A” com 41.610 (57,82%), seguido do “B” com 16.587(23,05%) e o “C” com 7.166 (9,96%). Observa-se aumento do plano C e uma queda do A, em 2010, devido à grande procura da população pelo pronto atendimento. Esse dado não nos mostra a realidade da forma grave da doença em virtude dos equívocos nas prescrições e registros (figuras 06 e 07).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 06 – Casos de diarréia segundo faixa etária. 2ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 07 – Casos de diarréia segundo plano de tratamento. 2ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Em relação a morbidade, de acordo com dados do DATASUS(SIH/SUS), foram registrados, 9.450 internações por diarréia, correspondendo a 13% do total do Estado. A mortalidade apresentou 106 óbitos por diarréia. A morbimortalidade vem apresentando redução significativa ao longo dos últimos cinco anos (tabela 03).

Tabela 03 – Dados de morbimortalidade por diarréia, 2ª Região de Saúde de Alagoas, 2006 a 2010.

INFORMAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010

INTERNAÇÃO 2213 1984 2050 1708 1450

ÓBITOS 30 24 18 20 14

Fonte: SIM/DATASUS (SIH/SUS). Atualizado em 15/06/2011

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S < 1ano 1 a 4 5 a 9 10 + IGN 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S A B C OUTROS IGN

183

3ª REGIÃO

De 2006 a 2010 foram registrados 54.927 casos de diarréia, destes, 19.998 (36,41%) foram na faixa etária de mais de 10 anos, 18.522 (33,72%) de 1 a 4 anos e 10.050 (18,30%) em menores de um ano. O plano de tratamento mais utilizado foi o “A” com 36.790 (67,00%), seguido do “B” com 13.540 (24,65%) e o “C” com 4.221 (7,68%). No período, os registros de casos de diarréia apresentaram redução em virtude da subnotificação dos casos. (figura 08 e 09).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 08 – Casos de diarréia segundo faixa etária. 3ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 09 – Casos de diarréia segundo plano de tratamento 3ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Em relação a morbidade, de acordo com dados do DATASUS(SIH/SUS), foram registrados, 11.017 internações por diarréia, correspondendo a 16% do total do Estado. A mortalidade apresentou 156 óbitos por diarréia. A morbimortalidade vem apresentando redução significativa ao longo dos últimos cinco anos (tabela 04).

Tabela 04 – Dados de morbimortalidade por diarréia. 3ª Região de Saúde de Alagoas, 2006 a 2010.

INFORMAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010

INTERNAÇÃO 2443 2323 2273 2133 1845

ÓBITOS 37 40 31 28 20

Fonte: SIM/DATASUS (SIH/SUS). Atualizado em 15/06/2011

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S < 1ano 1 a 4 5 a 9 10 + IGN

184

4ª REGIÃO

De 2006 a 2010 foram registrados 95.116 casos de diarréia, destes, 37.546 (39,47%) foram na faixa etária de mais de 10 anos, 29.148 (30,64%) de 1 a 4 anos e 16.430 (17,27%) em menores de um ano. O plano de tratamento mais utilizado foi o “A” com 73.858 (77,65%), seguido do “B” com 13. 006 (13,67%) e o “C” com 5.592 (5,88%). O dado do plano C não condiz com a realidade do número de casos da forma grave da diarréia, em virtude da hidratação venosa ser prescrita pelos profissionais em qualquer fase da doença (figura 10 e 11).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 10 – Casos de diarréia segundo faixa etária. 4ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 11 – Casos de diarréia segundo plano de tratamento. 4ª Região de Alagoas. 2006 a 2010.

Em relação a morbidade, de acordo com dados do DATASUS(SIH/SUS), foram registrados, 18.201 internações por diarréia, correspondendo a 26% do total do Estado. A mortalidade apresentou 197 óbitos por diarréia. A morbimortalidade vem apresentando redução significativa ao longo dos últimos cinco anos (tabela 05).

Tabela 05 – Dados de morbimortalidade por diarréia. 4ª Região de Saúde de Alagoas, 2006 a 2010.

INFORMAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010

INTERNAÇÃO 4067 3774 3768 3129 3463

ÓBITOS 58 40 41 34 24

Fonte: SIM/DATASUS (SIH/SUS). Atualizado em 15/06/2011.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S < 1ano 1 a 4 5 a 9 10 + IGN 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S A B C OUTROS IGN

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5ª REGIÃO

De 2006 a 2010 foram registrados 52.823 casos de diarréia, destes, 20.075 (38,00%) foram na faixa etária de mais de 10 anos, 17.539 (33,20%) de 1 a 4 anos e 9.050 (17,13%) em menores de um ano. O plano de tratamento mais utilizado foi o “A” com 27.697 (52,43%), seguido do “B” com 15.969(30,23%) e o “C” com 8.708 (16,49%). Observa-se uma elevação em 2010, devido as enchentes que atingiram a região, provocando um aumento de 33,5% no número de casos (figura 12 e 13).

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 12 – Casos de diarréia segundo faixa etária. 5ª região de Alagoas. 2006 a 2010.

Fonte: MDDA / DIVEP / SESAU. Atualizado em 17/06/2011.

Figura 13 – Casos de diarréia segundo plano de tratamento. 5ª região de Alagoas. 2006 a 2010.

Em relação a morbidade, de acordo com dados do DATASUS(SIH/SUS), foram registrados, 6.369 internações por diarréia, correspondendo a 9% do total do Estado. A mortalidade apresentou 69 óbitos por diarréia. A morbimortalidade vem apresentando redução significativa ao longo dos últimos cinco anos (tabela 06).

Tabela 06 – Dados de morbimortalidade por diarréia. 5ª Região de Saúde de Alagoas, 2006 a 2010.

INFORMAÇÃO 2006 2007 2008 2009 2010

INTERNAÇÃO 1412 1169 1243 1330 1215

ÓBITOS 16 18 11 14 10

Fonte: SIM/DATASUS (SIH/SUS). Atualizado em 15/06/2011.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S < 1ano 1 a 4 5 a 9 10 + IGN 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 N º D E C A S O S A B C OUTROS IGN

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CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Os dados apontam para a importância da monitorização das diarréias, traduzidos pela redução da incidência de casos, da internação hospitalar e da mortalidade.

Alguns desafios ainda necessitam ser superados. É preciso maior compromisso dos profissionais na assistência e notificação dos casos de diarréia; priorização da terapia de reidratação oral nas unidades de saúde.

Com a implementação dessas ações é possível um maior controle dessas doenças reduzindo custos do Sistema Único de Saúde, e, o que é mais importante, salvar vidas com ações tão simples.

Conclui-se que a MDDA se justifica na medida em que nos fornece o conhecimento da situação local e auxilia nas intervenções necessárias para controlar ou resolver o problema. Outras ações como: o uso do hipoclorito de sódio, da Terapia de Reidratação Oral (TRO), incentivo ao aleitamento materno, melhorias de saneamento básico, cumprimento do calendário vacinal e orientações à população, são fundamentais para que se possa ter sucesso na solução dos problemas.

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